O antigo Sanatório de Sant'Ana e actual Hospital Ortopédico, pertença da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, conserva a sua imponência arquitectónica, destacando-se pela longa fachada, paralela à avenida Marginal. Edificado no início do século XX (1902-1914), este edifício deixa adivinhar o gosto ecléctico que vigorava na arquitectura portuguesa de então, mas aliado, aqui, a uma profunda capacidade funcional, bem expressa na articulação de espaços, serviços e equipamentos.
Hospital de Sant'Ana [Início séc. XX]
Avenida Marginal; Avenida Vasco da Gama, Parede, Cascais Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
A história da construção do hospital foi, inicialmente, algo conturbada. Deve-se a sua iniciativa ao casal D. Amélia e Frederico Biester, que contaram desde logo com o apoio do reputado médico Dr. Sousa Martins. A questão dos sanatórios encontrava-se na ordem do dia, e o local escolhido preenchia os requisitos necessários para tais instituições. O primeiro projecto para o sanatório foi concebido por José António Gaspar, arquitecto professor na Academia de Belas Artes. Todavia, o falecimento dos fundadores levaram-no a abandonar a obra, que seria retomada pela herdeira de D. Amélia, Claudina de Freitas Chamiço. O arquitecto então chamado foi Rosendo Carvalheira, ao qual estavam ligados outros profissionais que também aqui intervieram. Eram eles Norte Júnior, António do Couto, Marques da Silva e Álvaro Machado. (...)
Aspecto das obras do Sanatório de Sant’Ana na Parede, em Agosto de 1902, um ano depois da cerimónia de lançamento da primeira pedra |
Outro aspecto das obras do Sanatório de Sant’Ana, na Parede, em Agosto de 1902 |
De acordo com esta leitura, o novo arquitecto teria sido responsável pela introdução, nos planos anteriores, de uma maior e mais eficaz funcionalidade, que respeitava mesmo "as prescrições (...) para as construções hospitalares usadas desde 1901 em França e aconselhadas em Portugal desde 1902". Por outro lado, o moderno sistema de ventilação empregue foi elogiado nas revistas de arquitectura da época, destacando-se ainda a lavandaria anexa, que se liga ao edifício através de carris.
Lançada a primeira pedra a 7 de Agosto de 1901, o primeiro bloco foi inaugurado logo em 31 de Julho de 1904, muito embora o sanatório apenas ficasse concluído, na sua totalidade, em 1912. Classificado como MIP - Monumento de Interesse Público. [in DGPC]
Capela do Sanatório de Sant’Ana [meados do século XX |
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Estive aqui internado por três vezes, a primeira em 1970, a segunda em 1971 e a terceira em 1973. Quando fui internado não andava, após uma bem sucedida operação realizada pelo Sr. Dr. Fialho e sua equipa, (os quais recordo com saudade), ao fim de dois meses de cama em repouso, comecei a dar os primeiros passos. Recordo também com alguma nostalgia e saudade o tratamento prestado pelo corpo de enfermagem e pelas Irmãs, que faziam a comida e os doces espetaculares. As assistentes levavam-nos para as galerias para apanhar sol, quando o mar estava de ondulação forte ainda eram contemplados com uns pinguinhos de água salgada. A capela, uma maravilha, eramos transportados nas camas para assistir à missa ou ao terço, onde nas missas mais importantes como as da semana santa, chegámos a estar horas dentro da capela. Também nos eram dadas aulas, pois naquela data poucos tinham além da 4ª classe. Faziam os bailes de carnaval e de cama lé íamos ver o baile. Em resumo o ambiente tornou-se familiar, porque alguns doentes eram de muito longe e nunca tinham visitas, então o pessoal clinico passou a ser a sua família. Eu tinha normalmente a visita da minha mãe de oito em oito dias, e do meus pais de quinze em quinze dias, além de outros familiares que já residiam em Lisboa, mas meus Pais residiam longe era mais complicado. Mas um bem haja muito grande ao Hospital de Santa Ana, aos seu corpo clinico daquela data e aos atual, que ajudem quem está doente.
ReplyDeleteNeste hospital, em que dei entrada no dia em que faria 17 meses de idade e saí em Abril de 1952, encontrei a cura possível na altura, para uma tuberculose óssea na coluna (Mal de Pott), após novo ingresso, por 9 meses, em 27 de Outubro de 1957, para fazer uma operação que na altura se fazia já em bébés... (daí ter ficado com uma deformação que, todavia, não me impediu de ter dois filhos e fazer 2 licenciaturas, um mestrado e um Doutoramento). Mas encontrei também muito carinho e muita alegria de viver... Mantenho uma enorme saudade da Mariazinha (a regente escolar que me/nos preparou para a 4ª classe), da professora que dava aulas a quem queria fazer a admissão ao liceu (o meu caso) ou à escola comercial e industrial, a Irmã da Graça do Menino Jesus, a Madre Santo Afonso (que me acarinhara tanto no meu primeiro internamento) e a funcionária Aurora. Para além das minhas amigas de enfermaria: a Maria de Fátima e sua irmã, de Lamego, que viria a reencontrar mais tarde, a Bertolina, a Maria do Céu, a Júlia Marinho e a Mouralinda (que era de Vila Real de Stª António).
DeleteAs festas de que fala o anterior comentador (numa fase em que já havia espaço para os soldados feridos nas guerras coloniais, devido à regressão da tuberculose no país) já existiam nos anos em que lá estive - final dos anos 40-pricípios dos anos 50 e, posteriormente, de Outubro de 57 a Agosto de 58. E eu participava nelas cantantando!!!
Sou natural de Coimbra e toda a minha família lá residia.
ReplyDeleteNeste hospital, em que dei entrada no dia em que faria 17 meses de idade e saí em Abril de 1952, encontrei a cura possível, na altura, para uma tuberculose óssea na coluna (Mal de Pott), após novo ingresso, por 9 meses, em 27 de Outubro de 1957, para fazer uma operação que na altura se fazia já em bébés... (daí ter ficado com uma deformação que, todavia, não me impediu de ter dois filhos e fazer 2 licenciaturas, um mestrado e um Doutoramento).
Mas encontrei também muito carinho e muita alegria de viver... Mantenho uma enorme saudade da Mariazinha (a regente escolar que me/nos preparou para a 4ª classe); da lindíssima professora que dava aulas a quem queria fazer a admissão ao liceu (o meu caso) ou à escola comercial e industrial; da Irmã da Graça do Menino Jesus; da Madre Santo Afonso (que me acarinhara tanto no meu primeiro internamento) e da funcionária Aurora. Para além das minhas amigas de enfermaria: a Maria de Fátima e sua irmã, de Lamego, que viria a reencontrar mais tarde; a Bertolina; a Elizabete; a Júlia Marinho (que creio era de Santarém e não se readaptou à casa de família, após ter tido alta , e voltou para o Sanatório) e a Mouralinda (que era de Vila Real de Stª António).
As festas de que fala o anterior comentador (numa fase em que já havia espaço para os soldados feridos nas guerras coloniais, devido à regressão da tuberculose no país) já existiam nos anos em que lá estive - final dos anos 40-princípios dos anos 50 e, posteriormente, de 27 de Outubro de 1957 a Agosto de 1958. E eu participava nelas cantantando!!! (a minha actividade preferida).