Friday 17 May 2024

Drogaria Progresso, à Polytechnica com a Rua da Penha de Fança

Penha de França (rua da) quarta á direita na rua da Escola Polytechnica, indo do largo do Rato e finda na travessa de Nossa Senhora da Conceição, freguezias de S. Mamede 1 a 61 e 28 a 82, Santa Izabel 2 a 26. [Velloso: 1869]

Correia Pais (1825-1888) foi um engenheiro militar que alcançou a patente de Tenente- Coronel em 6 de Junho de 1868.
Trabalhou nas linhas do Caminho de Ferro do Sul e Sueste Em 1876 apresentou um projecto de uma ponte entre o sítio do Grilo - no Beato - e o Montijo, com um tabuleiro duplo para circulação ferroviária e rodoviária e na sua obra «Melhoramentos de Lisboa e Seu Porto» (1883-84) defendeu projectos como um túnel entre o Largo do Município e o Largo do Corpo Santo, um viaduto metálico entre o Largo do Caldas e o Chiado, uma avenida de 800 m entre a Rua da Misericórdia e o Palácio de S. Bento, um grande viaduto metálico entre o Monte da Graça e o Monte da Estrela ou uma linha de túneis entre o Largo do Intendente a Rua de S. Bento.

Drogaria Progresso |c. 1011|
Rua da Escola Politécnica, 109-113, com a Calçada Engenheiro Miguel Pais — dístico de 1948.
Antiga Calçada de João do Rio, antes Calçada da Penha de França e antes Rua da Penha de França.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday 12 May 2024

Rua Marechal Saldanha com a Rua do Almada

A Rua do Marechal Saldanha é um topónimo atribuído por edital de 31 de Dezembro de 1885 à antiga Rua da Cruz de Pao, e que assim se chamava por haver, dizem, no Alto de S.ta Catarina uma grande cruz de madeira, que servia de guia aos` navegantes até fora da barra.

Nesta artéria é homenageado o ilustre militar Duque de Saldanha (1790-1876), de seu nome João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun que era neto materno do Marquês de Pombal. Notabilizou-se na luta contra as invasões francesas e nas guerras liberais tendo em 1833, sido nomeado por D. Pedro chefe do Estado-maior do Exército. Também se revelou como político tendo sido chefe de governo em 1835, 1846-47, 1851 e 1870.
Mais tarde, por deliberação camarária de 21 de Agosto de 1902, foi também homenageado com a Praça do Duque de Saldanha.

Rua Marechal Saldanha com a Rua do Almada |post. 1948|
Antiga da Cruz de Pau e Largo da Cruz de Pau
À dir. nota-se parte da fachada lateral do Palácio Valada-Azambuja na direcção da Calçada do Combro. 
Amadeu Ferrari, in Lisboa de Antigamente

Almada (Rua e Travessa do) — Há duas vias públicas desta denominação; uma no 3.º Bairro, freguesia de Santa Catarina [hoje Misericórdia]; outra no 2.º Bairro, freguesias de S. Julião, Conceição e Mártires [hoje Santa Maria Maior].
Quanto à origem do topónimo "Almada" as opiniões dos estudiosos dividem-se. Mestre Castilho refere que a Rua do Almada, ao Calhariz, comemora o nome do valente guerreiro, Álvaro Vaz d'Almada (Conde de Avranches), amigo dedicado e companheiro nas lides bélicas, do infante D. Pedro, duque de Coimbra, filho de el-rei D. João I, e mortos ambos cobardemente na batalha d'Alfarrobeira, próximo de Coimbra, em 20 de Maio de 1449. Os olisipógrafos Norberto de Araújo e Gomes de Brito refutam a opinião de Castilho e alegam que é Fernão Rodrigues de Almada que dá o seu apelido á rua e que foi senhor por estes sítios quinhentistas, ascendente dos Almadas-Carvalhais, provedores da Casa da Índia, que tiveram Palácio à Boa Vista  Conde-Barão).  
Como quere que seja — remata Gomes de Brito — no Arquivo da Câmara há prova de que em 1565 já esta rua se denominava «de Almada». Escolha o estimado leitor a que mais fundo lhe calhar.

Rua do Almada com a Rua Marechal Saldanha |c. 1900|
Antiga da Cruz de Pau e Largo da Cruz de Pau
Como quer que seja — remata Gomes de Brito — no Arquivo da Câmara há prova
de que  em 1565 já esta rua se denominava «de Almada»
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, p. 69, 1939.
BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935.
CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga, 1885.

