Sunday, 1 December 2024

Rua Marques da Silva que foi Travessa do Caracol da Penha

De Arroios se subia à Penha de França por uma tortuosa ladeira — à qual minha avó teimava em chamar ainda Travessa do Caracol da Penha — e que é, hoje, a Rua Marques da Silva.


Em 1891, para o alargamento paralelo da Travessa do Caracol da Penha, compreendido entre a projectada Avenida dos Anjos — hoje Av. Almirante Reis — e a velhinha Rua de Arroios, foi cedido à Câmara gratuitamente, quase na totalidade por João Marques da Silva, o terreno de sua propriedade denominado Quinta da Imagem. Perguntemos agora: Marques da Silva porquê? quem foi aquele senhor? que fez ele? — Saiba mais aqui.

Rua Marques da Silva que foi Travessa do Caracol da Penha |c. 1900|
Perspectiva tomada da Rua de Arroios
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está identificado no abandalhado amL.

O próprio Caracol da Penha, (que parece tão calado) — recorda Mestre Castilho — se o interrogarmos, dir-nos-á que ainda em 1857 não era mais que uma estreita e pitoresca azinhaga, com foros de caminho de pé posto. Passar aí de noite, só Amadis de Gaula ou Ferrabraz da Alexandria; todo o resto dos mortais eram exterminados.
Em sessão de 2 de Abril desse ano de 57 (nos dirá o Caracol) recebeu a câmara de Lisboa participação de haver sido aprovada pelo conselho de distrito a deliberação tomada em 2 de Março antecedente, para a expropriação de certo terreno a fim de se começarem ali alguns melhoramentos projectados. Foi aprovado o orçamento, no valor de 669$870.
Em sessão de 10 de Dezembro autoriza a câmara o alargamento do Caracol segundo a planta do engenheiro.
Finalmente em 11 de Julho de 1859 determinou-se que se anunciasse a arrematação da obra da muralha, na estrada que hoje trepa elegantemente aquela encosta a pino. [Castilho: 1889]

Rua Marques da Silva que foi Travessa do Caracol da Penha |1959|
Troço da rua no topo da colina com a Igreja de Nossa Senhora da Penha de França
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Friday, 29 November 2024

Ascensor da Glória

No dia 31 do mez¹ findo — noticiava a revista ilustrada O Occidente em 11 de Novembro de 1885 — , foi aberto á circulação publica o calçada da Gloria, e a maneira como o publico recebeu esta innovação, demonstra cabalmente a sua grande utilidade.
O ascensor da calçada da Gloria, mais feliz, porventura, que o seu irmão primogenito da calçada do Lavra, veio confirmar de um modo positivo a grande vantagem d'estes elevadores, e este com especialidade, porque reune á vantagem practica, a aspiração platonica de se subir a Gloria por um vintem cada cabeça, o que não é para desprezar n'estes tempos de tantas aspirações.

Ascensor da Glória |c. 1920|
Da «Glória» se chama em razão de uma Ermida de N. S. da Glória que existiu
ao fundo da rampa, erigida em 1574, por Fernão Pais (...).
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

Mas, independente d'estas vantagens, tem ainda outra muito mais importante a qual é a de ter quebrado o enguiço, que parecia haver para o desenvolvimento d'este grande beneficio á capital, enguiço causado pelo pouco resultado obtido na exploração do ascensor da calçada do Lavra, o que não devia fazer desanimar os emprehendedores d'este melhoramento, porque a concorrencia do publico alli é muito limitada, com ascensor ou sem elle.
Para o lado occidental da cidade o movimento da população é muito maior, e portanto a exploração dos ascensores muito mais productiva.
Os resultados já obtidos no elevador da calçada da Gloria, animam a exploração de novas vias, e é assim que se projectam e tratam de pôr em pratica, na calçada da Estrella ou travessa de Santo Amaro, na Bica de Duarte Bello, na rua das Flores, na rua da Imprensa Nacional, na calçada dos Paulistas e para o monte da Graça, cujos habitantes pedem este melhoramento em um abaixo assignado com mais de mil assignaturas. [O Occidente: 1885]
¹ (foi mantida a ortografia da época)

Ascensor da Glória |1885|
Ascensor da Glória no dia da inauguração - 31 de Outubro de 1885; este elevador apresentou, no inicio,  a particularidade de se poder viajar no tejadilho.
 Desenho do natural por J. Christino, in O Occidente

