Sunday 27 December 2020

Iluminações de Natal no edifício da "Cidla"

Em chãos que pertenceram ao Conde de Sabrosa, ergue-se o edifício que começou a ser construído dentro do plano geral do arquitecto Carlos Ramos que é, em 1968, arrendado à Cidla, tendo o arquitecto Terra de Motta procedido às alterações necessárias para a nova função, que foram concluídas em 1971.

Iluminações de Natal no edifício da "Cidla" |Natal de 1971|
Praça do Marquês de Pombal tornejando com a Av. Fontes Pereira de Melo
Estúdio de Horácio de Novais, in F.C.G.

Sunday 20 December 2020

Passagem de nível de Alcântara: Avenidas da Índia e de Brasília

Imagens anteriores à construção, por volta de 1970, do "provisoriamente-definitivo ou definitivamente-provisório" — como o leitor preferir — Viaduto de Alcântara. Observam-se as Avenidas da Índia (1948) e da Brasília (1960); esta última era a Via pública a Sul do Caminho de Ferro, paralela à Avenida da Índia, entre a passagem de Nível de Alcântara-Mar, a norte da Gare Marítima e a Avenida da Torre de Belém; ao fundo vê-se o tabuleiro da ponte sobre o Tejo em fase de construção.

Passagem de nível de Alcântara: Avenidas da Índia e de Brasília a |ant. 1966|
O topónimo «Avenida da Índia» foi atribuído em 1948 à Rua paralela e à direita do Caminho de Ferro de Lisboa-Cascais que começa na Avenida 24 de Julho e finda na Circunvalação em Algés.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Os terrenos conquistados ao Tejo medem neste sítio uma área mais considerável do que em qualquer outro ponto do porto de Lisboa, e a linha marginal, que no século XVI não passava para além da Ponte de· Alcântara, avançou em direcção ao Tejo uma extensão de cerca de 900m. A conquista destes terrenos altamente valiosos foi uma necessidade que o incremento do comércio, da indústria e da circulação citadina tornaram imprescindível, e que ainda mais veio valorar o já populoso e fabril bairro de Alcântara.

Passagem de nível de Alcântara: Avenidas da Índia e de Brasília a |ant. 1966|
O topónimo «Avenida de Brasília » foi atribuído em 1960 à via pública a sul do caminho-de-ferro, paralela à Avenida da Índia, entre a passagem de nível de Alcântara-Mar e a Avenida da Torre de Belém aberta em 1945.

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ Olisipo: boletim do Grupo «Amigos de Lisboa», A Ponte de Alcântara e suas circunvizinhanças: notícia histórica, por A. Vieira da Silva, 1942.

Friday 18 December 2020

Viaduto de Alcântara

O viaduto metálico sobre a linha de caminho de ferro, no qual a AGPL também comparticipou, foi inaugurado em 1972. Este viaduto tem duas faixas de rodagem com o comprimento cada uma de 200mt. O O acesso ao cais de Alcântara para os peões é feito através de uma passagem subterrânea que liga a Avenida 24 de Julho ao cais marítimo.

Construção do Viaduto de Alcântara [c. 1971]
Avenida de Brasília
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Cerca de três meses depois da inauguração — em 21 de Abril de 1960 — da cidade de Brasília como capital do Brasil, Lisboa perpetuou-a numa Avenida alfacinha próxima da linha do Tejo. Este topónimo (1960) nasceu de um pedido do Almirante Sarmento Rodrigues – Ministro do Ultramar de Salazar, de 1950 a 1955 – ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que era então António Vitorino França Borges, para se fixar em Lisboa a nova capital brasileira que iria suceder ao Rio de Janeiro (1763 a 1960), que por sua vez já sucedera a Salvador. [cm-lisboa.pt]

Sunday 13 December 2020

Avenida Cinco de Outubro, 9-11

Edifício do séc. XX exibindo azulejos de desenho Arte Nova com motivos florais em policromia, tendo ao centro figura de mulher com estrela por cima da cabeça. Painéis com 9 azulejos na máxima altura que decoram o nível das entradas do edifício.
Neste edifício está instalado o "Hotel Zenit Lisboa"

Avenida Cinco de Outubro [post. 1930]
Prédio que torneja a Rua Pinheiro Chagas 
Estúdio Mário Novais, in F.C.G.

Cinco de Outubro, data da implantação da República no ano de 1910, foi fixada pela edilidade lisboeta logo no seu primeiro Edital de toponímia, um mês após a implantação da República, em 5 de Novembro de 1910.
Até aí esta artéria designava-se Rua António Maria de Avelar, por deliberação camarária de 12 de Agosto de 1897, tendo passado a Avenida, por deliberação camarária de 4 de Dezembro de 1902, homenageando um engenheiro (1854–27.10.1912) e funcionário da Câmara de Lisboa desde 1879, ligado ao plano das Avenidas Novas já que substituiu por longos períodos o director-geral das Obras Municipais, Ressano Garcia. A proposta para ser alterada para Avenida Cinco de Outubro partiu do vereador Nunes Loureiro na reunião de câmara de 6 de Outubro de 1910 e foi aprovada por aclamação. [cm-lisboa.pt]

Friday 11 December 2020

Largo do Calhariz

O Largo do Calhariz é um troço da seiscentista Estr. da Horta Navia, também denominada Estr. de Santos e este topónimo deriva da existência no local da residência dos Morgados do Calhariz, conforme relata Norberto Araújo:
Encontramo-nos na artéria conhecida em toda a Lisboa pelo "Calhariz", rua e sítio deste Título, e que tem origem no Palácio dos Sousas Calharizes, como diz o vulgo e como se encontra em livros antigos. 

