Sunday 30 July 2023

Rua de São Julião (ou S. Gião) que foi dos «Algibebes»

Já agora, duas palavras, Dilecto, acerca desta tão alfacinha — tão olisiponense, o que empresta à frase um sentido mais elevado — Rua de S. Julião. Foi das mais antigas, como sítio ao menos — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , desta Lisboa, da Ribeira, e chegou ao século XVI enfeixada de pitoresco e de carácter. «S. Gião» ficou na literatura e no teatro [vd. Nota(s)], certo como é a sua paróquia advir pelo menos de 1222 — alguns recuam a 1201— , «uma das primeiras e mais opulentas da cidade»..

O sítio de S. Julião deveu o nome à Igreja medieval, onde é tradição que recebeu baptismo Pedro Julião— eleito Papa João XXI em 1276— , e que foi a paróquia do Paço da Ribeira. [...,] O Terramoto deu cabo dela. O Largo de S. Julião, que caía sobre o chão que deu a Rua dos Retroseiros [Conceição] — sumiu-se. Mas esta Rua ficou de S. Julião até hoje, embora o povo lhe chamasse «Algibebes», pois aos algibebes foi destinada quando se rompeu depois de 1755.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa,vol. XII, pp. 49-50, 1939)

Rua de São Julião, poente |190-|
«Vulgo dos Algibebes, porque quase todas as suas lojas são ocupadas por vendedores
de fato feito».  [F.M.Bordalo: 1863]
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

À cidade de Lisboa confirmação do acordo que fizeram sobre os aljibebes, pelo qual estes não mandem fazer um vestido de pano novo, salvo de galez, entre outros, que se especificam.
Esta concessão é feita em virtude dos vereadores, procurador em câmara e os procuradores dos mesteres alegarem que os aljibebes faziam roupas de panos finos e de sortes de panos em que o povo podia ser enganado, vendendo uns pelos outros, entre outros malefícios. Álvaro Fernandes a fez.==
(Chancelaria de D. Manuel I, liv. 17, fl. 97v,1496-152, in ANTT)

Rua de São Julião, nascente |190-|
O Decreto de 5 de Novembro de 1760 determinou os arruamentos da Baixa lisboeta,
distribuindo as diferentes classes de mercadores em diversas ruas. 
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): Vem referenciada no Pranto de Maria Parda (1522), de Gil Vicente, como rua de «San Gião».

Friday 28 July 2023

Mercado de levante na Avenida Casal Ribeiro

Mercados que funcionam ao ar livre, sendo o sombreamento conseguido à custa de chapéus-de-sol ou toldos. As bancas são montadas e desmontadas todos os dias (daí advém a designação de mercado de levante).

A Avenida Casal Ribeiro nasceu por via do Edital municipal de 29 de Novembro de 1902, para ser o topónimo da via pública que existia entre a Praça Duque de Saldanha e o Largo de Dona Estefânia.
Entre Setembro de 1900 e Agosto de 1906 encontramos diversos documentos municipais relacionados com a execução da «Avenida do Conde de Casal Ribeiro», nomeadamente que foram expropriados e trocados terrenos para o efeito, como Espinhaço de Cão e Terra do Alto.

Mercado de levante na Avenida Casal Ribeiro |1921-12-20|
Encimando a avenida destaca-se o Monumento ao Duque de Saldanha e o antigo
Palácio Camarido (depois Monumental).

C. Salgado, in Lisboa de Antigamente

Sunday 23 July 2023

Avenida da República com a Elias Garcia: Casa Elisa Vaz

Em 1912, o arq. Raul Lino (1878-1974) constrói a singular casa Elisa Vaz que, para além do notável tratamento urbano do cunhal, é ainda considerada, a sua obra mais "estrangeirada", de clara influência europeia modernista, sobretudo pela marcação ritmada e horizontal das janelas e pela ausência de decoração das fachadas deixando sobressair o recorte de volume puro.
(PORTAS, Nuno, "A Evolução da Arquitectura Moderna em Portugal, (1973), in Bruno Zevi, História da Arquitectura Moderna,p.705,  1978)