Sunday, 24 November 2024

Rua da Prata, 257: Ourivesaria da Moda

Ourivesaria fundada em 1906 por António Esteves de Araújo, mantém-se na mesma família há 4 gerações. No interior, o ex-libris da casa, uma fonte em prata maciça com 2 metros de altura, dá-nos as boas-vindas. Especialistas em peças tradicionais portuguesas, o destaque vai para as jóias em filigrana, feitas artesanalmente com fios muito finos em ouro ou prata.
António Esteves de Araújo viera do Minho aos 11 anos à procura de melhores condições, tendo trabalhado numa mercearia até aos 16 anos altura em que passou a trabalhar na Ourivesaria do torreão do Mercado da Praça da Figueira. Depois disso entrou na Ourivesaria da Moda passando a decidir os seus destinos. Nos anos quarenta expandiram o espaço ocupando uma manteigaria na Rua da Prata [na dir. baixa] e uma loja de vidros na Rua de Sta. Justa, ficando assim com 4 montras para a Rua da Prata e 2 para a Rua de Sta. Justa. Nos finais dos anos 50 adquiriram um deposito de tabacos o que permitiu nova ampliação do lado da Rua de Sta. Justa. Chegou-se assim à loja actual. [circulolojas.org]

Rua da Prata, 257: Ourivesaria da Moda |191-|
Esquina com a Rua de Santa Justa, 34
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

Friday, 22 November 2024

Edifício no Campo de Santa Clara, 124

Edifício oitocentista com fachada totalmente revestida por azulejos, traduz vincado gosto romântico e cenografia com efeitos de trompe-l'oeil, apresentando um programa decorativo revivalista, de inspiração barroca
O piso térreo apresenta um revestimento azulejar em trompe-l'oeil a imitar apainelados de cantaria, marmoreados em tons de manganês e branco, enquadrados por moldura azul, que lhe confere um ar rústico. Os restantes pisos evidenciam um revestimento azulejar sobre fundo azul, a imitar mármore, com falsos elementos arquitectónicos a amarelo, destacando-se as molduras dos vãos das janelas de sacada, na forma de pilastras, assim como os falsos frontões curvilíneos recortados, que rematam os referidos vãos, decorados por volutas e folhas de acantos, enquadrando grinaldas e cabeças humanas.
 
Campo de Santa Clara, 124 | Inicio do séc. XX|
O Campo de Santa Clara foi buscar o nome ao antigo mosteiro de freiras de Santa Clara que aqui existiu.
Relojoeiro na Feira da Ladra.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

A ladear os conjuntos de vãos centrais observam-se apainelados recortados, com decoração barroca, que integram medalhão central ovalado, com efígie antropomórfica, de inspiração clássica, emoldurada por elementos vegetalistas. Por sua vez, a delimitar o edifício surgem outros apainelados recortados, que traduzem composições vegetalistas. Este trabalho, da autoria do pintor de azulejos Luís Ferreira, mais conhecido por "Ferreira das Tabuletas", foi produzido, por volta de 1860, na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego.

Campo de Santa Clara, 124 | 1945|
O Campo de Santa Clara foi buscar o nome ao antigo mosteiro de freiras de Santa Clara que aqui existiu.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 17 November 2024

Rua e Arco do Salvador

Ora, Dilecto, considera quanto é pitoresco o enfiamento da Rua e Arco do Salvador, numa perspectiva graciosa, sem contudo se revestir de arcaico. 
Parece que houve aqui dois arcos-passadiços — recorda Norberto de Araújo —, em vez de um apenas, aquele que subsiste, anterior, aliás, ao que desapareceu.

Rua e Arco do Salvador em 1952 e c. 1900, respectivamente
Antigo Convento do Santíssimo Rei Salvador e, à dir., o Palácio dos Condes dos Arcos
Fotografias por A. Passaporte e  A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

À direita, subindo, após o Arco [vd. imagem abaixo], ergue-se a parede lateral do antigo Convento [do Salvador], hoje ocupado nesta área pelo Patronato da Infância e pelo Centro Dr. Alexandre Braga Centro Cultural Dr. Magalhães Lima; à esquerda temos esse muro, do qual pendem arbustos, que o engrinaldam de poesia: é o do muro da Cerca do Convento, presentemente recreio das crianças alunas do referido Centro Dr. Alexandre Braga.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. X, p. 78, 1939)

Rua e Arco do Salvador em 1900 e 1952, respectivamente
Perspectiva tomada do Largo do Salvador
À esq. nota-se o Palácio dos Condes dos Arcos e, à dir. a torre sineira do extinto Mosteiro do  Salvador.
Fotografias por Machado & Souza e A. Passaporte, in Lisboa de Antigamente

N.B. A origem do culto a São Salvador neste local recua à época da Reconquista Cristã, período em que terá sido fundada a ermida de São Salvador da Mata. Com a fixação da população e o crescimento do povoado em redor, tornou-se sede de paróquia de Padroado Real, estatuto que recua, pelo menos, a 1229. A fama de milagres atribuídos às imagens votivas ali expostas ocasionou a construção de um pequeno recolhimento destinado aos peregrinos que aí afluíam. Este recolhimento caracterizava-se por um conjunto de casas térreas, construídas junto à ermida ou capela, que foram, depois, ocupadas por mulheres devotas recolhidas em clausura perpétua, chegando a reunir vinte devotas. Eram, à época, conhecidas por Emparedadas ou Beatas.
(BAPTISTA, 1618, pp. 4-4v e 9-14; CACEGAS e SOUSA ,II, 1767, pp. 6-9; História dos Mosteiros..., II, 1972, pp. 260-64; SILVA, I, 1968a, p. 186).

