Friday, 26 May 2023

Avenida da República, 50

Na esquina com a Avenida Barbosa du Bocage, um palacete do início do século XX, demolido em 1970.

As «Avenidas Novas» surgem no início deste século como resultado dos trabalhos e projectos do engenheiro Ressano Garcia e organizam-se em volta duma grande artéria chamada então «Avenida das Picoas». Esta ligava-se à Rotunda [actual Pç. Duque de Saldanha] pela Avenida do Campo Grande (mais tarde, de Fontes Pereira de Melo). [...] Para as suas avenidas (a das Picoas havia de se chamar Ressano Garcia e, só mais tarde, da República), o engenheiro camarário tinha previsto tudo, desde os passeios aos esgotos, passando pelo tipo de árvores que as ornamentariam. Todo este espaço era destinado a classes abastadas dentro da burguesia lisboeta e a rapidez da sua execução permitiu que um certo equilíbrio de formas fosse alcançado.

Avenida da República, |196-|
Antiga de Ressano Garcia, antes Avenida das Picoas
Do lado direito, na esquina da Avenida Barbosa du Bocage, um palacete do início do século XX, demolido em 1970.
Artur Inácio Bastos, in Lisboa de Antigamente

Nas Avenidas Novas nasceu a Rua Barbosa du Bocage, por Edital de 11/12/1902, na via pública entre as Avenidas Marquês de Tomar e Rua do Arco do Cego. Passados quase 23 anos, o Edital de 08/06/1925 mudou a classificação da artéria para Avenida.
José Vicente Barbosa Du Bocage, (1823-1907) Maçon. Bacharel formado em medicina pela Universidade de Coimbra, lente de zoologia na Escola Politécnica, do conselho de Sua Majestade, ministro de Estado, deputado, par do Reino, um dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa, sócio da Academia Real das Ciências, da Sociedade de Zoologia de Londres. 
Era primo em segundo grau do popular poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage.

Avenida da República, 50 |1970|
Antiga de Ressano Garcia, antes Avenida das Picoas
Palacete já demolido que tornejava para a Avenida Barbosa du Bocage
Nuno Barros Roque da Silveira, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): Infelizmente a imagens é de baixa qualidade/resolução, graças ao paupérrimo trabalho de digitalização efectuado pelo Arquivo Municipal de Lisboa (AML).

Sunday, 21 May 2023

Rua Marquês de Fronteira que foi Estr. da Circunvalação

Por decreto de Setembro de 1852 a cidade passaria a ser circundada por muro alto e contínuo, feito propositadamente, até junto ao rio, tendo por únicas passagens, portões de ferro. Chamava-se Estr. de Circunvalação e para efeitos aduaneiros estava guardada pela Guarda Fiscal.
A estrada passava pelo Arco do Carvalhão (Arco pertencente às Aguas Livres) Rua D. Carlos de Mascarenhas — Rua Marquês de Fronteira — actual Avenida Duque de Ávila — Rua Visconde de Santarém — Largo do Leão — Rua Carrilho — Rua Morais Soares — Alto de S. João — Avenida Afonso III (sendo novo o último troço, evitando-se a Calçada das Lajes) Xabregas.

Rua Marquês de Fronteira |1927|
Antiga Estrada da Circunvalação
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda da foto no arquivo: «O carro celular com o preso (José Júlio da Costa), a caminho da Penitenciária de Lisboa»

A artéria perpetua a memória de D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto (180 –1881), 8º conde da Torre, 5º marquês de Alorna e 7º marquês da Fronteira. Após a Vilafrancada viveu exilado para depois fazer toda a campanha das lutas liberais, tendo-se reformado no posto de marechal-de-campo. Foi também governador civil de Lisboa (1846-1851), par do reino e deixou 5 volumes das suas «Memórias do Marquês da Fronteira e Alorna».

Eléctricos na Rua Marquês de Fronteira |1960|
Dístico de 1903. Paragem junto a Rua de Campolide.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Friday, 19 May 2023

Avenida da Torre de Belém

Torre de S. Vicente de Belém (é este o verdadeiro nome da Torre de Belém), em Lisboa, foi construída no século XVI e tornou-se muito importante na época das Descobertas.
Tudo começou em 1515 quando o rei D. Manuel decide mandar construir uma torre no local onde antes o seu antecessor, o rei D. João II, pensara construir um forte para defesa do porto da zona de Belém e da barra do Tejo. As obras de construção, mesmo na zona ribeirinha de Belém, começaram logo em 1515, mas só em 1519 ou 1521, é que acabaram.
Em 1983 a Torre de Belém foi classificada pela UNESCO como «Património Cultural de Toda a Humanidade».

