Carvalho (Beco do) — Ou Rua Nova do Carvalho. Anteriormente ao terramoto de 1755, havia na freguesia de S. Paulo um beco denominado «da Carvalha».¹ Corria na direcção N. S., e ficava «entre a rua direita de S. Paulo e a da Praia [de S.Paulo?]». Tinha de comprimento 79 varas, 2 p. e 7/10, e de largura 2 varas, 4 p. e 9/10 [vd. N. do A.]. É provável reminiscência desta denominação transmudado o género, a da actual «Rua Nova do Carvalho», a qual, conquanto lançada na orientação oposta, deve avizinhar o poiso do antigo beco referido.
¹ «Que antigamente chamavam do Varão» , diz Carvalho da Costa [1712].
(BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935)
N. do A. A «vara» correspondia a 110cm e o «pé» a 0.33cm.
Rua Nova do Carvalho, lado nascente.|c. 1940| Denominado Arco Pequeno, sendo o Arco Grande o da Rua de S. Paulo; Rua do Alecrim Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
A Rua Nova do Carvalho, que liga a Travessa do Corpo Santo à Praça de
São Paulo, na zona do Cais do Sodré, tal como a Travessa do Carvalho,
evoca a família do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo,
responsável político pela reconstrução de Lisboa após o Terramoto de
1755 e, sobretudo o seu irmão Paulo de Carvalho e Mendonça.
O plano urbanístico de Pombal resolveu a forte inclinação da vertente da
Rua do Alecrim, prolongando-a numa espécie de ponte em dois grandes
arcos sobre a Rua de São Paulo
e a Rua Nova do Carvalho e, este projecto mereceu especial atenção do
Marquês de Pombal (1699-1782) que encarregou o seu irmão Paulo de
Carvalho e Mendonça (1702-1770), que foi Monsenhor da Patriarcal de
Lisboa, Inquisidor-mor e Presidente do Senado da Câmara (1764), da
administração das obras da Praça, a par de outras obras de primeira
importância para a cidade, como os Paços do Concelho, o Depósito Público
e o Cais da Ribeira.
Rua Nova do Carvalho, lado poente.|c. 1947| Denominado Arco Pequeno, sendo o Arco Grande o da Rua de S. Paulo; Rua do Alecrim Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente |
N.B. Para que a Rua do Alecrim descesse até à margem do Tejo e obtivesse assim uma formosa entrada — diz Pinho Leal no seu Portugal antigo e moderno — , foi preciso ao insigne arquitecto da nova Lisboa, Eugénio dos Santos Carvalho, vencer a grande dificuldade que lhe apresentava o terreno, na quebrada do Sul da rua.
Para isto concebeu, desenhou e executou arco (viaduto) que passa sobre a Rua de S. Paulo, por cuja circunstância se lhe deu o nome de Arco de S. Paulo (ou Arco Grande). Este arco, de ponto abatido e a ponte toda obliqua, a sua solidez e elegância, constituem esta obra um primor de arte neste género.
Pouco mais abaixo deste arco, há outro (denominado Arco Pequeno) que dá passagem à rua inferior (Nova do Carvalho). Estes arcos tinham primeiramente as guardas feitas de parede: hoje têm boas e solidas grades de ferro.
(PINHO LEAL, Augusto Soares de Azevedo de, Portugal antigo e moderno, 1874)
Gostaria de saber o nome da pessoa que fez essa foto da Rua Nova do Brasil. Obrigada.
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ReplyDeleteO fotógrafo está identificado na legenda.
DeleteMagnifica explanação, como sempre. Desconhecia por completo a a origem do topónimo e as denominações destes arcos de S. Paulo.
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