Sunday 29 September 2024

Igreja de São Domingos

S. Domingos — Dilecto — é uma crónica viva de Lisboa, com as suas imediações da Praça da Figueira, com o seu trânsito obrigatório, pela Rua Barros Queiroz e Calçada do Garcia, formigueiros de gente, que desce dos Anjos, dos bairros novos, ou de Sant'Ana velha. [...]

Junto do templo dominicano, assentava, crê-se que já antes de se erguer o Convento, a pequenina ermida de N. Senhora da Purificação, da Escada, de grande nomeada na Lisboa velha; o seu lugar era onde está a Casa de Candeeiros, que foi de Tomé de Barros Queiroz, bom cidadão de Lisboa (...)»

Igreja de São Domingos [c. 1910]
Rua Barros Queirós; Largo de S. DomingosGinjinha do Rossio
A velha Igreja de São Domingos ficava junto à ermida de Nossa Senhora da Escada, também conhecida por Nossa Senhora da Corredoura, por ficar próximo do sítio deste nome, actualmente a Rua das Portas de Santo Antão, e cuja construção datava dos princípios da monarquia.
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

Tendo sido lançada a primeira pedra no ano de 1241, e alvo de sucessivas e diferentes campanhas de obras que lhe foram alterando e adicionando a traça primitiva, data de 1748 a reforma efectuada na capela-mor pelo arqº Ludovice, acabando por ser a única zona do templo poupada ao terramoto de 1755. Seguidamente, a igreja foi reconstruída por Manuel Caetano de Sousa, que reaproveitou o portal e a sacada sobrejacente pertencentes à Capela-Real do Paço da Ribeira.
Em termos formais, esta Igreja conventual denuncia uma arquitectura barroca, de planta em cruz latina. Enquanto que exteriormente é caracterizada pelas suas linhas simples, o interior ainda revela alguma da sua notória riqueza ecléctica. Assim, serão dignos de realce, não apenas o aspecto grandioso de todo o espaço interior, como os próprios mármores e pinturas, infelizmente hoje desaparecidos.

Era notável a sua riqueza em alfaias preciosas, havendo uma imagem de prata maciça, que saía em procissão num andor do mesmo metal, alumiada por lâmpadas também de prata. As pinturas dos altares, os paramentos, os tesouros, tudo desapareceu durante o terramoto de 1755, salvando-se unicamente a sacristia e a capela-mor, mandada fazer por D. João V e riscada pelo arquitecto João Frederico Ludovice, em 1748 - homem que projectou o colossal Convento de Mafra. A capela-mor, toda de mármore negro, e em cujas colunas se vêem, junto à base, medalhões delicadamente cinzelados, que também avultam sobre os nichos laterais.
 
Igreja de São Domingos |Inicio séc. XX|
Perspectiva longitudinal do interior da Igreja
A Capela-mor, edificada em 1748 por Ludovice e acabada por João António de Pádua é rematada
por um arco de volta perfeita que marca a outra extremidade da abóbada de berço e possui quatro
grandes colunas sem capitel que delimitam o receptáculo do Sacrário com porta de bronze. O conjunto
é rematado por formação escultórica ladeando o registo central, duas mísulas com as estátuas de
S. Domingos e S. Francisco. Nas paredes laterais, janelas ao nível do grupo escultórico superior.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

Em 13 de Agosto de 1959, um violento incêndio destruiu por completo a decoração interior da igreja, onde constavam altares em talha dourada, imagens valiosas e pinturas de Pedro Alexandrino de Carvalho. A igreja recebeu obras e reabriu ao público em 1994, sem esconder as marcas do incêndio, como as colunas rachadas. Ainda que destruída, é uma igreja que sobressai pela policromia dos seus mármores. 
Actualmente é a igreja paroquial da freguesia de Santa Justa e Santa Rufina, em plena Baixa Pombalina e foi classificada como Monumento Nacional. Expõe metade do lenço usado por Lúcia no dia 13 de Outubro de 1917 (a outra metade encontra-se no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Fátima) e ainda o terço usado por Jacinta Marto no mesmo dia.

Igreja de São Domingos, abside e torre sineira |c. 1950|
Rua Dom Duarte cruzamento com a Rua da Palma  e Rua Barros Queirós
Numa passagem para a sacristia, com entrada pela Rua da Palma, encontram-se os túmulos do grande pregador dominicano Fr. Luís de Granada (m. 1588) e do reformador da ordem Fr. João de Vasconcelos (m. 1652). Esta igreja tem ainda uma cripta abobadada e dotada de lambris de azulejos, onde está o túmulo de D. João de Castro, capelão de D. João. 
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. XII, p. 80, 1939.
CARRIÇO, Hugo Miguel, Informação sobre igrejas de Lisboa, 2017.

