Entraram numa praça que tinha ao centro um mercado com uma cobertura de ferro forjado.
Robert Wilson, A Companhia de Estranhos, 2009
Nasceu em 1755, no terreno das ruínas do Hospital Real de Todos-os-Santos, impondo-se como mercado central e destinado à venda de frutas e legumes. Passou entretanto por vários nomes: Horta do Hospital, Praça das Ervas, Praça Nova e Praça da Figueira. De um local de bancadas diárias passou a praça fixa, com barracas arrumadas e um poço próprio; era — claro — ao ar livre, como comprova a imagem abaixo.
Mercado da Praça da Figueira [ant. 1885] Rua da Betesga Colecção do Conde de Arnoso, in Lisboa de Antigamente |
Ao longo dos tempos, foi sofrendo algumas alterações consoante as necessidades da população. Assim, em 1835, é arborizada e iluminada, e em 1849 o recinto foi fechado com grades de ferro e oito portas,. Em 1883 a velha Praça foi demolida, e em 16 de Maio de 1885 inaugurou-se o novo Mercado, do risco de Manuel Maria Ricardo Correia, com a presença da Família Real.
Consistia num edifício rectangular, com estrutura em ferro forjado e ocupando uma área de quase 8 mil metros quadrados.
Da venda de fruta e legumes, passou-se à transacção
de outros produtos alimentícios necessários à população, fazendo da
baixa lisboeta um local com um constante fervilhar de vida.
"Bendita seja a Praça da Figueira, colorida, estridente, regateira,
como todo o mercado que se preza...É bem esta a paisagem portuguesa
que se deve mostrar, como surpresa,
à colónia estrangeira."
Fernanda de Castro (1900-1994). «O Mercado». Cidade em Flor. [1924]
Mercado da Praça da Figueira [post. 1885 e ant. 1900] Rua da Betesga Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Desde logo, a praça tornou-se um dos emblemas de Lisboa, quer pela sua construção, quer pela sua localização no centro da cidade, quer ainda pela realização de verdadeiros arraiais por altura dos santos populares, transformando-a num verdadeiro teatro.
Em 1947, a vereação da altura
decidiu o fim da praça, prevendo o alargamento da rede viária de
Lisboa, que incluía a demolição do Socorro e zona baixa da Mouraria como
forma de escoamento de trânsito, aproximando a cidade de Lisboa aos
padrões europeus.
Em 1949 festeja-se o último Santo António, procedendo-se
de seguida — a 30 de Junho — à demolição do edifício. [cm-lisboa.pt]
Mercado da Praça da Figueira [c. 1906] Rua da Betesga Fotógrafo desconhecido |
Bibliografia
CARNEIRO, Luís Miguel e Ilharco, Simões, Confeitaria Nacional.
CASTILHO, Júlio de, Lisboa antiga: bairros orientais,vol. I, III, X.
id, Lisboa antiga: o Bairro Alto, vol. V.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII.
CASTILHO, Júlio de, Lisboa antiga: bairros orientais,vol. I, III, X.
id, Lisboa antiga: o Bairro Alto, vol. V.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII.
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