Friday 10 May 2024

Rua da Penha de França com a Rua Heliodoro Salgado

Penha de França (Estrada da) — Em sessão de 23 de Março de 1874, propôs o vereador Dr. Joaquim José Alves que a Câmara representasse ao governador civil do distrito, para a Estrada da Penha de França passar a de- nominar-se: Rua Direita da Penha de França. A Câmara aprovou.
(BRITO, Gomes de) Ruas de Lisboa. Notas para a história das vias públicas, 1935)

A Rua da Penha de França (1916) — recorda-nos Norberto de Araújo — antiga Estrada, mantém ainda a linha levemente sinuosa do século XVII; sua rectificação, aqui e ali iniciada, não se fará demorar. [Araújo: 1939]

Rua da Penha de França |1951|
Junto a Rua Heliodoro Salgado (esq.) e a Praça António Sardinha
Antiga Estrada da Penha de França. A origem do topónimo advém da imagem de N. S. da Penha de França (uma invocação
de um santuário de Salamanca) criada por António Simões (c. 1600)

Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

A Rua Heliodoro Salgado foi atribuída por deliberação camarária de 21 de Outubro de 1909, com a legenda «Escritor e Jornalista/1864–1908», na artéria designada até então por Calçada do Monte Agudo, artéria nascida da rectificação de um caminho aberto entre o Forno do Tijolo e o Monte Agudo para serventia das quintas da zona.

Heliodoro Salgado (1861–1906) começou a sua carreira profissional como professor primário para rapidamente a trocar pela de jornalista, colaborando em vários títulos. Começou por escrever no jornal socialista portuense O Protesto e também n’ O Operário, já que nessa altura estava inscrito no Partido dos Operários Socialistas.

Rua da Penha de França |1953-06|
Junto a Rua Heliodoro Salgado (esq.)
Antiga Estr. da Penha de França. A origem do topónimo advém da imagem de N. S. da Penha de França (uma invocação de um santuário de Salamanca) criada por António Simões (c. 1600)
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Sunday 5 May 2024

Rua Bartolomeu Dias, 80, esquina com a Rua Dom Lourenço de Almeida

A antiga Rua Direita do Bom Sucesso passou a Rua do Bom Sucesso por Edital municipal de 8 de Junho de 1889 e mais tarde, pelo Edital de 7 de Agosto de 1911 ganhou a denominação de Rua Bartolomeu Dias, situada entre Praça do Império e o Largo da Princesa. A legenda «Navegador/Século XV» foi colocada cerca de 46 anos depois, em 1957, por proposta da Comissão Municipal de Toponímia. 
Entre 1925 e 1968 funcionou nesta artéria o Cinema Belém-Jardim.

Bartolomeu Dias (c. 1450–1500) foi um importante navegador português do século XV. Foi o primeiro navegador europeu a dobrar o Cabo da Boa Esperança (extremo sul da África), navegando a partir do Oceano Atlântico. Seu feito foi de extrema importância no contexto das Grandes Navegações e Descobrimento Marítimos dos séculos XV e XVI.

Rua Bartolomeu Dia esquina com a Travessa dos Peões |1949|
Os prédios do nascente foram demolidos nas décadas de 1960/70 [vd. 2ª imagem].
Antiga do Bom Sucesso, antes Direita do Bom Sucesso com a Rua Dom Lourenço de Almeida antiga Travessa dos Peões.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bartolomeu Dias foi escolhido pelo rei João II de Portugal para liderar uma expedição que buscava encontrar uma rota marítima para a Índia.
Comandou a esquadra que, em busca de um novo caminho para as Índias, atingiu o Oceano Índico. Após navegar pelas margens da costa africana, Bartolomeu Dias passou pelo Cabo da Boa Esperança em 1487. Após esta descoberta significativa, Dias retornou a Portugal em Dezembro deste mesmo ano.
Bartolomeu Dias continuou a servir na marinha portuguesa após sua viagem histórica. Foi designado para várias outras missões, incluindo a preparação da frota de Vasco da Gama.
Participou da esquadra de Pedro Álvares Cabral que chegou ao Brasil em 1500.
Foi também Escudeiro Fidalgo da Casa Real e Administrador do Armazém da Guiné.
Bartolomeu Dias morreu em 29 de Maio de 1500, no litoral sul de África (região do cabo da Boa Esperança). [Ramos :1994]

Rua Bartolomeu Dias, 80, esquina com a Rua Dom Lourenço de Almeida |1968|
Antiga do Bom Sucesso, antes Direita do Bom Sucesso com a Rua Dom Lourenço de Almeida (1948) antiga Travessa dos Peões
Dom Lourenço de Almeida, filho do primeiro vice-rei da Índia, D. Francisco de Almeida. Em 1505 partiu para o Oriente na armada de seu pai. Notabilizou-se em acções militares, tendo morrido em batalha no ano de 1508.
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Friday 3 May 2024