Avenida da Torre de Belém |1966|
Antiga Avenida «C-D» da Encosta da Ajuda (até 1945) 
Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Situada frente à histórica praia do Restelo, a Torre de Belém (Castelo de Sam Vicente a-par-de Belem), inicialmente fazendo parte do sistema defensivo do estuário do Tejo — em que se integravam o baluarte de São Sebastião de Caparica, mais tarde conhecido por Torre Velha e Castelo de Porto Brandão, e o forte de Cascais, mandados construir pelo rei D. João II — ergue a sua formosíssima silhueta, oferecendo, quer olhada da banda do rio, quer do lado de terra, a visão de um dos mais belos e originais monumentos portugueses.

Sunday, 14 May 2023

Panorâmica de Lisboa tomada do Jardim de S. Pedro de Alcântara

Para lá do vale da Baixa, a colina de S. Pedro de Alcântara, «varanda do Bairro Alto», «janela de Lisboa aberta sobre Lisboa». «Grande panorama», diz-nos Norberto de Araújo, e exclama também o conselheiro Acácio. O conselheiro e Luiza «foram encostar-se às grades» e, «através dos varões, viam, descendo n'um declive, telhados escuros, intervallos de pateos, cantos de muro com uma ou outra magra verdura de quintal ressequido [...]»
Varanda dos amores românticos — prossegue o autor das Legendas—  do tempo em que era alameda — S. Pedro de Alcântara é um dos mais ternos miradouros naturais da cidade. [...]
Para nascente e sul, o Castelo, recortado sobre a peanha pintalgada da cidade velha; as torres alvíssimas de S. Vicente espreitando da linha do horizonte, acima do casario; a Graça, generosa, entregando-se toda; S. Gens, minúsculo, pousado no outeiro que cai sobra as Olarias; a , flanqueada de torres, morena, muito severa...

Panorâmica de Lisboa tomada do Jardim de S. Pedro de Alcântara
Fotografia anónima s.d., ant. a 1887

São identificáveis na fotografia (ant. a 1887): logo abaixo do gradeamento — proveniente em parte do Palácio da Inquisição (ou dos Estaus) no Rossio — o tabuleiro inferior do Jardim e miradouro de S. Pedro de Alcântara (com os bustos dos notáveis de Portugal); na extrema esquerda baixa, observa-se o Palácio dos Castello-Melhor, hoje Palácio Foz, e a antiga torre sineira da capela de N. S. da Pureza (demolida em 1902 após incêndio no palácio) virada à Calçada da Glória; acima, o Monumento dos Restauradores, em construção e com os andaimes ainda montados; para nascente do monumento ainda são visíveis os portões e a cerca do antigo Passeio Público (poente) (demolido c. 1885); no recanto ocidental dos Restauradores, onde hoje se encontra a Estação do Rossio (1890) e o Éden (1914), vê-se a cúpula do antigo Circo Whyttoyne, erguido em 1875 e demolido em 1887
Acima do obelisco vê-se o Palacete Anjos (hoje CTT), atrás deste nota-se a torre sineira da Igreja dos Franceses e acima desta a Cerca do Convento da Encarnação na Calçada de Sant'Ana e, à esquerda deste, o ingreme Beco de São Luís da Pena; em último plano, o Convento da Graça e as torres de S. Vicente de Fora e, ao centro o Castelo de S. Jorge e à direita a Sé de Lisboa.
_____________________________________________________
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 114.
QUEIROZ, Eça de, O Primo Basílio, 1878.

Friday, 12 May 2023

Rua de São Tomé, 9-23

Este sítio de São Tomé deriva seu nome de uma Igreja Paroquial que existiu exactamente aqui. O povo chamava ao local “São Tomé do Penedo” por aqui ter havido uma penedia. A paroquial datava — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , pelo menos, do princípio do século XIV e foi demolida em 1839.⁼⁼
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. II, pp. 72-73, 1938)

Rua de São Tomé, 9-23| 1908|
Antiga do Infante D. Henrique (até 1948). Deriva daquela circunstância o ter-se dado o nome
do filho de D. João I a esta artéria do velho S. Tomé.

Nota(s): Neste edifício está instalado, actualmente, o restaurante "Frei Papinhas".
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 7 May 2023

Jardim de Campo de Ourique (da Parada ou Teófilo Braga): biblioteca municipal ao ar livre

O Jardim de Campo de Ourique, no encontro da Rua de Infantaria 16 com as de 4 de Infantaria e Tomás da Anunciação, é recente, posterior alguns anos ao começo da urbanização. Ali tens, no centro do  Jardim, — recorda o autor das Peregrinações —  uma escultura, em pedra, que representa a figura popular da Maria da Fonte [vd. 3ª imagem]; é obra de Costa Mota, tio, e foi inaugurada em 1920. O jardinzito é simpático — única mancha de vegetação em todo o Campo de Ourique, velho e novo.

