Friday 26 July 2024

Avenida Cinco de Outubro

Cinco de Outubro, data da implantação da República no ano de 1910, foi fixada pela edilidade lisboeta logo no seu primeiro Edital de toponímia, um mês após a implantação da República, em 5 de Novembro de 1910.
Até aí esta artéria designava-se Rua António Maria de Avelar, por deliberação camarária de 12 de Agosto de 1897, tendo passado a Avenida, por deliberação camarária de 4 de Dezembro de 1902, homenageando um engenheiro (1854–1912) e funcionário da Câmara de Lisboa desde 1879, ligado ao plano das Avenidas Novas já que substituiu por longos períodos o director-geral das Obras Municipais, Ressano Garcia. A proposta para ser alterada para Avenida Cinco de Outubro partiu do vereador Nunes Loureiro na reunião de câmara de 6 de Outubro de 1910 e foi aprovada por aclamação. [cm-lisboa]

Avenida Cinco de Outubro, 81 |1955-06-28|
Esquina com a Av. Miguel Bombarda. O prédio mais alto, ao fundo, com o número de policia 63, no gaveto com a Av. João Crisóstomo, ainda lá está. 
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): mais uma imagem erradamente catalogada no abandalhado aml como «Avenida Conde de Valbom»

Sunday 21 July 2024

Escadinhas da Costa do Castelo

Retempera uns momentos a tua vista no trecho de panorama que daqui já se desfruta e prossigamos, Dilecto companheiro, deixando à direita as escadinhas que levam ao Largo da Rosa.

Assentou aqui a casa nobre quinhentista de Luís de Brito de Nogueira — prossegue Norberto de Araújo — , senhor dos morgados de S. Lourenço, de Lisboa, e de Santo Estêvão, de Beja, e descendente do cavaleiro, alcaide-mor de Lisboa, Afonso Ennes Nogueira, já no local proprietário da casa nobre no século XIV. 
Foi Luís de Brito o fundador (1619) do Convento da Rosa das religiosas dominicanas, que avultou à direita das actuais Escadinhas da Costa do Castelo, e que, destruído pelo Terramoto, caldo em ruínas, desapareceu de todo no começo do século passado [XIX].==

Escadinhas da Costa do Castelo |c. 1960|
Perspectiva tomada da Costa do Castelo; ao fundo vê-se o Largo da Rosa; a dir. avulta o
Palácio da Rosa (Castelo Melhor).

Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto está mal identificado no arquivo (aml)

A chamada Costa do Castelo — diz o Guia de Portugal — constitui parte da antiga estr. de circunvalação que, anteriormente à conquista de Lisboa, corria a meia altura da encosta do monte do Castelo, partindo das portas de Alfofa (no cruzamento das ruas do Milagre de Santo António e S, Bartolomeu [de Gusmão]), rodeando a antiga cerca visigótica, passando a S. Lourenço e Santo André, e vindo terminar no Largo das Portas do Sol. Paralelamente a ela e na base do monte corria na mesma época outra estr., que começava na Porta do Ferro (Largo de Santo António da Sé) e findava na de S. Vicente (arco do Marquês de Alegrete).
A Costa do Castelo termina no lugar onde se erguiam as Portas de Santo André, e onde há pouco se via o arco do mesmo nome, demolido para passagem dos eléctricos.==
 
Escadinhas da Costa do Castelo |1946|
Perspectiva tomada do Largo da Rosa com 
o Palácio da Rosa à esq..
Fernando Pozal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III,p. 16,  1938.
idem, Inventário de Lisboa, 1950.
Guia de Portugal: Generalidades. Lisboa e arredores, p. 272, 1924.

Friday 19 July 2024

Costa do Castelo

Encontrámos o verdadeiro, o original Costa do Castelo.
Ei-lo aqui, encosta do Castelo de S. Jorge abaixo, todo aperaltado na sua fatiota de três peças, relógio de bolso com corrente, chapéu de coco e guarda-chuva. Tudo como mandava o figurino.


Chegámos à Costa do Castelo, que constitui o passeio de circunvalação da antiga cidadela e fortaleza, e abrange quase dois terços da sua cintura desde este ponto até o extremo da Rua do Milagre de Santo António, que morre nos Lóios. Ficava na meia-encosta — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , quase despovoada no seu começo, verdejante de olivais, hortas e algumas terras de semeadura. Em verdade, só no século passado entrou a ganhar significação urbana; não é necessário fazeres um grande esforço de imaginação para, através do que foi «plantado» ordenadamente em prédios, há pouco mais de cem anos, reconheceres a rústica Costa das estampas antigas.