Travessa da Portuguesa

As artérias que cortam a Bica, transversalmente — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , são esta Travessa da Portuguesa, a do Cabral, a da Laranjeira e a do Sequeiro, todas com a mesma perspectiva e balanço de nível, descendo por escadinhas das Chagas, encontrando o vale — onde corre o ascensor — e voltando a subir, sempre por escadinhas, à Rua do Marechal Saldanha.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 68, 1939)

Travessa da Portuguesa |1946|
Escadinhas que ligam à Rua do Marechal Saldanha e a Sannta Catarina
Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Na Travessa da Portuguesa, à Bica, houve arraial e baile, achando-se a rua embandeirada e a casa no 14, onde era o recinto da festa, guarnecida a verdura e iluminada. A comissão promotora da festa veio cumprimentar-nos, o que agradecemos (SEC, 13-6-1901). Como se pode ler, o referente desta travessa é a Bica, mas também é Santa Catarina
Ontem à noite, a Travessa da Portugueza, a Santa Catarina, estava iluminada com balões vendo-se ao centro uma coroa de flores e diversas bandeiras. Algumas raparigas moradoras na mesma rua, improvisaram um baile, dançando e cantando até bastante tarde. [Cordeiro: 2019]

Travessa da Portuguesa |1946|
Escadinhas que ligam à Rua das Chagas
Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Sobre este topónimo pouco se sabe. Na obra «Lisboa na 2ª metade do Século XVIII (plantas e descrições das suas freguesias)» vem mencionada a Rua dos Portuguezes situada neste mesmo local. O que provavelmente aconteceu foi uma alteração de designação para travessa e uma corrupção linguística de Portuguezes para Portuguesa.

Sunday 28 April 2024

Rua Dom João V

Este arruamento foi rasgado no meado da década de 1940 [vd 2ª imagem] na anterior «Rua A à Rua das Amoreiras». O topónimo foi atribuído pela edilidade em 22 de Junho de 1948.
O Edital de 22 de Junho de 1948 veio confirmar a proposta da Comissão de Toponímia datada de 8 de Junho do mesmo ano, que atribuía os topónimos aos novos arruamentos à Rua das Amoreiras, homenagem que incidiu nas seguintes personalidades: Dom João V (Rua A), Custódio Vieira (Rua B), Dom Tomás de Melo Breyner (Rua C) e Cláudio Gorgel do Amaral (Rua D). 

Rua Dom João V |195-|
Perspectiva tomada a partir do terraço do reservatório da Mãe de Água das Amoreiras. 
Helena Corrêa 
Barros, in Lisboa de Antigamente

Dom João V (1689-1750) foi o vigésimo quarto rei de Portugal, e o seu reinado, 1707-1750 (ano da sua morte), foi um dos mais longos da História portuguesa. Nasceu a 22 de Outubro de 1689, e foi aclamado rei a 1 de Janeiro de 1707. Adquire o cognome de «Magnânimo» devido à promoção de obras grandiosas como o Convento de Mafra edificado para agradecer o nascimento do seu primeiro filho varão.
O monarca marcou Lisboa com a construção do imponente Aqueduto das Águas Livres. A ele se deveu também a construção do Convento das Necessidades e da Igreja de Santa Engrácia, transformada no século XX em Panteão Nacional.

Panorâmica tirada da Mãe de Água sobre a Quinta do Biaggi vendo-se a abertura da futura Rua Dom João V |1943-06]
Atalaia (ou mirante?) existente na Quinta do Biaggi.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Friday 26 April 2024

Avenida da República, 87-97

As Avenidas Novas representam o desenvolvimento urbano que causou a expansão de Lisboa para norte em finais do século XIX e ao longo da primeira metade do século XX.
Pela designação de Avenidas Novas entende-se uma série de avenidas e ruas largas e arejadas que se recortam entre as antigas estradas do Arco do Cego e S. Sebastião da Pedreira, e ao N. do Parque Eduardo VII [antigo Vale do Pereiro ], Andaluz e Praça José Fontana [antigo Largo do Matadouro].
Em 1910 a maior parte dos arruamentos estava concluída, compondo uma malha ortogonal de ruas e avenidas largas com passeios e praças arborizadas segundo os mais modernos conceitos urbanísticos, naturalmente destinadas às classes sociais mais abastadas. 

Avenida da República, 87-97 |1965|
edifício localizado no número 93A-E situado no gaveto com a Av. António Serpa foi demolido.
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

Este novo percurso de ascensão da cidade, vindo da Baixa e desembocando no Campo Grande, foi desde logo habitado pela burguesia emergente, que aí começou a construir os seus palacetes e prédios elegantes, tão típicos Lisboa do primeiro quartel do século XX.

