Esta Calçada da Glória — recorda-nos o ilustre Norberto de Araújo — é muito antiga como serventia pública.
Nos séculos velhos certamente não passaria de de uma Vereda na encosta,
ladeando uma parte da cerca dos frades de S. Roque; depois foi-se
transformando em rampa, e, quando se urbanizaram S. Pedro de Alcântara e
as Taipas, deu-se foros de Calçada, ligando a Avenida ao Bairro Alto,
como dantes ligava as Hortas de Valverde a Vila Nova de Andrade.
Calçada da Glória [c. 1910] Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Da «Glória» se chama em razão de uma Ermida de N. S. da Glória que existiu ao fundo da rampa, erigida em 1574, por Fernão Pais (...). Aquela ermida situava-se um pouco mais acima do fundo da Calçada de hoje, pois a rampa do meio para baixo tinha outra orientação; na Travessa da Glória, esquina sul junto à Avenida, seria o seu lugar, e ainda há uns dez anos havia dela vestígios.
Os ascensores — e estamos a ver o que seriam os dois «maxibombos» há cinquenta anos — datam de 1884.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. V, p. 79, 1938)
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. V, p. 79, 1938)
Calçada da Glória [entre 1908 e 1914] Largo da Oliveirinha Charles Chusseau-Flaviens, iin Lisboa de Antigamente |
N.B. Desconhece-se a data em que este Largo da Oliveirinha — sito na confluência da Calçada da
Glória com a Travessa do Fala-Só — se fixou na memória toponímica
lisboeta. Mas já o encontramos num projecto municipal da autoria de
Augusto César dos Santos, Henrique Sabino dos Santos e Alberto Pedro da
Silva para ligar a Calçada da Glória com o Largo da Oliveirinha pela
Travessa do Fala-Só com uma escadaria, em 1896. Em 1851 e 1883 também
aparece referido em documentos relativos às máquinas do Elevador da
Glória.
Calçada da Glória [c. 1940] Ferreira da Cunha in Lisboa de Antigamente |
Obrigada pela partilha da história desta calçada que tantas vezes subi até à rua com o mesmo nome.
ReplyDelete