Thursday, 3 September 2015

Rua da Conceição

Sobre a Rua da Conceição refere a Portaria pombalina de 5 de Novembro de 1760, diploma do rei D. José com que foi inaugurada em Lisboa a prática de atribuição de nomes de ruas por decreto e, no qual se estabelece a denominação dos arruamentos localizados da Baixa lisboeta reconstruída, entre a Praça do Comércio e o Rossio, ao mesmo tempo que regulariza a distribuição dos ofícios e ramos do comércio pelos diferentes arruamentos, a saber: Rua Nova d'El Rey, Rua Augusta, Rua Áurea, Rua Bella da Rainha, Rua Nova da Rainha, Rua dos Douradores, Rua dos Correeiros, Rua dos Sapateiros, Rua de S. Julião, Rua da Conceição, Rua de S. Nicolau, Rua da Victoria, Rua da Assumpção e Rua de Santa Justa.

Sobre a Rua da Conceição refere a Portaria que «Assim se denominará a segunda das referidas seis traveças, e nella se acommodorão os Mercadores de logens de retroz

A escolha do topónimo deriva da proximidade à Igreja da Conceição, aliás como o sublinha Luís Pastor de Macedo quando afirma que «os nomes de S. Julião, da Conceição, de S. Nicolau, da Vitória e de Santa Justa, foram dados às ruas que mais perto passavam das igrejas e ermidas que com aquela invocação, segundo o plano estabelecido, se haviam de erguer ou se estavam já construindo.»
(in cm-lisboa.pt)

Rua da Conceição vulgo dos Retroseiros [1909]
Retrosaria Fernandes & Cardoso onde existe uma lápide e um poço com acesso às galerias romanas.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Depois do grande terramoto de 1755, quando, em 1770, se abriam caboucos para a construção de um prédio na esquina da Rua da Prata com a Rua dos Retroseiros (ou da Conceição) foram encontradas as ruínas de um complexo de galerias inicialmente identificadas como termas romanas. No local apareceu também uma grande lápide, de mármore dedicada a Esculápio, deus da Medicina que fora mandada gravar por dois augustais, ambos de origem grega e por eles oferecida ao município olisiponense que levou à identificação deste sítio como termas. Calcula-se que a sua construção date do tempo de Tibério (14-37 a.C.). (in arqueologia.patrimoniocultural.pt)

Base de estátua a Esculápio
Proveniência: Rua da Prata, Lisboa
Cronologia: Época romana. Ano (s) 14-37 d.C.
Tipologia: Base de estátua em mármore branco (lápide)
Dimensão: altura 73 cm largura 72 cm espessura 53 cm

Pedestal de estátua (lápide; na face superior está patente um orifício destinado ao respectivo encaixe; bloco alisado nas faces laterais e anterior; a peça encontra-se fracturada na face posterior. A paginação do texto segue sensivelmente o eixo de simetria. Os dedicantes apresentam antropónimos de cariz grecizante e identificam-se como augustais; são, evidentemente, libertos. Esta dedicatória a AESCVLAPIVS não está necessariamente associada ao culto imperial, apesar dos cargos religiosos nesse âmbito desempenhados por Marcus Afranius Euporio e por Lucius Fabius Daphnus. 

« SACRVM / AESCVLAPIO / M(arcus) . AFRANIVS . EVPORIO / ET / L(ucius) . FABIVS DAPHNVS / AVG(ustales) / MVNICIPIO . D(ono) . D(ederunt) //.»

Tradução: "Consagrado a Aesculapio. Marco Afranio Euporio e Lúcio Fábio Daphno, augustais do município, deram e dedicaram".

Planta e cortes verticais das galerias romanas consagradas a Esculápio,
descobertas no subsolo da Rua da Prata

2 comments:

  1. Rua da Conceição, que saudades dos 'Retroseiros' dessa rua,sempre impecáveis, de bom trato, exímios na arte de atendimento ao público. Também, havia quem lhe chamasse pelo nome de Rua dos 'Retroseiros', talvez por haver grande concentração de lojas, desse género. Recorde-me também de uma drogaria nessa rua, mesmo ao fim, quase esquina, com a Rua da Madalena,onde ia comprar petróleo... isto em 1963,era eu um 'puto'. Em frente dessa drogaria, estava a Barbearia - ainda, existe - do 'Alberto' conceituado Barbeiro, grande Mestre na arte do corte de cabelo. Salvo erro, na altura, era o Presidente do Grémio dos Barbeiros, sito na Rua dos Fanqueiros, onde os Barbeitos recebiam formação e se atualizavam -naquela época a grande moda era o corte 'francês ' o cabelo era cortado a navalha e depois penteado com o secador e uma escova especifica. Bom, continuado, em frente da CGD, havia uma grande loja de ferragens, 'entalada'- fazia esquina, com as RUAS Nova do Almada e, Crucifixo, respetivamente. Quem for desse tempo, deve-se recordar.

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  2. Eu serei dos mais velhos a recordar a rua dos "retroseiros"... Nascera por perto. Com uns 10 anitos, em 1938, ia levar os coletes, feitos por minha mãe, aos Armazéns do Norte, (depois, Mister Man...) na esquina da rua dos Fanqueiros com a rua de São Nicolau (?).
    O que recordo mais facilmente na rua da Conceição, é uma tabacaria pequenina, do lado esquerdo para quem desce do largo da igreja da Madalena antes da rua dos Fanqueiros. Autêntica sucursal do Benfica, do meu vizinho Henrique Folgosa... A seguir havia uma mercearia, em frente um barbeiro. Pena a minha memória de curto prazo já ser muito pior... Há mais de 60 anos, que não vivo permanentemente em Lisboa e sinto saudades...

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