Aquele Pinto Machado — recorda Norberto de Araújo — que tinha o seu palácio na Rua do Machadinho —
diminutivo que nasceu do apelido do fidalgo — , foi quem fez rasgar,
depois de 1758, uma serventia já desenhada desde 1680 — Caminho Novo — na quinta de D. Francisco Xavier Pedro de Sousa, por alcunha o Quelhas, quinta na qual o fidalgo tinha sua casa, que bem pode ter
sido aquela onde assentou o palácio dos Pinto Machados. [...] Depois do
terramoto é que começou a chamar-se-lhe Rua do Quelhas, o tal D.
Francisco de Sousa que por aqui fora grande senhor. Por essa época
começou o verdadeiro povoamento lento e seguro deste sítio, a justificar
a urbanização do começo do século passado.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. VII, 1938)
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Convento das Inglesinhas (ou de Santa Brígida) [c. 1909] Rua do Quelhas, 6A Paulo Guedes, in AML |
O edifício do Colégio do Quelhas, era vulgarmente chamado Convento das Inglesinhas, por ter sido convento das Agostinhas de Santa Brígida (Irlandesas). Ficara desabitado desde 1834, ano em que as monjas o abandonaram, já que, embora súbditas de Inglaterra, temiam qualquer violência, em virtude do Decreto que extinguia em Portugal as Ordens Religiosas. [...] Em 1864 o Convento é adquirido pelos Jesuítas que aí mantém o Colégio de Jesus até à instauração da República e fizeram várias ampliações, nomeadamente o acréscimo de um piso em
toda a ala Nordeste, o alargamento da capela com uma ala exterior a
Noroeste, sobre o actual jardim, e o acrescento no mesmo sentido do
corpo destacado do refeitório.
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Convento das Inglesinhas (ou de Santa Brígida) [c. 1900] Rua do Quelhas, 6A; Rua João das Regras Fotógrafo não identificado in AML |
Com a chegada da República, o convento serviu para instalar o Museu da
Revolução Republicana e posteriormente o Instituto Superior de Comércio,
e depois o ISCEF, actualmente Instituto Superior de Economia e Gestão. As
obras de restauro foram financiadas através do Plano de Investimentos e
Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) e de
receitas próprias, custando no total cerca de oito milhões de euros.
O
convento é hoje propriedade do ISEG, sendo o edifício mais antigo do
complexo arquitectónico do instituto, com direito a referência em várias
publicações nacionais e internacionais.
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Convento das Inglesinhas (ou de Santa Brígida) [1910] Rua do Quelhas, 6A Instauração da República António Novais, in AML |