Nesta quinta, que pertenceu à família do conselheiro Hintze Ribeiro,
Presidente do Conselho no reinado de Dom Carlos, existia um dos famosos "retiros das hortas",
particularmente celebrado por Bulhão Pato, Fialho de Almeida, entre
outros. O passeio às hortas, ao domingo, era um hábito dos lisboetas e
aí confraternizavam nobres e fadistas.
Para Norberto de Araújo, que também aqui nos acompanha, «o Aqueduto das Águas Livres é um monumento grandioso, só igual aos da antiga Roma. E é a Rabicha». Sem a Rabicha, diz Araújo, o Aqueduto «ficaria privado do seu fundo natural e ridente», do panorama «rústico e bucólico» onde «se escondem restos de retiros campestres, ainda vestidos de junquilhos».
«[...] A Quinta da Rabicha era pequena e em forma de triângulo. Toda colmada de um odorífero e viçoso pomar, que dava primorosas laranjas. Água abundante e corrente. [..]
«Na Rabicha, o sumptuoso hotel, ao ar livre, debaixo de um parreiral, ao pé do tanque, sempre transbordando de água, fornecia as pescadinhas de rabo na boca, ovos duros, queijo saloio, pão de Belas, alface repolhuda, a verdadeira alface lisboeta, que nem a de Rom lhe dá de rosto. Era um banquete. Um cruzado novo — 480 réis — sobrava para quatro homens comerem e beberem à farta.»
Nora da Quinta da Rabicha, lavadeiras [c. 1912] Ao fundo observa-se o Bairro de Campolide Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
PATO, Bulhão, «Memórias», pp. 67-68, 1894
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