Jardim de Campo de Ourique (da Parada ou Teófilo Braga) |1959|
Biblioteca municipal ao ar livre e sequóia —  árvore classificada.
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

As bibliotecas ao ar livre sem chaves ou cadeados com livros constantemente disponíveis à comunidade, eram, para a população que vivia e trabalhava na cidade, um recurso fundamental para a criação de hábitos de leitura, para o desenvolvimento harmonioso de crianças e jovens, para a aquisição de competências de leitura e utilização de informação indispensáveis ao exercício da cidadania e para um conhecimento mais amplo da nossa e de outras culturas.

Jardim de Campo de Ourique, fotógrafo “à la minute” |1948|
Por ter sido o antigo terreiro da parada do quartel, começou por se chamar Jardim da Parada, mas todos o conhecem simplesmente como o Jardim de Campo de Ourique, já que não há outro. Tem parque infantil, belas árvores — uma sequóia e um cipreste-dos-pântanos — inúmeros pombos incrivelmente mansos e dois lagos e uma fonte-cascata.
Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

N.B. Teófilo Braga (1843-1924). Fundador do Partido Republicano, foi nomeado presidente da República por via constitucional em 1915. É conhecido pela grande variedade de actividades e pela riqueza prolífica da sua obra, que constitui uma abordagem pioneira na História da Literatura portuguesa. Em consequência da morte da mulher e de todos os filhos, retira-se para uma vida solitária, após o fim da presidência.

Jardim de Campo de Ourique, monumento a Maria da Fonte |1920|
Em Setembro de 1920, Teófilo Braga preside à inauguração da estátua de Maria da Fonte, da autoria de Costa Mota, (tio). A heroína popular que deu o nome ao jardim, representa «uma mulher como as mais», gadanha ao ombro, braço erguido de revolta, expressão exaltada, «pistola à cinta» — toda em pedra , que é uma maneira de não fazer mal a ninguém e de se aproximar da eternidade.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, p. 74, 1939.
ADRAGÃO, José Victor, PINTO, Natália & RASQUILHO, Rui, Lisboa. 1985.

Friday, 5 May 2023

Rua Ferreira Borges com a Rua de Campo de Ourique

Arruamento construído no prolongamento da Rua D. João V, situado entre a Rua Silva Carvalho e a Avenida Engº Duarte Pacheco. Também designado por sua Rua A da urbanização das Amoreiras e antiga Rua dos Pousos (1859).
Aquele que no seu Panfleto Mágico ousou avisar «É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir» – o escritor José Gomes Ferreira — , desde o próprio ano da sua morte que está perpetuado na artéria de Campo de Ourique que liga a Rua Joshua Benoliel à Avenida Engº Duarte Pacheco.

Rua Ferreira Borges com a Rua de Campo de Ourique |1966|
A esq., a Rua José Gomes Ferreira (Poeta 1900-1985) e, acima, o Liceu Francês Charles Lepierre (1952). À sua direita, a Estação da Carris, demolida em 1981 para dar lugar ao Complexo das Amoreiras, inaugurado em 1985. Em frente, os terrenos e reservatório da EPAL.
Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 30 April 2023

Rua Pascoal de Melo

Pascoal José de Melo (Rua de) — Pretendeu-se honrar nesta denominação a memória do célebre jurisconsulto a Pascoal José de Melo Freire dos Reis (1738-1798), adoptando-se uma das duas formas porque este grande luminar do foro português foi conhecido.
Posteriormente à existência desta menção, e no intuito de se abreviar a denominação desta via pública, foi mutilado o nome do ilustre cultor do direito português, reduzindo-se o letreiro a Rua de Pascoal de Melo, apelidos pelos quais nunca o abalizado jurisconsulto foi conhecido. Melhor teria sido ao intento a adopção da segunda das duas formas que distinguem o seu nome, e que foi por seu sobrinho adoptada para distintivo das suas obras — Rua «Melo Freire». Legalizada esta designação pelos editais da Câmara de 13 de Dezembro de 1882 e de 8 de Junho de 1889.
(BRITO, Gomes de, Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935)

Rua Pascoal de Melo, 5-11 |1940-50|
Em 1951, foi suprimida a partícula “de” nos letreiros toponímicos deste arruamento,
ficando Rua Pascoal de Melo.
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): local da fotografia não está identificado no arquivo .

