Friday 30 October 2020

Praça do Marquês de Pombal, obras do Metropolitano de Lisboa

Obras de remodelação da Praça aquando da construção do Metropolitano de Lisboa. Ao fundo, a Avenida Fontes Pereira de Melo ainda pontuada pelos antigos palacetes erguidos no dealbar do século XX — Ramires e Sabrosa, hoje demolidos; Rua Camilo Castelo Branco; á esq., a Av Sidónio Pais (1945) e o Parque Eduardo VII.

Panorâmica da Praça do Marquês de Pombal |c. 1959|
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O lançamento da primeira pedra do monumento ao Marquês de Pombal data de Maio de 1882, repetindo-se a 15 de Agosto de 1917 e a 13 de Maio de 1926. As obras arrastaram-se, por falta de verbas, e o monumento só seria inaugurado a 13 de Maio de 1934, numa cerimónia «sem a solenidade que parecia supor.» [Araújo: 1939]

Panorâmica da Praça do Marquês de Pombal |c. 1959|
Avenida Fontes Pereira de Melo em obra vendo.se na esq. baixa o Palacete Ramires
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday 25 October 2020

Praça Dom Luís

Poucos passos » mais à frente e eis-nos na «Praça de D. Luiz, um terreiro bordejado e encrustado de canteiros de relva, atufado de ramaria», e no meio da praça, «o monumento ao velho Marquês de Sá», que data de 1882. A praça, delineada em 1864, no local onde existiu o Forte de S. Paulo, foi construída em 1865, ano em que começaram a ser demolidos os restos do forte.


Observa, Dilecto, quanto é curiosa essa lomba de casario sobre a Praça — as encostas de Santa Catarina e da Bica — a contrastar severamente com a orla oposta, do lado do rio, pejada de armazéns e de docas. Podes visionar o quadro deste local — e tão diverso seria ele há menos de noventa anos com o desmantelado Forte de S. Paulo, e o mar a bater-lhe no parapeito; a dois passos de nós, para nascente e para poente, não existiam cais nem prédios: apenas areia, casotas de madeira, e, encalhadas, as fragatas do peixe e das melancias pelo Agosto cálido . Não restam desse quadro documentos ou estampas.[Araújo: 1939]

Praça Dom Luís [190-]
Monumento ao Marquês Sá da Bandeira
Paulo Guedes, 
in Lisboa de Antigamente
 
A Praça Dom Luís, localizada na confluência da Avenida 24 de Julho, Rua D. Luís I, Rua da Ribeira Nova, Rua da Moeda e Travessa do Carvalho, possui um pequeno jardim, comum a algumas praças da capital. Esta praça é uma homenagem a Dom Luís I, conhecido como O Popular, devido à adoração pelo povo. Este jardim conta com frondosas e imponentes árvores.
No centro da praça fica a estátua do Marquês Sá da Bandeira, fidalgo da Casa Real e ministro de Estado, nascido em Santarém em 1795.

Praça Dom Luís [c. 1900]
Monumento ao Marquês Sá da Bandeira
Chaves Cruz, 
in Lisboa de Antigamente
 
N.B. Em 1942 foi construído o antigo palácio da comunicações dos CTT (hoje denominado Edifício Central Station) projecto do arquitecto Adelino Nunes.
Nas escavações, feitas em 2012, para a construção do parque de estacionamento, foram encontrados importantes vestígios de um fundeadouro Romano usado entre os séculos I a.c. e V d.c. e restos de embarcações do séculos XVI ou XVII.

Praça Dom Luís [1960]
Monumento ao Marquês Sá da Bandeira; Edifício dos CTT
Arnaldo Madureirain Lisboa de Antigamente

