De acordo com Norberto de Araújo «O Bairro Social de Arco do Cego principiou a construir-se em 1919, e — com suspensões e administração precária — só depois de 1928 levou uma sacudidela na sua letargia. Pode fixar-se a sua inauguração em 1934 1935-03-10. Dispõe de 481 moradias e é cortado por vinte ruas, das quais o mais importante no eixo, de nascente (Praça do México, hoje de Londres) a poente (Rua do Arco do Cego, que será a Rua D. Filipa de Vilhena) a Rua Dr. Magalhães Lima. A frente do Bairro está ajardinada em duas placas.
No coração deste Bairro se construiu o novo Liceu D. Filipa de Lencastre. [Araújo: 1939]
Mercado de Levante no Bairro Social do Arco do Cego |1960| Rua Costa Goodolfim Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente |
O lançamento da primeira pedra do Bairro Social do Arco do Cego realizou-se com a presença do Presidente da Republica e devidamente noticiada pela imprensa da época:
"Foi uma festa deveras importante a cerimónia do primeiro pau de bandeira no bairro social do Arco do Cego, construído onde antigamente era a Quinta das Côrtes, vasto trato de terreno que breve será habitado, pois que se trabalha por erguer nada menos de 3000 habitações (...) Como se vê olhando o plano do bairro ele tem tudo o que uma pequena vila é, não lhe faltando sequer a Casa do Povo, com a sua biblioteca, o club e o teatro. As construções alinham-se elegantemente e só há a temer que os burguezes se façam operários para disfrutarem as vantagens de ali morarem porque é da velha sabedoria que quem não mora não vive e quem vive mal é porque habita bem."(lllustração portugueza, 7 Junho de 1920)
Fotografia aérea do Bairro Social do Arco do Cego |195-| Em cima à esq. observa-se o Liceu D. Filipa de Lencastre e, na dir. baixa, nota-se a antiga Fábrica de Cerâmica Lusitânia na Rua do Arco do Cego.Mário de Oliveira, in Lisboa de Antigamente |
O Bairro Social do Arco do Cego foi encomendado na I República pelo Ministério do Trabalho. A fase de projecto contou com o risco de arquitectos como Adães Bermudes, Frederico Caetano de Carvalho e Edmundo Tavares. Inicialmente vocacionado para bairro operário, a sua construção passa para a gestão da Câmara Municipal, a partir de 1927, sendo transformado num bairro habitacional para a pequena burguesia de serviços e principalmente para funcionários camarários.
Panorâmica sobre o Bairro Social do Arco do Cego |c. 1935| Rua Xavier Cordeiro; Avenida Magalhães Lima; Rua Brito Aranha; Rua Brás Pacheco; Mário Novais, in Lisboa de Antigamente |
É constituído pela edificação contínua de blocos quadrangulares de 2 e 3 pisos, assim como de bandas geminadas de habitações unifamiliares de 2 pisos. No início da década de 30 do séc. XX, aí foi construído o primeiro equipamento escolar modelar modernista da capital. O projecto inicial, da autoria do arq. Jorge Segurado, datado de 1932, previa a construção de uma grande escola primária, no entanto, em 1938, o Plano do Estado Novo para edificar 13 liceus ordenou que fosse elaborado um projecto de adaptação da escola primária a liceu, com o objectivo de aí ser instalado o Liceu D. Filipa de Lencastre, cuja obra viria a estar concluída em 1940. De planta simétrica, o jogo de volumes do edifício alia o racionalismo do programa ao eclectismo do bairro que o envolve. [cm-lisboa]
Um lugar incrível que me proporcionou imagens fantásticas
ReplyDeleteMuitos joguinhos de futebol ali joguei naquela praceta.
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