Friday 27 September 2024

Rua Violante do Céu

Por Edital de 19 de Julho de 1948 foi inscrito o nome de Violante do Céu na Rua nº 10 do Sítio de Alvalade, a que mais tarde, por parecer da Comissão Municipal de Toponímia de 15/05/1970, se juntou a legenda «Poetisa / 1601–1683». 

Rua Violante do Céu |1961|
Poetisa 1601-1683
Antiga Rua nº 10 do Sítio de Alvalade.
Cena de rua com venda ambulante; fotografia tirada da Escola Eugénio dos Santos no cruzamento com a Av. de Roma.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Soror Violante do Céu foi freira dominicana que na vida secular se chamava Violante Montesino. Professou no convento de Nossa Senhora do Rosário da Ordem de S. Domingos em 1630. Conhecida nos meios culturais da sua época como Décima Musa e Fénix dos Engenhos Lusitanos, cultivou a vertente conceptista do Barroco, que assentava, essencialmente na construção mental e na elegância da subtileza, exibindo um estilo muito mais intelectualizado do que o admitiria o preconceito sentimentalista feminino. Profundamente entrosada no espírito da Fénix Renascida, exibe nas suas composições uma dietética idealista que procura concretizar o impossível, transformar a morte na vida, a tristeza na alegria.
Destacam-se na sua obra «La Transformación por Diós» (1619), «Rimas» (1646) e «Parnaso Lusitano de Divinos e Humanos Versos» (1733). [infopedia]

Sunday 22 September 2024

Escadinhas na Rua do Sacramento, à Pampulha

O topónimo deriva do Convento do Sacramento, de religiosas dominicanas que foi fundado em 1612 pelos Condes de Vimioso. A sua igreja manteve o culto alguns anos depois de 1834 e nuns anexos da ala poente esteve instalada depois de 1911, a Academia de Ciências de Portugal. A partir de 1916, o edifício passou a depender do então Ministério da Guerra.

Rua do Sacramento a Alcântara: Escadinhas na Pampulha |1949|
Cruzamento com a Rua Tenente Valadim com a Calçada da Pampulha em fundo.
Fernando M. Pozal, in Lisboa de Antigamente

Em relação à etimologia da palavra «Pampulha», refere Gomes de Brito na sua Ruas de LisboaÉ este um dos dísticos da via pública lisbonense até agora, supõe-se, indecifrados, e já agora indecifráveis, provavelmente. De remota era é decerto, pois que por coevo da dominação filipina se pode afirmar.
Aliás, no que a esta denominação diz respeito. Norberto Araújo faz afirmação idêntica.  
(BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935.)

Friday 20 September 2024

Cruzamento formado pelas Ruas Nova de São Mamede, Salitre, Barata Salgueiro e Rodrigo da Fonseca

No final do século XII, e sob a autoridade do Bispado de Lisboa, surgem na capital as dez primeiras freguesias (terreno delimitado, na cidade ou no campo, em que habitavam indivíduos que seguiam o mesmo culto, tendo como ponto principal o templo ou a igreja matriz). Em 1247, nasce São Mamede, famosa por albergar o Jardim Botânico de Lisboa e o Edifício da Imprensa Nacional. É a mais antiga das freguesias que hoje formam a de Santo António.

A Rua Nova de São Mamede é assim designada por se encontrar nas proximidades da Igreja Paroquial de São Mamede. Esta paróquia remonta ao século XIV (1312), Anteriormente designada Travessa de São Mamede, este arruamento foi renomeado  pelo Edital do Governo Civil de 5 de Abril de 1945, tendo o seu início no Largo de São Mamede e término na Rua do Salitre.

Salitre. O local em que se encontra foi mencionado pela primeira vez em 1665 nos Livros dos Óbitos da freguesia de São José: “Pátio do Salitre”, designação que se manteve até 1746. Este topónimo nasceu das nitreiras ou salitrais que os frades de São Bruno – conhecidos como Cartuxos ou Brunos – tinham nas suas hortas, nos terrenos que detinham nesta artéria, já que salitre é o nome vulgar do nitrato de potássio, um adubo. Este arruamento inicia-se na Avenida da Liberdade, terminando na Rua Rodrigo da Fonseca.

Cruzamento formado pelas Ruas Nova de São Mamede, Salitre, Barata Salgueiro e Rodrigo da Fonseca |c. 1940|
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

A Rua Barata Salgueiro homenageia o Dr. Adriano Antão Barata Salgueiro (1814-1895) que cedeu gratuitamente e a preços reduzidos terrenos para a o projecto de urbanização da Avenida da Liberdade. Denominação atribuída por Deliberação Camarária de 6 de Maio de 1882. Este arruamento tem início na Rua de Santa Marta e termina Rua Rodrigo da Fonseca.