Largo do Calhariz,  [séc. XIX]
Senhoras passeando junto ao palácio Calhariz-Palmela
 Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

É este edifício, à direita, com um pequeno jardim adjacente, e que ocupa todo o quarteirão confinado entre as Ruas do Calhariz, da Atalaia, Travessa das Mercês e Rua da Rosa.==

Largo do Calhariz [c. 1914]
Varinas; ao fundo a Cç. do Combro 
Charles Chusseau-Flaviens, in G.E.H

Sunday 6 December 2020

Rua da Graça

Todos os bairros ou sítios de Lisboa — recorda o ilustre Norberto de Araújo — têm o seu encanto especial, sobretudo para quem neles se a fez ou neles vive. Este da Graça é, com efeito, e sem devoção bairrista da nossa parte, um dos mais alegres e desafogados da Cidade. Populosa, animada, característica do Oriente de Lisboa, sem cair no pitoresco velho, nem, em verdade, oferecer particularidades olisiponenses ou apontamentos de artista — a Graça remonta aos primeiros tempos de Lisboa. [...]

Rua da Graça, 80 |195-|
Antiga Rua Direita da Graça, até 1889.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

A Rua da Graça é uma linha recta que vem dos Quatro Caminhos, de saudosa memória alfacinha, e de que te falei, ao Largo da Graça, que data na actual feição de há cento e tal anos. Desta linha descem para sul e nascente várias serventias, como a Rua das Beatas, a Rua do Sol, a Travessa da Pereira, e a Rua da Verónica — todas antigas, e anteriores à Graça do século passado.

Rua da Graça, 80 |195-|
Antiga Rua Direita da Graça, até 1889.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 41-50, 1939.

Friday 4 December 2020

Rua dos Castelinhos

No Guia das Ruas de Lisboa (1941), o Bairro dos Castelinhos tem os seus limites definidos como "Entre a Avenida Almirante Reis, o Largo da Escola Municipal, a Rua do Saco e a Calçada do Conde de Pombeiro".
Por deliberação camarária de 29 de Agosto de 1901 (retificada em 31/08/1905) e formalmente instituída por edital de 5 de Setembro de 1905, a Rua B do Bairro dos Castelinhos passou a perpetuar na toponímia alfacinha a memória do Bairro dos Castelinhos, cujo nome provinha por seu turno, da antiga Quinta dos Castelinhos.

Rua dos Castelinhos |c. 1900|
Antiga Rua B do Bairro dos Castelinhos
Machado & Souza, 
in Lisboa de Antigamente

Por documentos existentes no Arquivo Municipal de Lisboa é ainda possível determinar que se procedeu à abertura das ruas deste Bairro no período de tempo compreendido entre Julho de 1895 e Outubro de 1900, a saber, da rua a comunicar o Largo do Intendente com a Calçada do Conde Pombeiro, da rua a comunicar provisoriamente o Largo do Intendente com a Avenida dos Anjos [Alm. Reis]; da ligação da Rua C na Quinta dos Castelinhos com a Rua da Bempostinha e da ligação da Rua B na Quinta dos Castelinhos com a Rua da Bempostinha.[cm-lisboa.pt]

Rua dos Castelinhos |c. 1900|
Antiga Rua B do Bairro dos Castelinhos
Machado & Souza, 
in Lisboa de Antigamente

Sunday 29 November 2020

Escadinhas da Porta do Carro

Ao cimo destas escadinhas, na Travessa do Hospital (de São José), encontram-se alguns anexos do hospital entre os quais armazéns, a que este carro (de abastecimentos?) está associado.

Em 1875, a Comissão de Obras e Melhoramentos Municipais propôs, entre outros melhoramentos na cidade, a “construção de calçada nas Escadinhas da Porta do Carro”. Estas já estavam referenciadas no Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, de 1858, levantamento topográfico da cidade levado a cabo por Filipe Folque, onde surgem como Travessa da Porta do Carro do Hospital de São José. Já na Planta Topográfica de Lisboa, de 1910, da responsabilidade de Silva Pinto, o arruamento aparece como Travessa da Porta do Carro.

Escadinhas da Porta do Carro |1947|
Marco fontanário
Fernando Martinez Pozal, in AML

Friday 27 November 2020

Travessa (da Porta do Carro) do Hospital (Real de São José)

Ao fundo das Escadinhas da Porta do Carro  —  Norberto de Araújo — , aí tens uma serventia prática do Hospital Real de São José, e que é do tempo ainda do Convento de Santo Antão-o-Novo. (...) A porta é sobrepujada por um decorativo painel de azulejo, do principio do século XVIII.