Costa do Castelo |c. 1900|
Encontrámos o verdadeiro, o original Costa do Castelo.
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III, p. 14, 1938.

Sunday 14 July 2024

Estação de Benfica

É no fim do séc. XIX que é inaugurada a Linha de Sintra (1887) e consequentemente a Estação de Benfica. Apesar de trazer grandes vantagens à zona e proporcionar um maior e mais rápido desenvolvimento, uma linha férrea cria uma barreira muito marcante na cidade. Foi esse o caso da linha de Sintra. O bairro do Calhariz de Benfica ficou separado de Benfica pela linha do comboio, e isso criou grandes dificuldades no seu desenvolvimento. Foi a partir desta data que Benfica começou a crescer exponencialmente, mas por outro lado a zona do Calhariz ficou completamente “paralisada” com esta separação. É também com a instalação da linha férrea que é criada a “rua da estação” a actual Av. Gomes Pereira, que estabelece a ligação entre a estrada de Benfica e a estação ferroviária.
(José Santos Pereira, projecto urbano para a estação de Benfica, 2012)

Estação de Benfica |1964|
Estação ferroviária sita ao cimo da Avenida Gomes Pereira/R. da Venezuela; o vulgo apelidou-a de “Rua do Comboio”, “Rua da Estação”, “Rua do Cinema” ou “Rua da Fábrica”.
Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

Friday 12 July 2024

Casal da Viúva Teles à Rua Maria Pia

O Casal da Viúva Teles (Casal Ventoso), já demolido, situava-se a ocidente da Rua Maria Pia, junto ao chafariz da Meia-Laranja.
 
Casal da Viúva Teles à Rua Maria Pia (ao fundo) |1968|
João Hermes Goulart, in Lisboa de Antigamente

Foi pelo Edital de 07/11/1901 que parte da Estr. de Circunvalação, do lado sul da antiga ponte de Alcântara e até ao cruzamento com a Rua do Arco do Carvalhão, se passou a denominar Rua Maria Pia, mas segundo Norberto Araújo, já desde o final do séc. XIX que o povo a denominava assim.

Sunday 7 July 2024

Arco do Marquês do Alegrete, ao Martim Moniz

Ora aí temos o Arco do Marquês do Alegrete — diz Norberto de Araújo — no aspecto de 1674, ano em que foi transformada a velha porta de S. Vicente da Mouraria, assim chamada ainda em 1554. Intitula-se do Marquês do Alegrete, porque a ele se encostou o palácio construído pelo Conde de Vilar Maior, antecessor da Casa dos Alegretes, depois Penalvas e Taroucas (Teles da Sylva).
 
 
O boletim trimestral — Olisipo do grupo de Amigos de Lisboa — , apurou em Abril de 1945: «Passam por hora sob o Arco do Marquês de Alegrete: mais de 100 eléctricos, 200 automóveis, 6000 pessoas a pé e muitos caminhões. Apesar de algumas dúvidas nas quantidades, sobretudo no exagero de tantos eléctricos por hora quando competiam num buraco de agulha, além da multidão, com «caminhetas e carretas», cito o rol feito pelo olisipógrafo Luís Pastor de Macedo — a quem vamos sempre seguindo.

Arco do Marquês do Alegrete, ao Martim Moniz |1946|
Arco do Marquês do Alegrete
 — durante as demolições na Mouraria; Salão Lisboa
Estúdio Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

A tradição conta-nos que Martim Moniz era um dos cavaleiros de D. Afonso Henriques que em 1147, na conquista de Lisboa, se atravessou numa porta da muralha do Castelo dos Mouros, impedindo o seu fecho e, sendo de imediato morto pelos sitiados enquanto garantia a abertura necessária para a entrada dos exércitos cristãos conquistarem a cidade.
Em 1908 o herói Martim Moniz ganhou uma placa evocativa na porta do seu sacrifício e, em 1915, ficou também imortalizado na toponímia da Mouraria já que a Rua de São Vicente à Guia – que se situava entre a Rua da Mouraria, Rua do Arco do Marquês de Alegrete e a Calçada do Jogo da Pela – se passou a denominar Rua Martim Moniz, pelo Edital de 14 de Outubro de 1915. Contudo, as alterações urbanísticas do local iniciadas a partir da década de 30, a pretexto de ligar a Avenida Almirante Reis ao Rossio, acabaram por fazer desaparecer o Mercado da Figueira, parte da Mouraria e este arruamento.

