Em 1929, Agapito da Serra Fernandes, entregava ao arquitecto Norte
Júnior a tarefa de conceber uma sala de cinema — o Cine Royal. Exibindo
na fachada o «selo» do seu proprietário — a famosa estrela que
insistentemente se reproduz nos painéis azulejares e na calçada do «Bairro Operário Estrela de Ouro» (Graça) — é inaugurado no Natal com o filme «O Cadáver
Vivo», disponibilizando ao público uma sala com espaço para orquestra e
com capacidade para 900 lugares, contando com 1ª e 2ª plateias e um
balcão a descrever um «U», localizando-se os camarotes lateralmente.
O
Royal Cine estabeleceu a quinta-feira como seu dia de estreias,
apresentando a particularidade da realização, todas as quartas-feiras,
de «matinées-dançantes», por convite.
Cinema Royal, carinhosa e popularmente conhecido como o «Rolhas» [1977] Rua da Graça, 100 Vasques, in Lisboa de Antigamente |
A 5 de Abril de 1930 — através
duma aparelhagem «Western Electric» considerada, então, uma das marcas
mais reputadas — é exibido o filme «Sombras Brancas nos Mares do Sul»,
de W. S. Van Dyke, apresentado pela Metro-Goldwin-Mayer, introduzindo
deste modo o cinema sonoro em Portugal, facto que foi devidamente
assinalado pela presença do Presidente da República.
Na década de
1980 o espaço é transformado em supermercado, o que implica demolições,
restando hoje do antigo edifício apenas a fachada e o átrio da entrada.
Cinema Royal, matiné [1930-01-24] Rua da Graça, 100 Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Publicidade ao filme sonoro «Sombras Brancas nos Mares do Sul» |
Atesto e certifico que do espaço maravilhoso (mágico para mim em criança) só resta a fachada e o átrio com o relógio.
ReplyDeletehttp://www.osexoeaidade.com/2013/04/hoje-passei-por-la.html
Olá!
ReplyDeletePor favor, alguém me sabe dizer o que aconteceu ao Sr. Mário, antigo porteiro do Royal cine? A minha prima é filha dele, reside em Inglaterra e gostava de saber o paradeiro do pai e dos irmãos. O meu muito obrigada a todos, particularmente a quem disponibilize esta informação.
Frequentei o rolhas assiduamente nos tempos áureos da minha juventude.
ReplyDeleteBem haja a toda vossa equipa que tão boas recordações nos fazem reviver tempos como tal pedra lançada jamais voltará a não ser que a vamos buscar caso assimilado nesta página.
Obrigado
Pedro Fragoso