A Rua Rodrigo da Fonseca — anteriormente designada Azinhaga do Vale do Pereiro — foi renomeada pela Deliberação Camarária de 28 de Fevereiro de 1884 e respectivo Edital do Governo Civil de 4 de Março do mesmo ano, iniciando-se na Rua do Salitre e terminando na Rua Marquês de Fronteira. 
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Bibliografia
jfsantoantonio.pt

Sunday 15 September 2024

Avenida Almirante Reis, 6

No número 6 da Av. Alm. Reis destaca-se uma fachada de azulejo azul e branco de cariz revivalista evidencia o complexo urbano relacionado com a Fábrica Viúva Lamego que apresenta outras zonas de azulejo de padrão azul e branco e outras ainda com um verde e preto algo islamizante. 

Avenida Almirante Reis, 6 |Inicio séc. XX|
Edifício da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, fund. em 1849, embelezado com um vistoso revestimento azulejar que abrange a totalidade da fachada.
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

Esta fachada é um exemplo típico de uma arquitectura ou melhor de uma decoração do meio do século XIX. Este interessante edifício está classificado como Imóvel de Interesse Público.

Avenida Almirante Reis, 6 |1970-02|
Edifício da Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, fund. em 1849, embelezado com um vistoso revestimento azulejar que abrange a totalidade da fachada. Travessa Cidadão João Gonçalves.
João Goulart, in Lisboa de Antigamente

Friday 13 September 2024

Avenida Álvares Cabral

Pelo edital de 18/11/1910 «a Avenida que deve ligar o Largo da Estrella com o antigo Largo do Rato, hoje Praça do Brazil» passa a denominar-se de Avenida Álvares Cabral.

No 1º Edital após a implantação da República, datado de 5 de Novembro de 1910, foram atribuídos ao Largo do Rato o topónimo Praça do Brasil e, à Praça do Príncipe Real, o de Praça do Rio de Janeiro. O primeiro foi em "homenagem ao grande País nosso amigo e irmão e à passagem do seu chefe de Estado por esta capital"

Avenida Álvares Cabral SN|1944|
Antiga Pedro Álvares Cabral
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Na realidade, a circunstância do Presidente Hermes da Fonseca ter estado em Lisboa nos dias 4 e 5 de Outubro, conferia ao Brasil a condição de ser o primeiro país a reconhecer o novo regime. Percebe-se assim que o 2º Edital datado de 18/11/1910 denomine a artéria que desemboca na então Praça do Brasil com o nome do navegador português que primeiro chegou às Terras de Vera Cruz: Pedro Álvares Cabral.

Avenida Álvares Cabral N→S |c. 194.|
Antiga Pedro Álvares Cabral; Rua de S. Bento
C. Salgado, in Lisboa de Antigamente

Sunday 8 September 2024

Rua de Santo António dos Capuchos

Santo António dos Capuchos (Rua de) — Em 1786 se lhe chamava «Rua Nova de Santo António dos Capuchos». Por esta rua transitou o cadáver da rainha de Inglaterra [Catarina Henriqueta de Bragança, vd. Nota(s)], indo a seu enterro em Belém. [Brito: 1935]
O topónimo do arruamento deriva da Convento de Santo António dos Capuchos (hoje hosp.) — dos religiosos franciscanos da província de Santo António — fund. neste local em 1570.

Rua de Santo António dos Capuchos, 35 |1942|
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): Dona Catarina de Bragança (1638-1705) morreu no Paço da Bemposta. Enterrada no real convento de Belém ou Igreja dos Jerónimos, o seu corpo foi depois trasladado para o panteão dos Braganças em São Vicente de Fora.

Friday 6 September 2024

Pátio do Pimenta

Na casa cujo piso térreo aqui se vê à dir. com o novo nº de policia «1», morou Almeida Garrett, em 1836, «na casa que fica á esquerda, entrando, com um jardinzlnho do lado de oeste, e tem o n.º 13-A. Casa pequena, mas bonita, contornada com arbustos e flores, tendo uma linda vista sobre o Tejo».

