E o enigmático Cata-que-farás, de que já nos fala Fernão Lopes, que ficava não longe do actual Cais do Sodré, e que uma das nossas municipalidades ineptamente transformou em Travessa do Alecrim? Cata-que-farás seria porventura um prolóquio, uma sentença, um velho rifão equivalente a: Procura que hás de achar — Prossegue que hás de conseguir — Trabalha que hás de vencer: conselho dado talvez aos mareantes e navegadores, que por ali embarcavam durante toda a época áurea das navegações, dos descobrimentos e das conquistas? Cata-que-farás era decerto na sua ingenuidade rude um enérgico repelão, uma sacudidela salutar na mandrieira nacional... E os marinheiros que partiam iriam dali cantando:
«Partimos de Portugal
Catar cura a nosso mal».
(in Embrechados por António Maria José de Melo César e Meneses Sabugosa)
Como curiosidade transcreve-se um anúncio publicado, em 1820, na velha Gazeta de Lisboa, o primeiro jornal oficial português:
«Carlos Baker annuncia ao Publico que elle he o unico Agente no meado por Day e Martins de Londres, para vender em Lisboa, a verdadeira graxa para çapatos e botas, descoberta feita por elles; para venda e fabrico da qual se lhe concedeo Privilegio Privativo, e que daqui em diante quem a quizer comprar genuina e livre de duvida, ha de achalla no seu Escriptorio na travessa de Cátefaraz N.° 3, tendo eada botija hum bilhete na rolha com o letreiro seguinte, Charles Baker, travessa de Catefaraz N.º 3 entre a rua das Flores e a rua do Alecrim».
Adoro este blog, tanto que aprendo sobre a minha terra, a minha Lisboa!
ReplyDelete