É disto exemplo o prédio situado na Avenida da República, 97-97-C. Este imóvel (ao fundo e à dir. na 2ª imagem), bem como os dois imediatamente anteriores, estavam em vias de classificação como conjunto desde 11/12/1981. Um deles foi entretanto demolido, e a classificação dos dois prédios restantes passou a correr de forma individual, de acordo com as distintas características de cada um.
(IGESPAR, IP, 2011)

Avenida da República, 95-97 |1959|
Antiga Av. Ressano Garcia (1910)
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): imagem corrigida (invertida 
no abandalhado aml).

Sunday 21 April 2024

Hotel Aviz (Palacete Silva Graça)

Já agora, anotemos o luxuoso Hotel Aviz, que se contém no quarteirão que segue para Sul — sugere o ilustre Norberto de Araújo.

Foi aqui o palacete que o director de «O Século», José Joaquim da Silva Graça, fez levantar em 1904 (desenhado para habitação pelo arq.º Ventura Terra), para sua moradia particular. Em 1919 José Rugeroni, genro de Silva Graça, adquiriu este palacete ao mesmo tempo que comprava «O Século»; em 1931 decidiu José Rugeroni converter o palacete, com seus jardins e anexos, num hotel de luxo.
O edifício foi então radicalmente transformado, segundo a orientação do seu proprietário, com o qual colaborou o arquitecto Vasco Regaleira
O Hotel, cujo levantamento só foi possível com o auxilio financeiro da Caixa Geral de Depósitos, foi inaugurado em 24 de Outubro de 1933.


Hotel Aviz (Palacete Silva Graça) |c. 1960|
Av. Cinco de Outubro com a Av. Fontes Pereira de Melo
Na fachada destaque para a enorme águia de asas abertas.
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Hotel Aviz (Palacete Silva Graça) |c. 1960|
 O palacete do antigo jornalista Silva Graça situava-se entre as ruas de Tomás Ribeiro,
Viriato, Latino Coelho e Avenida de Fontes Pereira de Melo.
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

O Hotel está recamado de arte na construção e decoração de sentido histórico no seu ambiente; é possível que pareça pretensioso, mas resultou bem o risco, até pela solução de vários problemas, nos quais a intenção e o bom gosto se poderiam chocar.

Um «hall» vistoso introduz num salão «Renascença» — grande vestíbulo — no qual se vê, à direita, um fogão, tipo de lareira portuguesa, com ricas colunas de madeira lavrada, peça que adveio da Vila de Santo António, à Junqueira, que pertenceu aos Burnays; sobre ele se colocou um brasão da Casa de Aviz. Do lado oposta vê-se um belo armário « Renascença», exemplar seiscentista que estava no Convento das Trinas; anota aquela formosa porta monumental ao fundo, e a balaustrada de ferrageria portuguesa antiga, peça que pertenceu à capela do Convento de Sacavém. Evidentemente todos estes exemplares beneficiaram de restauro. As sobreportas ostentam as armas e as divisas dos infantes da Ínclita Geração.

Hotel Aviz (Palacete Silva Graça) |c. 1960|
 Vestíbulo no qual se vê, à direita, um fogão, tipo de lareira portuguesa e balaustrada de ferrageria portuguesa antiga.
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Hotel Aviz (Palacete Silva Graça) |c. 1960|
 Salão «Renascença».
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

A Sala de Leitura, com mobiliário de estilo alentejanos, o «bar», no qual se notam baixos relevos históricos de Diogo de Macedo, e um sentido original no mobiliário, os terraços decorados com azulejos de tipo hispano- -árabe - definem já o « carácter e a fisionomia do Hotel.
As dependências e quartos, no primeiro pavimento, designam-se por «Suites», ou melhor — por correntezas — , que tomaram os nomes dos reis e príncipes da Casa de Aviz: D. João I, D. Filipa de Lencastre, D. Duarte, D. Pedro «Regente», Infante D. Henrique, Infante Santo e Infante D. João. As guarnições interiores dos aposentos são ricas, como arte aplicada. 
A Sala de Jantar situa-se no primeiro pavimento, abrindo dos jardins; há que destacar nela um grande painel de azulejos (Leopoldo Batistini) que reproduz uma das tapeçarias portuguesas de Pastraña (Espanha), além de outras decorações artísticas, de sentido histórico e etnográfico.
 