Vítor parou, resolveu esperar. A chuva caía e, envergonhado do cocheiro, tinha-se refugiado à esquina, na Calçada do Pimenta; não tirava o olhar da janela mas nenhuma mulher passava sob a vidraça da janela; e a luz, um pouco fraca, parecia ser das velas sobre o toucador. [QUEIROZ, Eça de, Tragédia da Rua das Flores, 1877]

 

Pátio do Pimenta com Rua do Ataíde que desce ao fundo, passado o arco. |1954-10|
 Na casa cujo piso térreo aqui se vê à dir. com o novo nº de policia «1», morou Almeida Garrett, em 1836, «na casa que fica á esquerda, entrando, com um jardinzlnho do lado de oeste, e tem o n.º 13-A. Casa pequena, mas bonita, contornada com arbustos e flores, tendo uma linda vista sobre o Tejo».
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Eça de Queiroz chamou à Rua do Ataíde «Calçada do Pimenta». No cimo desta Calçada existe, de facto, o chamado «Pátio do Pimenta», onde morou o sobrinho de Almeida Garrett, companheiro do cunhado de Eça, o conde de Resende, e participante da verdadeira tragédia da Rua das Flores com Vieira de Castro. Descobrindo este que a mulher o enganava com o sobrinho de Garrett, resolveu matá-la, o que fez sufocando-a com uma almofada.
O pátio do Pimenta, ainda hoje existente, encontrava-se aí demarcado, podendo assim concluir-se que a «Calçada do Pimenta» referida por Eça era a Rua do Ataíde, já com essa designação no tempo do romancista, à esquina da qual se localizava o andar onde Genoveva se suicidaria.

Sunday 1 September 2024

Antigo Largo de Alcântara: Ruas Prior do Crato e Maria Pia

Alcântara urbanizada não leva duzentos anos: de arrabalde fez-se cidade em fins de setecentos. Mas é lisboeta de casco e sumo. Rescende alguma coisa de um passado evocativo. Já lá não está a ponte de Alcântara com S. João Nepomuceno — recorda o ilustre Norberto de Araújo. Mas o Prior do Crato resiste no letreiro da artéria principal do bairro. 
(ARAÚJO, Norberto de, «Legendas de Lisboa», p. 143, 1943)

Originalmente, o topónimo foi aprovado como Rua Prior do Crato (Dom António) e passou a ter a grafia actual após uma decisão da reunião de Câmara de 14/12/1943. Também apesar de não constar na placa toponímica, foi o topónimo aprovado com a legenda «O Glorioso vencido da Ponte de Alcântara em 25 de Agosto de 1580»-

Antigo Largo de Alcântara: Ruas Prior do Crato e Maria Pia |1966|
Cruzamento das Ruas Prior do Crato e Maria Pia
A velha ribeira pode ter sido encanada. A vetusta ponte pode ter desaparecido, mas eis que logo outra surge, lá ao fundo, no horizonte.
Artur Inácio Bastos, in Lisboa de Antigamente

Foi pelo Edital de 07/11/1901 que parte da Estr. de Circunvalação, do lado sul da antiga ponte de Alcântara e até ao cruzamento com a Rua do Arco do Carvalhão, se passou a denominar Rua Maria Pia, mas segundo Norberto Araújo, já desde o final do séc. XIX que o povo a chamava assim.

Antigo Largo de Alcântara: Ruas Prior do Crato e Maria Pia |1949|
Largo de Alcântara [sítio da ponte de Alcântara], cruzamento das ruas Maria Pia e Rua Prior do Crato.
Estúdio Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

Friday 30 August 2024

Rua de São Pedro de Alcântara que foi «da Tôrre de S. Roque»

S. Pedro de Alcântara teve o seu período de moda. Era o «Passeio», a «Alameda», o «Jardim» de S. Pedro de Alcântara, com a sua ingenuidade alfacinha, e o seu traço espiritual de romantismo.  (ARAÚJO: 1938)

A denominação deriva do antigo Convento de S. Pedro de Alcântara (ou dos Arrábidos) que ainda hoje encontramos na esquina da Rua Luísa Todi. Fundado por D. António Luiz de Menezes, Conde Cantanhede e Marquês de Marialva, em 12 de Agosto de 1680, em cumprimento do voto feito na Batalha de Montes Claros que ganhou aos espanhóis na guerra da Restauração, logo ali se instalaram os franciscanos arrábidos.

Rua de São Pedro de Alcântara que foi «da Tôrre de S. Roque» |entre 1908 e 1914|
Destaque para a Calçada Portuguesa junto à Alameda de S. Pedro de Alcântara. 
Ao fundo vê-se o inicio da Rua de D. Pedro V. 
Charles Chusseau-Flaviens, in Lisboa de Antigamente

Este topónimo já surge nas plantas da remodelação paroquial de 1780, como Rua de São Pedro de Alcântara e Rua Direita de São Pedro de Alcântara. Mas 79 anos depois, pelo edital do Governo Civil de Lisboa de 01/09/1859, a Rua da Torre de S. Roque (também vulgarmente conhecida como Torre do Relógio) e o Largo de São Pedro de Alcântara passaram a constituir um arruamento único com a denominação de Rua de São Pedro de Alcântara.

