Sunday, 17 November 2024

Rua e Arco do Salvador

Ora, Dilecto, considera quanto é pitoresco o enfiamento da Rua e Arco do Salvador, numa perspectiva graciosa, sem contudo se revestir de arcaico. 
Parece que houve aqui dois arcos-passadiços — recorda Norberto de Araújo —, em vez de um apenas, aquele que subsiste, anterior, aliás, ao que desapareceu.

Rua e Arco do Salvador em 1952 e c. 1900, respectivamente
Antigo Convento do Santíssimo Rei Salvador e, à dir., o Palácio dos Condes dos Arcos
Fotografias por A. Passaporte e  A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

À direita, subindo, após o Arco [vd. imagem abaixo], ergue-se a parede lateral do antigo Convento [do Salvador], hoje ocupado nesta área pelo Patronato da Infância e pelo Centro Dr. Alexandre Braga Centro Cultural Dr. Magalhães Lima; à esquerda temos esse muro, do qual pendem arbustos, que o engrinaldam de poesia: é o do muro da Cerca do Convento, presentemente recreio das crianças alunas do referido Centro Dr. Alexandre Braga.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. X, p. 78, 1939)

Rua e Arco do Salvador em 1900 e 1952, respectivamente
Perspectiva tomada do Largo do Salvador
À esq. nota-se o Palácio dos Condes dos Arcos e, à dir. a torre sineira do extinto Mosteiro do  Salvador.
Fotografias por Machado & Souza e A. Passaporte, in Lisboa de Antigamente

N.B. A origem do culto a São Salvador neste local recua à época da Reconquista Cristã, período em que terá sido fundada a ermida de São Salvador da Mata. Com a fixação da população e o crescimento do povoado em redor, tornou-se sede de paróquia de Padroado Real, estatuto que recua, pelo menos, a 1229. A fama de milagres atribuídos às imagens votivas ali expostas ocasionou a construção de um pequeno recolhimento destinado aos peregrinos que aí afluíam. Este recolhimento caracterizava-se por um conjunto de casas térreas, construídas junto à ermida ou capela, que foram, depois, ocupadas por mulheres devotas recolhidas em clausura perpétua, chegando a reunir vinte devotas. Eram, à época, conhecidas por Emparedadas ou Beatas.
(BAPTISTA, 1618, pp. 4-4v e 9-14; CACEGAS e SOUSA ,II, 1767, pp. 6-9; História dos Mosteiros..., II, 1972, pp. 260-64; SILVA, I, 1968a, p. 186).

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