Como viste, o Hotel Aviz não está mal; este, e o Palace do Bussaco, constituem os dois únicos espécimes de hotel de luxo em Portugal.¹

Palacete Silva Graça depois Hotel Aviz  |c. 1905|
Perspectiva tirada do cruzamento da Av. Cinco de Outubro com a Rua Pinheiro Chagas na direcção da Av. Fontes Pereira de Melo. Do lado esq. nota-se o muro da Casa-Museu Doutor Anastácio Gonçalves, antiga Casa Malhoa.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente
Palacete Silva Graça depois Hotel Aviz |c. 1908|
Perspectiva sobre os jardins do Palacete Silva Graça vendo-se a Av. Cinco de Outubro à dir. e a Rua Viriato à à esq...
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

N.B. O quarto número 72, com uma casa de banho extraordinária, ficou conhecido pelo Quarto Eva Perón; noutras épocas recebeu também Cecil B. DeMille. Além destes, passaram por lá Mastroianni, Sinatra, Ava Gardner, Maria Callas e outros. Calouste Gulbenkian viveu e morreu neste Hotel.
Durante a Grande Guerra também espiões alemães foram frequentemente instalados no Aviz, como o famoso Dusko Popov, e membros de famílias reais, como Humberto II de Itália, o futuro rei Juan Carlos de Espanha e o ex-rei da Roménia, Carol. Este último tinha abdicado do trono romeno sob pressão alemã, em 1940. Como estava sempre a ser seguido por membros da Gestapo durante a sua estadia no Aviz, nunca deixou o hotel antes de se mudar para a Casa Mar e Sol, no Estoril.
Hotel Aviz foi também o local do lendário jantar do duque de Windsor − antigo rei Eduardo VIII de Inglaterra − e da sua esposa Wallis Simpson. O jantar teve lugar a 30 de Julho de 1940, no dia anterior à sua partida a bordo do Excalibur para as Bahamas, onde lhe foi atribuído o cargo de governador por Winston Churchill. Os serviços secretos alemães planeavam raptar o duque, que simpatizava fortemente com a Alemanha nazi, nessa mesma noite. Mas os serviços secretos britânicos descobriram a Operação Willi e a trama nazi falhou.²
Demolido em 1962 erguem.se no seu lugar o “Edifício Aviz e o “Hotel Sheraton”.
_________________________________________________________________
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp. 81-82, 1939.
² LANGENS, Joke, Lisboa em 10 Histórias, 2022.

Friday 19 April 2024

Rua Castilho esquina com a Rua Braamcamp: Edifício Castil

O topónimo Rua Castilho foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa, através de Deliberação Camarária de 06/05/1882.
 
António Feliciano de Castilho, foi um dos grandes escritores da primeira época do romantismo em Portugal, em conjunto com Garrett e Herculano. Notabilizou-se especialmente pela riqueza e expressão artística da linguagem. Castilho nasceu em Lisboa a 28/01/1800 e morreu em Lisboa a 18/06/1875.
 
Rua Castilho esquina com a Rua Braamcamp |1964|
Prédio demolido por volta de 1970. No mesmo local ergue-se, desde 1972, o Edifício Castil. 
Augusto de Jesus Fernandes, in Lisboa de Antigamente

O Edifício Castil, projectado no início dos anos 70, do séc. XX, (1970-1972), com risco do atelier de Conceição Silva, no qual também participou o arq. Tomás Taveira, surge como o primeiro grande centro comercial de Lisboa, afirmando-se pelo carácter pioneiro da sua concepção arquitectónica, ao estabelecer o diálogo entre o uso do vidro, que cobre a fachada do edifício, com linhas de acentuada verticalidade estrutural. Entre 1973 e 1988 albergou o cinema Castil
Este imóvel encontra-se classificado como Monumento de Interesse Público.

Edifício Castil |1976|
Rua Castilho, 39-39B; Rua Braamcamp, 42-46
Álvaro Campeão, in Lisboa de Antigamente

Sunday 14 April 2024

Calçada de Carriche: Posto de abastecimento de combustíveis

O Desfiladeiro de Carriche, denominação já do tempo da ocupação romana, deu lugar à Calçada de Carriche, topónimo derivado de pedra qualquer que seja a sua origem e no século XX até mereceu honra de ser o título de um poema de António Gedeão, de 1958.

Daí a três quartos de hora, já com os Crespos arrumados em cima de nós, água no radiador, o tanque cheio de gasolina, e uma decisão tremenda de irmos assim até ao Porto, até Paredes, até o cabo do mundo — já ao fundo da Calçada de Carriche, a dona Alzira dá um grito! Os freios guincham, pula o carro, e "que foi? que foi?" — a dona Alzira tem dúvidas pálidas, inquietações, terrores, crava-me as unhas todas num braço: não sabe se deixou o gás apagado e o contador fechado!
(MIGUÉIS, José Rodrigues, Léah E Outras Histórias, 1958)
Calçada de Carriche |1961|
Posto de abastecimento de combustíveis
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
Calçada de Carriche |1961|
Posto de abastecimento de combustíveis
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Friday 12 April 2024

Praça do Príncipe Real: a Patriarcal e a Praça do Rio de Janeiro

Foi sítio das «Obras do Conde de Tarouca», das «Casas do Conde de Tarouca» e das «Terras do Conde de Tarouca» (anteriormente a 1755); «Patriarcal Queimada» e «Largo das Pedras» (depois de 1769); «Obras do Erário Novo» (em 1810), «Erário Régio» (em 1813), «Covas da Patriarcal» e «Pedras da Patriarcal» (à roda de 1820); «Caboucos do Erário» (entre 1825 e 1849), «Praça do Príncipe Real» (em 1855, embora o edital camarário se publicasse em 1 de Setembro de 1859) e «Praça do Rio de Janeiro» (em 1910, edital de 5 de Novembro).