Avenida da República com a Elias Garcia; Casa Elisa Vaz |1964-06|
Prédios, já demolidos, no quarteirão entre entre as avenidas Elias Garcia e Barbosa du Bocage
João Goulart, in Lisboa de Antigamente

A casa Elisa Vaz expressa uma escala e delicadeza formal atenta aos “aspectos variados a que as circunstâncias especiais de ambiente e época obrigam, através do emprego de uma semântica algo efémera, cuja fragrância Jugendstil [vf. Nota] é particularmente adequada à atmosfera de vaga densidade cultural das recém-construídas avenidas novas.
(Cadernos do Arquivo Municipal, 2016)

Casa Elisa Vaz |195-|
Esquina da Avenida da República com a Av. Elias Garcia
Colecção da Família de Raul Lino, in Lisboa de Antigamente

Nota(s): O termo Jugendstil designa um movimento cultural alemão, com expressão fundamentalmente no campo das artes plásticas, formado em 1880, em Munique, desenvolvendo-se em simultâneo com os estilos congéneres da Arte Nova e do Modern-Style (o primeiro com significativa representação em França e o segundo surgido em Inglaterra).

Friday 21 July 2023

Agência Havas e Casa Barros & Santos

Nos n.ºˢ 234 a 242, do lado direito da Rua, vemos o edifício da Agência Havas, um dos mais modernos, após a sua transformação quási radical, desta Rua do Ouro.

A Agência Havas foi fundada por Charles Havas em Paris em 1832 — recorda Norberto de Araújo. O fundador era filho de Carlos Luiz Havas, português nascido no Porto em 1751, e que em pequeno passou a França com seu pai, de uma boa família de negociantes e letrados (entre eles Frei Bernardo de Brito). A Agência em Portugal data de 1870. A Havas ocupa este edifício, que antes pertencera à firma Barros & Santos, desde Junho de 1932; antes estava numa modesta loja da Rua de S. Julião.
 
 Agência Havas |194-|
Rua Áurea, 234 a 242
Kurt Pintoin Lisboa de Antigamente

A desaparecida Casa Barros & Santos tomara este edifício, por troca, ao Banco do Minho, em 1921, como já disse, e trespassou-a à Agência Havas em 1931. A obra de transformação da propriedade é do risco de Carlos Ramos.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 80, 1939)

 Casa Barros & Santos |1921-12-27|
Rua Áurea, 234 a 242
Autor não identificadoin Lisboa de Antigamente

Sunday 16 July 2023

Palácio da Mitra

Transposta a embocadura da Rua Capitão Leitão, surge-nos o Palácio que foi dos Patriarcas de Lisboa, a famosa «Mitra» do século XVIII, mas que a mais longe recua.
O Palácio da Mitra — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , dito de Marvila, situado na Rua do Açúcar, entre o Beato e Poço do Bispo, monumento municipal, é um dos mais lindos exemplares arrabaldinos de arquitectura solarenga seiscentista, a despeito da sua reedificação, que abrangeu todo o exterior, ser vincadamente ao século XVIII.


O primitivo Palácio da Mitra lisbonense, casa de campo dos prelados, remontava, pelo menos, ao começo do século XVII, e dele não existem vestígios; desfrutava de larga quinta e chãos que sobreviveram à transformação do palácio, restaurado e ampliado pelo penúltimo arcebispo de Lisboa, D. Luís de Sousa (1676-1702). Foi, porém, o 1.º patriarca de Lisboa (1716). D. Tomás de Almeida. da Casa Lavradio e Avintes. quem, dispondo de muitos bens e de protecção como um grande da corte, que era, reedificou totalmente o palácio, com grandeza e bom gosto. construindo mesmo. sobre o rio. um cais para seu serviço privativo. O palácio, incorporado temporariamente nos bens nacionais depois de 1884, ainda serviu de residência patriarcal a D. Frei Patrício da Silva e a D. Frei Francisco de S. Luís, Cardeal Saraiva, que nele morreu em 7 de Maio de 1845.

