Sunday 31 December 2017

De Alcântara-Terra a Alcântara-Mar

Sobre o sítio de Alcântara (que significa «a ponte») refere o olisipógrafo Norberto Araújo o seguinte:
Alcântara povoada de casas e gentes, em expressão rudimentar, não vai além de seiscentos, pois seria forçar a nota dar significado de «póvoa feita» a casario disperso entre quintas, a um ou outro aglomerado em certo lanço de caminho, ou às casas nobres esparsas que por aqui haveria, à sombra dos Conventos. Subúrbios foram sempre, ridentes, arejados, cortados de vales, bafejados pela brisa do mar. Campos e quintas havia-as per todo o lado, a poente, a norte, e a nascente da ponte sobre a ribeira, tão antiga, em várias configurações, como o próprio curso de água. [...]
Foi o Terramoto que contribuiu para a constituição bairrista de Alcântara, que só aparece paróquia autónoma e definida no final do século do grande sismo (1798).¹

De Alcântara-Terra a Alcântara-Mar  [1926]
Ao centro a remise da Estação de Alcântara-Terra
Na manhã de 26 de Dezembro de 1926, Lisboa acordava coberta de neve.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Sobre a Estação do Caminho de Ferro erguida neste local, o mesmo autor adianta que Um dos grandes factores da animação e desenvolvimento de Alcântara foi a construção da Estação do Caminho de Ferro. Concluiu-se e inaugurou-se em 2 de Abril de 1887 com a linha Cacém-Torres Vedras, logo seguida no ano seguinte da linha Torres-Figueira Para a construção da Estação foi necessário cobrir-se o velho caneiro — e não foi esta uma das menores vantagens do empreendimento —, realizar um terrapleno e abrir o túnel principal, sob a Quinta dos Prazeres, e cuja extensão é de 540 metros.
À estação de Alcântara-Terra seguiu-se a de Alcântara-Mar, seu natural prolongamento, inaugurada em 10 de Agosto de 1891.²

De Alcântara-Terra a Alcântara-Mar  [1967]
Ao centro a remise da Estação de Alcântara-Terra  e, ao longe, a Ponte 25 de Abril e o Monumento a Cristo Rei.
Artur Inácio Bastos, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 11-12, 1939.
² ibid. p. 25.

Friday 29 December 2017

Escadinhas de Damasceno Monteiro

Era a 1ª via pública à esquerda na Travessa das Terras do Monte lado nascente, que liga a mesma Travessa com a Rua Damasceno Monteiro, conforme Edital de 21/03/1914, a saber: «Faço saber que por deliberação de 19 de Março corrente e no uso das atribuições que lhe confere a Nº 26 do Artigo 94 da Lei Nº 88 de 7 de Agosto de 1913, esta Comissão determina, que a primeira via publica á esquerda na travessa das Terras do Monte, lado nascente, que liga a mesma travessa com a rua Damasceno Monteiro, seja denominada «Escadinhas Damasceno Monteiro».

Escadinhas de Damasceno Monteiro [1945]
O empinado lanço de escadório em direcção à Travessa das Terras do Monte.
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Conforme consta do mandado do Presidente da Câmara de 23/03/1914, esta via pública era designada pelo vulgo, Escadinhas das Terras do Monte. [cm-lisboa.pt]

Escadinhas de Damasceno Monteiro [1961]
Panorâmica tirada junto ao nº 5 da Travessa das Terras do Monte em direcção à Rua de Damasceno Monteiro.
Artur Goulart, in Lisboa de Antigamente

Monday 25 December 2017

O Natal dos Sonhos Impossíveis

Pese embora o facto de a imagens que ora publicamos ter mais de um século, continua, infelizmente, demasiado actual, pois ainda existem muitas crianças por este país fora — demasiadas, diria — que continuam a não ter direito a um Natal digno desse nome, muito menos a brinquedos. Estas condições de vida deveriam preocupar e envergonhar a todos e, por maioria de razão, os nossos lídimos representantes com assento na Casa da Democracia. Mas qual Democracia? Que Democracia é esta em que uns lutam pela mera sobrevivência, enquanto outros há que vivem como nababos. Pela calada do Natal, os deputados eleitos pelo povo, reúnem-se em conluio, como vulgares criminosos,  e legislam em benefício próprio, isentando os seus partidos — todos, da esquerda a direita! — do pagamento de  milhões em impostos. 
Como alguém disse em tempos  (e não, não foi o Eça)  «políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo». Quem o disse estava coberto de  razão, pois estes políticos, os nossos, vão ter um Natal à grande.
Feliz Natal a todos os nossos leitores.