Praça do Príncipe Real: a Patriarcal e a Praça do Rio de Janeiro |entre 1908 e 1914|
Junto à Cç. da Patriarcal; ao fundo vê-se a embocadura da Rua da Escola Politécnica.
Destaque para o empedrado artístico no passeio em frente ao n.º 27. moradia (rés-do-chão e 2 andares), da riquíssima família Sommer. O seu primeiro proprietário foi José Ribeiro da Cunha, que aí viveu enquanto não lhe aprontaram o «prédio dos torreões».
Charles Chusseau-Flaviens, in Lisboa de Antigamente

As «Manas Perliquitetes», duas curiosíssimas figuras da Lisboa pacata século XIX, que moravam à Escola Politécnica, também deambularam pelo jardim e procuravam este lugar romântico, a cismar com o Amor, à espera dos seus cavaleiros andantes, que nunca se prostraram a seus pés. Mestre Matos Sequeira ainda conheceu estas celebridades de pitoresca excentricidade e a seu modo escreveu uma curiosa crónica, em que expande, com o maior interesse, a vida caricata das inofensivas manas, Carolina Amália e Josefina Adelaide Brandi Guido, descendentes de duas famílias de duas famílias de origem italiana, e que não puderam furtar-se ao lápis humorístico de Bordalo Pinheiro e à graça satírica das «revistas» da época. [Costa, Mário, 1959]

Sunday 7 April 2024

Lavadeiras saloias no Campo Grande

Entre os trabalhadores de condição servil foram muito populares em Lisboa, onde deram origem a perfis profissionais bem definidos os seguintes: as lavadeiras saloias, vindas de Caneças ou de Loures, transportando-se em burricos ou em carroças com as suas enormes trouxas de roupa. [...]
As carroças das lavadeiras de Caneças estacionam nas velhas estalagens do Jardim do Regedor ou do Borratém, enquanto as boas mulheres se espalham na Cidade, de trouxa à cabeça.
(O POVO DE LISBOA: Tipos, Ambiente, Modos de Vida, Mercados e Feiras, Divertimentos, Mentalidade. 1979)

Campo Grande |190-|
Carroças transportando lavadeiras com suas trouxas de roupa.
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

Friday 5 April 2024

Rua do Merca-Tudo

Mestre Júlio de Castilho atribui a origem deste topónimo a duas figuras diferentes: uma delas terá sido, segundo o autor de A ribeira de Lisboa, um tal Afonso Alves – de quem já aqui falámos. A outra será um João Fernandes a quem ele aqui se refere no fim deste texto na obra Lisboa Antiga: «Outras alcunhas deixam de ser épicas, e limitam-se apenas a ser gaiatas. Que o demonstrem: Diogo Lopes de Sousa, que pelo seu génio inquieto ficou o traquinas; Jorge de Sousa, no seculo xvi, a quem as damas do paço puseram o diabo, pelas muitas travessuras que lá fazia em pequeno; ou D. Gonçalo Annes Tello, a quem talvez as suas finuras deram o cognomento de o raposo; ou João Gomes, o cheira-dinheiro; ou João Fernandes, o Merca-tudo, que pela sua maravilhosa ganância, e pela sua astúcia em alborcar, conseguiu deixar nome a certa rua á Esperança, e entroncar-se em famílias ilustres».
(CASTILHO, Júlio de, Lisboa Antiga, 1885)

Rua do Merca-tudo, venda ambulante |1950|
Tv. dos Pescadores (dir.); ao fundo nota-se a Av. D. Carlos I
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Sunday 31 March 2024

Café Palladium: quiosque-esplanada

Os novos cafés da Avenida da Liberdade começam a impor presença importante a partir de 1920 — recorda Marina T. Dias. O Café Palladium, projectado por Raul Tojal, ocupou em 1932, o piso térreo de um dos mais interessantes exemplos arquitectónicos do primeiro número da Avenida (edifício de Norte Júnior construído em 1909), antigas instalações da clínica de Henrique Basto. Foi louvado como expoente máximo de modernidade, levando proprietários de casas congéneres (como o Nicola e o Chave d' Ouro) a encomendar projectos de alteração do interior dos seus estabelecimentos ao mesmo arquitecto.
Mário Dionísio refere o Palladium como centro de tertúlia desde final dos anos 30. Seria, ao longo das décadas seguintes, local muito procurado por estudantes e intelectuais da oposição, surrealistas incluídos. [...] 
 