Palácio da Mitra |c. 1941|
Rua do Açúcar, 56-64
O Palácio da Mitra é uma construção rectangular em planta, com dois andares, medindo 27 metros na fachada principal, que enfrenta o Tejo sobre a Rua do Açúcar, e na fachada posterior, e cerca de 21 metros na fachada lateral Poente.
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

Em 1864 o Palácio da Mitra foi à praça para com o seu produto se adquirir uma outra residência patriarcal, que veio a ser o Palácio dos Condes de Barbacena no Campo de Santa Clara (era prelado D . Manuel Bento Rodrigues). comprando-o então, por dez contos, o espanhol D. José Saldanha. Marquês de Salamanca, um dos fumadores da Companhia Real dos Caminhos de Ferro, o qual, por sua vez, em 1874, vendeu, por cinquenta e quatro contos, a propriedade palaciana e rústica a Horácio Justus Perry. encarregado de negócios dos Estados Unidos em Madrid (onde se encontrava D. José Saldanha), marido {1862) da poetisa espanhola D. Carolina Coronado, que na casa do campo que fora dos prelados de Lisboa viveu durante anos, mesmo depois de viúva (1891). e onde morreu. Em 1902 a «Mitra» passou de D . Carolina Coronado ao Dr. António Centeno, que já possuía os direitos hipotecários sobre a propriedade do bloco rústico e urbano; alguns poucos anos depois este imóvel foi adquirido por uma sociedade constituída por Francisco de Moura e Sá e Manuel Fuertes Peres; em 1909 a propriedade era apenas de Fuertes Peres que em 1918 se ligou com Ernesto Henriques Seixas, fumando a Fabrica Seixas, de metalúrgica e fundição, encerrada em 1925, e cujos restos de barracões e armazéns ainda se viam há pouco tempo.

Palácio da Mitra, fachada poente |c. 1946|
Rua do Açúcar, 56-64
A fachada Poente do palácio, com quatro janelas de sacada, não equidistantes, estando a do ângulo Sul apoiada em mísulas. e três janelas inferiores de peitoril. Uma varanda, ou mirante, que corre ao longo sobre o muro Sul do pátio, guarnecida por cortina de varões de ferro, do lado interior, cortina que liga com a varanda da janela do ângulo Sul (dir.).
Mário Chicó, in Lisboa de Antigamente
Palácio da Mitra, Pátio de Honra |1945|
Rua do Açúcar, 56-64
O Pátio de Honra, além do portal, uma pequena escadaria, desdobrada em dois curtos lanços, que nasce à direita do pátio, decorada na frente por um tanque. com bica de carranca de mármore, e ladeada por cortina de grade de ferro forjado, de tipo setecentista, ao gosto francês; no patamar, porta de acesso ao átrio do palácio. emoldurada, sobrepujada por óculo oblongo gradeado.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Foi só em Abril de 1930 que a Câmara Municipal de Lisboa comprou à firma proprietária da fábrica, Fuertes & Comandita. o palácio, terreno e mais anexos, tudo por 4.000 contos, para aqui instalar um matadouro, projecto do qual depois a Câmara desistiu por haver encontrado nos Olivais e nos terrenos de Beirolas (quintas de S. Bento, da Letrada e do Salto) terrenos mais apropriados. A Câmara, de posse de tão belo edifício. resolveu instalar no palácio uma biblioteca municipal. inaugurada em 16 de Outubro do 1934, sendo os terrenos rústicos, com suas casas, destinados a asilo de mendicidade — o Asilo da Mitra, ou simplesmente «Mitra» no dizer do vulgo — , inaugurado em 4 de Maio de 1933. e que recebeu posteriormente importantes beneficiações.
Em 1941 a Câmara resolveu instalar no Palácio um Museu da Cidade, aproveitando o melhor do recheio artístico e arqueológico do Palácio Galveias; foi esse Museu inaugurado em Abril de 1942, mas circunscrito à antiga casa nobre prelatícia e ao pátio de honra.