Arco do Marquês do Alegrete, ao Martim Moniz |1945|
Arco e Palácio do Marquês do Alegrete e Salão Lisboa
André Salgado, in Lisboa de Antigamente

N.B. Em 1961 foi finalmente empreendida a controversa destruição do Arco do Marquês de Alegrete, o último resquício das portas da Cerca Fernandina, a Porta da Mouraria, e recordado em versos:

Arco do Marquês de Alegrete
O quadro ilustra bem
Uma imagem que morreu
Será que existe alguém
Que este passado viveu?
Era palácio e cinema
Eléctricos, engraxadores
Eis a leitura do tema
Ao Arco dos meus Amores.
(Baguinho: 1999)

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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. III, pp. 78-79, 1938.
MENEZES, Marluci, Mouraria, Retalhos de Um Imaginário: Significados Urbanos de Um Bairro de Lisboa, 2023.
FERNANDES, José Ferreira, Martim Moniz - Como o Desentalar e Passar a Admirar, 2024.

Friday 5 July 2024

Rua Garrett, antiga do Chiado

O topónimo Rua Garrett, foi atribuído no âmbito das Comemorações do tricentenário da morte de Camões em 1880 à velhinha Rua do Chiado.

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799-1854). Iniciador do Romantismo, refundador do teatro português, criador do lirismo moderno, criador da prosa moderna, jornalista, político, legislador, Garrett é um exemplo de aliança inseparável entre o homem político e o escritor, o cidadão e o poeta. É considerado, por muitos autores, como o escritor português mais completo de todo o século XIX, porquanto nos deixou obras-primas na poesia, no teatro e na prosa, inovando a escrita e a composição em cada um destes géneros literários.

Rua Garrett, antiga do Chiado |1926-09-09|
Lojas na esquina da Cç. do Sacramento: Ao Último Figurino fund. 1910; a Antiga Casa José Alexandre fund. 1840; ao fundo os Armazéns do Chiado fund. 1894.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda no arquivo: «Bando precatório a favor das vítimas do terramoto no Faial»

De origem irlandesa, a grafia do seu último apelido «garet» foi por ele próprio alterada na sua assinatura para «garrett» com o objectivo que as pessoas lessem a letra tê para pronunciar correctamente o seu nome como «garrete».

Rua Garrett, antiga do Chiado |1951|
Na imagem merecem destaque a antiga Tabacaria Estrela Polar , o Café Chiado à dir,  a Basílica dos Mártires e, encimando a foto, a Igreja de Encarnação.
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

Sunday 30 June 2024

Rua do Terreiro do Trigo, 6-26

As nascentes de água quente de Alfama (termo árabe Alhama, que significa fonte quente) do Grupo das Alcaçarias encontram-se alinhadas na zona entre o largo do Chafariz de El-Rei e o Largo do Chafariz de Dentro, ao longo da Rua do Terreiro do Trigo e deram origem a um conjunto de ocorrências que foram exploradas, ainda no século XIX, como “balneários públicos” ou "banhos" durante algumas décadas.
Os registos históricos e hidrogeológicos destas nascentes, grande parte das quais com temperatura acima de 20ªC, que tiveram condições para, no final do século XIX serem qualificadas de “águas minero-medicinais” pela então Inspecção de Águas, põem a descoberto um aspecto da vida da cidade de Lisboa, hoje praticamente desconhecido. 

Rua do Terreiro do Trigo, 6-26 (Cerca Fernandina) |c. 1949|
Os banhos do Robles
As nascentes encontram-se situadas extramuros relativamente à “Cerca Moura” de Lisboa, pelo que Alfama era um local que só com o desaparecimento da muralha moura anexou uma parte da cidade, até à Sé. 
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
  
De acordo com Acciaiuoli (1944), o primeiro estabelecimento termal que se fundou na zona de Alfama, com água das Alcaçarias, foi o do Duque do Cadaval, em 1716; em 1725, havia dois estabelecimentos, o do Duque e outro particular; em 1810, havia o do Duque, os Banhos de D. Clara e os Banhos do Doutor.
Registam-se também na literatura os Banhos do Mosteiro de Alcobaça, intramuros em relação à Cerca Fernandina, num edifício que simultaneamente dá para o Largo do Chafariz de Dentro e para a Rua do Terreiro do Trigo e localizados na Rua do Terreiro do Trigo, nºs 14 a 18. Em 1945 ainda se aproveitava a água desta nascente, extraída com uma bomba.

Pontos de água na Rua do Terreiro do Trigo e a sua localização em relação à “Cerca Moura” e à Cerca Fernandina, a partir de Vieira da Silva (1987).