Friday 23 October 2020

Rua de Silva Carvalho, antiga de São João dos Bem Casados

Atentemos agora na Rua de São João dos Bem Casados. A primeira notícia que temos do lugar, que não da rua é de 1712: «o lugar de S. Joaõ dos Bem Casados, aonde está húa Ermida de S. Joaõ Bautista» pertencia então à freguesia de S. Sebastião da Pedreira; por 1755, indica-se S. João dos Bem-Cazados, talvez também como nome de lugar e não de rua; todavia, 1763 já se encontra S. Joaõ dos Bemcasados como nome de rua da freguesia de Santa Isabel. No mesmo livro, se indica a existência da referida ermida de S. Joaõ dos Bemcasados (já incluída naturalmente na freguesia de Santa Isabel), acrescentando-se a propósito dela: «Edificou-a António Simões, official de Dourador no anno de 1580». 
Em 1804, regista-se a Rua de S. Joaõ dos Bem-Casados, como principiando no Largo da Páscoa e terminando na Estrada de Campollide, hoje Rua das Amoreiras; ao longo do século XIX, encontra-se às vezes a variante de Rua Direita de S. João dos Bem Casados.
(in Anais - Academia Portuguesa da História, p. 360, 1994)

Rua de Silva Carvalho, 110 [1912]
Troço da antiga Rua de São Luís, 10, junto ao cruzamento com as Ruas do Sol ao Rato e de Campo de Ourique
Joshua Benoliel, in AML
Nota(s): o local da foto não está identificado no AML

N.B. Por edital camarário de 1920, a Rua de S. João dos Bem Casados, o Largo da Páscoa e a Rua de S. Luís passaram a constituir um só arruamento a que se deu a denominação de «Rua de Silva Carvalho».

Sunday 18 October 2020

Calçada da Palma de Baixo e Estr. das Laranjeiras

O topónimo de origem popular “Palma”, ligado à flora local, é muito antigo, e surge pela primeira vez em documentação medieval, datada de 1208, associado a uma transacção de compra e venda de vinhas no sítio de Palma, as quais eram abundantes no local. No século seguinte estavam maioritariamente na posse de ordens religiosas e da pequena nobreza.

Calçada da Palma de Baixo e Estr. das Laranjeiras |1944|
Chafariz das Laranjeiras
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

No século XVI, a área de São Domingos de Benfica estava confinada pelas Estr. de Benfica, da Luz e de Telheiras ao Rego, a qual dava acesso à Palma de Cima. Ao longo destas estradas estabeleceram-se quintas e foi crescendo o casario, aparecendo em documentação referência aos sítios distintos da Palma de Cima e da Palma de Baixo, os quais, juntamente com os de Palhavã, Sete Rios e Ponte Velha vieram a constituir a freguesia de São Sebastião da Pedreira, criada na 2ª metade desse século. O topónimo Calçada de Palma de Baixo foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa por deliberação camarária de 30/09/1897. [cm-lisboa.pt]

Calçada da Palma de Baixo e Estr. das Laranjeiras |1944|
Chafariz das Laranjeiras
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Friday 16 October 2020

Chafariz das Laranjeiras

A ideia da construção deste chafariz remonta a Dezembro de 1791, no entanto as obras só ficaram concluídas em 1795, segundo projecto dos arqs. Honorato José Correia de Macedo e Sá e Francisco António Ferreira Cangalhas, como atesta uma petição dirigida pelo primeiro à Direcção das Reais Fábricas e Obra das Águas Livres. Inicialmente implantado diante do acesso principal da Quinta das Laranjeiras, propriedade do 1º barão de Quintela, encontra-se actualmente no cruzamento entre a Estrada das Larangeiras e a Calçada da Palma (na freguesia de São Domingos de Benfica), local para onde foi transferido no séc. XX [c. 1960]. [cm-lisboa.pt]

Chafariz das Laranjeiras |c. 1900|
Estrada das Laranjeiras [Calçada da Palma de Baixo]
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente

O chafariz de estilo rococó é flanqueado por um muro sobre o qual se eleva o corpo, integralmente em cantaria, que se compõe em três módulos, ostentando os laterais aparelho rústico e estípides sobrepujadas de fogaréus; o central mais elevado, ostenta sobre tabela rocaille uma pedra de armas reais de Portugal, sendo rematado por um frontão curvo. Um escudo elíptico assenta sobre a cartela com concheados, surgindo emoldurado por palmas. Na parte inferior do alçado principal está o tanque rectangular com ângulos boleados, possuindo duas bicas colocadas na base das estípides dos módulos laterais. O tanque é protegido por dois mourões.