Palácio da Mitra, antiga capela |1908|
Rua do Açúcar, 56-64
Capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição de planta ovalada, com cobertura em
cúpula, decorada a estuques, com retábulo de talha policroma do barroco joanino,
profusamente decorada por azulejo. Capela do risco do arquitecto Rodrigo Franco,
demolida em 1934.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

O tempo áureo do Palácio da Mitra — que, assinala-se, nunca passou de uma casa de campo — decorreu na primeira metade do século XVIII, durante a vida de D. Tomás de Almeida, que contudo não fazia da Mitra residência habitual (morreu, em 1754, no Palácio Niza, em S. Roque). Em ]u1ho de 1766 esteve instalado neste palácio durante três dias, como hóspede do Rei D. osé, o novo Embaixador de França. Marquês de Baschi e de Pignan, servindo de hospedeiro um vedor da Casa Real, tendo vindo do Tesouro de El-Rei os móveis ricos, tapeçarias, baixela e armações das salas.==

Palácio da Mitra, Portal Nobre |194-|
Rua do Açúcar, 56-64
O Portal Nobre (século XVIII), ao centro, e nele: a emolduração de cantaria rematada em elegante comija sobre a qual assenta o tramo central da balaustrada ladeado por vasos ornamentais; o Portão, propriamente dito, em serralheria artística, no qual se vêem as iniciais, cm ferro, T. C. P ., de um lado e P. D. L., do outro (Tomás, Cardeal Patriarca e Prelado da diocese de Lisboa), com tímpano rematado em volta redonda, sobrepujado pela pedra de armas dos Lavradios e Avintes (seis besantes entre vãos de cruz doble), mas com tiara por timbre.
António Castelo Branco, in Lisboa de Antigamente

N.B. Em 1973 o Museu da Cidade deixa de ocupar o edifício, transferindo-se para o Palácio Pimenta; o andar inferior é cedido durante alguns anos ao grupo Amigos de Lisboa para instalação da sua sede e biblioteca, ficando o andar nobre destinado aos serviços de protocolo da Câmara Municipal.
Actualmente é utilizado para recepções oficiais. Encontra-se classificado como Monumento de Interesse Público.

Palácio da Mitra |c. 1850|
Rua do Açúcar, 56-64
Fachada principal de aspecto sóbrio e harmonioso que lhe imprimiu o Cardeal D. Tomás de Almeida. O portal de gradaria, que abre para o pálio, é dos mais curiosos e artísticos dos velhos solares de Lisboa. Vê-se ainda, à esq., o suporte do cais privativo do Patriarca D. Tomás de Almeida, com as pirâmides decorativas armoriadas de Lavradio e Avintes.
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1947.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. XV, p. 74-75, 1939.

Friday 14 July 2023

Avenida Duque de Loulé, 72-74

Construção em 1909, da autoria do arq.º Adolfo A. Marques da Silva para Fortunato Jorge Guimarães, 2ª Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1909. Aqui funcionou o Auto-clube Médico Português. Demolido em 1965.

Menção Honrosa do Prémio Valmor de 1909
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
 
N.B. Instituído há um século, o Prémio Valmor surge na sequência de indicações deixadas no testamento do segundo e último visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes, diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino, governador civil de Lisboa e grande apreciador de belas artes.
Falecido em França em 1878, segundo o seu testamento, uma determinada quantia de dinheiro era doada à cidade de Lisboa de modo a criar-se um fundo. Este passaria a constituir um prémio a ser distribuído em partes iguais ao proprietário e ao arquitecto autor do projecto da mais bela casa ou prédio edificado.
Surge assim, com o nome do seu instituidor, o Prémio Valmor de Arquitectura.

Sunday 9 July 2023

Poço do Bispo, doca

Durante séculos, a orla ribeirinha oriental de Lisboa era uma zona rural e de lazer da cidade, que se veio povoando de quintas de recreio das famílias abastadas, onde se procurava usufruir dos bons ares do rio e do campo, assim como das magníficas vistas da região. 