Friday, 15 November 2024

Chafariz do Malvar

O Chafariz de Carnide ou do Largo do Malvar sugere os chafarizes de obelisco, traduzindo, apesar da ausência de decoração, uma elegância de formas, conciliando superfícies ondulantes, rectilíneas e esguias. Com tanque de recepção de águas rectangular, que era usado como aguadeiro para os animais ou como lavadouro de roupa para a população local, eleva-se ao centro, sobre uma base prismática, o alçado em forma de balaústre longo, como se fosse um jarro bojudo, de secção quadrangular com o colo alto e arestas curvas.

Chafariz do Malvar |1961|
Largo do Malvar, Estr. da Correia
Chafariz em cantaria de calcário lioz com 2 bicas (E. e O.) forradas a metal.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Este conjunto surge rematado por uma forma piramidal, muito esguia e pontiaguda. Duas bicas inserem-se em duas faces opostas do plinto. Sob uma das bicas, conserva-se o apoio metálico para suporte das vasilhas que recolhiam a água. Foi mandado construir pela Câmara Municipal de Belém em 1857.

Chafariz do Malvar |1952|
Largo do Malvar, Estr. da Correia (S. Lourenço de Carnide)
A face E. apresenta a seguinte inscrição: "CAMARA MUNICIPAL DE BELEM 1857".
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 10 November 2024

Mercado de Levante no Bairro Social do Arco do Cego

De acordo com Norberto de Araújo «O Bairro Social de Arco do Cego principiou a construir-se em 1919, e — com suspensões e administração precária — só depois de 1928 levou uma sacudidela na sua letargia. Pode fixar-se a sua inauguração em 1934 1935-03-10. Dispõe de 481 moradias e é cortado por vinte ruas, das quais o mais importante no eixo, de nascente (Praça do México, hoje de Londres) a poente (Rua do Arco do Cego, que será a Rua D. Filipa de Vilhena) a Rua Dr. Magalhães Lima. A frente do Bairro está ajardinada em duas placas. 
No coração deste Bairro se construiu o novo Liceu D. Filipa de Lencastre. [Araújo: 1939]

Mercado de Levante no Bairro Social do Arco do Cego |1960|
Rua Costa Goodolfim 
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

O lançamento da primeira pedra do Bairro Social do Arco do Cego realizou-se com a presença do Presidente da Republica e devidamente noticiada pela imprensa da época:
"Foi uma festa deveras importante a cerimónia do primeiro pau de bandeira no bairro social do Arco do Cego, construído onde antigamente era a Quinta das Côrtes, vasto trato de terreno que breve será habitado, pois que se trabalha por erguer nada menos de 3000 habitações (...) Como se vê olhando o plano do bairro ele tem tudo o que uma pequena vila é, não lhe faltando sequer a Casa do Povo, com a sua biblioteca, o club e o teatro. As construções alinham-se elegantemente e só há a temer que os burguezes se façam operários para disfrutarem as vantagens de ali morarem porque é da velha sabedoria que quem não mora não vive e quem vive mal é porque habita bem."
(lllustração portugueza, 7 Junho de 1920)

Fotografia aérea do Bairro Social do Arco do Cego |195-|
Em cima à esq. observa-se o Liceu D. Filipa de Lencastre e, na dir. baixa, nota-se a antiga 
Fábrica de Cerâmica Lusitânia na Rua do Arco do Cego.
Mário de Oliveira, in Lisboa de Antigamente

O Bairro Social do Arco do Cego foi encomendado na I República pelo Ministério do Trabalho. A fase de projecto contou com o risco de arquitectos como Adães Bermudes, Frederico Caetano de Carvalho e Edmundo Tavares. Inicialmente vocacionado para bairro operário, a sua construção passa para a gestão da Câmara Municipal, a partir de 1927, sendo transformado num bairro habitacional para a pequena burguesia de serviços e principalmente para funcionários camarários.