Café Palladium |196-|
Avenida da Liberdade
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
Alguns elementos da decoração interior (incluindo baixos-relevos e pormenores do varandim) foram aproveitados pelo centro comercial que lhe sucedeu.
Apesar de ter beneficiado de grandes obras em 1972, encerrou poucos anos mais tarde, dando lugar a um centro comercial. [Dias: 1999]

Café Palladium: quiosque-esplanada |1935-07-28|
Avenida da Liberdade
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

No ano de 1933, o arq.° Cassiano Branco projecta um quiosque-esplanada para o Café Palladium, inaugurado no ano anterior, localizado a cimo do Restauradores, onde se inicia a avenida da Liberdade. Este equipamento, infelizmente já demolido, desenvolvia-se em torno de um pilar redondo, envolvido por uma estrutura de ferro e vidro e era composto por dois pisos. Aproxima-se esteticamente à cultura internacional, integrando-se no desejo de Cassiano Branco de transformar Lisboa, e particularmente esta artéria, para a qual projectou a esmagadora maioria dos seus trabalhos, numa grande metrópole moderna, plena de edifícios modernos, salas de espectáculos, cafés e outros espaços de ócio, luz e movimento, à imagem das principais cidades europeias. [Mártires Batista: 2015]

Quiosque-esplanada para o Café Palladium |1933|
Avenida da Liberdade

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Friday 29 March 2024

Rua General Farinha Beirão

Augusto Manuel Farinha Beirão (1869–1942), filho de um advogado de Pinhel, foi um militar que começou no regimento de Infantaria da sua cidade natal e se distinguiu na pacificação de Huíla, em Angola, nos períodos de 1906-1908 e de 1913-1921, que também integrou o Corpo Expedicionário Português em França durante a I Guerra, nomeadamente sob o comando do General Garcia Rosado, nomeadamente, na tomada de Lille.
Foi também comandante da Escola Prática de Infantaria em 1926 e 1927, onde se distinguiu na repressão à revolta de Fevereiro de 1927, a primeira tentativa reviralhista contra a Ditadura Nacional, passando em 31 de março de 1928 a ser o Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana, onde continuou a defesa do Estado Novo, particularmente no combate à Revolta de 26 de agosto de 1931, tendo mesmo havido um Prémio General Farinha Beirão para agraciar o melhor comandante de posto territorial da GNR em cada ano.

Rua General Farinha Beirão |1961|
Herói do Ultramar 1869 - 1942
Antiga Rua B, do chamado Bairro Catarino; Rua Joaquim Bonifácio
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Refira-se ainda que Farinha Beirão foi desde a primeira hora adepto do golpe militar de 28 de Maio de 1926 e que a partir de 1936 presidiu à Cruzada Nacional Nun’Álvares, um movimento apoiante do Estado Novo se extinguiu em 1938.
Farinha Beirão foi condecorado com a Ordem da Torre e Espada (em 1908 e 1939), o Grande Colar da Ordem de Cristo e da Ordem de Avis (ambos em 1931) e ainda com a Ordem do Império (1932).

Sunday 24 March 2024

Rua Nova do Almada, à Boa Hora

À direita, sul, desce a Rua Nova do Almada, artéria já existente desde 1665 — recorda Norberto de Araújo — ainda que, precisamente, não arruada e rectificada, como depois de 1755 o foi. Deu o nome à Rua Rui Fernandes de Almada, que foi presidente do Senado Municipal.

À semelhança das outras ruas do Chiado, também esta artéria foi conhecida pelas suas magnificas lojas de que se destacavam o «Eduardo Martins», a «Casa Batalha» e a «Pastelaria Ferrari», desaparecidas aquando do incêndio de Agosto de 1988.
Até aos anos 50, do século XX, também ali esteve a Igreja da Conceição Nova construída em 1698 e restaurada depois do Terramoto de 1755. O arquitecto da reconstrução foi Remígio Francisco de Abreu.

Largo da Boa Hora |1908|
Cruzamento das ruas Nova do Almada e de São Nicolau (esq.)
Vendedor ambulante de gelados
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): Foto erradamente catalogada no abandalhado AML como Rua do Loreto.
Rua Nova do Almada |1918|
Junto ao Largo da Boa-Hora
Luís Pastor de Macedo adianta que a Rua Nova do Almada foi criada por carta de lei de 17 de Junho de 1787.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Aqui temos o Largo da Boa Hora, com seu sinistro casarão do Tribunal, o repulsivo Tribunal da Comarca de Lisboa, actualmente em obras, mas que continuará. a ser, mesmo asseado e limpo, um aleijão, simulacro ridículo de um vago Palácio da Justiça — que, parece, nunca veremos de pé.==
(ARAÚJO, Norberto de, «Peregrinações em Lisboa», vol. XII, p. 90, 1939)

O topónimo Boa-Hora provém do Convento da Boa-Hora que hoje conhecemos no local como Tribunal da Boa-Hora.
A designação São Nicolau deriva da proximidade à antiga Igreja de S. Nicolau que foi reedificada pela primeira vez em 1280 e após o Terramoto, quase foi construída toda de novo, com obras que decorreram de 1780 a 1850.