                                                      [...]
À hora do meio dia,
Por uma rua se via,
Caminhando,
Ao bom sol (tão bom calor!)
Uma pobre mãe, levando
Pela mão
O filho que, pelo amor,
Levava em seu coração.

Sempre o menino parava,
Se avistava
Algum alegre brinquedo,
Coisa que ali não faltava:
Ficava-se mudo e quêdo
Com longos olhos olhando,
Cobiçando...

— Compre-me um brinquedo, mãe!

Algures numa rua de Lisboa [Dez. de 1912]
 O Natal dos Sonhos Impossíveis.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

— «Ó' meu Deus! hoje tambem, 
E sempre! Que scisma a tua! 
Se nunca passas na rua 
Que não queiras 
Comprar as lojas inteiras! 
É vergonha. . . E então, agora 
Que teu Pae, lá na officina, 
Sem descançar uma hora, 
Se rala, mata e amofina 
Para nos dar de comer. . . 
Faça favor de dizer: 
Acha bonito gastar 
Em coisas para brincar 
O dinheiro que o Pae tem 
De ganhar com seu suor?!» —

Scisma o pequeno. Porém, 
Com certa malicia á flor 
Da sua vozinha: 

                              — «Mãe! 
Mas tudo se arranja bem . . . 
 Amanha é dia santo, 
Fecha a fabrica: 
Por tanto, O Pae não trabalha: E então 
Não é vergonha comprar!» — 

— «Amanhã, meu filho, estão 
Todas as lojas fechadas!» —
Torna de novo a calar: 
Quantas tristezas caladas 
Fallavam no seu olhar! 

De repente, 
Como quem mais não consente 
Soffrer em silencio um mal, 
Castigo que não mer'ceu: 

— «Parece, Mãe, que afinal,
Se o Menino-Deus nasceu,
Não nasceu p'ra toda a gente.

Logo a mãe, tomando-o ao collo,
Beijando-o na bocca, diz:

— «Para todos, filho, sim!
 Pois se por ti me consolo
De tanta dor; se feliz
E alegre tu me fizeste:
Meu Amor! bem vês assim
Que, — quando tu me nasceste, .
Nasceu Jesus para mim. . .»
(António Corrêa d’Oliveira, Parábolas, 1905)

 

Algures numa rua de Lisboa (Café Suisso?) [Dez. de 1912]
 O Natal dos Sonhos Impossíveis. 
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday 24 December 2017

Palácio Iglésias

O prédio da outra esquina, no Largo [da Academia Nacional de Belas Artes], é dos herdeiros de Iglésias Viana, construção sólida e burguesa do século passado [séc XIX]. 

Foi aqui o lugar (já o disse) da Igreja dos Mártires, fundada por D. Afonso Henriques, doada aos ingleses cruzados, em padroado do Bispo D. Gilberto; reedificada em 1602 e 1629, desapareceu totalnente com o Terramoto.  

Era então a velha Igreja dos Mártires, mais do que S. Vicente, e tanto como a Sê, uma relíquia de Lisboa afonsina.¹


Traduzindo um exemplar de arquitectura residencial neoclássica, foi edificado, a partir de 1859, segundo o risco do arq.º  Giuseppe Cinatti, em propriedade da família Iglésias. Foi objecto de projecto de ampliação em 1862, quando ainda estava em construção. Em 1971 foi vendido ao Estado, que aí instalou o Ministério da Economia, após obras de readaptação funcional. 

Palácio Iglésias |c. 1900|
Largo da Academia Nacional de Belas Artes, 1-3; Rua Vitor Córdon, 2-6A
Alexandre Cunha, in Lisboa de Antigamente

Palacete urbano de planta irregular composta por L e corpo rectangular desenvolvido, anexado em parte da fachada posterior, que acompanha o forte declive do terreno. Apresenta fachadas com número de andares diferenciado, rebocadas e pintadas, com embasamento, remates, pilastras, frisos e balaustrada em cantaria. A fachada principal e fachada esquerda são voltadas à rua, enquanto que a fachada posterior abre-se para pátio rodeado por muro, onde originalmente existia um jardim de recreio. Caracteriza-se por um tratamento simétrico das fachadas, com grande contenção decorativa, limitando-se ao tratamento dos portais, à utilização de balaustrada sobre cornija e à marcação do piso nobre. Merecem destaque: o tratamento do portal principal, emoldurado por pilastras simples de capitel saliente, sobre as quais arranca arco pleno, com pedra de fecho marcada, rematado por cornija recta sobrelevada, o qual surge ladeado por duas janelas de peitoril de verga recta, rematadas por duas tabelas com grinaldas e botões.; e o rasgamento de vãos a ritmo regular, com molduras rectas de cantaria, onde dominam as janelas de peitoril, exceptuando no piso nobre, caracterizado pela abertura de janelas de sacada, rematadas por cornija ligeiramente sobrelevada e guarda em ferro forjado. Este palacete traduz uma solução arquitectónica de compromisso entre o peso da tradição construtiva nacional e a formação mais actualizada, segundo parâmetros europeus, do arquitecto em questão.²
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Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, p. 22-23, 1939.
² cm-lisboa.pt