Bibliografia
SILVA, Augusto Vieira da - A cerca fernandina de Lisboa, 1987.
Elsa Cristina Ramalho 1 e Maria Carla Lourenço, As águas de Alfama, 2005.

Friday 28 June 2024

Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço

A Praça actualmente do Comércio, vulgo Terreiro do Paço, é uma evocação tradicional da sua primitiva designação. Praça extraordinária pela sua vastidão e pelas acertadas proporções da sua arquitectura; átrio nobre da cidade de Lisboa, opulentado pela grandiosidade do seu Arco Triunfal e pelo escultural monumento equestre a el-rei D. José, obra-prima de Machado de Castro; lição de espantosa actividade e acendrado patriotismo, que nos deixaram o omnipotente Marquês de Pombal e os seus colaboradores e que não é observada como deveria sê-lo; praça de grande nomeada  da qual se ufanariam quase todas as capitais do mundo, se a tivessem como sua, e que é, para todos os portugueses, a sintética representação de um enorme esforço, tão enorme, que a sua festiva inauguração fez esquecer a horrível catástrofe de 1755.

Numa manhã amena o povo apinha-se junto ao Cais das Colunas — o «miradouro rasteirinho» de Lisboa. Frente ao torreão oriental pombalino do antigo Tribunal do Comércio e Bolsa de Lisboa, proas para o cais, estende-se uma longa fileira de fragatas airosas, as velas enroladas nos mastros erectos como lanças duma guarda de honra.

Cena de rua junto ao Cais das Colunas |c. 1900|
Ao fundo nota-se o barracão da antiga Alfândega.
Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente

Este delicioso Cais das Colunas — recorda o ilustre Norberto de Araújo — que deve seu nome às colunas de pedra colocadas no sopé da escadaria suave, é posterior ao Terramoto. Anteriormente, mais à nossa esquerda, e também mais recuado, existia um «Cais da Pedra», que o sismo de 1755 subverteu.
Da sua rampa de pedra rolada, ou da sua escadaria carcomida — viu cem gerações dizerem adeus a cem armadas que partiam. 

Praça do Comércio vista do Tejo |c. 1900|
À esq. observa-se a ponte da antiga Estação dos Caminhos-de-Ferro e Vapores de Sul e Sueste; ao fundo nota-se o Arco da Rua Augusta e, lá no cimo, o Castelo de S. Jorge.
Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
Terra Portuguesa, p. 71, 1917.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 28, 1939.

Sunday 23 June 2024

Panorâmica sobre a zona da Bica

Numa definição alargada a Bica inclui a Calçada da Bica Grande — verdadeiro caroço da vida social do bairro —, o Beco dos Aciprestes, a Travessa da Bica Grande, a Calçada da Bica Pequena, o Largo de Santo Antoninho, a Rua dos Cordoeiros, a Rua da Bica Duarte Duarte Belo e as quatro travessas que a cortam perpendicularmente: a do Cabral, da Portuguesa, da Laranjeira e do Sequeiro

Panorâmica sobre a zona da Bica |196-|
Vista tomada do Alto de Santa Catarina notando-se à esquerda a greja das Chagas de Cristo e, à direita, as torres da Igreja de São Paulo.
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

Na Igreja do Convento da Trindade de Lisboa, existiu desde 1493 uma confraria chamada Chagas de Cristo, cujos devotos e confrades eram marítimos e mercadores vindos da Índia. A confraria atingiu grande prestígio na capital e Frei Diogo de Lisboa resolveu em 1542 erigir uma igreja destinada ao culto e a albergar os frades. Com o terramoto de 1755, a primitiva igreja foi arruinada, perdendo-se a valiosa imagem de Nossa Senhora da Piedade das Chagas de Cristo, padroeira do templo. A reconstrução que sofreu, devolveu-lhe um aspecto sóbrio como é comum a quase todas as igrejas pombalinas. De uma só nave e com três altares laterais é de salientar o retábulo da "Ascensão" no altar-mor.
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Bibliografia
CORDEIRO, Graça Índias e GARCIA, Joaquim, Lisboa freguesia de São Paulo, Lisboa, Contexto Editora, pp. 34, 35 1993.
idem. Um lugar na cidade: quotidiano, memória e representação no bairro da bica. Lisboa, Publicações Dom Quixote, p. 65, 1997.

