A extinta Igreja dos Anjos datava de 1568 e foi reedificada em 1758,
devido a danos causados pelo Terramoto. Segundo o olisipógrafo Luís
Pastor de Macedo, «A paroquial dos Anjos que como se sabe deu o nome à
rua, levantava-se num dos seus lados, no sítio onde a rua é cortada pela
avenida Almirante Reis [antiga Avenida Dona Amélia e antes Avenida dos
Anjos. vd planta mais adiante].
A paróquia fora fundada no tempo
em que o cardeal D. Henrique era arcebispo de Lisboa e teve por sede
uma ermida dedicada aos Anjos, ermida que alguns anos depois, com o
dinheiro havido do imposto de 5% lançado sobre os alugueres das casas
existentes na freguesia, se transformou no tempo de Filipe III, em «hum
dos mais lindos, & ornados Templos da Corte» no dizer de fr.
Agostinho de Santa Maria».
Primitiva igreja dos Anjos [post. a 1901 e ant. a 1908] Rua dos Anjos e, à direita, o Regueirão dos Anjos Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Primitiva igreja dos Anjos [post. a 1901 e ant. a 1908] Rua dos Anjos e, à direita, o Regueirão dos Anjos com alguns edifícios já demolidos. José Artur Leitão Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
Nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco António Carlos de Oliveira, em 1756. é referido que a igreja é de uma só nave, com capela-mor, onde se integra tribuna de talha dourada, fechada pro painel dos Anjos, envolvendo Nossa Senhora da Glória, surgindo, no lado do Evangelho, São Miguel e, no lado oposto, São Pedro; o altar colateral do Evangelho é o de Nossa Senhora dos Anjos, com as imagens de Santo André, Santa Catarina e Santo António; no lado oposto, Nossa Senhora da Conceição com tribuna ricamente ornada, tendo o Santíssimo e as imagens de São Sebastião, São Brás e São João Baptista; sobre o arco triunfal, a imagem de Cristo; o tecto da igreja é apainelado; tem a igreja de Nossa Senhora dos Anjos um capelão que recebe 50$000 anuais em esmolas.
O seu interior foi integralmente recuperado e transferido para o actual templo, por exemplo, os sete altares de talha dourada e o tecto com apainelado de caixotões de pintura com cenas da Vida da Virgem e alegorias bíblicas atribuíveis a Marcos da Cruz.
Foi demolida em 1908 para abertura da Avenida Dona Amélia (actual Av. Almirante Reis), foi de seguida reconstruída no lado ocidental deste arruamento [vd. planta], conforme às exigências da cidade, tendo o arquitecto José Luís Monteiro, todavia, respeitado proporções e valores da primitiva igreja seiscentista, sem deixar de lhe conferir um carácter neoclássico, que lhe adoçou as proporções.
Antiga Igreja dos Anjos, fachada lateral e a imponente torre sineira virada à Rua dos Anjos [1901] Machado & Souza., in Lisboa de Antigamente |
Foi nessa igreja que o escritor José Saramago se recorda de que em determinado momento de sua vida, na decada de 30, se serviu das "sopas dos anjos", servidas bondosamente pelas freiras às pessoas carentes que por ali passavam.
ReplyDeleteAntónio Costa
ReplyDeleteCom a ajuda daquele mapa consegui perceber, pela primeira vez, a sua exata localização.