Thursday, 15 October 2015

Palacete Ribeiro da Cunha

No lugar de dois «prédios abarracados», o proprietário José Ribeiro da Cunha mandou edificar, em 1877, este imóvel de inspiração mourisca, ao gosto burguês da época, o primeiro do género construído na capital, localizado num gaveto sensivelmente a meio da então Praça do Príncipe Real. 
Esta área, anteriormente conhecida por Alto da Cotovia, foi o lugar onde o conde de Tarouca começou por erguer o seu palácio (inacabado), o rei Magnânimo a Patriarcal (que ardeu) e D. Maria o Erário Régio (que não passou de algumas fiadas de tijolo para além das fundações). 
 
«[...] balançada pelo trote largo [Luísa] viu passar, calada, as casas apagadas da Rua de S. Roque, as árvores de S. Pedro de Alcântara, as fachadas estreitas do Moinho de Vento, os jardins adormecidos da Patriarcal.»
(in Eça de Queiroz, O Primo Basílio, 1878)
 
Mas, a partir de 1860, este local foi preparado para receber um bairro de moradias de luxo, que limitaria a nova praça, já que a Câmara tomou posse desta área a partir de 1833. A terraplanagem decorreu entre 1852 e 1861, sendo depois efectuadas obras de ajardinamento.
 
Palacete Ribeiro da Cunha em costrução [1877-1878]
Praça Príncipe Real, 26; Calçada da Patriarcal

Henrique Nunes, in Lisboa de Antigamente

Foi neste contexto que o capitalista José Ribeiro da Cunha, abastado negociante de tabaco, adquiriu o lote ao cimo da Calçada da Patriarcal e propôs à Câmara Municipal a edificação da sua moradia, cujo projecto é assinado por um arq.º Henrique Carlos Afonso (?-1884) — que deixou o seu nome ligado na capital a construções de iniciativa privada.
Neste gaveto, resultou um edifício carregado de referências mouriscas — as fachadas, os arcos de ferradura, as cúpulas bulbosas e a platibanda com merlões de recorte escalonado, e no interior, o pátio rodeado de colunas que suportam uma arcaria arabizante e encimado por clarabóia — , pelo que o enquadramos no movimento ecléctico, precursor de um outro imóvel construído poucos anos depois na Avenida da Liberdade.
Este imóvel, conhecido por «prédio dos torreões» ou por «palacete Ribeiro da Cunha», foi por várias vezes vendido durante o século. (in Cadernos do AML Jorge Mangorrinha)

Palacete Ribeiro da Cunha [ant. 1895]
Praça Príncipe Real, 26; Calçada da Patriarcal
O prédio que lhe fica fronteiro, no ângulo oposto desta Calçada, n .° 27 da Praça, foi também moradia daquele Ribeiro da Cunha. Mais tarde adquirido pela
família Sommer.
Francesco Rocchin, in Lisboa de Antigamente
Panorâmica sobre os jardins e estufa do Palacete Ribeiro da Cunha [c. 1895]
Praça Príncipe Real, 26; Calçada da Patriarcal
Francesco Rocchin, in Lisboa de Antigamente

O edifício principal (Palacete) tem uma área de construção de 2.500m² distribuída por 4 pisos, 2 entradas independentes, um pátio interior de inspiração árabe, escadaria nobre, frescos, vitrais e lareiras em arte nova.
O projecto futuro prevê ainda a reconversão das cavalariças e outros pequenos edifícios dispersos, criando 3 novos edifícios que totalizam mais de 4.000 m².
Actualmente funciona como espaço comercial: moda, design, jóias, objectos «lifestyle», arte e hotelaria estão à  disposição do público.
 
Palacete Ribeiro da Cunha [c. 1960]
Praça Príncipe Real, 26
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

1 comment:

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