Travessa do Hospital, painel de azulejo |s.d.|
Antiga Travessa da Porta do Carro do Hospital Real de São José
Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

A Travessa da Porta do Carro do Hospital Real de São José viu o seu nome encurtado para Travessa do Hospital, por deliberação camarária de 06/02/1891 e respectivo edital de 11/02/1891. O topónimo advém da proximidade ao Hospital de S. José que em 1755 foi inaugurado no edifício que fora o Convento e Colégio dos Jesuítas de Santo Antão-o-Novo

Travessa do Hospital |1961|
Hospital de São José, painel de azulejos representando Santo Antão, São João e São Domingos
Antiga Travessa da Porta do Carro do Hospital Real de São José
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, p. 66, 1938.
cm-lisboa.pt.

Sunday 22 November 2020

Café Lisboa

O café dos actores do Parque Mayer, dos autores teatrais, empresários, compositores e fadistas, ocupou dois edifícios na Avenida da Liberdade. Começou quase em frente do Parque Mayer, no edifício que vê na segunda imagem. A 25 de Junho de 1968, muda de casa para o outro lado da avenida. Alguns dos clientes habituais, mas não os artistas, ajudam a transportar mesas e cadeiras. A sessão fotográfica – que não esquece o gato Pihicas – fica para a história.

Café Lisboa |1966|
Avenida da Liberdade, 126-134 (edifício demolido em 1989)
Artur Inácio Bastos,in Lisboa de Antigamente
 
Terá encerrado «as suas portas» antes de 1989, porquanto o edifício foi demolido nessa data.

Edifício da Avenida da Liberdade, 131-151 |194-|
Neste edifício oitocentista existiu — para além do Café Lisboa — o célebre café Cristal, um projecto de 1940/42, do arq.º Cassiano Branco. Uma intervenção, por parte dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Mário Costa e Crespo, na década de 90 do séc. XX, (entre 1993-1995), valeu-lhe o Prémio Eugénio dos Santos de 1995. Actualmente, o piso térreo, é ocupado por lojas de marcas internacionais.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente


Bibliografia
Joana Stichini Vilela e Nick Mrozowski, LX60: A Vida em Lisboa Nunca Mais Foi a Mesma, 2012.

Friday 20 November 2020

Igreja da Pena

A igreja de Nossa Senhora da Pena é uma construção do século XVII, e foi inaugurada em 25 de Março de 1705. A paróquia, que primeiramente se chamou de Sant'Ana, foi criada pelo Cardeal D, Henrique entre 1564 e 1570 e instalada no convento de Sant'Ana, abrangendo de começo uma área desanexada da paróquia de Santa Justa. A igreja da Pena foi muito sacrificada pelo Terramoto na frontaria e no corpo da igreja, mas não sofreu incêndio, motivo por que do seu semblante primitivo muito se manteve, através da reedificação, que não foi demorada, pois em 1763 a igreja estava reaberta, embora sem as obras concluídas, faltando-lhe a torre, a fachada rebocada e as decorações interiores. 

Igreja da Pena [1901]
Calçada de Sant'Ana
Note-se a pequena escadaria guarnecida por cortina de pedra (hoje removida).
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Durante o período que mediou entre o Terramoto e a conclusão das obras de restauro a paróquia esteve instalada, primeiro numa ermida junto do Colégio de Santo Antão (Hospital de S. José), depois na igreja de Nossa Senhora da Conceição, na travessa das Recolhidas, e a seguir na ermida dos Perdões, do palácio que foi dos Mitelos. Profanada em 1910 só reabriu ao culto depois de 1926. 
Beneficiou a igreja de reparações e acrescentamentos no século passado [XIX], nomeadamente em 1833 e 1898, e no actual século [XX], em 1903.

Igreja da Pena [1926]
Calçada de Sant'Ana; Tv. da Pena; Tv. do Adro
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
No interior, destaca-se retábulo em talha da capela-mor, concebido por Domingos da Costa Silva e iniciado a partir de 1715. O altar apresenta uma simetria rigorosa. O vazio central onde se encontra o trono é destinado ao Santíssimo Sacramento, sendo ladeado por duas colunas torsas revestidas de pâmpanos e folhagens de acanto assentes em mísulas suportadas por atlantes de inspiração clássica. 
O tecto (que substitui o primitivo, de António Lobo), em madeira e tela, abau­lado, com pintura larga, de tintas quentes, representando, em perspectiva, uma opu­lenta balaustrada de sentido arquitectural, obra de Luís Baptista (1781), na qual tra­balharam Tomás Gomes, Jerónimo de An­drade e Caetano Ciríaco, e cuja pintura central mostra uma alegoria a Nossa Senhora da Pena; os dois púlpitos monumentais em talha artisticamente trabalhada simulando pedra no mais puro barroco, com as portas re­matadas por coroas reais e guarnições de mármore.