Os dois primeiros prédios na imagem acima, com os n.ºˢ de polícia 11 e 9, respectivamente, ainda lá estão. O último prédio — do qual só se descortina o torreão — ocupava os n.ºˢ 5-7 da Pascoal de Melo e tornejava para a Rua António Pedro, 113 [vd. imagem abaixo] já se encontrava demolido por volta de 1948.

Rua Pascoal de Melo |1911|
À esquerda, a fábrica de cerveja Germania, mais tarde Portugália e o Jardim Constantino e, ao fundo o Largo D. Estefânia; à direita, a Rua António Pedro e a Av. Almirante Reis para onde se dirige o «Desfile militar na homenagem à memória do Almirante Cândido dos Reis e de Miguel Bombarda».
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto está erradamente identificado no arquivo.

Este edifico —  uma moradia unifamiliar — foi distinguido, em 1914, com Menção Honrosa pelo júri do Prémio Valmor, atribuída a projectos idealizados por não arquitectos. O seu autor foi o "condutor de obras públicas" António da Silva Júnior.

Edifício Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1914
Gaveto da Rua Pascoal de Melo, 5-7 com Rua António Pedro, 113; 
demolido c. de 1948.

Friday, 28 April 2023

Cenas de rua aos Poiais de São Bento

Este topónimo está relacionado com a proximidade ao sítio de S. Bento«poial» é o lugar onde se põe ou se assenta alguma coisa — , denominação que data do séc. XVI por referência ao Convento de frades beneditinos que vieram de Tibães. Estes frades já instalados na área compraram em 1596 terras da Quinta da Saúde onde construíram o Convento de S. Bento, que por tal também foi conhecido por Convento da Saúde. Sabe-se que o convento já estava ocupado em 1598 apesar de a obra só ter ficado concluída em 1615.
O nome de São Bento ou de São Bento da Saúde, estendeu-se a todos os terrenos próximos, citando-se amiúde, como referência, para designar pontos bem distantes, logo ao alvorecer do século XVII.

Rua dos Poiais de São Bento |1960|
Marçano no cruzamento das Ruas da Cruz dos Poiais e de Caetano Palha
MARÇANO, s. m. Aprendiz de caixeiro, especialmente de armazém de géneros alimentícios: «Desaparelhado para a vida ... serviu de marçano num armazém de secos e molhados)», Aquilino Ribeiro , A Batalha sem Fim , cap . 2, p. 38.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

A Rua dos Poiais de São Bento vem desde 1672. Anteriormente a esta data, davam-se-lhe várias referências, sendo a mais comum delas a de além dos Poiais.
Em 1640 também se lhe chamou rua de São Bento abaixo do Poço Novo.
Estes «Poiais» serviam, identicamente, para ponto de referência de outras serventias, que se designavam «nos Poiais», «aos Poiais» e ainda «que vai para os Poiais», remontando tal sinonímia local a 1570.
À laia de curiosidade, tinha, em 1770, 54 fogos. Desdobra-se, em 1771, em Poiais de S. Bento (17 Fogos) e R. Direita do Poço Novo [hoje dos Negros] (40 fogos). Reúnem-se em 1772 na R. Direita dos Poiais de S. Bento (56 fogos).

Calçada da Estrela com a Rua dos Poiais de São Bento |1960|
O eléctrico segue para a Rua de S. Bento.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935.
SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do terramoto: subsídios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa, Volume 2, pp. 42-43, 1967.

Sunday, 23 April 2023

Cerâmica Viúva Lamego

Eis-nos diante da Fábrica de Cerâmica «Viúva Lamego».
É, pode dizer-se, o último abencerragem das Olarias deste sítio, e cujo dístico sobrevive, a nascente, no bairro tão lisboeta deste nome, e aonde iremos — na companhia de Norberto de Araújo.

Em 1849 era proprietário de terrenos neste local António da Costa Lamego, homem de trabalho, que pensou, arrastado pelas tradições e ambiente bairrista, em fundar em parte deles uma olaria; esses terrenos dilatavam-se até à cerca do Hospital [do Desterro], pois não existia rua alguma onde hoje corre a Avenida Almirante Reis. Os operários vieram, evidentemente, das fabriquetas da Bombarda, das Olarias, e de Agostinho Carvalho, sítio de oleiros ainda em relativa actividade.