Panorâmica sobre o Bairro Social do Arco do Cego |c. 1935|
Rua Xavier Cordeiro; Avenida Magalhães Lima; Rua Brito Aranha; Rua Brás Pacheco; 
Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

É constituído pela edificação contínua de blocos quadrangulares de 2 e 3 pisos, assim como de bandas geminadas de habitações unifamiliares de 2 pisos. No início da década de 30 do séc. XX, aí foi construído o primeiro equipamento escolar modelar modernista da capital. O projecto inicial, da autoria do arq. Jorge Segurado, datado de 1932, previa a construção de uma grande escola primária, no entanto, em 1938, o Plano do Estado Novo para edificar 13 liceus ordenou que fosse elaborado um projecto de adaptação da escola primária a liceu, com o objectivo de aí ser instalado o Liceu D. Filipa de Lencastre, cuja obra viria a estar concluída em 1940. De planta simétrica, o jogo de volumes do edifício alia o racionalismo do programa ao eclectismo do bairro que o envolve. [cm-lisboa]

Friday, 8 November 2024

Panorâmica da Estrela tomada do zimbório da Basílica da Estrela

Do majestoso zimbório da Basílica da Estrela — a que se pode ascender depois de galgados mais de 200 degraus — o panorama de que ali se desfruta é dos mais belos de lisboa. 

Se da maioria dos pontos altos de lisboa se avista a parte antiga da cidade — recorda o Guia de Portugal (1924) —  o que aqui domina inteiramente no conjunto é a  cidade moderna. O espectáculo torna-se por isso mais claro e mais alegre, variado ainda pela abundância de pequenos bosques e jardins, desdobrados como numa grinalda. Logo a O. a tapada da Ajuda, hoje já muito rarefeita, e a mole enorme do palácio; mais para cá a mancha verde do parque das Necessidades, e a seguir a parada sombria dos ciprestes dos Prazeres. Ao longe desdobra-se o espinhaço de Monsanto, e mais além e a NO. as alturas de Sintra. Para o N. abrange-se a cidade nova, e logo em baixo repousa o olhar a frondosa espessura do Jardim da Estrela, continuada ao fundo com os belos ciprestes do cemitério dos Ingleses. A E. avista-se o Castelo, a torre de S. Vicente e mais abaixo as da , um pouco perdidas na massa escura dos telhados. Ao S. abre-se enfim, maravilhosa de luz e de amplidão, a enseada do Tejo, a melo da qual se ergue o pontal de Cacilhas, avançando no rio como a proa duma nau.

Panorâmica da Estrela tomada do zimbório da Basílica da Estrela |entre 1926 e 1936|
Vêem-se os terrenos onde virá a ser rasgada a Avenida Infante Santo nas décadas de 1940/50, o Hospital da Estrela, antigo Convento do Sagrado Coração de Jesus, um trecho do Aqueduto das Aguas Livres [demolido], uma nesga do Tejo e a Outra Banda.
António Passaporte,  in Lisboa de Antigamente

Nota(s): Conforme o Edital de 13 de Maio de 1949 «o arruamento em construção, que ligará a Avenida 24 de Julho à Estrela, compreende parte da Rua Tenente Valadim, desde o término da curva do prédio do Estado (Instituto Maternal); parte da Travessa dos Brunos prédios nºs 22 e 24 e, ainda, a Rua da Torre da Pólvora» passou a ser a Avenida Infante Santo.

Obras para abertura da Avenida Infante Santo |1949|
Junto ao Hospital Militar Principal, à Estrela
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 3 November 2024

Rua Filipe da Mata

Ao arruamento anteriormente designado por Rua Particular Neves Piedade (construtor civil que teve grande influência na construção do Bairro do Rego), com início na Rua da Beneficência e fim Estr. das Laranjeiras, foi atribuída a denominação de Rua Filipe da Mata, através do Edital de 6 de Agosto de 1927.
Luís Filipe da Mata (1853-1924) foi um político republicano, vereador da primeira Câmara Municipal de Lisboa republicana (1908) e deputado e senador no Congresso da República. Era membro da Maçonaria.

Rua Filipe da Mata com a Estr. das Laranjeiras |c. 1920|
Estr. das Laranjeiras vai da Avenida dos Combatentes até à Estr. da Luz tem o seu topónimo nascido da Quinta das Laranjeiras (Palácio Farrobo), onde, desde 1905, está instalado o Jardim Zoológico.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está identificado no arquivo.
Rua Filipe da Mata com a Rua Mário Castelhano |c. 1920|
Entre os dois renques de prédios (alguns ainda de pé) e paralela à R. Mário Castelhano, existe o viaduto da Avenida dos Combatentes - dístico de 1971 - e que tem início na Praça de Espanha e a Estr. das Laranjeiras e fim na Rua Prof. Egas Moniz.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está identificado no arquivo.