Igreja da Pena. púlpito  [1956]
Calçada de Sant'Ana
Note-se a pequena escadaria guarnecida por cortina de pedra
Mário de Oliveira, in in Lisboa de Antigamente

N.B. As imagens do templo são do século XVIII, e de autor: a de Nossa Senhora da Conceição, na capela do topo do lado da Epístola (da escola de Machado de Castro e por alguns atribuída ao escultor italiano Cláudio Laprade) a de S. Sebastião, a pri­meira do corpo da igreja, do mesmo lado (Valentim de Carvalho), e a de S. Miguel, fronteira a esta (Manuel Dias, o Pai dos Christos). Muitos dos quadros do corpo da igreja, e de outras dependências provieram do convento de Sant'Ana. No cartório da nova sacristia encontra-se um quadro, em tela, representando S. Vicente de Paulo, que pertenceu ao Museu de Arte Antiga, o qual, como outros (o citado de S. Bruno, por exemplo), foi trocado cerca de 1880, por acordo entre a Academia de Belas-Artes e a Irmandade de Santíssimo Sacramento, por um valioso cálice, pertença da igreja). Muitas das pinturas são de Pedro Alexan­drino, André Gonçalves e Vieira Portuense.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1956.

Sunday 15 November 2020

Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana

Em 1891 Câmara Pestana foi enviado ao Instituto Pasteur em França onde aprofundou os seus estudos e onde completou a sua educação científica fundando, na sequência dos seus estudos, o Instituto Bacteriológico em Lisboa no ano de 1892.
O Instituto acabaria por «abrir as suas portas» somente após a morte de Câmara Pestana em 1902, recebendo em sua homenagem o nome de Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, tendo assumido grande preponderância como Laboratório de Saúde Pública e Centro de Bacteriologia ao longo dos últimos 100 anos.
 
Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana [1906]
Rua do Instituto Bacteriológico e Rua Câmara Pestana; antiga do Convento de Santana e antes do Convento das Freiras de Santana
Machado & Souza, in AML
 
O Instituto desenvolve acções no campo da saúde pública, particularmente nos domínios da difteria, estreptococias, microbiologia clínica e verificação de produtos biológicos. É o laboratório produtor nacional da vacina anti-tuberculose e responsável pela vertente humana da luta anti-rábica em Portugal.
O Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana foi incorporado na Universidade de Lisboa em 1911, anexo à Faculdade de Medicina de Lisboa, até à publicação dos Estatutos da Universidade de Lisboa, em 1989.
O topónimo Rua do Instituto Bacteriológico foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa através de Edital de 13/08/1918, à Rua do Convento de Santana (antes Rua do Convento das Freiras de Santana).
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Bibliografia
Miguel Bombarda (1851-1910) e singularidades de uma época. Coordenadores: Ana Leonor Pereira; João Rui Pita, 2006.
cm-lisboa.pt; ul.pt.

Friday 13 November 2020

Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos

Observa, Dilecto, como é curiosa a frontaria da Igreja do Convento, oferecendo mesmo, a-pesar-de pobre, uma certa originalidade. Sobre o arco abatido do pórtico largo gradeado, está a lápide, colocada em 1707, que diz da cerimónia do lançamento da primeira pedra “a que assistiu o Senado da Câmara da cidade”, e, encimando a lápide, notas, certamente com ternura olissiponense, o brasão de pedra com a caravela, o que em Igrejas de Lisboa não se repete.

 
Santo António dos Capuchos na sua Igreja, é hoje [1938] uma ruína lastimável. Apenas o átrio — exactamente o exterior – se conserva com certo interesse decorativo; o tecto é em curva, com prolongamento dos azulejos que sobem das paredes. Nas duas faces laterais, os azulejos dão São Pedro de Alcântara, São Diogo, São Gabriel e São Rafael.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, p. 92, 1938)

Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos [c. 1930]
Alameda de Santo António dos Capuchos; Hospital de Santo António dos Capuchos
Ferreira da Cunha,in Lisboa de Antigamente

O edifício principal do hospital resulta de várias transformações que sofreu o antigo Convento de Santo António dos Capuchos inaugurado em 1579 e entregue aos Padres Recolectos da Custódia de Santo António. Este convento, que foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, sofreu várias transformações ao longo dos séculos. Em 1836, a rainha D. Maria II fundou nas suas instalações o Asilo de Mendicidade de Lisboa. O espaço ocupado pelo Asilo foi aumentado à conta da construção de vários pavilhões e pela compra, em 1854, do Palácio dos Condes de Murça, datado do século XVII. [chlc.min-saude.pt]

Alameda de Santo António dos Capuchos [1904]
 Hospital de Santo António dos Capuchos antigo Asilo de Mendicidade
Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente

Sunday 8 November 2020

Capela e Colégio de Campolide da Companhia de Jesus

A igreja de Santo António de Campolide, orago recente, foi construída sobre as bases de uma antiga capela setecentista de Nossa Senhora da Penha, integrada nas casas da Quinta da Torre, de Estêvão Pinto de Morais Sarmento, guarda-jóias de D. João V.