Friday 21 June 2024

Rua Luz Soriano com a Travessa dos Fiéis de Deus: Palácio Ficalho

Palácio setecentista(?), casa nobre dos Condes de Ficalho, um edifício enorme, de largas janelas, pintado de cor-de-rosa, estendendo-se ao longo de três grandes blocos entre as ruas Luz Soriano, 47-53, dos Caetanos, 19-20, e Travessa dos Fiéis de Deus, 92-106. 
Rezam as crónicas que no solarengo palácio dos Melos de Serpa, "aos Caetanos", a condessa de Ficalho reunia a fina flor da elegância em certos dias da semana (segundas-feiras). Beneficiou de restauros no decorrer dos séculos XVIII e XIX.

Rua Luz Soriano com a Travessa dos Fiéis de Deus |ant. 1900|
Palácio Ficalho (esq.)
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): data e local da foto não estão identificados no abandalhado arquivo da cml.

Biografia arquitectónica do Palácio Ficalho: fundação num momento posterior a 1603; reconstrução na sequência de um projecto de 1882; separação do módulo da Rua Luz Soriano c. 1940; intimação camarária à realização de obras em 1968 desencadeada pela Polícia Municipal; projecto (não completamente concretizado nas partes exteriores) de profundas alterações, visando a “divisão do prédio [de 1600 m2] em várias habitações independentes, funcionais e de dimensões razoáveis (…)” (Arquitecto Manuel de Mello, 1980).
É, actualmente — do pouco que conserva da sua coerência arquitectónica de outrora — , composto por apartamentos de luxo.

Rua Luz Soriano |1968|
Palácio Ficalho
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Sunday 16 June 2024

Rua do Salitre, ao Rato

Rua do Salitre, artéria que em muitos anos precedeu o Terramoto, a qual como sabes, foi chamada Rua da Palmeira no troço que ainda subsiste, pois já disse que ela chegava a S. José. 


Até ao séc. XIX a Calçada do Salitre ainda guardava muito do seu passado rural — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , logo a começar pelo seu topónimo derivado das nitreiras das hortas dos frades Cartuxos e será após a construção da Avenida da Liberdade que, gradualmente, passará a ter antes a categoria de Rua. Este topónimo nasceu das nitreiras ou salitrais que os frades de São Bruno – conhecidos como Cartuxos ou Brunos – tinham nas suas hortas, nos terrenos que detinham nesta artéria, já que salitre é o nome vulgar do nitrato de potássio, um adubo. O Salitre ganhou ao topónimo anterior, do séc. XVI, que era Horta da Palmeira. 

Rua do Salitre, ao Rato |1908-05|
Prédio — já demolido — para abertura do troço final da Rua Alexandre Herculano (c. 1910)
e que fazia gaveto com a Rua São Filipe Neri. A linha do eléctrico seguia para a Rua da Escola Politécnica.
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

A Rua do Salitre cujo lado esquerdo constituía a orla exterior do fundo da cerca do Noviciado da Companhia de Jesus, depois Colégio dos Nobres, que vendeu os terrenos para edificações — foi sítio onde habitaram muitos lisboetas de destaque, entre eles Garrett.
Em cima corria o Vale Pereiro, do qual existe, em reminiscência, uma parcela da Rua com aquele dístico, e que leva do Salitre a Alexandre Herculano. No alto da Rua do Salitre, n.º 148 residiu de 1816 para 1817 o general Gomes Freire de Andrade, ali preso em 26 de Maio daquele último ano; uma lápide foi colocada na fachada em 20 de Outubro de 1917.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, 1939)

Largo do Rato e Rua do Salitre |c. 1900|
Salitre (  direita ) principia no Largo do Rato, e termina na Av. da Liberdade.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

N.B. Durante o séc. XIX, em diversos documentos municipais, plantas, requerimentos ou licenças para construção ou obras em prédios esta artéria tanto é assinalada quer como Calçada quer como Rua, mesmo que na 2ª metade do século seja mais usado Rua, sendo exemplo maior dessa dupla grafia um processo de expropriação de 1881- para a abertura da Avenida da Liberdade- em que a planta do local de Ressano Garcia refere Calçada e no texto do Presidente José Gregório Rosa Araújo se menciona Rua. [cml]

Friday 14 June 2024

Rua Francisco Sanches esquina com a Rua Cavaleiro de Oliveira

A Rua Francisco Sanches (1550-1622) nasceu ainda no séc. XIX, através do Edital municipal de 18/12/1893 na «rua que parte da Travessa do Caracol da Penha ou Nascente da Avenida dos Anjos e que deve vir a findar na antiga Estr. de Circunvalação».

