Do lado sul da Rua de Santo António, à Estrela, prolonga-se até uma extensão de cento e cinquenta metros o muro da antiga cerca do Convento de D. Maria I (hoje pavilhão do Hospital Militar e já demolidos para construção da Av. Infante Santo); do lado direito — diz Mestre Araújo, a quem vamos sempre seguindo — abrem-se a Travessa e a Rua do Jardim, cujos nomes derivam do Passeio da Estrela.
Rua do Jardim à Estrela com o extinto Beco do Jardim |1902-01| Ao fundo nota-se a Rua Santo António à Estrela e a cerca do antigo Convento do Santíssimo Coração de Jesus na Praça da Estrela. Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente |
Nesta área havia muitas casas foreiras à Irmandade de Santo Onofre — não sei de que igreja — e datadas do princípio do século passado: 1802, como esta Rua do Jardim, 1804 e 1805 como algumas mais adiante. Aí temos, passado o muro da cerca, um renque de prédios setecentistas, com suas empenas de bico — n.ꟹ 1 a 19 — , e um outro, cujas portas são ainda servidas por degrau , oferecendo o seu semblante típico em janelas de reixa — n.ꟹ 21 a 27.¹
Rua do Jardim à Estrela com a Rua Domingos Sequeira |1902-01| A R. Domingos Sequeira foi rasgada por volta de1896. À esq. nota-se um troço do ramal do Aqueduto das Águas Livres que abastecia o Convento da Estrela e chafarizes desta zona. Em 1897, foi demolido um arco do aqueduto que passava sobre a R. de Santo António à Estrela. Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente |
A origem do topónimo radica nos frades beneditinos que dedicaram a sua igreja a N. S. da Estrela, ou da Estrelinha. Os frades chegaram a Lisboa no séc. XVI e fundaram o seu 1º convento – concluído em 1571 – onde hoje é a praça e o jardim. Quando passaram para o maior, abaixo, de São Bento da Saúde, o da Estrelinha ficou para ensino dos noviços. O terramoto destruiu parte. Em 1818 parte já era secretaria dos Hospitais Militares. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, alargou o exército a ocupação pelo que em 1837 era Hospital Militar.
Rua do Jardim à Estrela |1953| Escadinhas construídas c. de 1915 e que ligam esta artéria à Rua Domingos Sequeira. Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, p.-55, 1939.