Este Estêvão Pinto — que deu nome à serventia — foi Estêvão Pinto de Morais Sarmento, proprietário neste sitio de terrenos e casas no século XVIII, antes do Terramoto — a «Quinta da Tôrre» — , guarda-joias de D . João V, e muito seu privado . Um dos moradores da Quinta, no começo do século, era um dos Marqueses de Pombal. Os terrenos de cultivo foram sendo retalhados, mas as casas eram aí há cem anos propriedade de Nicolau de Abreu Castelo Branco, e meado do século já estavam na posse de um seu parente, João de Lemos Seixas de Castelo Branco, o notável poeta, jornalista e escritor, defensor das ideias miguelistas. Em 1858 João de Lemos vendeu casas e quinta ao Padre Radmaker, que não sendo português de origem nascera em Lisboa, estudara na Itália, numa casa de noviciado jesuíta, e voltara a Lisboa em 1848; este famoso Padre Radmaker, que dirigira colégios religiosos na Rua da Páscoa, na Rua Buenos Aires e na Travessa do Moinho de Vento fêz então erguer este grande Colégio, para filhos-família de teres, e dedicado à Imaculada Conceição.
 
Capela e Colégio de Campolide da Companhia de Jesus [c. 1905]
Travessa de Estêvão Pinto
Aqueduto das Águas Livres e serra de Monsanto
Actual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Paulo Guedes, in A.M.L.

A Capela de N. Senhora da Penha, que pertencera à Casa de Estêvão Pinto, converteu-se, totalmente transformada, numa bela Igreja inaugurada em 1884 pelo Patriarca D. José Neto.
Em 1910, o edifício foi tomado pelo Estado [depósito da Farmácia Central do Exército], que, após litígio, viu a sua posse confirmada pelo Tribunal de Haia.
Em 1916, quando da entrada de Portugal na Grande Guerra, o edifício destinou-se a Hospital de Sangue; foi mais tarde entregue à Tutoria da Infância (Serviço de protecção a menores), tornou depois à Comissão dos Bens das Congregações Religiosas, para finalmente (1928) passar ao Ministério da Guerra. O enorme casarão, que interiormente nada oferece de notável, como arte, bem melhor destino podia ter que o de aquartelamento. A Igreja foi destinada a sede da nova paróquia de Santo António, criada em 1934, desmembrada da de S. Sebastião da Pedreira.

Colégio de Campolide da Companhia de Jesus [c. 1905]
Travessa de Estêvão Pinto
Actual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Paulo Guedes, in A.M.L.

Nota(s): A capela funciona desde 1938 como Igreja Paroquial de Campolide, dedicada a Santo António. A fachada, com portal em arco redondo, é rematada por frontão triangular. No interior, nave coberta por abóbada de berço com galeria de tribunas, coro alto e capela - mor com arcos de volta inteira. A classificação é uma extensão do anterior decreto 129/77 de 29-9 que se circunscrevia à escadaria do antigo Colégio, construído pelos jesuítas dentro das linhas programáticas da arquitectura de estabelecimentos de ensino da época. No antigo colégio está instalada, desde 1981, a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

Colégio de Campolide da Companhia de Jesus [c. 1905]
Travessa de Estêvão Pinto
Actual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Paulo Guedes, in A.M.L.

 Bibliografia
 ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 87-88, 1939.
idem, Inventário de Lisboa, 1956.

Friday 6 November 2020

Igreja Paroquial N. S. do Amparo, de Benfica

A igr. paroquial de Nossa Senhora do Amparo, de Benfica, é uma edificação do século passado [XIX], embora começada no meado do século XVIII. Com efeito por ocasião do Terramoto já se andava levantando «a igreja nova», cujos trabalhos realizados o cataclismo quase inteiramente destroçou. A edificação ficou então suspensa, não se cuidando da conclusão dos trabalhos senão em 1802, o que se compreende, pois os encargos eram cobertos por esmolas, as quais na segunda metade do século XVIII deviam ser muito escassas.

Igreja Paroquial Nossa Senhora do Amparo, de Benfica [1970]
Fica situada no fim da antiga Estr. de Benfica, em plano elevado e voltada a Poente.
João Brito Geraldes, in Lisboa de Antigamente

A paróquia é, pelo menos, seiscentista, pois consta. que existia em 1620, instalada em ermida ou igr. situada no local onde se ergueu o templo actual, a Sul da capela-mor, sobre o chamado «Adro da Igreja», e a qual se conservava de pé, como relíquia, ainda em 1868. Esse templo, se não outro mais antigo ainda, vinha pelo menos do final do século XIV, com a mesma invocação de Nossa Senhora do Amparo pois foi então doado ao mosteiro do Salvador, de Lisboa, pelo bispo do Porto D. João Esteves.

Igreja Paroquial Nossa Senhora do Amparo, de Benfica [195-]
Estr. de Benfica
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Em 1881 a igreja paroquial de Benfica foi objecto de largos restauros, e são dessa época as pinturas que· o templo ostenta. O território da freguesia de Benfica foi incorporado no da cidade de Lisboa em Julho de 1881, mas a parte para além da estrada da Circunvalação passou para o Concelho de Oeiras, em 1895 foi anexada à freguesia de Belas e em 1898 à de Carnaxide.

