Aqui onde está hoje o edifício da «Garage Liz» — recorda-nos Norberto de Araújo — assentou o Real Coliseu de Lisboa, construido em 1887, em terrenos que pertenciam à Condessa de Geraz de Lima e depois ao seu viúvo Conde da Folgosa.
No princípio da [Rua da Palma] — lê-se no Guia de Portugal —, fazendo esquina para a Calçada do Desterro, [ficava] o edifício que foi do Real Colyseu de Lisboa, teatro-circo inaugurado em 1887 (...) O Real Colyseu, cuja sala podia comportar uns 5.000 espectadores, sendo o risco do engenheiro Ganhado, funcionou até à abertura do Coliseu dos Recreios, tendo sido transformado depois em animatógrafo.
A cúpula do Real Coliseu de Lisboa (1896-1929), em baixo, ao centro |entre 1908 e 1929| Rua da Palma Artur Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
Na Rua da Palma — paredes meias
com o Real Colyseu — ficava ainda o Paraíso de Lisboa (ao fundo),
inaugurado em 1907, também com teatro, carrossel, barracas de tiro, de
comidas e bebidas. Foi uma espécie de antecessor da Feira Popular. Foi neste local que se realizou a primeira projecção de Animatógrafo em Portugal no dia 18 de Junho de 1896, apenas meio ano depois da estreia mundial em Paris.
Real Colyseu de Lisboa |Início séc. XX| Rua da Palma com a Calçada do Desterro Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
O sucesso foi tão grande que viria a estabelecer-se no recinto aquele que depois foi baptizado como Cinema Colossal, e que funcionava com a tela de projecção no palco principal do Coliseu. Com o aparecimento de novas salas mais bem equipadas e com a construção do novo Coliseu dos Recreios, o Real Coliseu foi perdendo encanto e acabaria por encerrar no final dos anos 20 (1929), sendo posteriormente demolido. No seu local veio a instalar-se a referida garagem Auto-Lys ou Garage Liz.
Fachada do Real Colyseu |ant. 1929| Rua da Palma Fotografia: Livro "Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa" |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, p. 68, 1938.
Guia de Portugal: Generalidades. Lisboa e arredores, vol. I, p. 268, B.N.L, 1924.
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