Friday 22 December 2017

Praça Marquês de Pombal, 3-4

O prédio da esquina da Rua Braamcamp, que aqui mostrava uma grande fachada era a construção de maior envergadura da rotunda. A cota regulava pelo anterior prédio de rendimento de Ventura Terra e pela sua monumentalidade e curvatura delicada do alçado principal, conferia uma marca urbana de presença discreta. Prédio de habitação tornou-se, com a evolução da cidade, em lugar de consultórios médicos e empresas de serviços. Sendo na prática uma justaposição de duas unidades, a sua impressiva extensão poderá ter introduzido a seriação repetitiva de fachadas que o projecto de Carlos Ramos vem a adoptar.
No rés-do-chão foi instalada, em 1963, uma loja da TAP, principal centro de vendas da Companhia Aérea Nacional num momento de prosperidade comercial da empresa.

Praça Marquês de Pombal, 3-4  [193-]
Prédio que tornejava para a Rua Braamcamp
Kurl Pinto, in Lisboa de Antigamente

Em 1989 entrou na Câmara Municipal de Lisboa um pedido de demolição do edifício e actualmente (2003) encontra-se em construção um novo prédio que ocupa gigantesca área da praça e segue uma vez mais o macro plano de Carlos Ramos. Como exercício de disciplina e de cumprimento de uma proposta unificadora com cinquenta anos não deixa de ser surpreendente.

Enquadram do prédio com o n-º 5 na Praça do  Marquês de Pombal [1934]
Monumento ao Marquês de Pombal em construção 
Pinheiro Corrêa, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
TEIXEIRA, José de Monterroso, Rotunda do Marquês:«a cidade em si não cabia já» ou a monumentalidade (im)possível, 2002.

Wednesday 20 December 2017

Avenidas João Crisóstomo e Cinco de Outubro

A Rua João Crisóstomo, que na República passou a Avenida, homenageia João Crisóstomo de Abreu e Sousa (1811-1893) que foi general da arma de engenharia, político e par do Reino, Ministro das Obras Públicas (1864-65) integrante do elenco do Duque de Loulé, período em que reformou o ensino da engenharia civil e, Ministro da Guerra (1879) no ministério de Anselmo Braancamp.

Avenidas João Crisóstomo (para nascente) e Cinco de Outubro [c. 1908]
Palacete do Comendador Evaristo Lopes Guimarães
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

 Até 1910, a Avenida Cinco de Outubro designava-se Rua António Maria de Avelar, tendo passado a Avenida, por deliberação camarária de 4 de Dezembro de 1902. O homenageando era um engenheiro (1854–1912) e funcionário da Câmara de Lisboa desde 1879, ligado ao plano das Avenidas Novas já que substituiu por longos períodos o director-geral das Obras Municipais, Ressano Garcia. [cm-lisboa.pt]

Avenidas João Crisóstomo (esq) e Cinco de Outubro, 69-75 [c. 1908]
Ao fundo, a Rua Marquês Sá da Bandeira e o muro do Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, antigo Parque de Santa Gertrudes de José Maria Eugénio de Almeida.
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Sunday 17 December 2017

Chafariz da Praia de Alfama

Do chafariz dos Cavallos de Alfama [Chafariz de Dentro] — diz Mestre Castilho — saia agua que ia para a praia, onde a Camara entendeu, e muito bem, estabelecer outro chafariz, [...] e a que o povo chamou «da Praia».