Largo do Intendente Pina Manique |c. 1911|
Ao fundo, nos n.ºˢ 24-26, nota-se a fachada da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Este edifício possui uma fachada com azulejos polícromos da autoria de Luís Ferreira — o Ferreira das Tabuletas.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

A fábrica prosperou; Costa Lamego adquiriu mais chãos, fez prédios, e revestiu, em 1865, a fachada do Largo do Intendente com os azulejos que hoje lá se vêem. Foi quando entrou decididamente na factura da cerâmica artística, ao gosto das olarias ocidentais. 
Por morte do proprietário, a Fábrica passou à Viúva. tomando então o nome comercial de «Viúva Lamego».
Por partilha , entre três filhos e uma filha, após a morte da Viúva, a Fábrica coube a um filho, também António da Costa Lamego, que depois a vendeu a seu cunhado, João Garcia Jerpe, casado com uma filha do fundador, e deste a herdou, em 1895, o actual [em 1938] proprietário João Agostinho da Costa Garcia. Quando se construiu a Avenida, que cortou os terrenos da Fábrica, esta perdeu em superfície o que ganhou em volume, pois elevou-se o prédio e melhoraram-se-lhe as instalações.

Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego |séc. XIX|
Largo do Intendente Pina Manique, 24-26
Observe-se a louça espalhada no passeio fronteiro ao edifício de estilo romântico, estruturado em 2 registos, com 2 janelas cada, que no segundo piso surgem a ladear uma varanda, rematado por empena, rasgada por um óculo rodeado de grinaldas e pequenas figuras que seguram uma inscrição com a data da construção.
Garcia Nunes,  in Lisboa de Antigamente
Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego  |c. 1901 e 1908|
Largo do Intendente Pina Manique, 24-26
Trata-se de uma das obras-primas do azulejo "naif" oitocentista, incluindo as figuras alegóricas ao "Comércio" e à "Indústria", que surgem a ladear a entrada. Actualmente existe apenas a exposição e venda de azulejos, enquanto que a parte fabril, onde são produzidos azulejos de grande qualidade, quer industriais quer artísticos, se mudou para outro local.
Machado & Souza,  in Lisboa de Antigamente

A Fábrica Viúva Lamego — muito considerada — pertence ao grupo das poucas representativas da «arte» popular, que da louça vermelha passou à faiança, e desta à indústria artística, por força da evolução do gosto e dos processos. Muitas das suas obras, de reconstituição sobretudo, andam hoje por palácios públicos e particulares.

Edifício da Cerâmica Viúva Lamego |1970|
A fachada orientada para a Avenida Almirante Reis, 6, possui um elemento decorativo dominante, um vistoso revestimento azulejar que abrange a totalidade da fachada. 
João Goulart, in Lisboa de Antigamente

No Largo do Intendente, onde hoje se encontra o depósito da Fábrica Lamego — remata o autor das Peregrinações — , elevava-se até há vinte e tal anos [até 1917] o Chafariz [vd. imagem abaixo], depois e transferido para a Rua (Nova) da Palma.

Largo do Intendente Pina Manique e Rua dos Anjos |1915|
Chafariz do Intendente, ao lado, a fábrica Viúva Lamego
Em 1917, por motivos de reorganização de trânsito, este chafariz foi transferido  para o actual local na esquina da Rua do Desterro em frente à Rua da Palma.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, pp. 14-15, 1938.
SANTANA, Francisco Gingeira, Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa, Vol. 5, 1975.

Friday, 21 April 2023

Calçada e Elevador da Glória

Hoje tem esta calçada [do Lavra] (de certo a mais empinada de toda Lisboa) uma honra superior à que lhe provinha do nome dos seus antigos habitantes e senhores: foi nela que se realizou pela primeira vez um dos maiores melhoramentos municipais do nosso tempo. Foi ali que a velha Ulisseia presenciou, como uma festividade, a inauguração dos elevadores. [...] Honra pois à companhia arrojada que empreendeu tal aperfeiçoamento na viação pública, abrindo o elevador da calçada do Lavra, o da calçada da Glória, e projectando outros; e sobretudo um hourrah ao seu talentoso engenheiro, o sr. Raoul Mesnier. para quem as calçadas de Lisboa vão ser todas, em poucos anos, calçadas... da glória!
(CASTILHO, Júlio de. Lisboa Antiga IV, 1885)

Calçada e Elevador da Glória |1960|
Perspectiva tirada da Avenida da Liberdade
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 16 April 2023