Mário Castelhano (1896–1940), que foi o último coordenador do secretariado da Confederação Geral do Trabalho e morreu em 1940 no Tarrafal, teve passados quase 39 anos, desde a publicação do Edital de 19/06/1979, uma artéria que o homenageia, na Freguesia das Avenidas Novas, no que era um troço da Avenida António Augusto de Aguiar entre as Ruas Dr. Álvaro de Castro e Cardeal Mercier, com a legenda «Sindicalista/1896–1940». [cm-lisboa.pt]

Friday, 1 November 2024

Colégio de São Pedro e São Paulo

Este Colégio, fundado por da Carta Régia de 20 de Novembro de 1621, destinava-se à educação de ingleses católicos que residissem em Portugal ou de sacerdotes católicos ingleses e irlandeses que estivessem de passagem pelo nosso país e, foi reconstruído após o Terramoto de 1755, com a traça que ainda se pode ver na igreja desactivada do que é agora um condomínio fechado.
Foi seu fundador e padroeiro D. Pedro Coutinho, que para o efeito doou umas casas e instituiu uma renda de 500 mil réis (tendo para si tomado a capela-mor para aí instalar o seu jazigo). Sob a direcção do padre Nicholas Ashton, as obras iniciar-se-iam apenas em 1632 (concluindo-se em 1644), quatro anos após a chegada a Lisboa dos dois primeiros professores ingleses. Inicialmente deveria acolher uma dezena de alunos e outros tantos professores. [Castilho: 1902]
Os danos sofridos com o Terramoto de 1755 são rapidamente reparados, mantendo o colégio em actividade até 1971. 

Colégio de São Pedro e São Paulo, fachada Sul |1928|
Também designado Colégio dos Inglesinhos e Venerável Colégio Pontifício de São Pedro e São Paulo.
Travessa dos Inglesinhos
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Em Lisboa, [após o Ultimatum inglês de 1890], o povo muda a placa toponímica da «Travessa dos Inglesinhos» para «Travessa dos Ladrões» e a placa da «Travessa do Enviado de Inglaterra» para «Travessa do Diabo Que o Carregue».
(in «O Marquês de Soveral-Seu Tempo e Seu Modo», Paulo L. Marques, pp.  90-91)

Colégio de São Pedro e São Paulo
Também designado Colégio dos Inglesinhos; Venerável Colégio Pontifício de São Pedro e São Paulo.
 Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755, pormenor, in Museu de Lisboa

Sunday, 27 October 2024

Calçada do Duque (Escadinhas)

Na época vintista (entre Agosto1820 e Abril de 1823) a Calçada do Duque começava em S. Roque e prolongava-se até ao Rossio. Hoje em dia a direcção dos números foi alterada, começando de baixo para cima. De destacar, a muralha fernandina que se confunde com a rua, o antigo Palácio de Niza logo à esquerda de quem começa a descer, hoje pertencente à Santa Casa da Misericórdia [...] Com a construção da Estação do Caminho-de-Ferro, a Calçada do Duque vê cortada a sua ligação ao Rossio, iniciando-se agora depois das escadas da estação.
 
Calçada do Duque (Escadinhas) |c. 1960|
O topónimo Calçada do Duque [assim se chama por ter pertencido o seu terreno
à antiga casa Cadaval] foi atribuído oficialmente pelo Edital do Governo Civil de
5 de Agosto de 1867. Júlio de Castilho nasceu nesta artéria.
a 30 de Abril de 1840.
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

No outro extremo da calçada existia um pedaço de muralha da cidade, que naquela época, enquadrava o seu início. Era a famosa Torre de Álvaro Pais com seu Arco e Postigo conhecido pela porta de S. Roque, pois tinha no topo uma imagem desse Santo. Tudo isto foi destruído em 1836 para o rasgar da rua Nova da Trindade e o largo foi ganhando o aspecto que hoje tem , com o nome de Largo Trindade Coelho. [Lisboa 1821]

Calçada do Duque vista da Cç. do Carmo |inicio séc. XX|
Encimando a foto observa-se o edifício da antiga Escola Académica (hoje CP).
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

Friday, 25 October 2024

Rua de São Pedro de Alcântara que foi «da Torre de S. Roque»

Nesta Rua de S. Pedro de Alcântara — que neste troço se chamou, durante tempo, «da Torre de S. Roque» e «da Torre do Relógio» — , e no prédio n.º 7 a 11, nasceu em 28 de Janeiro de 1800 António Feliciano de Castilho, e aí morreu em 18 de Junho de 1875; em 28 de Janeiro de 1900 foi colocada na fachada do prédio a lápide que estás vendo (ainda lá se encontra).  [Araújo: 2017]

Rua de São Pedro de Alcântara em 194- e 195-, respectivamente
Descubra as diferenças
 
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

A Igreja de S. Roque foi construída no sítio da antiga ermida manuelina, na segunda metade do século XVI, sendo seu arquitecto Afonso Álvares, mestre-de-obras de D. João III. Porém, quem terminou a sua construção foi o arquitecto Filipo Terzi, responsável pela cobertura e pela antiga fachada maneirista. De formato rectangular, a igreja é composta por uma só nave, uma capela-mor pouco profunda, e oito capelas laterais, sendo este modelo tradicionalmente designado por "Igreja-salão". [Carriço: 2017]

