O
Cine-Teatro Monumental foi projectado pelo
arq.º Raúl Rodrigues
Lima e inaugurado em 8 de Novembro de
1951, imediatamente resultando «num autêntico centro de atracções», oferecendo, para além dos mais modernos e famosos espectáculos da Capital, lugares de descanso e lazer apreciados pelo público: um
café-restaurante e uma sala de chá. Se, de início, o Monumental era «considerado como um teatro fora de portas», o valor e a fama das estrelas que ali actuam –
Laura Alves,
João Villaret,
Paulo Renato – iria fazer com que o público «esquecesse as distâncias e alargasse as fronteiras da cidade»
(G. Oliveira, 1999). O edifício era marcado por
gigantescas estátuas no seu exterior e o «o seu átrio de entrada comum ao teatro, como uma espécie de galeria urbana, era um lugar de encontro, quase de
“estar”, naquela Rotunda fechada dos anos 50-60».
(J. M. Fernandes 1989)
Para rentabilizar melhor o espaço da sala do teatro, o
arquitecto introduziu três balcões que se prolongavam lateralmente até
ao palco e ainda dois camarotes “avant-scène” ricamente decorados. A revista cinematográfica Imagem fala, em 1950, dum «dos mais arrojados empreendimentos [desses dias]».
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Cine-Teatro Monumental [c. 1952]
Praça do Duque de Saldanha O Monumental abriu as suas portas a 8 de Novembro de 1951, no teatro, com a opereta “As Três Valsas” (1951), com Laura Alves e João Villaret, e o filme “O Facho e a Flecha”, de Jacques Tourneur, com Burt Lancaster e Virginia Mayo nos papéis principais, inaugurava a sala de cinema. As estátuas exteriores, bem como as figuras que decoravam alguns pisos no interior, ficaram a cargo do escultor Euclides Vaz.
António Passaporte,. in Lisboa de Antigamente
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Cine-Teatro Monumental, Sala do teatro com 3 balcões e 2 camarotes [c. 1952] Praça do Duque de Saldanha O Teatro Monumental foi arrendado pelo empresário Vasco Morgado, marido de Laura Alves, com o intuito de ali apresentar espectáculos de teatro declamado, operetas, revistas e atracções musicais, incluindo mesmo artistas estrangeiros. Foi aqui que Laura Alves protagonizou os maiores êxitos da sua carreira teatral. Horácio Novais,. in Lisboa de Antigamente |
Tendo
em vista grandes produções teatrais e musicais, foi criado um palco
enorme, sobre o qual ficava a tela em formato gigante e por onde
passaram todos os grandes clássicos do cinema em «Cinemascope» entre as
décadas de 50 e 80, como: «20 000 Léguas Submarinas», «West Side Story»,
«El Cid»», «My Fair Lady», «Ben-Hur», «2001- Odisseia no Espaço» e o
incontornável «Star Wars - Guerra das Estrelas». Por aqui passaram
também os grandes nomes portugueses do teatro e da música.
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Cine-Teatro Monumental [post. 1951] Praça do Duque de Saldanha Revestido de pedra e ornamentado numa das suas esquinas com uma grande coluna encimada por uma esfera armilar (um símbolo caro ao Estado Novo) e estátuas em cada um dos lados da frontaria. A entrada principal do público, orientada para a Praça Duque de Saldanha, tinha sete portas em forma de arco com acesso directo ao átrio principal (onde se situavam as bilheteiras) e aos vestíbulos que antecediam as salas. Postal. in Lisboa de Antigamente |
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Cine-Teatro Monumental, Sala do cinema [c. 1952] Praça do Duque de Saldanha A sala de cinema, que impressionava com os seus 2170 lugares, abrigava dois grandes painéis – que ladeavam o gigantesco ecrã – da autoria da pintora Maria Keil. Horácio Novais,. in Lisboa de Antigamente |
Em 25 de Fevereiro de 1971, abriu uma nova sala no último piso do edifício. Era o Satélite, uma sala mais pequena, com 208 lugares, que oferecia ao público mais exigente da capital um tipo de filme de autor, um pouco na linha do Estúdio do Império. Um projeto do arquiteto Rodrigues Lima, em parceria com os engenheiros Ângelo Ramalheira, Barroso Ramos e Bustorff Silva, que foi inaugurado com “Les choses de la vie”, de Claude Sautet, com Romy Schneider na protagonista.
Foi
exemplo dos grandes cine-teatros de Lisboa, representando um dos marcos da
arquitectura desta tipologia em Lisboa e em Portugal, e uma verdadeira
atracção turística para muitos portugueses de todo o país, que ainda
hoje lamentam a sua demolição em 1982.
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Cine-Teatro Monumental, demolição [c. 1982]
Praça do Duque de Saldanha A salvo ficaram as estátuas e a esfera armilar que se encontram ainda em locais públicos da cidade. Carlos Lopes. in Lisboa de Antigamente
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Bibliografia:
FRÉTIGNÉ, Hélène, Uma Praça Adiada: Estudo de Fluxos Pedonais na Praça do Duque de Saldanha, vol. I, pp. 27-28, 2005.
cinemaaoscopos.pt.O velho Cine-Teatro Monumental - crónica de Lauro António, 2013.