Rua Nova do Almada |1967|
Junto ao Largo da Boa Hora
Vasco Gouveia de Figueiredo, in Lisboa de Antigamente
Rua Nova do Almada |1965-03|
Junto ao Largo da Boa Hora com a Rua de S. Nicolau
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Friday 22 March 2024

Convento do Rego: antiga igreja do Hospital Curry Cabral

De acordo com o olisipógrafo Norberto de Araújo no sitio onde está actualmente o Hospital Curry Cabral «assentou o Convento das Convertidas de Nossa Senhora do Rosário, de religiosas franciscanas, fundado depois de 1768 por D. Margarida das Mercês de Maré, dama francesa e mais tarde chamado do Rosário e das Dores [...]. Deve-se a D. Maria I a ampliação do Real Recolhimento do Rego e a construção da Igreja, da qual aí tens apenas a fachada, cujo pórtico é sobrepujado pelas armas reais da «Piedosa».
Extintas as ordens religiosas e morta a última freira, o Recolhimento conventual na aparência e na missão, esteve muitos anos abandonado. (...) Em 1905 foi transformado (Hintze Ribeiro) em Hospital para doenças infecciosas [...]

Antiga capela do Hospital Curry Cabral |1944|
|Demolida na década de 1950|
Rua da Beneficência, antes Largo do Rego à Palma de Cima
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

A Igreja do antigo Convento, que em tempos serviu de depósito e, durante algum tempo, de casa mortuária, está desde há muito desmantelada; não possuiu, aliás, valor artístico. Desde 1935 foi cedida ao Patriarcado para depósito de imagens e acessórios que pertenceram à Igreja de S. Julião, substituída, como já to tenho dito, pela vizinha Igreja, nova, de N. Senhora de Fátima.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp. 58-59, 1939)

Igreja e Convento das Convertidas de Nossa Senhora do Rosário |1840|
Pereira, Luís Gonzaga, 1796-1868l, in Lisboa de Antigamente

N.B. Outras designações :Convento de Nossa Senhora das Dores de Lisboa; Convento de Nossa Senhora do Rosário das Dores; Convento do Rego; Recolhimento de Nossa Senhora das Dores e Santíssimo Rosário; Recolhimento das Convertidas do Rêgo; Recolhimento das Mulheres Perdidas do Rego; Recolhimento da Associação das Servitas de Nossa Senhora das Dores.

Sunday 17 March 2024

Antiga Rua Martim Moniz antes das demolições efectuadas na Baixa da Mouraria

Na Baixa da Mouraria, onde o passado e o presente se entrelaçam, encontramos o Martim Moniz, encravado entre o Borratém, a Rua da Mouraria, o começo da Rua da Palma, a encosta que leva ao Hospital de S. José, o início da Rua de S. Lázaro e as traseiras de S. Domingos. Com as demolições na Baixa da Mouraria, parte da Rua da Palma foi derrubada e, com ela, o velho Teatro Apolo, antes chamado do Príncipe Real (D. Carlos), apenas pouparia o bairro da Mouraria e a Ermida de Nossa Senhora da Saúde.

A ocupação humana deste lugar remonta a 8 mil anos atrás como povoado neolítico da encosta de Sant ' Ana, situado na margem do Regueirão dos Anjos, no vale da Mouraria. Porém, somente a partir da Idade Média a fixação humana neste local se tornou mais significativa. No século XIV a área correspondente à praça actual era atravessada pela Cerca Fernandina (1373-1375), estrutura muralhada que delimitava a cidade e da qual ainda hoje restam vestígios na zona, como a Torre do Jogo da Péla.

Antiga Rua Martim Moniz antes das demolições efectuadas na Baixa da Mouraria |c. 1949|
Actual Praça de Martim Moniz
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local e a data da foto não estão identificados no arquivo (FCG)

A intenção de unir o núcleo histórico à cidade em expansão, e as medidas higienistas e embelezadoras do regime político de então, determinaram as demolições empreendidas nas décadas de 40 e 50 do século XX. Desaparecia uma dezena de ruas, becos e pátios e com eles uma parte significativa da memória da cidade.

Antiga Rua Martim Moniz antes das demolições efectuadas na Baixa da Mouraria |c. 1949|
Actual Praça de Martim Moniz
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local e a data da foto não estão identificados no arquivo (FCG)

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