Deste desaparecido Chafariz «N.º 20», dito «da Praia» ou «novo», já só nos restam imagens da sua primitiva localização, uma ou outra gravura [vd. 2ª imagem], cartas topográficas [vd, 3ª imagem] as memórias em livro e descrições dos estudiosos.  Aqui damos noticia dele.
Situado a poucos metros do Chafariz de Dentro, para o lado do mar,  visto a antiga muralha oriental de Lisboa passar pelo Largo, separando os dois chafarizes, um tinha que ficar, necessariamente, do lado de dentro — dai o seu nome — e o outro exteriormente à muralha, perto das águas do Tejo, ficava quase na praia., daí o povo se referir ao sítio como Largo do Chafariz da Praia,

Local do antigo Chafariz do Praia [1951]
O local deste chafariz corresponde actualmente ao recinto onde se ergue o Museu do Fado. sito no Largo Chafariz de Dentro, edifício construido em 1888 como antiga Estação Elevatória do Chafariz de Dentro ou de Águas de Alfama.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
  
Já agora te digo — recorda-nos Norberto de Araújo — que era tal a abundância de água neste lugar que em 1640 1625 [Velloso de Andrade: 1851], pouco mais ou menos, se construiu ali defronte, ao lado do pátio referido da Companhia das Águas [actual Museu do Fado], no fundo da reentrância que serve agora de depósito do serviço de limpeza da Câmara, um «Chafariz da Praia», que deu nome ao sítio, e cujos restos desapareceram em 1923. ==

Chafariz da Praia, nº- 20
Na placa superior lê-se na inscrição: À custa do foral do povo, 1625.
 Gravura, in Lisboa de Antigamente

Este Chafariz foi feito á custa do real do Povo, em 1625 — diz o douto  Velloso de Andrade — e melhorado [acrescentou-se-lhe mais uma bica], e afformoseado em 1836, dando-se de empreitada o acabamento da Obra por 170$000 réis. Recebe a agua do Chafariz N.° 19 [Chafariz de Dentro], e os sobejos correm para o mar. Faz frente ao Norte.
Este chafariz tinha 4 bicas [em 1850 mandou a Câmara construir uma nova bica na parede por traz do dito], 5 Companhias de Aguadeiros, 5 capatazes e cabos, 165 aguadeiros e 1 ligeiro.

Quanto às características especificas e qualidades da água que nele corria, diz-nos a Memória de Velloso de Andrade (bom livro, e bem feito),   que a fundo examinou o assunto:
Fica este Chafariz visinho dos mays em que temos fallado; corre na praia do Tejo por cinco bicas de agoa mays quente [c. 23º Celsius], que a dos outros; e he mays bem reputada, que todas ellas. Os seus mineraes são enxofre, e salitre, como os das outras agoas ; mas tem a differença de que as excede no enxofre e tem menos salitre que ellas. O excesso do enxofre, conhece-se no mayor calor com que nace. A diminuição do salitre: por que não passa tanto os cântaros de barro; nem assentão no fundo delles tantas impuridades, com que parece que he esta agoa mays delgada, e melhor, que as outras, ainda que todas constem dos mesmos mineraes. A que mays se parece com esta, he a do Chafariz dos páos. Todas cozem muyto bem os legumes; e lavão bem com sabão; mas para tudo isto prefere o povo sempre a deste Chafariz. Tem as mesmas virtudes, que a do Chafariz del-Rey; e pode ter os mesmos uzos, que he supérfluo repetir. ==

Levantamento topográfico de Lisboa fragmento [1856]
Legenda: a vermelho, o antigo Chafariz da Praia; a verde, o Chafariz de Dentro e as linhas de água que abasteciam o Chafariz da Praia e o tanque das lavadeiras (a azul) no actual Cais da Lingueta; a laranja, o local onde se ergue o Museu do Fado
Levantamento topográfico de Lisboa, sob direcção do Eng.º Filipe Folque, in Lisboa de Antigamente

N.B. Como curiosidade — e à laia de adenda ao verbete do Chafariz de Dentro — referir que este, além de fornecer água ao Chafariz da Praia, abastecia com os seus sobejos, o tanque das lavadeiras que foi feito em 1837. sito no actual Cais da Lingueta, antigo Boqueirão do Tanque das Lavadeiras [vd, 3ª imagem].
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Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. X, pp. 67-68, 1939.
² VELOSO DE ANDRADE, José Sérgio , Memória sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos de Lisboa, Belém e muitos lugares do Termo., 1851.

Friday 15 December 2017

Edifício Abel Pereira da Fonseca: a «Catedral do Vinho»

Dilecto: já cheira a carvalho das aduelas, e a vinhos de armazém. Estamos em pleno Poço do Bispo, neste Largo David Leandro da Silva, que foi presidente da Câmara de Lisboa. Não sei quem houvesse sido o Bispo que por aqui teve sua pousada, e seu poço; quási todos os prelados de Lisboa possuíram casas arrabaldinas. Um deles seria; certo é a designação vir longe, ainda que não recue aos séculos velhos, contemporâneos da Índia. [...]


