Tuesday, 7 July 2015

Bairro Barata Salgueiro

Em 1880, concluía-se um acordo com o capitalista Antão Barata Salgueiro (1814-1895) que, libertando terrenos entre a rua do Salitre e a Avenida permitia a urbanização de um novo bairro, com um traçado de ruas regulares será edificado com habitações destinadas à alta burguesia lisboeta. [...]
A edilidade, como reconhecimento, atribuiu o nome do doador a uma artéria perpendicular à Avenida da Liberdade e em direcção à antiga Azinhaga do Vale Pereiro: a Rua Barata Salgueiro, assim designada pela deliberação camarária de 6 de Maio de 1882, que hoje se delimita entre a Rua de Santa Marta, a nascente, e a Rua Rodrigo da Fonseca, a poente. Também na mesma deliberação camarária de 1882 foram nomeadas as outras artérias incluídas no perímetro do novo bairro: Alexandre Herculano, Passos Manuel (reno meada Rosa Araújo, em 1887), no sentido pente-nascente, e as ruas Castilho e Mouzinho da Silveira, na orientação norte-sul. [Santos: 2010]


Avenida da Liberdade com a Rua Barata Salgueiro |1902|
Palacete de Cipriano Ribeiro Caleia (esq), Palacete de Barata Salgueiro (dir), demolido em 1970.
Bilhete postal antigo circulado de Lisboa para Clermont-Ferrand (França), em 1902. 
Edição F.A. Martins (Faustino António Martins, BP n°63. 
Colecção particular Hugo de Oliveira. 

E assim foi existindo até há coisa de 35 anos (de permeio houve intervenções de nomeada em alguns palacetes, com adaptações modernistas, feitas por Cassiano Branco, entre outros, mas sem nunca se adulterar sobremaneira a unidade do conjunto), altura em que o bairro entrou em perda: perda no rendimento dos proprietários à omnipresença do automóvel, de escritórios e serviços, e dos acrescentos, a construção nos logradouros das moradias dos Carvalhos/Cinemateca e de Medeiros e Almeida, por ex.) e perda no número de moradores, o que aliado à venda sucessiva de palacetes e prédios de rendimento a imobiliárias (muitas delas estrangeiras), ao crescente estado de abandono do edificado, à crónica fraqueza de quem de direito não fez o que lhe competia - classificar o bairro e zelar pela observância dos regulamentos para a conservação de edifícios -, ao boom especulativo, às primeiras demolições para a construção de bancos (BNU, BES...) e hotéis (Hotel Altis à cabeça); levaria a que hoje o bairro esteja irreconhecível, sem graça, alçados espelhados, "cabeçudos", que encimam muitos dos prédios de antanho, coroando fachadas agora "para inglês ver" (Heron Castilho, Allianz, Hotel Vintage, etc.).

Panoramica sobre a R Barata Salgueiro  |c. 1910|
A urbanização dos terrenos adjacentes à parte ocidental da Avenida da Liberdade só avançou a partir de 1880, depois de acordo entre a Câmara e o capitalista e advogado Antão Barata Salgueiro, proprietário de uma larga área de terrenos nessa zona.
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

1 comment:

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