Inaugurado oficialmente a 22 de Abril de 1911 sito na Rua dos Condes, o Olympia foi mandado construir por Leopoldo O' Donnell, filho de irlandeses que se fixaram em Portugal. Nascera em Lisboa, a 4 de Abril de 1870, fora chefe de repartição da Real Companhia dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, era um homem culto, que mantinha uma forte amizade com Sabino Correia, empresário do Chiado Terrasse, uma das grandes salas de Lisboa, situada na Rua António Maria Cardoso.
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Cinema Olympia [c. 1910] Rua dos Condes Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Na imprensa da época podia ler-se uma notícia referindo a abertura de uma nova sala de espectáculos em Lisboa, «composta de salões para concertos, salões para exibições animatográficas, gabinete de leitura, restaurante, etc.», ficando «esta casa de espectáculos como a primeira da capital.»
De acordo com M. Felix Ribeiro: «A importância que o Olympia viria a assumir no quadro do espectáculo cinematográfico da Lisboa de então é das mais significativas, facto digno de destaque, por bem merecido. Sobretudo essa relevância torna-se francamente notória a partir de 1916 pelo dinamismo imprimido à sua exploração através das mais variadas e interessantes iniciativas.»
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Cinema Olympia [1960] Rua dos Condes Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente |
Por exemplo, a criação de matinées infantis, «um verdadeiro oásis para os espectadores mais pequenos com os quais, antes, ninguém contara» e com «programas apropriados tanto de écran como musical», como acentuava a propósito um prospecto. Ou então os sorteios de brindes entre o seu público. Com a compra do bilhete, o espectador recebia uma senha que lhe dava direito a participar num sorteio mensal, em que os brindes mais diversos eram sorteados. Em Junho de 1917, um burro era o «brinde» a sortear, um burrico de carne e osso que se «passeou por Lisboa, reclamando o acontecimento!»
Depois de 1974, com a chegada dos filmes «porno» a Portugal, depois de abolida a censura, o Olympia especializou-se neste área, onde se mantém até hoje.
(Lauro António, in teatro-politeama; Manuel Félix Ribeiro,: Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa, edição da Cinemateca, 1978)
N.B. O actual único proprietário do cinema é o encenador Filipe La Féria, que, após ter adquirido, em 2008, a sociedade que explorava o Olympia, tem tentado transformar o espaço, "em completa ruína", em teatro.
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