Edifício Abel Pereira da Fonseca [1932]
Praça David Leandro da Silva, 1-7; Rua da Cintura do Porto de Lisboa, S/N; Rua Amorim, 2-12 [Poço do Bispo]
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
Aí temos do lado do mar — prossegue o mesmo autor —, na esquina que o Largo faz para a Rua do Amorim, que conduz à praia, o edifício da firma Abel Pereira da Fonseca, com seus prolongados armazéns, as suas enormes adegas, que lhe trouxeram a denominação da «Catedral do Vinho», e as suas oficinas, à beira mar.
Não te vou, Dilecto, explanar a razão que determinou a esta zona oriental de Lisboa uma feição comercial característica, que tem os vinhos por fulcro. É, de resto, fácil de conjecturar: vizinhança de campos de vinhas, aproximação de cais naturais de carga e descarga do trânsito antigo fluvial, e, no século passado {séc. XX], a construção da estação [comboios] de Braço de Prata. ¹
 
Abel Pereira da Fonseca [1927]
Praça David Leandro da Silva, 1-7; Rua da Cintura do Porto de Lisboa, S/N; Rua Amorim, 2-12 [Poço do Bispo]
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

Era por barco que as pipas de vinho produzidos nas propriedades do Bombarral e as várias bebidas licorosas produzidas pela empresa deixavam a capital para serem exportadas para países como o Brasil, os Estados Unidos, a Suécia e enviadas para as ex-colónias portuguesas em África — daí o símbolo da Abel Pereira da Fonseca ser um barco. A este junta-se outro meio de transporte que foi essencial para a empresa: o comboio. Era a linha do Oeste que permitia trazer até Lisboa o vinho produzido nas quintas do Bombarral.

Armazéns da firma Abel Pereira da Fonseca [1932]
Praça David Leandro da Silva, 1-7; Rua da Cintura do Porto de Lisboa, S/N; Rua Amorim, 2-12 [Poço do Bispo]
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

A empresa «Abel Pereira da Fonseca», teve como fundador o empresário com o mesmo nome, oriundo do distrito da Guarda  — possuía várias propriedades agrícolas na região do Bombarral, tendo fundado a “Companhia Agrícola do Sanguinhal” —, e que muito jovem veio para Lisboa, e depois de ter trabalhado vários anos em empresas de distribuição de vinho, funda em 1906 uma grande empresa de distribuição de vinhos, na cidade que muito bem conhecia. Abel Pereira da Fonseca fundou no Poço de Bispo, em Lisboa, a Val do Rio (uma espécie de precursora das actuais cadeias de supermercados), que era constituída por uma rede de 100 lojas onde se vendia vinho e que lhe concedeu um título de consideração popular de «Rei das Tabernas de Lisboa» e azeite de excelente qualidade.

Abel Pereira da Fonseca [1927]
Praça David Leandro da Silva, 1-7; Rua da Cintura do Porto de Lisboa, S/N; Rua Amorim, 2-12 [Poço do Bispo]
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
 
O curioso edifício projectado pelo arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior, é construído entre os anos de 1916 e 1917, e enquadra-se no primeiro período novecentista do 1º quartel do século até à emergência da artes decorativas e do modernismo. O desenho da fachada principal relembra, referenciando os tonéis de vinho dos grandes janelões circulares, simples e simultaneamente muito ornamentados nos seus simbólicos cachos de uvas relembra o seu papel como armazém de vinhos.
Em 1993, a empresa cessou a sua actividade e em 1998, a Câmara Municipal de Lisboa, ocupou as instalações, para actividades de animação cultural no contexto da “Expi-98” (música ao vivo, exposições de arte, mostra gastronómica, passagem e modelos, etc.). Nos tempos actuais ali, funciona um minimercado e uma “tasquinha”.
Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Municipal. Espaço para a realização de eventos. ²

Armazém vitivinícola da firma Abel Pereira da Fonseca [1927]
Praça David Leandro da Silva, 1-7; Rua da Cintura do Porto de Lisboa, S/N; Rua Amorim, 2-12 [Poço do Bispo]
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

N.B. Como curiosidade, fica a informação de que num texto da Companhia Agrícola do Sanguinhal, pode ler-se «… era comum Fernando Pessoa, enquanto se encontrava a trabalhar levantar-se, pegar no chapéu, ajeitar os óculos e ir até ao “Abel” … as idas ao “Abel” eram, nada mais, nada menos que uma ida ao depósito mais próximo da Casa Abel Pereira da Fonseca para tomar um cálice de aguardente…» (testemunho de um colega de trabalho do poeta, Luís Pedro Moitinho de Almeida). ³
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Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, p. 76, 1939.
² lisboapatrimoniocultural.pt