Poço do Bispo, doca |1960|
Descarga de sal feita por mulheres.
João Goulart, in Lisboa de Antigamente

Em finais do século XVIII, como resultado das políticas pombalinas de incremento à indústria, este cenário idílico começa a povoar-se de manufacturas, que produzem bens facilmente embarcados para os seus destinos nas “praias” de Xabregas, por meio da grande via de transportes que era o rio Tejo. 
No Poço do Bispo, e a actividade portuária prospera.
(in Pátios and Vilas of Marvila e Beato: ways of life from an old motion, Margarida Reis e Silva, 2016)

Poço do Bispo, doca |c. 1960|
Ciclo da batata, carregando as camionetas na Doca do Poço do Bispo. Ao fundo nota-se o Palácio da Mitra na Rua do Açúcar.
Artur Pastorin Lisboa de Antigamente

Friday 7 July 2023

Calçada Bento da Rocha Cabral

Pois deitemos à Calçada de Bento da Rocha Cabral (1924), antiga Calçada da Louça (da fábrica de louça do Rato), e que que corresponda, rectificada no traçado, à Azinhaga do Rato da primeira metade de setecentos.
Bento da Rocha Cabral [1827-1921] foi um homem rico, de boa índole, que muitos anos viveu no Brasil; um dia leu umas crónicas médicas da autoria do Dr. Ferreira de Mira, que ele não conhecia, e resolveu doar, com destino a investigações científicas este prédio n.° 14, por ele edificado. Criou-se então o Instituto de Investigação Científica de Benta da Rocha Cabral inaugurado em 1925. [Araújo, XI, 1939]

Calçada Bento da Rocha Cabral, 14 |1961|
Ao fundo observa-se o edifício do Instituto de Investigação Científica de Bento da Rocha Cabral; Mãe d'Água das Amoreiras. 
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Sunday 2 July 2023

Exposição Lisboa Antiga

A exposição «Lisboa Antiga» — reconstituição em miniatura de um antigo bairro lisboeta anterior a 1755  — , é inaugurada a 4 de Junho de 1935 no contexto das Festas da Cidade, ocupando o terreno da Cerca do extinto Convento do Santo Crucifixo das Capuchinhas Francesas (Convento das Francesinhas).
Uma vez demolida essa efémera (mas bem sucedida) construção, o espaço manteve-se desocupado até ser inserido no plano de embelezamento da zona de protecção do Palácio da Assembleia Nacional que, no decorrer da década de 1940, se traduziu no arranjo da envolvente do edifício, por via da construção da monumental escadaria, e da execução de um jardim no terreno das Francesinhas, no qual o seu arquitecto, Luís Cristino da Silva, previu reedificar o Arco de São Bento, demolido em 1938. O Jardim é inaugurado em 1949, sem o arco (que é reconstruído na praça de Espanha em 1998).

Exposição Lisboa Antiga, vista de S.| 1935|
O Jardim das Francesinhas, ou Jardim Lisboa Antiga, fica no cruzamento da Calçada da Estrela, ao fundo junto à Assembleia da República , com a Rua das Francesinhas, à dir..
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Nos terrenos do antigo convento das Francesinhas, podia observar-se um trecho de Lisboa do século XVII, com os seus arruamentos típicos, o seu comércio e palácios, uma curiosa miniatura, evocação da época da capa e espada, com as rondas de alabardeiros e oficiais de chapéus emplumados. Ali se vêem representadas as suas estalagens e alquilés, sem lhe faltar o Pátio das Comédias, onde tanto sucesso fizeram os autos dos nossos escritores gongóricos.

Exposição Lisboa Antiga, vista d0 N.| 1935|
Em baixo nota-se a entrada do recinto feito pela Calçada da Estrela. Ao fundo à dir. vêem-se os prédios na curva da Rua Miguel Lupi; em último plano observa-se o antigo edifício do antigo Convento das Inglesinhas (ao Quelhas), actual ISEG.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

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