Chafariz das Laranjeiras |1944|
Estrada das Laranjeiras [Calçada da Palma de Baixo]
Eduardo Portugal, 
in Lisboa de Antigamente


N.B. Conforme inquérito realizado, em 1940, às águas de Lisboa, é revelado que constituía uma água salobra, sulfatada e cloretada, tendo sido suspeita de inquinação; perante este relatório, a água foi desviada da bica; Na década de 50 - provável transferência para o local onde na actualidade se encontra e ligação do chafariz à rede pública de abastecimento de água. [vd. imagem abaixo]

Chafariz das Laranjeiras |1960|
Calçada da Palma de Baixo [
Estrada das Laranjeiras]
Arnaldo Madureira, 
in Lisboa de Antigamente

Sunday 11 October 2020

Rua do Loreto

O olisipógrafo Luís Pastor de Macedo refere que esta artéria «É uma parte do antigo caminho que ia das Portas de Santa Catarina (Largo do Chiado) para Santos e Alcântara. Brandão na sua "Estatística de 1552" dá-lhe já o nome de rua do Loreto, os sacadores da derrama de 1565 designam-na por rua dr.tª q vay do loreto pª calçada do congro. O cura da Sé, em 1605, por rua direita fora da porta de Sª Cª, e os registos paroquiais da freguesia da Encarnação dão-lhe geralmente a denominação simples de rua Direita, algumas vezes, poucas, a de rua Direita do Loreto e só por acaso rua do Loreto, a não ser em grande parte do século passado e no actual [séculos XIX e XX], em que tanto uma como
outra das últimas denominações citadas, foram as únicas empregadas.

Rua do Loreto [c. 1910]
Esquina com a Rua da Emenda
Alfaiataria «A. Couto» e Chapelaria «Salão Ravasco»
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

Depois do terremoto, isoladamente, deram-lhe também o nome de rua Larga do Loreto. Esta rua, antes da demolição dos célebres casebres do Loreto (ruínas do palacete dos Marialvas) e portanto antes de se ter feito a praça Luís de Camões, chegava pelo nascente até à rua Larga de S. Roque, hoje rua da Misericórdia.»
(MACEDO, Luís Pastor de, Lisboa de Lés a Lés, vol. III), 1942

Antigo palácio dos Marqueses de Marialva (Casebres do Loreto) [1859]
Inscrição no original: fachada sobre o Largo das Duas Igrejas, actual Praça Luís de Camões e antigo Largo do Loreto; Rua do Loreto
Desenho a de Júlio de Castilho, ,in Lisboa de Antigamente

Friday 9 October 2020

Santa Catarina

O Alto de Santa Catarina — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , designação que foi simultânea com a de Belver, mas resistiu, deve a designação à circunstância de neste sítio – exactamente onde está esse Palacete n.º 2, [Palacete Alfredo da Silva, hoje na posse da Associação Nacional das Farmácias] com pátio guarnecido de gradeamento – ter existido a Igreja paroquial de Santa Catarina do Monte Sinai. No alto deste cabeço, havia, como atrás disse, desde o século XV uma enorme Cruz de madeira, que servia de guia aos mareantes.

Rua de Santa Catarina [entre 1898 e 1908]
Encimando a rua, no  Alto de Santa Catarina, nota-se o Palácio do Conde de Verride.
Machado & Souza, in AML

Santa Catarina, como as Chagas, e como aliás toda a encosta e orla marginal, viveu e cresceu, fez nome e ressoou, sob o influxo do Tejo. Falei-te, Dilecto, da Igreja de Santa Catarina; já cá não está há cem anos, e sabe-se dela o lugar, que já referi. Limito-me pois a uma nota retrospectiva.

Antiga Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai no séc. XIX
Desenho, in AML

A Igreja de Santa Catarina do Monte Sinai fora edificada em 1557 pela Rainha D. Catarina, mulher de D. João III, e por ela doada à Irmandade dos Livreiros, da qual era Juiz um fidalgo, do Conselho de El-Rei, Simão Guedes, que, com um frade Jerónimo, Miguel de Valença, foram os animadores da obra no espírito da Rainha. Em 1559 Santa Catarina, pequena mas de desafogadas vistas, era paroquial. O Terramoto deixou mal ferida a Igreja, que foi reedificada em fins de 1757. Em 1835 ardeu completamente; os seus restos continuaram na posse da Irmandade dos Livreiros, e foram removidos entre 1856 e 1862.