³ glup.pt

Wednesday 13 December 2017

O Conde-Barão e o Merca-tudo

É, com efeito, de certo modo pitoresco — recorda-nos Norberto de Araújo, até nas designações, este conjunto de ruelas: Rua do Silva, Rua do Merca-tudo, Travessa dos Pescadores, a denotarem antiguidade em semblante que - oculto entre artérias principais - resiste ao progresso urbano. 
Eis-nos no Largo do Conde Barão. Este dístico provém do Conde-Barão de Alvito cujo Palácio aqui existiu [vd. 2ª foto] — e existe ainda, transformado —, no prédio, esquina da Rua dos Mastros, e que se prolonga para o nascente [...] ¹

Largo do Conde Barão esquina com a Rua do Merca-tudo [Início sec. XX]
Ardina "Olhá a Capital, Lisboa ó Pópular!?"
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Segundo Pastor de Macedo, em "Lisboa de Lés-a-Lés" “Esta rua [do Merca-tudo] diz Mestre Castilho tirava origem de um opulento mercador do século XVI, Afonso Alves, que, por entrar em mil negócios rendosos, e comprar a torto e a direito, mereceu a alcunha de Merca-tudo, que se lhe tornou, creio, apelido. Esse homem instituiu capela no próximo convento da Esperança; e por ele ter casado nobremente a sua herdeira, com um Andrade, da antiga Casa da Torre da Sanha, veio a ser administrador da dita capela (assim como de outros vínculos), o falecido estadista, lente diplomata e muito talentoso e erudito escritor, João de Andrade Corvo.”

Largo do Conde Barão e Rua da Boavista [c. 1900]
À esq. vê-se Palácio dos Condes-Barões do Alvito na esquina com a Rua dos Mastros, nele viveu em 1802, o general Launes, embaixador do rei de França. Luís XVI.
Garcia Nunesin Lisboa de Antigamente














 
N.B. Ao fundo, na 1ª foto, afixados na parede, podem ver-se anúncios do "Real Coliseu de Lisboa" e do, ao que parece, "Teatro do Princípe Real" que levava à cena a aplaudida opereta buffa "O Brasileiro Pancrácio: peça em 3 actos, de costumes populares" com libreto original de Sá de Albergaria e música de Freitas Gazul. No caso do local da peça ser o "Teatro do Príncipe Real", então a foto poderá ser anterior a 1911 visto que, depois de 1910, o regime Republicano rebaptizou-o de "Teatro Apolo".
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Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, p. 80-84, 1939.

Sunday 10 December 2017

Cinemas de Antanho: Salão Central

O Salão Central (cinema) data de 8 de Abril de 1908, e sucedeu a uma casa alemã de artigos de electricidade. [Araújo:1939]


Em 1908 — onde fora a capela do Palácio Foz, dedicada a de Nª Sª da Pureza — é inaugurado o Salão Central: «O mais luxuoso e deslumbrante salão de animatógrapho de todo o país», sendo sócio-gerente Raul Lopes Freire, filho de um reputado comerciante lisboeta. Tinha a configuração de um pequeno teatro, com trabalhos cenográficos de Eduardo Reis. Dispunha de projector e exibia filmes da Pathé, fornecidos pela Empresa Portuguesa Cinematográfica e de um conjunto musical que acompanhava os filmes — na época do mudo —, através de uma partitura original, ou improvisada na altura, mas que preenchia igualmente os intervalos com música ao gosto da assistência.

Salão Central |1911|
Praça dos Restauradores, 31; Elevador da Glória
 Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Em 1919, a Cine-Revista refere que Raul Freire, introduziu significativos melhoramentos, com risco de João Baptista Mendes, nomeadamente através da modificações da disposição do salão, que implicou a deslocação do ecrã para o lado oposto da sala, com a consequente alteração da disposição dos balcões, ampliando a sua capacidade para mais do dobro. No artigo que se escrevia adiantava-se apenas que todas essas obras tinham servido para torná-lo «num dos mais categorizados cinemas de Lisboa».

Salão Central |1909|
Praça dos Restauradores, 31; Palácio Foz, legação dos Estados Unidos da América; Elevador da Glória
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Encerrado em 1926, reabriu portas em 1928 com a designação «Cinema Central» depois de realizadas obras e de uma completa remodelação. A par dos melhoramentos que se fazem no seu interior, deparamos com um sistema de sinalização do lugar que remete para outras coordenadas onde convergem a comodidade e as preocupações com a programação, características que se conjugavam fazendo com que esta sala passe a ser referenciada como «cinema de estreia».