Jardim Zoológico: entradas por Sete Rios e pela Estr. de Benfica

Duas entradas possui o Jardim Zoológico: a velha entrada, pelos portões de Farrobo, na Estr. de Benfica, e a entrada por Sete Rios. A primeira, reveste-a o encanto dado pela patina do tempo. A segunda, com o ar lavado das edificações recentes, leva-nos, de chofre, a uma realização em que cada pedaço ressuma ternura. Uma põe-nos em contacto com o esplendor da natureza; a outra, com uma obra que é fruto doce do sentimento humano. Valiosas ambas. [A. Sousa: 1963]

Entrada do Jardim Zoológico de Lisboa, Sete Rios |1961|
Praça Marechal Humberto Delgado, antigo Largo de Sete Rios
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Inaugurado em 1884, o Jardim Zoológico e d'Aclimatação de Lisboa foi o primeiro parque com fauna e flora da Península Ibérica. Foram vários os seus fundadores — Dr. Pedro Van Der Laan, José Thomaz Sousa Martins e o Barão de Kessler — que contaram com o apoio de várias personalidades, o Rei D. Fernando II e o zoólogo José Vicente Barboza du Bocage.
As primeiras instalações situaram-se no Parque de São Sebastião da Pedreira, mais propriamente no Parque de Santa Gertrudes (Palhavã), hoje facilmente reconhecível pelos seus muros ameados, enquadrando torreões, como que protegendo as traseiras do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian. Em 28 de Maio de 1905 foram inauguradas as novas e definitivas instalações na Quinta das Laranjeiras (Condes de Farrobo), a Sete Rios
No dia 12 de Março de 1913, o Jardim Zoológico foi declarado Instituição de Utilidade Pública.

Entrada do Jardim Zoológico de Lisboa, Estr. de Benfica |1908-1914|
Vendedor ambulante de azeite
Charles Chusseau-Flaviens, in Lisboa de Antigamente


Friday, 14 April 2023

Escadinhas de Santa Justa

Aqui temos as Escadinhas de Santa Justa, que levam à Rua da Madalena, e em cuja esquina do lado de cima, se deu o pavoroso «incêndio da Madalena», na madrugada de 10 de Abril de 1907.
Existiu aqui, à entrada das Escadinhas — recorda o ilustre Norberto de Araújo — a paroquial de Santa Justa, uma das primeiras de Lisboa, fundada — crê-se — em 1166. A Igreja sofreu incêndio no dia seguinte ao do Terramoto. Pensou-se em construir outra neste local, precisamente onde se elevou depois esse prédio enorme, com os armazéns da Companhia do Papel do Prado [actual Pollux]; a paroquial instalou-se mal, numa parte logo edificada, mas as obras demoravam, veio o regime liberal (1833), e Santa Justa, paroquial, transitou para a Igreja de S. Domingos. Instalou-se então aqui um batalhão da Guarda Nacional de Lisboa, que durou até 1838; depois o edifício que, como igreja nunca se chegou a concluir, converteu-se em teatro, o «Teatro de D. Fernando», que existiu até 1860. Só depois se realizou a urbanização do local (1863-1864). 

Escadinhas da Rua de Santa Justa |c. 1945|
Escadinhas que ligam a Rua dos Fanqueiros à Rua da Madalena (ao cimo)
Fernando Pozal, in Lisboa de Antigamente

O que sobreviveu (até que a municipalidade se esforce em o apagar) — afirma, por seu lado, Mestre Castilho — é apenas o titulo do orago. O largo de Santa Justa, e as escadinhas ou travessa [Rua] de Santa Justa, são os últimos padrões que nos ficaram d'isso tudo!

Escadinhas da Rua de Santa Justa |1971|
Escadinhas que ligam a Rua da Madalena  à Rua dos Fanqueiros (ao fundo)
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, pp. 40-41, 1939.
CASTILHO, Júlio de,  Lisboa antiga, vol. IV,  1885, 

Sunday, 9 April 2023

Sítio das Pedras Negras: Prédio do Almada

Este prédio alto que olha o Largo, entre a Rua da Madalena e a Travessa do Almada, encostado pelo posterior à Travessa das Pedras Negras, foi construído, num aspecto que não diverge muito do actual, em 1749, por João Manuel de Almada e Melo, visconde de Vila Nova de Sotto de El-Rei, tenente general, paroquiano, que no sítio das Pedras Negras outras mais casas edificou. Desse Almada — recorda Norberto de Araújo — veio o nome à Travessa e ao prédio, pois ainda há quem o designe por aquele título.

Largo da Madalena, 3-5 6 |1901|
O «Prédio do Almada» sofreu modificações nos séculos XIX e XX — foi-lhe acrescentado
uma fiada do lado nascente — hoje porta com o n.º 6À esq., a Rua da Madalena e, à dir.,
a Travessa do Almada.

Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Lisboa está cheia de testemunhos da força inconsciente das tradições orais. O edifício — aliás sensaborão — , n.°ˢ 3 e 5 [6] do Largo, tem, como vês, seis andares, além dos estabelecimentos em loja; há quem suponha ter ele pertencido a um ramo da família Pombal, no começo do século passado. [...] Neste edifício funcionou, durante algum tempo, no século passado [séc. XIX], o Senado da Câmara de Lisboa. [...]

Prédio do Almada visto da Travessa do Almada |1901|
À dir., a Travessa das Pedras Negras e, ao fundo, o Largo da Madalena.
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Na parede do edifício Almada desta Travessa estão embebidas quatro lápides e pedras romanas, que podes ler e ver sem dificuldade. Foram encontradas soterradas neste local, em 1749, quando o tal João de Almada e Melo ordenou aberturas de novos caboucos para erguer sua propriedade. Este sítio foi fértil em achados arqueológicos, do tempo da dominação romana. Mas falemos por agora apenas destes. 
A maior [a 3ª lápide nas  imagens abaixo] corresponde, na legenda latina, a uma dedicatória de Lisboa a um pretor. Pode traduzir-se deste modo: "Felicitas Julia, Olisipo, dedica a Lúcio Cecílio, filho de Lúcio Celeri, recto questor da província da Bética, tribuno do povo e pretor”

Prédio do Almada, fachada lateral sobre a Tv. do Almada |190-|
O edifício integra na sua fachada nascente quatro lápides com inscrições romanas, conhecidas como Lápides das Pedras Negras.
José A. Bárcia
, in Lisboa de Antigamente

 

Esta primeira lápide, no começo da Travessa, está incompleta; é, na melhor das interpretações, uma dedicatória de certo Caio Júlio a Mercúrio e a César Augusto.
A lápide a seguir [2ª lapide abaixo], sobre uma pequena coluna, diz justamente, no seu latim, que "Tito Licínio Amarântio por voto dedicou à mãe dos deuses” [Cibele].
Esta outra da extremidade  [4ª lapide abaixo], mais decorativa, tem a legenda completa. Interpreta-se desta forma: Tito Licínio Cerno, natural de Lychaonia, dedicou à mãe dos deuses, a grande Ida da Frígia, sendo nobres duúnviros Cássio e Cassiano , e cônsules nobilíssimos Marco Atílio e Afroniano, e sendo governador Gaio".
Mas deixemo-nos de deuses e de cônsules; o muito interessante deste assunto (por aqui foram encontradas algumas dezenas de monumentos epigráficos romanos) excede os nossos planos. 

Prédio do Almada, lápides romanas, pormenor |194-|
Ad quatro lápides dedicadas aos deuses Mercúrio e Cibele. Classificadas como Monumento Nacional, desde 1910, foram descobertas aquando da construção do prédio, juntamente com imponentes ruínas romanas.
in Lisboa de Antigamente

Mas subamos: eis-nos na "Avenida" do sítio: a Rua das Pedras Negras, que abrange por um lado e outro três quarteirões , a ligarem a Rua da Madalena com a Sé .⁼⁼
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. II, p. 16, 1938)

Friday, 7 April 2023

Rua Primeiro de Maio que foi de S. Joaquim

Na Rua Primeiro de Maio nos encontramos ainda, uns dez passos adiante do Convento das Flamengas. Exactamente neste prédio vulgar do fim do século passado [XIX]  — recorda Norberto de Araújo —  assentou o Palácio dos Marqueses de Abrantes (ao Calvário), no qual se integrava a Ermida ou Capela de S. Joaquim e Sant'Ana, fundada pela Marquesa de Fontes, D. Joana Lima de Lencastre, e da qual derivou o nome de S. Joaquim que esta artéria teve até pouco depois da proclamação da República. A desaparecida Ermida de S. Joaquim (que o Terramoto poupou, mas que a urbanização do sítio houve de sacrificar) serviu, depois do sismo de 1755 e até Junho do ano seguinte, de igreja patriarcal. 