Igreja Paroquial Nossa Senhora do Amparo, de Benfica [195-]
Estr. de Benfica
Adro e Cruzeiro da Igreja de Benfica.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

N.B. À ilharga do templo, no antigo «Adro da Igreja», ergue-se um Cruzeiro, composto de cruz sobre coluna redonda de mármore, assente sobre uma base escultórica de pedra, com elementos simbólicos da Paixão e alegorias animais desgas­tadas pelo tempo, servido por dois degraus cir­culares; na base vê-se uma data (1911), corres­pondente a um restauro.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1956.

Sunday 1 November 2020

Avenida da Liberdade: uma família de ciganos nos seus burros

E eles lá vão passando sempre pela terra, sem responderem ou sem quererem dizer de onde vieram nem para onde vão, deixando, no entanto, nos lugares onde acampam sinas estranhos nas árvores e pedras. coisas misteriosas que só outros ciganos sabem ler.

Já correram cinco séculos desde que os ciganos entraram na Europa, vindos sem saber ao certo de que região [India?], nascidos sem se conhecer de quem, com o ar de um povo condenado, duma raça de peregrinos que chegasse para expiar, pelas estradas de todo o mundo, uns velhos e tremendos pecados, não podendo ligar-se á mesma terra nem morrer na cama onde nascera , como se trouxesse um selo fatal. [MARTINS, Rocha: 1909].

Avenida da Liberdade, junto à Rotunda, actual Praça Marquês de Pombal |1909|
Em segundo plano, da direita para a esquerda: Palacete Seixas, hoje Instituto Camões; a seguir o edifício que ficou conhecido como «prédio da Federação Portuguesa de Futebol», demolido em 1974; segue-se o palacete que tornejava a Avenida Duque de Loulé, provável autoria do arq. Adães Bermudes; ao fundo, construção de apoio do palacete Sabrosa e que serviu — durante a revolta republicana do 5 de Outubro de 1910 — como hospital de sangue.
Joshua Benoliel, 
in Lisboa de Antigamente

Um jumento no século XIX era relativamente barato: em 1890 um burro valia 10.000 réis e uma burra, meia moeda. Os burritos novos, com menos de um ano, davam-se.
A aparelhagem do burro consta do albardão, albarda e almantricha. O albardão para os serviços do campo, a albarda para a viagem, e a almantricha (com cadeirinha ou sem ela) para transporte de pessoas do sexo feminino.

Avenida da Liberdade |1909|
Uma família de ciganos nos seus burros.
Joshua Benoliel, 
in Lisboa de Antigamente

Friday 30 October 2020

Praça do Marquês de Pombal, obras do Metropolitano de Lisboa

Obras de remodelação da Praça aquando da construção do Metropolitano de Lisboa. Ao fundo, a Avenida Fontes Pereira de Melo ainda pontuada pelos antigos palacetes erguidos no dealbar do século XX — Ramires e Sabrosa, hoje demolidos; Rua Camilo Castelo Branco; á esq., a Av Sidónio Pais (1945) e o Parque Eduardo VII.

Panorâmica da Praça do Marquês de Pombal |c. 1959|
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O lançamento da primeira pedra do monumento ao Marquês de Pombal data de Maio de 1882, repetindo-se a 15 de Agosto de 1917 e a 13 de Maio de 1926. As obras arrastaram-se, por falta de verbas, e o monumento só seria inaugurado a 13 de Maio de 1934, numa cerimónia «sem a solenidade que parecia supor.» [Araújo: 1939]

Panorâmica da Praça do Marquês de Pombal |c. 1959|
Avenida Fontes Pereira de Melo em obra vendo.se na esq. baixa o Palacete Ramires
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday 25 October 2020

Praça Dom Luís

Poucos passos » mais à frente e eis-nos na «Praça de D. Luiz, um terreiro bordejado e encrustado de canteiros de relva, atufado de ramaria», e no meio da praça, «o monumento ao velho Marquês de Sá», que data de 1882. A praça, delineada em 1864, no local onde existiu o Forte de S. Paulo, foi construída em 1865, ano em que começaram a ser demolidos os restos do forte.


Observa, Dilecto, quanto é curiosa essa lomba de casario sobre a Praça — as encostas de Santa Catarina e da Bica — a contrastar severamente com a orla oposta, do lado do rio, pejada de armazéns e de docas. Podes visionar o quadro deste local — e tão diverso seria ele há menos de noventa anos com o desmantelado Forte de S. Paulo, e o mar a bater-lhe no parapeito; a dois passos de nós, para nascente e para poente, não existiam cais nem prédios: apenas areia, casotas de madeira, e, encalhadas, as fragatas do peixe e das melancias pelo Agosto cálido . Não restam desse quadro documentos ou estampas.[Araújo: 1939]

Praça Dom Luís [190-]
Monumento ao Marquês Sá da Bandeira
Paulo Guedes, 
in Lisboa de Antigamente
 
A Praça Dom Luís, localizada na confluência da Avenida 24 de Julho, Rua D. Luís I, Rua da Ribeira Nova, Rua da Moeda e Travessa do Carvalho, possui um pequeno jardim, comum a algumas praças da capital. Esta praça é uma homenagem a Dom Luís I, conhecido como O Popular, devido à adoração pelo povo. Este jardim conta com frondosas e imponentes árvores.
No centro da praça fica a estátua do Marquês Sá da Bandeira, fidalgo da Casa Real e ministro de Estado, nascido em Santarém em 1795.

