Da fábrica (confeitaria) dos Pastéis de Belém à Farmácia Franco (onde nasceu o Sport Lisboa, mais tarde Sport Lisboa e Benfica)
O olisipógrafo Norberto Araújo caracteriza da seguinte forma este arruamento da antiga Lisboa arrabaldina:
Nesta Rua de Belém [antiga Direita de Belém até 1889] verifica-se o que tantas vezes temos notado: prédios que se encostam, uns sólidos e burgueses, outros pequenos e antigos, em confraria arruada. Nenhum é, porém, deste século, e, por consequência, a linha
«modernista» não apareceu ainda por aqui, embora já campeie, ofegante
de progresso, pela Boa Hora, Ajuda, e bairro novo do Almargem.
Ora vejamos este prédio grandioso [na 2ª foto], para a sua época, desafogado, que é aquele que se confina entre as Travessas dos Ferreiros e de Marta Pinto, n.° 26. Foi construído entre 1881 e 1884 por Pedro Augusto Franco, Conde do Restelo, que adquiriu uma velhas casas que no local existiam, e que haviam sido, até 1834, as «Mercearias›» de Belém. [...)]
Pois o 1.° Conde de Restelo, Pedro Augusto Franco, adquiriu essas Casas e — « demolindo-as
quási inteiramente — «elevou» o seu prédio. Ainda hoje num pátio interior,
com serventia pela Farmácia, Franco, sobre um arco antigo, existe uma lápide que reza: «Mercearias da Rainha D. Catarina, que Deus tem, instituída para 20 cavaleiros de África. Em Maio de 1619». A data é da reconstrução da casa, pois a fundadora morreu em 1578.
Quanto à Farmácia Franco é dos mais antigos
estabelecimentos de toda a Lisboa; foi fundada em 1821 por Inácio José
Franco, pai de Pedro Augusto, o construtor do prédio (a farmácia já
existia no lugar), avô do 2.° Conde, também Inácio José, bisavô de outro Pedro Augusto Franco, actual proprietário do prédio e farmácia.
Já agora, Dilecto, uma curiosidade:
esta Fábrica (confeitaria) dos «Pastéis de Belém», n.° 84 e 86 92, é
centenária; foi fundada por Domingos Rafael Alves, depois pertenceu ao
filho Mário Benjamim Ramos Alves, que em 1920 a trespassou a uma sociedade. Os «pastéis» vieram à casa por compra do segredo da receita (outorgada em escritura), compra feita em 1879 a um tal José Vicente da Silva Pinto. A escritura não previa — «os plagiatos» da fórmula. [...] ¹
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IX, pp. 74-75, 1939.
BOA TARDE, EU NÃO CONHECIA ESTE BLOG,E ESTOU MARAVILHADO COM ELE, ESTÁ DE PARABENS, EM RELAÇÃO A ESTAS FOTOS DA RUA DE BELEM, SE ME PERMITE, ONDE FOI BUSCÁ-LAS? ESPETACULAR.
ReplyDeleteNão era Farmácia e sim Laboratório de Produtos Farmaceuticos
DeleteGrato pelo apreço. Quanto às imagens, como refirro nas llegendas, são do AML (Arq. Mun. Lisboa)
ReplyDeleteParabéns pelo artigo.
ReplyDeletePode encontrar mais informação relativa à família Franco e à Gloriosa Farmácia aqui:
http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=53816.405
Caso ainda não conheça.
Cumprimentos
VC
Grato pelo apreço. Já em tempos por lá passei. Cunptos.
DeleteObrigada
ReplyDeleteAdoro VER Lisboa Antiga
Been there just 4 days back beautiful place
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