Esta Rua Primeiro de Dezembro, que da parte oriental é constituída, quási toda, pelas traseiras dos Cafés e estabelecimentos do Rossio ocidental, vale-nos uma referência a um dos seus Restaurantes — que, por ironia, cerrou suas portas há poucos dias (1 de Julho de 1939) : o «Leão de Ouro».
Levava mais de meio século (1885-87) — recorda-nos Norberto de Araújo — e
começara por ser cervejaria. Fundara-o António Monteiro, que fora um dos
sócios da cervejaria «Leão», sogro do último proprietário, José da
Costa, que para aqui viera em 1915.
Restaurante Leão de Ouro [c. 1940] Rua Primeiro de Dezembro, 103-107, antiga «do Príncipe» e, que antes de 1755, foi «de Valverde» Kurl Pinto, in Lisboa de Antigamente |
Foi em 1885 que o «Leão de Ouro» — que devia seu nome à circunstância de os sócios da anterior cervejaria serem os donos da famosa «Fábrica Leão» em Arroios — começou a ter notoriedade. Alguns artistas que o frequentavam decidiram decorar as paredes com pinturas, em tela, que ainda lá se conservam (menos uma). Esses artistas — o «Grupo do Leão» — eram Silva Porto, Columbano, José Malhoa, João Vaz, Rafael Bordalo, Girão, António Ramalho, Ribeiro Cristino (ainda sobrevivente), Rodrigues Vieira, e D. Maria Augusta Bordalo Pinheiro, irmã de Columbano, a peregrina artista das rendas.
Restaurante Leão de Ouro [c. 1915] Rua Primeiro de Dezembro, 103-107, antiga do Príncipe Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente |
O «Leão de Ouro» reabrirá no fim do ano [de 1939] com novos proprietários: os arrendatários actuais do Café Suísso.»
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, pp. 85-86, 1939)
Cervejaria Leão de Ouro, 1885 in Occidente |
No comments:
Post a Comment