Rua Primeiro de Maio |1964|
Onde se observa o edifício de três pisos assentou o Palácio dos Marqueses de Abrantes, no qual se integrava a Ermida ou Capela de S. Joaquim.
Legenda da fotografia no arquivo: Obras para a construção da ponte 25 de Abril.
Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Ostentou boas pinturas sacras de Vieira Lusitano, cujo destino não sabemos qual tenha sido. Do lado sul, toda a área pertenceu, até aos meados do século passado, aos Condes da Ponte (Melo e Torres que entroncaram nos Saldanhas); este pedaço de Santo Amaro estaria compreendido nos bens do Morgadio Saldanha de que adiante te falarei.
Tudo desapareceu; dos Condes da Ponte resta hoje o nome na Travessa, contígua pelo poente, aos edifícios da Companhia dos Eléctricos, a qual absorveu, quando a Companhia Carris era ainda de viação animal, palácio, casas, pátio, terrenos do granjeio daquela ilustre família.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 42-43, 1939)

Rua Primeiro de Maio |1968|
Onde se observa o edifício de três pisos, assentou o Palácio dos Marqueses de Abrantes; ao fundo nota-se o Convento das Flamengas.

Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): Rocha Martins, levanta no seu livro Lisboa de Ontem e de Hoje uma tese que é também a de Luís de Oliveira Guimarães, em Lisboa e Eça de Queirós: a de que nas suas linhas gerais o Ramalhete tenha sido inspirado pelo palácio da família Sabugosa, na antiga Rua de São Joaquim, ao Calvário, perto de Santo Amaro, hoje Rua Primeiro de Maio.

Sunday, 2 April 2023

Rua João de Lemos

Segundo Luís Pastor de Macedo, esta artéria foi a antiga Ladeira de Santo Amaro e homenageia João de Lemos Seixas Castelo Branco (1819 – 1890), formado em Direito pela Universidade de Coimbra que desempenhou várias comissões políticas junto de D. Miguel; dirigiu o jornal «A Nação» e enquanto escritor ajudou a fundar a revista «O Trovador», escreveu o livro em prosa «Serões da Aldeia» (1877) e assinou poesias de pendor ultra-romântico – reunidas no «Cancioneiro» (1858, 1859, 1866) e «Canções da Tarde» (1875) – sendo a mais conhecida a «Lua de Londres» que Eça de Queirós ridicularizou numa passagem de «Os Maias», onde é recitado de cor por «Eusebiozinho»
Em Lisboa, João de Lemos morou no Campo Grande.

Rua João de Lemos |1961|
Escadinhas que ligam a Rua Luís de Camões à Calçada de Santo Amaro/
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Desconhece-se a data de atribuição da Rua João de Lemos mas encontramos diversas escrituras de vendas de terreno que a referem nos anos de 1893 a 1899, assim como em 1908 encontramos compras de prédios para concluir as ruas João de Lemos e Gil Vicente e em 1909, está mencionada na Planta Topográfica de Lisboa de Júlio Silva Pinto e Alberto Correia de Sá.
Sabe-se que foi Rua de João de Lemos até um parecer da Comissão Municipal de Toponímia de 23/04/1954, homologado pelo presidente da edilidade lhe retirar a partícula «de». [cm-lisboa.pt]

Rua João de Lemos |1945|
Escadinhas que ligam a Rua Luís de Camões à Calçada de Santo Amaro/Rua Gil Vicente; perspectiva tomada Rua Luís de Camões.
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Friday, 31 March 2023

Ascensor de Santa Justa

Desabalado, atravesso o Rossio, desço a Rua do Ouro e meto-me no ascensor de Santa Justa. Viagem curta ao ritmo do choro tolhido de um miúdo agarrado ao xaile da mãe, gorda de miséria.
— Tenho medo, mãe! Tenho medo. (É estranho. Também eu).
A porta do elevador escancarou-se e agora os passageiros atropelam-se, açodados, aos encontrões no viaduto para o Largo do Carmo.
(FERREIRA, José Gomes, O Irreal Quotidiano: histórias e invenções, 1976)

Ascensor de Santa Justa |post. 1902|
Postal ilustrado não circulado, edição de F. A. Martins & Silva, in Lisboa de Antigamente

A Rua de Santa Justa foi um dos 14 topónimos da Portaria pombalina de 5 de Novembro de 1760, diploma do rei D. José com que foi inaugurada em Lisboa a prática de atribuição de nomes de ruas por decreto e, no qual se estabeleceu a denominação dos arruamentos localizados da Baixa lisboeta reconstruída, entre a Praça do Comércio e o Rossio.
O elevador de Santa Justa — ou do Carmo — foi inaugurado no dia 10 Julho de 1902, sendo um dos dois ascensores verticais da cidade (o ouro era o elevador de S. Julião). O projecto é de Raoul Mesnier du Ponsard.

Rua de Santa Justa, ascensor |post. 1902|
A primeira transversal é a Rua da Prata, antiga Bela da Rainha; seguem-se as Ruas dos Correeiros, Augusta [da Figura do Rei], Sapateiros e, por fim, a Rua Áurea.
Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente

Web Analytics