Praça Dom Luís [c. 1900]
Monumento ao Marquês Sá da Bandeira
Chaves Cruz, 
in Lisboa de Antigamente
 
N.B. Em 1942 foi construído o antigo palácio da comunicações dos CTT (hoje denominado Edifício Central Station) projecto do arquitecto Adelino Nunes.
Nas escavações, feitas em 2012, para a construção do parque de estacionamento, foram encontrados importantes vestígios de um fundeadouro Romano usado entre os séculos I a.c. e V d.c. e restos de embarcações do séculos XVI ou XVII.

Praça Dom Luís [1960]
Monumento ao Marquês Sá da Bandeira; Edifício dos CTT
Arnaldo Madureirain Lisboa de Antigamente

Friday 23 October 2020

Rua de Silva Carvalho, antiga de São João dos Bem Casados

Atentemos agora na Rua de São João dos Bem Casados. A primeira notícia que temos do lugar, que não da rua é de 1712: «o lugar de S. Joaõ dos Bem Casados, aonde está húa Ermida de S. Joaõ Bautista» pertencia então à freguesia de S. Sebastião da Pedreira; por 1755, indica-se S. João dos Bem-Cazados, talvez também como nome de lugar e não de rua; todavia, 1763 já se encontra S. Joaõ dos Bemcasados como nome de rua da freguesia de Santa Isabel. No mesmo livro, se indica a existência da referida ermida de S. Joaõ dos Bemcasados (já incluída naturalmente na freguesia de Santa Isabel), acrescentando-se a propósito dela: «Edificou-a António Simões, official de Dourador no anno de 1580». 
Em 1804, regista-se a Rua de S. Joaõ dos Bem-Casados, como principiando no Largo da Páscoa e terminando na Estrada de Campollide, hoje Rua das Amoreiras; ao longo do século XIX, encontra-se às vezes a variante de Rua Direita de S. João dos Bem Casados.
(in Anais - Academia Portuguesa da História, p. 360, 1994)

Rua de Silva Carvalho, 110 [1912]
Troço da antiga Rua de São Luís, 10, junto ao cruzamento com as Ruas do Sol ao Rato e de Campo de Ourique
Joshua Benoliel, in AML
Nota(s): o local da foto não está identificado no AML

N.B. Por edital camarário de 1920, a Rua de S. João dos Bem Casados, o Largo da Páscoa e a Rua de S. Luís passaram a constituir um só arruamento a que se deu a denominação de «Rua de Silva Carvalho».

Sunday 18 October 2020

Calçada da Palma de Baixo e Estr. das Laranjeiras

O topónimo de origem popular “Palma”, ligado à flora local, é muito antigo, e surge pela primeira vez em documentação medieval, datada de 1208, associado a uma transacção de compra e venda de vinhas no sítio de Palma, as quais eram abundantes no local. No século seguinte estavam maioritariamente na posse de ordens religiosas e da pequena nobreza.

Calçada da Palma de Baixo e Estr. das Laranjeiras |1944|
Chafariz das Laranjeiras
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

No século XVI, a área de São Domingos de Benfica estava confinada pelas Estr. de Benfica, da Luz e de Telheiras ao Rego, a qual dava acesso à Palma de Cima. Ao longo destas estradas estabeleceram-se quintas e foi crescendo o casario, aparecendo em documentação referência aos sítios distintos da Palma de Cima e da Palma de Baixo, os quais, juntamente com os de Palhavã, Sete Rios e Ponte Velha vieram a constituir a freguesia de São Sebastião da Pedreira, criada na 2ª metade desse século. O topónimo Calçada de Palma de Baixo foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa por deliberação camarária de 30/09/1897. [cm-lisboa.pt]

Calçada da Palma de Baixo e Estr. das Laranjeiras |1944|
Chafariz das Laranjeiras
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Friday 16 October 2020

Chafariz das Laranjeiras

A ideia da construção deste chafariz remonta a Dezembro de 1791, no entanto as obras só ficaram concluídas em 1795, segundo projecto dos arqs. Honorato José Correia de Macedo e Sá e Francisco António Ferreira Cangalhas, como atesta uma petição dirigida pelo primeiro à Direcção das Reais Fábricas e Obra das Águas Livres. Inicialmente implantado diante do acesso principal da Quinta das Laranjeiras, propriedade do 1º barão de Quintela, encontra-se actualmente no cruzamento entre a Estrada das Larangeiras e a Calçada da Palma (na freguesia de São Domingos de Benfica), local para onde foi transferido no séc. XX [c. 1960]. [cm-lisboa.pt]

Chafariz das Laranjeiras |c. 1900|
Estrada das Laranjeiras [Calçada da Palma de Baixo]
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente

O chafariz de estilo rococó é flanqueado por um muro sobre o qual se eleva o corpo, integralmente em cantaria, que se compõe em três módulos, ostentando os laterais aparelho rústico e estípides sobrepujadas de fogaréus; o central mais elevado, ostenta sobre tabela rocaille uma pedra de armas reais de Portugal, sendo rematado por um frontão curvo. Um escudo elíptico assenta sobre a cartela com concheados, surgindo emoldurado por palmas. Na parte inferior do alçado principal está o tanque rectangular com ângulos boleados, possuindo duas bicas colocadas na base das estípides dos módulos laterais. O tanque é protegido por dois mourões.