Médico, filósofo e professor universitário português, nasceu em 1551, na diocese de Braga e foi baptizado na Igreja de S. João do Souto. Quanto ao local do seu nascimento, existem três hipóteses: Braga, Tui ou Valença do Minho, mas a segunda hipótese é, de todas, a mais viável. Francisco Sanches, na sua matrícula da Universidade de Montpellier, declara ter nascido em Tui - natus in civitate tudensi.
Francisco de Oliveira (1702–1783), conhecido como Cavaleiro de Oliveira, funcionário da Coroa no século XVIII e escritor proibido pela Inquisição, é desde a publicação do Edital municipal de 17 de Outubro de 1924 o topónimo de uma Rua de Arroios que hoje une a Rua Morais Soares à Praça Olegário Mariano.
 
Rua Francisco Sanches esquina com a Rua Cavaleiro de Oliveira |195-|
Praça Olegário Mariano; ao fundo corre a Rua Morais Soares
A Praça Olegário Mariano, na freguesia de S. Jorge de Arroios, foi atribuída por Edital municipal de 4 de Maio de 1959 na então designada Praceta da Rua Pascoal de Melo. 
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday 9 June 2024

Avenida do Brasil: Hospital Júlio de Matos

A construção do então chamado «Novo Manicómio de Lisboa ou do Campo Grande», ficou em grande parte a dever-se ao entusiasmo e influência do psiquiatra Júlio de Matos (1856-1922) - que acabou justamente por dar o nome ao hospital, tendo sido considerado um dos melhores da Europa, na época da sua inauguração em 1942.
A edificação, em Lisboa, de um hospital psiquiátrico moderno, capaz de satisfazer as necessidades de assistência, do ensino e da investigação científica foi possível graças ao grande prestígio de Júlio de Matos junto dos primeiros governantes do regime republicano e ao valor testamentário do empresário António Hygino Salgado d’Araújo, falecido em 24 de Junho de 1911.
Em Testamento, de 16 de Abril de 1910, este benemérito legou prédios, urbanos e rústicos. O valor destes legados foi avaliado, ao tempo, em cerca de cento e quarenta contos de réis, verba destinada à construção, na cerca de Rilhafoles, de um Pavilhão (cujo custeio foi calculado em cerca de vinte contos de réis) destinado à observação de doentes mentais, antes da sua admissão definitiva no Hospital.
Contrariamente  ao  que  se  tem  veiculado,  António Hygino Salgado d’Araújo  nunca  esteve hospitalizado no Manicómio Bombarda. (Rilhafoles).

Vista panorâmica dos edifícios e da Avenida do Brasil |c. 1942|
A Avenida do Brasil foi anteriormente designada como Avenida do Parque (1906) e Avenida Alferes Malheiro (até 1948), o revoltoso esquecido do 31 de Janeiro de 1891.
Horácio Novaisin Lisboa de Antigamente

Em concordância com o seu pensamento e o dos arquitectos Leonel Gaia e Carlos Chambers Ramos, o tipo de hospital escolhido foi o de pavilhões (em número de 33), de côr rosa, dispostos de forma funcional numa área de 14,5 hectares. Nestes, os doentes seriam agrupados em pequenas unidades de 8 a 10 doentes, para evitar a influência de uns sobre os outros. Numa área de 22 hectares, a ornamentação arbórea foi cuidadosamente planeada, graças à inclusão, entre 1942 e 1943, numa vasta equipa técnica, de um arquitecto paisagista, Prof. Caldeira Cabral e de um engenheiro agrónomo e silvicultor, Prof. Azevedo Gomes.

Avenida do Brasil: Hospital Júlio de Matos |1944|
Júlio de Matos terá adquirido (…) uma parte substancial dos terrenos (…)
[ao preço de] três tostões o metro quadrado (…).
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
Panorâmica sobre o Hospital Júlio de Matos |191-| 
A  construção compreende o período de 1914, Julho. O início da primeira fase de construção, Julho de 1914 (a 1932), foi marcado pelo eclodir da Primeira Guerra Mundial, na qual Portugal esteve envolvido a partir de 1916. Este facto contribuiu para que o ritmo das obras e a qualidade da construção decaíssem.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

A primeira fase de construção compreende o período de 1914, Julho, a 1932. Tem como Presidente, da Comissão, o professor Júlio de Matos e, como vogais, o engenheiro D. Luís de Melo Correia, e, o arquitecto Leonel Gaia.
A segunda fase, compreende o período de 1933 a 1942. Tem como Presidente da Comissão, o professor Sobral Cid, sucessor de Júlio de Matos, o neurologista Almeida Dias, o arquitecto Carlos Chambers Ramos, o engenheiro Leote Tavares e o coronel Ricardo Amaral, representante da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Aqui se realizaram algumas cirurgias de lobotomia pré-frontal no seguimento do trabalho do Nobel professor Egas Moniz. O hospital é um projecto muito ambicioso no sentido do melhoramento das condições da medicina psiquiátrica em Portugal.

