«Havia na fachada desta casa, há anos — e vê-se em estampas antigas — um altarzinho com o seu lampião, cousa de aguarela e de museu de humildades religiosas; o "procurador do senhorio" vendeu-o.» (Norberto de Araújo, in Peregrinações em Lisboa, vol. II, p. 74, 1938)
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Casa quinhentista da Rua dos Cegos, 20-22 [s.d. post. 1940] Note.se o registo seiscentista de azulejos com "um altarzinho com o seu lampião". Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente |
De facto, foi revelado por una carta dirigida ao Diário de Noticias de 1917, de haver o proprietário desta velha casa típica da Rua dos Cegos, vendido o registo seiscentista de azulejos referido acima por mestre Araújo, que fazia parte integrante da vetusta edificação e contribuía para a valorizar sob o ponto de vista arqueológico — prossegue a notícia — "veio mais uma vez, provar quanto é sensata a disposição do art. 45 do decreto-lei de 26 de Maio de 1911, segundo a qual devem ser objecto de um. inventario especial, ficando á guarda da Comissão de Monumentos da respectiva área, certas construções, que, sem terem caracter monumental, se recomendam, no entanto, pela sua feição típica, pelo seu aspecto pitoresco, pela documentação, que oferecem, de formas archi tectónicas ou decorativas de outros tempos".
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Casa quinhentista da Rua dos Cegos, 20-22 [c. 1900] Calçada do Menino Deus O registo de azulejos retrata a apresentação do Santíssimo por dois querubins. O pequeno elemento em ferro destinava-se à suspensão da candeia para iluminar o Santíssimo. José Artur Leitão Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
Na imagem abaixo datada de 1939 constata-se que na casa de ressalto quinhentista, rara na Lisboa pós terramoto, a ausência do dito registo seiscentista de azulejos. Foi, entretanto, aplicada uma cópia do dito registo de azulejos seiscentista, realizada por volta de 1940(?). Trata-se de uma peça policroma, sobre fundo branco, tendo representada uma custódia (alusão à Eucaristia), ladeada por dois anjos. O exemplar original pode ter constituído o elemento central de um frontal de altar reaproveitado, sendo paradigmático a passagem da peça, do espaço sagrado para o espaço profano. Os painéis daquela centúria são geralmente pintados por artesãos sem escola, tendo os desenhos contornos a manganês.[...] (n museudacidade)
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Casa quinhentista da Rua dos Cegos, 20-22 [1939-03] Observa-se ausência do registo seiscentista de azulejos. Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
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ReplyDeleteParece que afinal essa casa é muito posterior, feita à imagem de casas antigas, segundo informação dada pelos técnicos da CML. De qualquer forma, as fotos não poderão ser de 1900, já que lá estão os azulejos de 1930.
ReplyDeleteQueria apenas acrescentar estes detalhes, mas aproveito para dizer que sou um ávido leitor deste blog e com ele tenho aprendido muito!
A data avançada pelo texto "1930" poderá não estar correcta já a 2ª imagem é muito anterior. De qualquer modo o texto está em revisão.
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