Sunday 25 August 2024

Sítio de Belém

Assinala Norberto de Araújo que Belém — orgulhoso sítio da antiga Lisboa arrabaldina — nasceu do Restelo, praia e lugar, Barra ou Surgidouro do Restelo, ao qual as navegações do século XV emprestaram notoriedade, ainda que o Restelo já de si falasse nos séculos anteriores. [...]

Rua de Belém |1930-11-09|
Legenda no arquivo: «A chegada do príncipe do Japão ao palácio de Belém».
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Em 1835 tornou-se concelho independente do de Lisboa, e assim, com sua Câmara Municipal, viveu até 1885, ano de reorganização administrativa, ficando, então, como hoje, Belém a constituir uma freguesia senhora de si.

Rua de Belém |1939-02|
Lado S. antes das demolições de prédios e de alguns arruamentos por ocasião da Exposição do Mundo Português que teve lugar em 1940. Ao fundo nota-se o Mosteiro dos Jerónimos.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

No quarteirão entre as Travessas das Linheiras e da Praça na esquina poente, podes observar esse prédio altaneiro, com ar solarengo vencido pela desfortuna, e que contribui para tornar simpático este troço da velha Belém.

Rua de Belém com a Tv. da Praça |190-|
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 67-73, 1939.

Friday 23 August 2024

Antigo Capilé do Camões

Dias de calor horrível, logo desde manhã abrasando — escrevia João da Camara em O Occidente nos idos de Agosto de 1898.  Não bole uma folha nas árvores; n'ellas se não ouve o pio d'um pássaro. O catavento imóvel aponta para leste. Todos ofegantes suspiram para que chegue a tarde. Calam-se todas as paixões, apaga-se nos cérebros o pensamento O capilé é rei, a cerveja imperatriz. Enquanto quase todos sofrem, folgam apenas os donos de cafés e as limonadeiras do Rocio.

Praça Luís de Camões, 41 |1929|
[Junto à Rua das Gáveas]
Antigo Capilé do Camões, uma verdadeira loja de conveniência: há lá coisa melhor
que um capilé, ou uma carapinhada, para 'empurrar' uns pastéis de Belém.

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Fim de Agosto. Lisboa é como morta, dormindo a longa sesta. De quando em quando, abre um olho para ver um simulacro de toirada, move uma perna em direcção a um arraial; mas não são movimentos voluntários: apenas uns espreguiçamentos. 
E quem fala é só para queixar-se. A enfiada dos lugares comuns: Que tempo horrível! — Mil vezes o Inverno,  — Fins d'Agosto são sempre assim.  — Antes na África.==

Praça Luís de Camões, 41 |1934|
[Junto à Rua das Gáveas]
Antigo Capilé do Camões, uma verdadeira loja de conveniência: há lá coisa melhor
que um capilé, ou uma carapinhada, para 'empurrar' uns pastéis de Belém.

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Sunday 18 August 2024

Rua do Instituto Virgílio Machado

Instituto Virgílio Machado (Rua do) — A denominação antiga era rua da Ribeira Velha. Principia na rua João Evangelista [actual Av. Infante Dom Henrique], e finda na rua da Alfândega. Legalizada pelo Edital de 6 de Novembro de 1903. Freguesia de Santa Maria Maior.
É uma das vias públicas modernamente abertas, tendo-lhe sido dada, primitivamente, a denominação de «rua da Ribeira Velha» pelo edital de 29 de Novembro de 1902. Foi entregue à Câmara pelo Ministério das Obras Públicas em 22 de Fevereiro de 1901. A actual denominação rende homenagem ao conselheiro dr. Virgílio Cesar da Silveira Machado, que ali mandou construir um Instituto para tratamento de doenças nervosas.

Rua do Instituto Virgílio Machado, 14 |1930|
Fachada do Instituto Médico Virgílio Machado vista da Rua da Alfândega.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Virgílio César da Silveira Machado (1859-1927) formou-se em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e foi médico (radiologista e neurologista) e químico. Entre as funções profissionais e públicas que exerceu, destacam-se as de: lente de Química no Instituto Industrial de Lisboa; emissário especial de Portugal na Exposição Internacional de Electricidade em Paris; médico honorário da Real Câmara; médico extraordinário no Hospital de São José; fundador do Instituto Médico Virgílio Machado; e membro do Conselho do Rei. Pertenceu à Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.

Rua da Ribeira Velha hoje «do Instituto Virgílio Machado», 14 |1902|
Fachada do Instituto Médico Virgílio Machado vista da Rua da Alfândega.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935.

