Os paquetes atracam logo em baixo, no cais, e a rua deve talvez o nome à saudade que para sempre ficou flutuando no sítio: a saudade dos que ficam, e a dos que partem e querem prender-se à terra, de braços, olhos e almas alongadas.(José Rodrigues Miguéis (1901-1980) A Escola do Paraíso)Em Agosto de 1938, afirma Antonio Tabucchi que um jornalista solitário, de nome Pereira, tomava o eléctrico que ia até ao Terreiro do Paço. E da janela «via desfilar lentamente a sua Lisboa, olhava a Avenida da Liberdade com os seus belos edifícios, e depois o Rossio, de estilo inglês; e no Terreiro do Paço desceu e apanhou o eléctrico que subia para o Castelo. Desceu junto da Sé, pois morava ali perto, na Rua da Saudade.(Antonio Tabucchi, Afirma Pereira, 1938)
A Rua da Saudade, situada nas
freguesias da Sé e Santiago, é uma artéria secular cujo nome terá a
seguinte explicação, de acordo com Luís Pastor de Macedo («Lisboa de
Lés-a Lés», vol. V):
« Diz G. de B. [refere-se ao olisipógrafo Gomes de Brito] : 'Não é por agora possível dar informação alguma, que não tenha o cunho de vaga conjectura acerca, das razões que determinariam à denominação dade à nova rua'. Mas na mesma página, um pouco mais abaixo, adiciona: 'Esta denominação, rua da Saudade, é influência da duração da capela feita fora do corpo da igreja de S. Jorge dedicada a N. Sª da Soledade'. Assim parece ser na verdade. Pelos menos, embora em 1775, conforme viu G. de B., a artéria seja já designada por rua Nova das Saudades, em 1786 é apontada como o nome de rua da Soledade, nome que aliás só lhe vemos dar esta vez. Além deste, os livros paroquiais de S. Martinho dão-lhe os de rua nova q vai pª os Loios (1779), rua da Saudade (1787), rua Larga dos Loios (1790) e rua Nova da Saudade (1796). A igreja de S. Jorge, citada por G. de B., era paroquial, e erguia-se pouco mais ou menos no sítio onde hoje vemos o edifício das Merceeiras de D. Afonso IV, na rua Augusto Rosa.»
« Diz G. de B. [refere-se ao olisipógrafo Gomes de Brito] : 'Não é por agora possível dar informação alguma, que não tenha o cunho de vaga conjectura acerca, das razões que determinariam à denominação dade à nova rua'. Mas na mesma página, um pouco mais abaixo, adiciona: 'Esta denominação, rua da Saudade, é influência da duração da capela feita fora do corpo da igreja de S. Jorge dedicada a N. Sª da Soledade'. Assim parece ser na verdade. Pelos menos, embora em 1775, conforme viu G. de B., a artéria seja já designada por rua Nova das Saudades, em 1786 é apontada como o nome de rua da Soledade, nome que aliás só lhe vemos dar esta vez. Além deste, os livros paroquiais de S. Martinho dão-lhe os de rua nova q vai pª os Loios (1779), rua da Saudade (1787), rua Larga dos Loios (1790) e rua Nova da Saudade (1796). A igreja de S. Jorge, citada por G. de B., era paroquial, e erguia-se pouco mais ou menos no sítio onde hoje vemos o edifício das Merceeiras de D. Afonso IV, na rua Augusto Rosa.»
Rua da Saudade, 31-43 |1902| Prédio construído no local onde existiu o Palácio dos Mira. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Nesta rua viveu grande parte da vida Ary dos Santos.
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