Cinema Central |post. 1931|
Praça dos Restauradores, 31; Palácio Foz; abrigo do Elevador da Glória
O filme em exibição — Noah's Ark "A Arca de Noé" — estreou em Portugal a 4 Janeiro 1931.
Horácio Novaisin Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ACCIAIUOLI, Margarida, Os Cinemas de Lisboa, 2012.

Friday 8 December 2017

A «Chic» dos actores, das coristas e das canjas

Este estabelecimento — com frontaria em ostentando elementos decorativos Arte Nova — funcionava no piso térreo do primeiro Éden Teatro demolido em meados da década de 1930.

Fundada em 1918 — diz Marina T. Dias — , rapidamente granjeou invejável fama com as suas canjas e os bifes «à Chic». Em zona privilegiada pela proximidade de imersos teatros, fornecia ceias a partir das onze da noite até altas horas. Durante mais de duas décadas foi uma espécie de escrit6rio na Baixa para jornalistas e actores de nomeada. A Chic encerrou nos anos 60, dando depois lugar a um pequeno centro comercial chamado Chic-Choc. Corresponde. na fachada remodelada do antigo cinema, às portas principais que hoje dão acesso ao VIP Executive Éden Aparthotel.

Chic,  café e restaurante |1932|
Praça dos Restauradores, 20
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O topónimo Praça dos Restauradores foi atribuído pela edilidade lisboeta presidida por José Gregório da Rosa Araújo à « nova praça que fica limitada do lado do nascente e do lado do poente pelos predios do antigo largo do Passeio Publico e de parte das antigas ruas Oriental e Occidental do Passeio Publico, do lado do norte pela recta que une os cunhaes formados na juncção da rua dos Condes e da calçada da Gloria com as duas ruas acima referidas, e do lado do sul pela cortina da rua do Jardim do Regedor e pelos predios do antigo largo do Passeio Publico», conforme refere o Edital de 22/07/1884.
 
Chic,  café e restaurante |1940-50|
Praça dos Restauradores, 20
Salazar Diniz, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
DIAS, Marina Tavares, Os cafés de Lisboa, 1999. 
Revista O Notícias Ilustrado, 1928.
cm-lisboa.pt.

Wednesday 6 December 2017

Monumento da Guerra Peninsular

O Monumento da Guerra Peninsular — um dos mais interessantes e emotivos de todo o país, a despeito do seu peso escultórico — assenta admiravelmente neste começo do Parque do Campo Grande ao centro da Praça Mouzinho de Albuquerque [hoje de Entrecampos]. É uma obra de arte capaz de ser entendida por toda a gente. O povo — quer-lhe bem.


A subscrição pública  iniciou-se logo nesse ano, sendo a primeira pedra colocada em 15 de Setembro O concurso foi ganho pelos artistas J. de Oliveira Ferreira, estatuário, e F. de Oliveira Ferreira, arquitecto, que deram por concluído  o seu magnifico trabalho em 29 de Novembro de 1932. O monumento, alguns meses coberto por umas sarapilheiras, foi descerrado naturalmente — e com gáudio geral — numa noite de temerosa tempestade. 
A inauguração oficial realizou-se em 8 de Janeiro de 1933, com a presença do Chefe do Estado, general Carmona, do Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar, do general Teixeira Botelho, presidente da Comissão. e seu animador, e do presidente da Câmara Municipal, general Daniel de Sousa, que recebeu o monumento em nome da Cidade.
Esteve também presente o Embaixador da Inglaterra, Claude Russel, neto de Lord Russel que foi companheiro de Wellington na última fase da Guerra Peninsular.
Demos volta ao Monumento, que bem a merece.

Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular |entre 1940 e 1950|
Campo Grande (Entrecampos)
À direita, a embocadura da futura Avenida dos Estados Unidos da América
Judah Benoliel. in Lisboa de Antigamente

Na face principal do pedestal [S.] temos a legenda, expressão do pensamento nacional reconhecido: «Ao Povo e aos Heróis da Guerra Peninsular», e esta outra inscrição: «Levantamento popular pela Independência — Junho 1808».
O fulcro do Monumento é o seu grupo escultórico, ao alto, trabalhado em bronze, e no qual nove figuras, rodeiam a Pátria, que alça o duro gládio de Afonso Henriques, arrebatada que foi a bandeira às garras da águia napoleónica, que coroa o grupo e o monumento; os soldados e o povo da arraia miúda irmanam-se na mesma febre salvadora.

Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular em construção |c. 1932|
Campo Grande (Entrecampos)
À direita, a embocadura da futura Avenida dos Estados Unidos da América
António Passaporte. Colecção Loty, in Lisboa de Antigamente

O pedestal está todo ele guarnecido, nas quatro faces e ângulos, de grupos escultóricos, talhados em pedra. Num lado, o da frente [S.], aí temos três vigorosas figuras populares, em magníficas expressões: logo outro grupo, com seis figuras, onde se vê o general Silveira, que arrasta uma peça de artilharia; ainda, no outro ângulo, com um demasiado realismo, algumas figuras de crianças e de mulheres trucidadas, ou mortas de fome. Todas estas imagens, talhadas com vigor, no qual a tragédia e a glória de vencer se dão mãos— aformoseiam o monumento, no qual estão inscritos versos dos «Lusíadas» e se admira uma evocação, materializada numa alegoria, às glórias e relíquias do passado. ¹

Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular |entre 1940 e 1950|
Campo Grande (Entrecampos)
À esquerda, a embocadura da antiga Avenida 28 de Maio, depois de 1974, Avenida das Forças Armadas 
Estúdio Horácio Novais. in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 64-65, 1939.

Sunday 3 December 2017

Praça do Aeroporto, vulgo Rotunda do Relógio

O topónimo Praça do Aeroporto, vulgo Rotunda do Relógio, foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa através de Edital datado de 17/02/1947, à «Praça existente no local em que se encontram a Avenida Alferes Malheiro (hoje Av. do Brasil), a Avenida do Aeroporto, a Estrada de Sacavém (hoje A. Gago Coutinho) e outros arruamentos».
A Comissão de Toponímia, na sua reunião de 3/02/1947, apreciou duas informações da Secção de Escrivania, nas quais se expunha a conveniência da atribuição de nomenclatura «ao troço de via pública situado no prolongamento da Avenida Almirante Reis e que termina em frente do edifício do Aeroporto da Portela».

Praça do Aeroporto [1961]
Aeroporto da Portela; Avenida do Cabo Ruivo, hoje Avenida Marechal Gomes da Costa (1966)
João Goulart, 
in Lisboa de Antigamente

Quando, nos anos 20 do século passado, se começou a sentir a necessidade da existência de um aeródromo em Lisboa, foi decidido em Março de 1928, por proposta do Comandante Quirino da Fonseca, construí-lo na Portela de Sacavém.
Esta era a localização “ideal, dada a ausência de aglomerados urbanos circundantes e, simultaneamente, a proximidade do centro da cidade (5km) e do porto fluvial”. Os trabalhos só se iniciaram passada uma década e o Aeroporto foi aberto ao tráfego em 15/10/1942. [cm-lisboa.pt]

Friday 1 December 2017

Praça do Marquês de Pombal, 5 (Ventura Terra)

Estamos na Praça Marquês de Pombal, vulgarmente denominada «Rotunda», que constitue o eixo de irradiação de avenidas e grandes artérias, projectadas já em 1882, mas cuja execução muito se fêz demorar. [Araújo: 1939]


Datado de 1901 é o prédio, na altura considerado casa de aluguer, correspondente ao n.º 5 da Praça do Marquês de Pombal, e que foi demolido em 1998, depois de um lento processo de degradação patrimonial (vd. Fernandes, J. M., Lisboa em Obra(s), Lisboa, 1997, p. 98). O alto standard da construção fazia com que cada andar, com duas habitações, tivesse jardim de Inverno. Os inquilinos do rés-do-chão e do primeiro andar teriam além do mais jardim ao ar livre. A fachada, por seu turno, era revestida de mármore e azulejos numa elegante simetria servida pela estilização dos elementos arquitectónicos e frontão coroante. 

Praça do Marquês de Pombal, 5 [1970]
Ao centro, prédio do risco do arq.º Ventura Terra; Hotel Fénix (dir.)
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

O seu autor foi Ventura Terra (1866-1919) que um ano antes ganhou o concurso para o pavilhão de Exposição Universal de Paris de 1900 (França, J. A. A Arte em Portugal do séc. IX, vol. II, 1966, p. 143). Tornou-se um arquitecto muito solicitado e respondeu às encomendas mais diversas, com grande versatilidade, responsabilidade profissional e competência, que o seu treino parisiense de cinco anos junto de Victor Laloux ajudou a definir com esmero.

Enquadramento do prédio n.º 5 na Praça do Marquês de Pombal [1934]
(clicar para ampliar)
Pinheiro Corrêa, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
TEIXEIRA, José de Monterroso, Rotunda do Marquês:«a cidade em si não cabia já» ou a monumentalidade (im)possível)
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