Fotografia aérea de Alvalade |195-|
Vermelho: Hospital Júlio de Matos 
Verde:  Av. Gago Coutinho
Azul
Avenida do Brasil antiga Alferes Malheiro
Amarelo: Av. D. Rodrigo da Cunha
Judah Benolielin Lisboa de Antigamente
 
Bibliografia
chpl.min-saude.pt
trienaldelisboa.com

Friday 7 June 2024

Sítio de São Paulo

Segundo o olisipógrafo Norberto de Araújo, o sítio de São Paulo «Foi de seu princípio ribeirinho, sítio mercadejador, piedoso e turbulento. É coevo do Cata-que-farás e dos Remolares, vizinho actual da Ribeira Nova. (...) Remonta ao quinhentismo, extramuros. Em 1550 não contava como freguesia; existia como formigueiro de mareantes. (...)» [Araújo: 1939]

Rua de São Paulo |1963-07|
Junto à Calçada da Bica Grande
Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

freguesia de S. Paulo foi fundada em 1412 reedificada em 1512 e arruinada pelo terremoto do 1755 foi novamente reedificada em 1757.

Paulo (praça de S.) fica entre as ruas de S. Paulo, nova do Carvalho, travessas do boqueirão da Ribeira Nova, de S. Paulo e beco do Carvalho, freguezia de S. Paulo 1 a 22.
Paulo (rua de S.) principia na rua do largo do Corpo Santo e finda na calçada de S. João Nepomuceno e rua da Boa-Vista, freguezia de S. Paulo 36 à 260 e 21 a 129, Martyres 2 a 34 e 1 a 19.
Paulo (travessa de S.) segunda á esquerda no largo de S. Paulo, indo da rua nova do Carvalho e finda na rua da Ribeira Nova, freguesia de S. Paulo 2 a 14 e 1 a 13. [Velloso: 1869]

Praça de São Paulo (lado S.) |c. 1930|
Esquina com a Tv. de S. Paulo
Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente

No meio da Praça está um pequeno chafariz mandado fazer pela Camara Municipal e concluído no ano de 1849. A igreja (arq-º Remígio Abreu) tem na fachada as imagens de S. Pedro e S. Paulo feitas pelo insigne escultor António Machado. 

Rua e Praça de São Paulo (lado S.) |c. 1911|
Igreja de São Paulo
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday 2 June 2024

Sítio de Marvila

O lugar de Marvila, actualmente, fica encaixado, da parte do Tejo, entre o extinto convento de São Bento e a Praça David Leandro da Silva, servida pelas Ruas do Beato e do Açúcar; e, da parte de cima, entre a Azinhaga das Veigas e a Quinta das Claras, servida pelas Ruas Direita de Marvila, José do Patrocínio e de Marvila. Aquelas duas primeiras artérias (do Beato e do Açúcar) sucederam, modernamente, à Rua Direita do Poço do Bispo, que ligou, desde tempos remotos, o convento dos evangelistas ao célebre poço do prelado, a primeira devido ao beato António e a segunda a uma refinação de açúcar que laborou num dos seus prédios. 

Rua de Marvila, 121 |1940-08|
Antiga Direita de Marvila (até 1889) 
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está identificado no aml.
Rua Direita de Marvila |1939|
Inscrição no original:
Uma passagem de nível perigosa:
a) Não se vê o combóio. b) Não dá passagem a 2 carros. c) Interrompida muito amiúde.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

São conhecidos vestígios de ocupação humana no território que hoje constitui a freguesia, desde os tempos pré-históricos. (...). Em 1149, verifica-se um acontecimento muito importante para a história de Marvila: D. Afonso Henriques, a 9 de Dezembro, fez doação à Mitra de Lisboa, para sua instalação e manutenção, três dezenas de casas e de «todas as rendas e terras de Marvila que possuíam as mesquitas dos Mouros» — pelo que se depreende que o topónimo seja de origem árabe. Essa herdade de Marvila, abrangia uma área hoje difícil de determinar, mas seguramente muito extensa, entre o Convento do Beato e o Poço do Bispo e alongando-se em profundidade muito para Norte.