Friday 16 August 2024

Antiga Rua Direita da Lapa

Eis-nos na Rua da Lapa — mais uma vez na companhia de Norberto Araújo — a «Rua Direita» do Bairro a que deu o nome, certamente a mais antiga, e que se prolonga pela Rua Borges Carneiro até a Calçada da Estrela.
Vamos buscar pelo caminho natural essa outra Lapa — a Lapa aristocrática — pelo feitio e pelo isolamento, de toda a outra Lisboa tumultuosa ou palradora das coisas que foram ou começam a ser. [...]
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, p. 45, 1939)

Rua da Lapa |1930-06-09|
Antiga Rua Direita da Lapa; à esq., a Rua São João da Mata e, ao fundo, a Rua de S. Domingos
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda no arquivo: «Um aspecto do funeral do ministro da Alemanha, barão von Baligand»
N.B. No dia 7 de Junho de 1930, no momento em que saía do cruzador alemão Koenisberg, já acostado ao cais de Lisboa, o Ministro de Alemanha, Barão Von Baligand, foi alvejado a tiro por um seu compatriota, falecendo horas depois. Os funerais do Ministro da Alemanha, feitos por conta do Estado, foram imponentes incorporando-se nele, forças de toda a guarnição de Lisboa, a marinhagem alemã, todo o Governo e dezenas de milhar de pessoas.

A antiga Rua Direita da Lapa viu, no final do séc. XIX (Edital de 22/08/1881), ser-lhe retirada a palavra "Direita", indicadora de artéria central de um sítio para ficar apenas Rua da Lapa.

Rua da Lapa, 104 | 1943-04-10|
Ao fundo vê-se o edifício com o n.º 105 na Rua de São Domingos.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Sunday 11 August 2024

A Rua que foi do Conselheiro Moraes Soares

Este arruamento nasceu em 1906 como Rua do Conselheiro Morais Soares, no troço da antiga Estr. de Circunvalação compreendido entre a rotunda (hoje, Praça do Chile) no término da Avenida da Dona Amélia (hoje, Avenida Almirante Reis) e a Parada do Cemitério Oriental (hoje Parada do Alto de São João), e foi já após a implantação da República, pelo Edital Municipal de 27/11/1916, que passou a Rua Morais Soares, já que o título de conselheiro recordava o regime monárquico, por ser atribuído pelo soberano, tradicionalmente aos magistrados do Supremo Tribunal e por vezes, a pessoas que tinham prestado serviços honrosos.

Rua Morais Soares |195-|
Cruzamento com as Ruas Francisco Sanches e Carlos Mardel; mais acima vê-se a Praça do Chile e a R. António Pereira Carrilho.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Rodrigo de Morais Soares (1811–1881), formou-se bacharel em Medicina pela Universidade de Coimbra. Foi professor e comissário de estudos. Desempenhou diversas funções na Administração Pública, como especialista em assuntos aduaneiros, agrícolas e financeiros. Foi chefe da repartição de Agricultura da Secretaria das Obras Públicas e mais tarde Director geral, tendo fundado a Quinta Regional de Sintra e o Instituto Agrícola. Fundou o jornal “Arquivo Rural” e publicou diversos textos sobre temas agrícolas e financeiros. Foi deputado, eleito em várias legislaturas. 
Na Academia das Ciências de Lisboa foi eleito sócio correspondente da classe de Ciências Morais, Políticas e Belas Letras a 2 de Novembro de 1865.

Rua Morais Soares |1960|
Esquina com a Rua Carlos Mardel.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Friday 9 August 2024

Fonte Monumental, vulgo Fonte Luminosa

Na Alameda Afonso Henriques — constrói-se num dos topos o Instituto Superior Técnico e o Instituto Nacional de Estatística, ambos da autoria do arq.º Pardal Monteiro — e no outro eleva-se uma Fonte Monumental (vulgo Fonte Luminosa) com seu miradouro sobre a Alameda.
Apesar de concebida originalmente em 1940, foi inaugurada apenas em 28 de Maio de 1948, com base num projecto do arquitecto Carlos Rebelo de Andrade, enquadra-se no estilo conservador, frequentemente apelidado Português Suave, dominante na década de 1940. 

Fonte Monumental, artístico remate da Alameda Afonso Henriques |c. 1950|
Branco, António Castelo, in Lisboa de Antigamente

As esculturas são da autoria de Maximiano Alves (Cariátides) e de Diogo de Macedo (Tejo e Tágides); os baixos-relevos (painéis laterais) de Jorge Barradas.
Poucos sabem que a fonte se chama Monumental, devido às suas tágides e aos seus cavalos submersos a arrancar para o céu.

