A 15 de Setembro de 1908, na então designada Praça Mouzinho de
Albuquerque, actual Rotunda de Entrecampos, realizou-se a cerimónia do
lançamento da primeira pedra do «Monumento ao Povo e aos Heróis da
Guerra Peninsular», presidida pelo rei D. Manuel II. No entanto, a
inauguração desta peça só acontece a 8 de Janeiro de 1933, contando para
o efeito com a presença de altas individualidades da época. No longo
texto do Auto de Inauguração do Monumento é descrita a obra,
evidenciando as suas características estéticas e simbólicas. Tem como
autores os irmãos Francisco e José de Oliveira Ferreira, arquitecto e
escultor portuenses respectivamente. Esta iniciativa, evocativa do
centenário da vitória de Portugal sobre as tropas napoleónicas,
pretendeu homenagear todo um povo que se rebelou contra os ataques de
França, consubstanciados em três invasões. Portugal, dispondo apenas de
uma limitada ajuda inglesa, viu a população mobilizar-se na recusa à
presença francesa em território nacional. Embora a paz só venha a ser
restabelecida em 1814, o exército francês retira-se para Espanha em
1811.
Inauguração do Monumento ao Povo e aos Heróis da Guerra Peninsular [8 de Janeiro de 1933] Rotunda de Entrecampos, antiga Praça Mouzinho de Albuquerque Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente |
A peça organizada em dois patamares, a parte superior de bronze e a inferior em lioz, espaço de encenação fotográfica, apresenta uma unidade plástica que se desenvolve na gramática de forte pendor dramático e no movimento vigoroso que se suspendeu. Exuberante na imagética, toda a composição propõe uma leitura épica, narrada em todas as faces do monumento. Fecha, por um lado, a Av. da República e abre o Campo Grande, cenário da vitória simbolizada. Articula uma volumetria de diagonais solidamente implantada, entre o bélico e o teatral. Propõe não apenas o exercício do culto da memória, mas evoca também o instante entre guerra e paz.
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