Rua de Santa Catarina [entre 1898 e 1908]
Junto à Calçada de Salvador Correia de Sá
Machado & Souza, in AML
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 71-72, 1939.

Sunday 4 October 2020

Rua de Campolide

A designação Campolide é antiquíssima. O sítio de Campolide é de urbanização recente. Segundo Norberto de Araújo nas suas Peregrinações em Lisboa: “Não significa isto, porém, que Campolide não fosse povoado desde há duzentos anos, mas com carácter rústico arrabaldino – aprazível sítio –, e em aglomerados soltos, dos quais o mais assinalado se encontrava no prolongamento da estrada, agora Rua de Campolide, muito além das barreiras, sensivelmente no trôço de encosta, entre o actual edifício das Irmãzinhas e o Quartel de Caçadores 5, no local das casas de Estêvão Pinto.
No século XVIII, contido entre quintas muradas, estrada de passagem obrigatória – Campolide existia sem definição nem classificação. Algumas das suas casas, hoje de pé ou transformadas atestam quanto te digo. 

Rua de Campolide [1952]
Antiga Estr. de Campolide, antes Cruz das Almas
Nota-se ao fundo o viaduto ferroviário de Sete Rios
Judah Benoliel, in A.M.L.

Vejamos agora ...
Campolide — que significa? Qual a origem do vocábulo?
Nós não temos tempo, nem plano, para nos embrenharmos nestas complicadas dissertações etimológicas. A versão de que a palavra corresponde à abreviação de Campo-da-lide (século XIV, tempo do Cerco a Lisboa pelos castelhanos) está posta de parte. Alguns séculos antes a designação existia; já o Rei D. Afonso II (1211) possuía «duas vineas in Campolide». Parece mais acertado ficarmos na ignorância da origem da palavra, que corresponderia já no ciclo da tomada de Lisboa ao que o cruzado Osberno chamava, pela sónica, Compolet, e que seria Campolit."

Rua de Campolide [c. 1949]
Antiga Estr. de Campolide, antes Cruz das Almas
Lápide foreira datada de 1742.
Eduardo Portugal, in A.M.L.

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 77-78, 1939.

Friday 2 October 2020

Chafariz da Mãe d'Água

Outro grande chafariz de Lisboa, e que sempre gostamos de contemplar, é o chafariz da Mãe de Água, com suas escadinhas, ao fundo da Rua da Alegria. Imagine-se a algazarra que ali haveria para o trabalho dar para duzentos e trinta e dois aguadeiros, dirigidos por oito capatazes, os quais se contavam, em toda a cidade, em número de oitenta e cinco.


Este chafariz data de 1840, altura em que foi transferido do topo superior do desaparecido Passeio Público, então designada de Praça da Alegria de Baixo.

Chafariz da Mãe d'Água |1959|
Antigo chafariz da Praça da Alegria de Baixo
Rua da Mãe D'Água
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Contendo águas da distribuição, vindas da Casa da Água das Amoreiras, é alimentado através de uma derivação da galeria, que tendo como ponto de partida a Mãe d'Água das Amoreiras, vinha abastecer o Chafariz de São Pedro de Alcântara. Trata-se de uma construção simples, de pedra aparelhada, formada por uma caixa de água paralelepipédica, delimitada lateralmente por duas pilastras levemente salientes, pontuada por dois amplos janelões, com fortes grades de ferro, dispostos simetricamente no plano frontal do chafariz.

Chafariz da Mãe d'Água |c. 1900|
Antigo chafariz da Praça da Alegria de Baixo
Rua da Mãe D'Água
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Destaca-se a belíssima estrutura em cantaria de calcário lioz; bicas em bronze; grades das janelas e gatos dos tanques em ferro; janelas com vidro simples.
Há muito que a água já não corre por esta Mãe-de-Água de outros tempos, albergando actualmente uma enoteca. 
 
Chafariz da Mãe d'Água |1954|
Antigo chafariz da Praça da Alegria de Baixo
Rua da Mãe D'Água
Fernando Matias, in Lisboa de Antigamente


Bibliografia
MARTINS, Rocha, Lisboa: história das suas glórias e catástrofos, vol. 2, p.681, 1947

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