Sunday, 20 October 2024

Bairro Santos, ao Rego

Para além da linha férrea e a poente — recorda Norberto de Araújo — , se edificou em 1930 o novo «Bairro da Bélgica», e a nascente um outro novo «Bairro Santos», tudo incluído na recentíssima urbanização de Lisboa.[...]
Chegamos assim ao velho Largo do Rego, que a urbanização trivializou, junto do qual correu a pitoresca Rua das Cangalhas de que há meses restavam quatro paredes. Já agora enfiemos pela antiga Estrada do Rego, depois Rua de Sousa Holstein, modernamente Rua da Beneficência.
(ARAÚJO, Norberto de,  Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 59, 1939)

Bairro Santos, ao Rego |1963-03-30|
Rua Cardeal Mercier (1926) com a Rua Portugal Durão
Seria por aqui perto o antigo Largo do Rego, antes do alinhamento deste e da abertura dos novos arruamentos e consequente urbanização. Inauguração do Mercado de levante. 
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Friday, 18 October 2024

A velha Rua das Portas de Santo Antão que foi da «Corredoura»

Remotamente foi aqui, e por aí fora, «Corredoura» — que é como se dissesse «rua direita» — era então Lisboa, logo adiante do Rossio de Valverde, «terra de arrabalde». A «Corredoura» — recorda Norberto de Araújo — servia para corridas e, assim, logo no século XIV a designação passou a ser de «Carreira de Cavalos».

Rua das Portas de Santo Antão |c. 1910|
Antiga de Eugénio dos Santos, antes de Santo Antão  da Corredoura no século XIV )
Ali onde se vê a loja de móveis «O Barateiro» vai erguer-se, em 1913, o Teatro Politeama; no gaveto com a Rua dos Condes vê-se a fachada da Drogaria Ferreira fund. em 1755, depois, em 1927, Cinema Odeon.
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está identificado no abandalhado amL

O dístico de Rua das Portas de Santo Antão não ia além de S. Luiz [igreja de], e perdurou até Setembro de 1859, entrando depois a artéria a chamar-se simplesmente Rua de Santo Antão até ao Largo da Anunciada. Em 3 de Agosto de 1911 o nome tradicional modificou-se para o de Rua Eugénio dos Santos [até 1956] (o arquitecto da nova Cidade).
(ARAÚJO, Norberto de,  Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp. 103-104, 1939)

Sunday, 13 October 2024

Avenida de Roma

Topónimo atribuído a 27 de Dezembro de 1930, presta homenagem à capital da Itália. A atribuição está inserida num contexto de Estado Novo, onde o nacionalismo era contrabalançado com uma ambicionada dimensão internacional.

Avenida de Roma (em construção) |c. 1954|
Cruzamento com a Avenida Frei Miguel Contreiras (dístico de 1955)
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente
 
O cosmopolitismo formal, a ideia do mundo dentro de Lisboa, mais do que a modernidade das ideias e valores subjacente também a uma abertura para a Europa, está no âmago desta atribuição e de outras que se seguiram, nomeadamente, em 1948, Avenida de Madrid, Paris, Londres, entre outras.

Avenida de Roma [195-]
Perspectiva tomada da Praça de Londres junto a Avenida João XXI.
Claudino Madeira, in Lisboa de Antigamente

Friday, 11 October 2024

Miradouro de São Gens (ou da Senhora do Monte)

Deves ter notado que cada miradouro de Lisboa tem a sua perspectiva especial, o seu anfiteatro diferenciado ao sopé rumoroso e confuso. Este do Monte, com a Ermida ao lado — recorda Mestre Araújo — é dos mais deleitosos de Lisboa.
O Bairro do Monte, urbanizado, data de 1902, embora anteriormente existisse na sua Calçada, no seu alto de S. Gens, e num ou noutro arruamento impreciso.
A Ermida de Nossa Senhora do Monte na sua feição primitiva era das mais antigas de Lisboa, pois foi fundada no próprio ano da tomada de Lisboa (1147), consagrada a S. Gens, bispo que fora de Lisboa, e neste lugar martirizado, segundo tradições. A Ermida não assentava neste sítio ; ficava nas faldas do Monte, já chamado de S. Gens [...]
 (ARAÚJO, Norberto de Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 37, 1938)

Miradouro de São Gens (ou da Senhora do Monte) |c. 1910]
Largo do Monte com uma criança dormindo na sombra de umas de suas árvores seculares — Phytolacca dioica, vulgo Bela-sombra — vendo-se, ao fundo, a Capela de Nª Sª do Monte.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente 

N.B. O miradouro desenvolve-se em frente da Capela de Nossa Senhora do Monte. A partir dele pode observar-se, para sul, o mar da Palha, o Castelo de São Jorge, parte da Baixa de Lisboa e o estuário do rio Tejo, para poente, do Bairro Alto até ao Parque Florestal de Monsanto e, para norte, o vale da Avenida Almirante Reis.