Fonte Monumental, artístico remate da Alameda Afonso Henriques |c. 1950|
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Sunday 4 August 2024

Praça do Duque de Saldanha: Avenidas Novas

Com esta bela Praça do Duque de Saldanha, que data da última década do século passado [XIX], se deu testa à grande artéria mãe das Avenidas Novas, em correspondência paisagista com a Praça Mousinho de Albuquerque, que vimos já, no começo do Parque do Campo 28 de Maio (Campo Grande). 

Na praça em rotunda, estrela de cinco pontas — diz Norberto de Araújo, a quem vamos sempre seguindo — , confluem as Avenidas Fontes Pereira de. Melo, Casal Ribeiro e Praia da Vitória, estas duas já deste século- e da República e confluirá dentro de um ano a Rua António Enes, que se está prolongando já através de um talhão da da muito velha Rua das Picôas. Desaparecerá esse oitocentista Palácio, a sudoeste, que foi da Condessa de Camarido [depois Cine Teatro Monumental - 1ª imagem à esq.].¹

Praça Duque de Saldanha e Av. da República |194-|
À esq. nota-se o muro do Palácio Camarido demolido para dar lugar ao Cine Teatro Monumental
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

 

Avenida de Fontes Pereira de Melo termina na rotunda da Praça do Duque de Saldanha, cercada de heterogéneas edificações, e a meio da qual se ergue o monumento ao Duque de Saldanha. A pedra fundamental do monumento, cuja parte escultural é de Tomás Costa e a arquitectónica de Ventura Terra, foi lançada em 1904, tendo-se inaugurado em 1909. A estátua, que representa o marechal de pé, com a mão direita apontando na direcção do S., assenta sobre um pedestal dórico de base quadrangular flanqueado de colunas com capitéis canelados. À frente da estátua, na base, a figura alegórica da Vitória, de bronze, nas outras faces panóplias ornamentais pendem da boca de leões, tudo de bronze.²

Praça Duque de Saldanha e Av. Fontes Pereira de Melo |1952|
Em cartaz no Cine-Teatro Monumental o filme "A Paz Voltou à Cidade" com a participação de  Gary Cooper - no original "Dallas" - e a peça de teatro "Lisboa Nova" com a actriz Laura Alves, ambos estreados em 1952.
Amadeu Ferrari, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto d, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp. 79-80, 1939.
² PROENÇA, Raul, Guia de Portugal, Generalidades: Lisboa e arredores, Biblioteca Nacional, 1924.

Friday 2 August 2024

Rua Marquês de Fronteira: «Reservatório do Pombal»

Esta Rua Marquês da Fronteira sucedeu a uma linha irregular, que não é evidentemente a de hoje — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , a qual constituía as setecentistas Estrada dos Padres da Companhia e Estrada de S. Francisco Xavier, rectificadas há meio século [c. 1890], Rua — quási Avenida — moderna, já servida de eléctricos desde Outubro de 1936. ...)
O muro que prossegue [à esquerda], até à Penitenciária, defende os terrenos da Companhia das Águas, onde se encontra o Depósito chamado do «Pombal». E do Pombal seriam porque já no começo do século passado [XIX], e certamente muito antes, quando estes chãos ainda constituíam herança da Companhia de Jesus, recebida pelo Real Colégio dos Nobres, eles eram conhecidos pela designativa de «Pombal», e um pombal haveriam tido. [...]
Em 1873 o Governo expropriou estes terrenos todos, aqui [à esquerda] para levantamento do «Cadeia Geral e Penitenciária».
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 91-92, 1939)

Rua Marquês de Fronteira |1967|
Reservatório do Pombal; Cadeia Penitenciária de Lisboa
João Brito Geraldes, in Lisboa de Antigamente

A artéria perpetua a memória de D. José Trazimundo Mascarenhas Barreto (1802–1881), 8º conde da Torre, 5º marquês de Alorna e 7º marquês de Fronteira. Após a Vilafrancada viveu exilado para depois fazer toda a campanha das lutas liberais, tendo-se reformado no posto de marechal-de-campo. Foi também governador civil de Lisboa (1846-1851), par do reino e deixou 5 volumes das suas «Memórias do Marquês de Fronteira e D'Alorna».

Sunday 28 July 2024

Monumento aos Restauradores

Não há em Lisboa quem não pergunte o que significa o obelisco no centro da Praça dos Restauradores, além do seu significado imediato como monumento patriótico inaugurado em 28 de Abril de 1886 como projecto do arquitecto António Tomás da Fonseca. Terá algum significado esotérico ou escondido este monumento? Será obra secreta da Maçonaria Portuguesa? Afinal, o que significa este obelisco e porque está aqui?
Descubra o segredo que esconde o obelisco aqui.
 