Rua do Vale Formoso |1940-08|
Cruzamento com a Rua Dr. Estêvão de Vasconcelos
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
Rua do Vale Formoso, 128 |1940-08|
De zona rural, Marvila transformou-se, com os desdobrar dos anos, em zona urbana. 
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

De zona rural, Marvila transformou-se, com os desdobrar dos anos, em zona urbana. Foi este um sítio, colocado nos arrabaldes de Lisboa, que a freguesia dos Olivais, criada em 1398, incluiu na sua jurisdição. Área administrativamente apagada, por consequência, durante dilatado tempo, valorizou-se, porém, a 7 de Fevereiro de 1959, por Decreto n.º 42 142, passando a constituir uma nova freguesia — freguesia de Marvila — com limites alongados, em profundidade, até à Azinhaga da Flamenga, no lugar da Bela Vista. 
(DELGADO, Ralph, O Lugar de Marvila e a Quinta da Mitra, 1963)

Friday 31 May 2024

Praça da Figueira, 7: Hospital das Bonecas

Rezam as historietas populares que, nos idos de 1830, uma tal D. Carlota se sentaria à porta da ervanária com o n.º 7 da velha Praça da Figueira a remendar e a coser bonecas de trapo. Assim nasceu o afamado Hospital das Bonecas que trata da saúde destas desde então. Aqui consertam-se bonecas, fazem-se brinquedos em miniatura e criam-se roupas e acessórios. Nas suas instalações há ainda um museu com milhares de bonecas.

Praça da Figueira, 7 |1961|
Hospital das Bonecas 
A entrada faz-se pela loja de vão de escada, com prateleiras ao comprido da parede atulhadas de corpos desconjuntados, torsos, pernas, braços, cabeças, de loiça ou pau olhos de vidro e cabeleiras, esqueletos e armações.
Artur Goulart, in Lisboa de Antigamente

Sunday 26 May 2024

Ruas Cascais e do Cais de Alcântara

Da Rua Fradesso da Silveira para o sul, até à Avenida da Índia, sobre o caneiro de Alcântara e do lado ocidental do mesmo — diz o eng.º Vieira da Silva — , passa uma rua que faz seguimento à de João de Oliveira Miguens, a qual tinha o mesmo nome que eia, que foi mudado em 1917 para Rua Cascais.
É obscura a origem da Rua Cascais, embora se possa aventar a hipótese de este topónimo se dever à proximidade à linha ferroviária para Cascais.
Do, meio da Rua Cascais para o rio, com as obras do Porto de Lisboa, foram conquistados mais terrenos, onde se implantaram vários edifícios e estruturas, entre os quais, as vias férreas da Estação de Alcântara-Mar e a doca de Santo Amaro.¹ Este topónimo foi atribuído por Edital municipal de 21/01/1889 e recorde-se que nesse mesmo ano, a 30 de Setembro, foi inaugurado o ramal de Cascais, com início em Pedrouços e ligação a Lisboa por barco. No ano seguinte, com terrenos ganhos ao rio Tejo, o referido ramal chegou a Alcântara, fazendo ligação à linha de Cintura e permitindo o acesso à estação do Rossio até em 1895 se concluir a ligação ao Cais do Sodré.

Rua Cascais (em cima) e Rua do Cais de Alcântara |1940-08|
Troço compreendido entre a Rua Fradesso da Silveira e a margem do Tejo.  Rua João de Oliveira Miguens; ao fundo nota-se o Cemitério dos Prazeres.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Nos terrenos conquistados ao Tejo acham-se abertas muitas vias públicas, das quais a mais importante é a Avenida da India, começada a construir há muitos anos, sendo o último troço a concluir-se o que vai desde a Avenida 24 de Julho até à actual Rua do Cais de Alcântara a que primeiro foi dado o nome de Rua 14 de Maio.¹
O Edital da época informa o seguinte:
  1. Considerando que a esta Câmara Municipal têm chegado numerosos pedidos de entidades oficiais e particulares, para que se modifiquem determinadas denominações toponímicas da Capital;
  2. Considerando a vantagem de regressar, em certos casos, às antigas denominações, e a justiça de homenagear algumas figuras e entidades nacionais merecedoras da nossa consagração (…)
  3. Que à Rua 14 de Maio – que não tem nenhum passado histórico – , passe a designar-se Rua do Cais de Alcântara
Final da Rua Cais de Alcântara e da Rua Cascais com a Av. da IndiaAv. da India |1940-08|
Na confluência destas artérias foi erguido o Viaduto de Alcântara inaugurado em 1972.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ Olisipo: boletim do Grupo «Amigos de Lisboa»,  A Ponte de Alcântara e suas circunvizinhanças: notícia histórica, por A. Vieira da Silva, 1942.

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