Sunday, 6 October 2024

Alto do Longo aos Moinhos de Vento

O Alto do Longo — diz Norberto de Araújo — devia ter sido, com seus chinfrins e seu arruído de almas doloridas, um brinco para cenários excêntricos, na época que precedeu a regularização do cômoro que veio a ser o da Patriarcal Queimada.
É o avô do sítio. Não faz parte integrante do Bairro Alto nem pretende entrar na história dos Moinhos de Vento. Mas é muito velho. Uma coisita para ali à espera de picareta. [...]. 
No tempo em que a Cotovia adejava o seu alado estribilho, e quando o Conde de Tarouca erguia o seu palácio, que nunca chegou a ser — o Alto do Longo pertencia, como súcia, à grei urbana do sítio.
Quem foi o «Longo» que deu razão ao dístico? Perde-se na bruma a explicação toponímica. Contentemo-nos em entrar por um lado e sair pelo outro, desde o alto da velha Rua Formosa [actual de O Seculo], onde uma empena desamparada dá fundo a um desolado marco fontenário , até ao escadório da Travessa do Conde de Soure.

Rua Dom Pedro V com a Rua de O Século Alto do Longo |1943|
O Alto do Longo é anterior ao ano do Terramoto. [Araújo: 1938]
Eduardo Portugal,, in Lisboa de Antigamente

Esta Rua de D. Pedro V — prossegue Araújo — , designação do ano de 1885, era, antes, «dos Moinhos de Vento», o que bem dá nota da sua feição campesina e da sua situação ventosa. Já existia o Bairro Alto de S. Roque, e ainda esta estrada, sem desenho que que não fosse o de pé posto, e que não fazia parte da herdade de Santa Catarina (origem do Bairro Alto) corria entre terras de semeadura. Os ingleses de Maria Tudor, auxiliares de D. António, Prior do Crato, quando cercaram Lisboa em 1589, tempo de Filipe II de Espanha, estiveram aqui acampados.==

Rua D. Pedro V |1908-02-08|
Esta Rua de D. Pedro V, designação do ano de 1885, era, antes, «dos Moinhos de Vento». [Araújo: 1938]
Legenda no abandalhado aml: «Funerais de Dom Carlos e de Dom Luís Filipe
Joshua Benoliel,, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 205, 1943.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. V, pp. 64-68, 1939.

Friday, 4 October 2024

Ruas da Alfândega e dos Bacalhoeiros

As Rua Nova da Alfândega e a Rua da Ribeira Velha [actual Rua do Instituto Virgílio Machado] passaram a constituir um único arruamento, com a denominação de Rua da Alfândega, por edital do Governador Civil de Lisboa de 1 de Setembro de 1859, em razão do edifício da Alfândega que ocupa todo o lado sul desta Rua, uma construção pombalina posterior ao terramoto de 1755 que veio substituir a alfândega quinhentista que se situava aproximadamente onde hoje confluem as Ruas do Comércio e da Madalena.
De acordo com o olisipógrafo Pastor de Macedo, a partir de 1755 a parte oriental da rua era a Ribeira Velha que só em 1836 aparece como Rua da Ribeira Velha, enquanto a parte compreendida entre o Terreiro do Paço e a Rua dos Arameiros foi denominada como Rua Direita da Misericórdia (1766), Rua da Misericórdia de Baixo (1780), Rua dos Freires da parte de baixo (1787), Rua da Conceição dos Freires da parte do mar (1799) e Rua Nova da Alfândega (1806).

Rua da Alfândega |Início séc. XX|
À esquerda, a Rua dos Arameiros e à dir. o edifício da antiga Alfândega [hoje Min. Finanças].
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

De acordo com Gomes de Brito, pelo mesmo Edital do Governador Civil de 1 de Setembro de 1859, as Ruas dos Bacalhoeiros e dos Confeiteiros foram mandadas reunir em uma só, sob a designação de «Bacalhoeiros». A dos Confeiteiros, que anteriormente a 1755 se denominava «Rua de Cima da Misericórdia» principiava no Arco Escuro (Campo das Cebolas) e findava na rua da Madalena. [Brito: 1935]

Ruas da Alfândega e dos Bacalhoeiros (dir.) | c. 1900|
Ao centro vê-se o antigo Terreirinho das Farinhas composto por um renque de seis
pequenos núcleos de casas sito entre a Rua dos Arameiros e o Campo das Cebolas e demolido na
década de 1940.

Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 29 September 2024

Igreja de São Domingos

S. Domingos — Dilecto — é uma crónica viva de Lisboa, com as suas imediações da Praça da Figueira, com o seu trânsito obrigatório, pela Rua Barros Queiroz e Calçada do Garcia, formigueiros de gente, que desce dos Anjos, dos bairros novos, ou de Sant'Ana velha. [...]

Junto do templo dominicano, assentava, crê-se que já antes de se erguer o Convento, a pequenina ermida de N. Senhora da Purificação, da Escada, de grande nomeada na Lisboa velha; o seu lugar era onde está a Casa de Candeeiros, que foi de Tomé de Barros Queiroz, bom cidadão de Lisboa (...)»

Igreja de São Domingos [c. 1910]
Rua Barros Queirós; Largo de S. DomingosGinjinha do Rossio
A velha Igreja de São Domingos ficava junto à ermida de Nossa Senhora da Escada, também conhecida por Nossa Senhora da Corredoura, por ficar próximo do sítio deste nome, actualmente a Rua das Portas de Santo Antão, e cuja construção datava dos princípios da monarquia.
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente

Tendo sido lançada a primeira pedra no ano de 1241, e alvo de sucessivas e diferentes campanhas de obras que lhe foram alterando e adicionando a traça primitiva, data de 1748 a reforma efectuada na capela-mor pelo arqº Ludovice, acabando por ser a única zona do templo poupada ao terramoto de 1755. Seguidamente, a igreja foi reconstruída por Manuel Caetano de Sousa, que reaproveitou o portal e a sacada sobrejacente pertencentes à Capela-Real do Paço da Ribeira.
Em termos formais, esta Igreja conventual denuncia uma arquitectura barroca, de planta em cruz latina. Enquanto que exteriormente é caracterizada pelas suas linhas simples, o interior ainda revela alguma da sua notória riqueza ecléctica. Assim, serão dignos de realce, não apenas o aspecto grandioso de todo o espaço interior, como os próprios mármores e pinturas, infelizmente hoje desaparecidos.

Era notável a sua riqueza em alfaias preciosas, havendo uma imagem de prata maciça, que saía em procissão num andor do mesmo metal, alumiada por lâmpadas também de prata. As pinturas dos altares, os paramentos, os tesouros, tudo desapareceu durante o terramoto de 1755, salvando-se unicamente a sacristia e a capela-mor, mandada fazer por D. João V e riscada pelo arquitecto João Frederico Ludovice, em 1748 - homem que projectou o colossal Convento de Mafra. A capela-mor, toda de mármore negro, e em cujas colunas se vêem, junto à base, medalhões delicadamente cinzelados, que também avultam sobre os nichos laterais.
 
Igreja de São Domingos |Inicio séc. XX|
Perspectiva longitudinal do interior da Igreja
A Capela-mor, edificada em 1748 por Ludovice e acabada por João António de Pádua é rematada
por um arco de volta perfeita que marca a outra extremidade da abóbada de berço e possui quatro
grandes colunas sem capitel que delimitam o receptáculo do Sacrário com porta de bronze. O conjunto
é rematado por formação escultórica ladeando o registo central, duas mísulas com as estátuas de
S. Domingos e S. Francisco. Nas paredes laterais, janelas ao nível do grupo escultórico superior.
José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente

Em 13 de Agosto de 1959, um violento incêndio destruiu por completo a decoração interior da igreja, onde constavam altares em talha dourada, imagens valiosas e pinturas de Pedro Alexandrino de Carvalho. A igreja recebeu obras e reabriu ao público em 1994, sem esconder as marcas do incêndio, como as colunas rachadas. Ainda que destruída, é uma igreja que sobressai pela policromia dos seus mármores. 
Actualmente é a igreja paroquial da freguesia de Santa Justa e Santa Rufina, em plena Baixa Pombalina e foi classificada como Monumento Nacional. Expõe metade do lenço usado por Lúcia no dia 13 de Outubro de 1917 (a outra metade encontra-se no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Fátima) e ainda o terço usado por Jacinta Marto no mesmo dia.

Igreja de São Domingos, abside e torre sineira |c. 1950|
Rua Dom Duarte cruzamento com a Rua da Palma  e Rua Barros Queirós
Numa passagem para a sacristia, com entrada pela Rua da Palma, encontram-se os túmulos do grande pregador dominicano Fr. Luís de Granada (m. 1588) e do reformador da ordem Fr. João de Vasconcelos (m. 1652). Esta igreja tem ainda uma cripta abobadada e dotada de lambris de azulejos, onde está o túmulo de D. João de Castro, capelão de D. João. 
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. XII, p. 80, 1939.
CARRIÇO, Hugo Miguel, Informação sobre igrejas de Lisboa, 2017.
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