Monumento aos Restauradores, manutenção |1945|
Praça dos Restauradores; antigo Largo do Passeio Público.
O pedestal é encimado, na face sul, pela estátua da Victoria, de Simões de Almeida.
Mário Tavares Chicó, in Lisboa de Antigamente

O Monumento aos Restauradores que se eleva ao meio da praça do mesmo nome e consagra a revolução de 1640, foi erguido por subscrição pública promovida por uma comissão parlamentar, inaugurou-se em 28 de Abril de 1886, como acima se disse, sendo o projecto de António Tomás da Fonseca e a construção de Sérgio Augusto de Barros. Compõe-se de envasamento, pedestal e obelisco , numa altura total de 30 m.
 
Monumento aos Restauradores |1947|
Praça dos Restauradores; antigo Largo do Passeio Público. Vista nocturna da Avenida da Liberdade e do Castelo de São Jorge.
O pedestal é encimado, na face norte, pela estátua do Génio da Independência de Alberto Nunes.
Estúdio Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

Friday 26 July 2024

Avenida Cinco de Outubro

Cinco de Outubro, data da implantação da República no ano de 1910, foi fixada pela edilidade lisboeta logo no seu primeiro Edital de toponímia, um mês após a implantação da República, em 5 de Novembro de 1910.
Até aí esta artéria designava-se Rua António Maria de Avelar, por deliberação camarária de 12 de Agosto de 1897, tendo passado a Avenida, por deliberação camarária de 4 de Dezembro de 1902, homenageando um engenheiro (1854–1912) e funcionário da Câmara de Lisboa desde 1879, ligado ao plano das Avenidas Novas já que substituiu por longos períodos o director-geral das Obras Municipais, Ressano Garcia. A proposta para ser alterada para Avenida Cinco de Outubro partiu do vereador Nunes Loureiro na reunião de câmara de 6 de Outubro de 1910 e foi aprovada por aclamação. [cm-lisboa]

Avenida Cinco de Outubro, 81 |1955-06-28|
Esquina com a Av. Miguel Bombarda. O prédio mais alto, ao fundo, com o número de policia 63, no gaveto com a Av. João Crisóstomo, ainda lá está. 
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): mais uma imagem erradamente catalogada no abandalhado aml como «Avenida Conde de Valbom»

Sunday 21 July 2024

Escadinhas da Costa do Castelo

Retempera uns momentos a tua vista no trecho de panorama que daqui já se desfruta e prossigamos, Dilecto companheiro, deixando à direita as escadinhas que levam ao Largo da Rosa.

Assentou aqui a casa nobre quinhentista de Luís de Brito de Nogueira — prossegue Norberto de Araújo — , senhor dos morgados de S. Lourenço, de Lisboa, e de Santo Estêvão, de Beja, e descendente do cavaleiro, alcaide-mor de Lisboa, Afonso Ennes Nogueira, já no local proprietário da casa nobre no século XIV. 
Foi Luís de Brito o fundador (1619) do Convento da Rosa das religiosas dominicanas, que avultou à direita das actuais Escadinhas da Costa do Castelo, e que, destruído pelo Terramoto, caldo em ruínas, desapareceu de todo no começo do século passado [XIX].==

Escadinhas da Costa do Castelo |c. 1960|
Perspectiva tomada da Costa do Castelo; ao fundo vê-se o Largo da Rosa; a dir. avulta o
Palácio da Rosa (Castelo Melhor).

Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto está mal identificado no arquivo (aml)

A chamada Costa do Castelo — diz o Guia de Portugal — constitui parte da antiga estr. de circunvalação que, anteriormente à conquista de Lisboa, corria a meia altura da encosta do monte do Castelo, partindo das portas de Alfofa (no cruzamento das ruas do Milagre de Santo António e S, Bartolomeu [de Gusmão]), rodeando a antiga cerca visigótica, passando a S. Lourenço e Santo André, e vindo terminar no Largo das Portas do Sol. Paralelamente a ela e na base do monte corria na mesma época outra estr., que começava na Porta do Ferro (Largo de Santo António da Sé) e findava na de S. Vicente (arco do Marquês de Alegrete).
A Costa do Castelo termina no lugar onde se erguiam as Portas de Santo André, e onde há pouco se via o arco do mesmo nome, demolido para passagem dos eléctricos.==
 
Escadinhas da Costa do Castelo |1946|
Perspectiva tomada do Largo da Rosa com 
o Palácio da Rosa à esq..
Fernando Pozal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III,p. 16,  1938.
idem, Inventário de Lisboa, 1950.
Guia de Portugal: Generalidades. Lisboa e arredores, p. 272, 1924.
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