Chafariz das Laranjeiras |1944|
Estrada das Laranjeiras [Calçada da Palma de Baixo]
Eduardo Portugal, 
in Lisboa de Antigamente


N.B. Conforme inquérito realizado, em 1940, às águas de Lisboa, é revelado que constituía uma água salobra, sulfatada e cloretada, tendo sido suspeita de inquinação; perante este relatório, a água foi desviada da bica; Na década de 50 - provável transferência para o local onde na actualidade se encontra e ligação do chafariz à rede pública de abastecimento de água. [vd. imagem abaixo]

Chafariz das Laranjeiras |1960|
Calçada da Palma de Baixo [
Estrada das Laranjeiras]
Arnaldo Madureira, 
in Lisboa de Antigamente

Sunday 11 October 2020

Rua do Loreto

O olisipógrafo Luís Pastor de Macedo refere que esta artéria «É uma parte do antigo caminho que ia das Portas de Santa Catarina (Largo do Chiado) para Santos e Alcântara. Brandão na sua "Estatística de 1552" dá-lhe já o nome de rua do Loreto, os sacadores da derrama de 1565 designam-na por rua dr.tª q vay do loreto pª calçada do congro. O cura da Sé, em 1605, por rua direita fora da porta de Sª Cª, e os registos paroquiais da freguesia da Encarnação dão-lhe geralmente a denominação simples de rua Direita, algumas vezes, poucas, a de rua Direita do Loreto e só por acaso rua do Loreto, a não ser em grande parte do século passado e no actual [séculos XIX e XX], em que tanto uma como
outra das últimas denominações citadas, foram as únicas empregadas.

Rua do Loreto [c. 1910]
Esquina com a Rua da Emenda
Alfaiataria «A. Couto» e Chapelaria «Salão Ravasco»
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

Depois do terremoto, isoladamente, deram-lhe também o nome de rua Larga do Loreto. Esta rua, antes da demolição dos célebres casebres do Loreto (ruínas do palacete dos Marialvas) e portanto antes de se ter feito a praça Luís de Camões, chegava pelo nascente até à rua Larga de S. Roque, hoje rua da Misericórdia.»
(MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés a Lés, vol. III), 1942

Antigo palácio dos Marqueses de Marialva (Casebres do Loreto) [1859]
Inscrição no original: fachada sobre o Largo das Duas Igrejas, actual Praça Luís de Camões e antigo Largo do Loreto; Rua do Loreto
Desenho a de Júlio de Castilho, ,in Lisboa de Antigamente

Friday 9 October 2020

Santa Catarina

O Alto de Santa Catarina — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , designação que foi simultânea com a de Belver, mas resistiu, deve a designação à circunstância de neste sítio – exactamente onde está esse Palacete n.º 2, [Palacete Alfredo da Silva, hoje na posse da Associação Nacional das Farmácias] com pátio guarnecido de gradeamento – ter existido a Igreja paroquial de Santa Catarina do Monte Sinai. No alto deste cabeço, havia, como atrás disse, desde o século XV uma enorme Cruz de madeira, que servia de guia aos mareantes.

Rua de Santa Catarina [entre 1898 e 1908]
Encimando a rua, no  Alto de Santa Catarina, nota-se o Palácio do Conde de Verride.
Machado & Souza, in AML

Santa Catarina, como as Chagas, e como aliás toda a encosta e orla marginal, viveu e cresceu, fez nome e ressoou, sob o influxo do Tejo. Falei-te, Dilecto, da Igreja de Santa Catarina; já cá não está há cem anos, e sabe-se dela o lugar, que já referi. Limito-me pois a uma nota retrospectiva.

Antiga Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai no séc. XIX
Desenho, in AML

A Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai fora edificada em 1557 pela Rainha D. Catarina, mulher de D. João III, e por ela doada à Irmandade dos Livreiros, da qual era Juiz um fidalgo, do Conselho de El-Rei, Simão Guedes, que, com um frade Jerónimo, Miguel de Valença, foram os animadores da obra no espírito da Rainha. Em 1559 Santa Catarina, pequena mas de desafogadas vistas, era paroquial. O Terramoto deixou mal ferida a Igreja, que foi reedificada em fins de 1757. Em 1835 ardeu completamente; os seus restos continuaram na posse da Irmandade dos Livreiros, e foram removidos entre 1856 e 1862.

Rua de Santa Catarina [entre 1898 e 1908]
Junto à Calçada de Salvador Correia de Sá
Machado & Souza, in AML
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 71-72, 1939.

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