Friday, 30 December 2022

Rua Nova da Trindade

A Rua Nova da Trindade de hoje [rasgada em 1836 após demolição do antigo Convento da Trindade], no lanço do Chiado até aqui defronte do Teatro [do Gimnásio], do lado da bilheteira, chamava-se — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , Rua Tv. do Secretário da Guerra; esse troço corresponde ao antigo, que se prolongou até S. Roque, abrindo-se a Rua Nova da Trindade (1836). [...]
Por aqui erguiam-se vários palácios, de que hoje não há vestígios; o Terramoto no Carmo e na Trindade, como nas Pedras Negras, para não falar na Baixa, rasoirou tudo, nivelou, terraplanou, depois de haver reduzido a cisco riquezas e curiosidades.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. VI, p. 70, 1938)

Rua Nova da Trindade [c. 1900]
À esquerda, a seguir ao estaminé «Depósito de Vinhos», vêem-se as fachadas do «Teatro do Gymnasio (1846)» e do «Teatro da Trindade (1867)», respectivamente; à direita, a Travessa da Trindade e, encimando a imagem,
 nota-se o Palácio Trindade.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): Esta foto encontra-se, errada e incompetentemente, catalogada no AML como Rua da Oliveira ao Carmo.

Sunday, 25 December 2022

Iluminações de Natal: Rua Áurea

O plano de Eugénio dos Santos e Carlos Mardel de reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755, aprovado pelo Marquês de Pombal, apresentava uma rede de ruas longitudinais e transversais, cortadas em ângulos rectos, cuja importância relativa era traduzida pela largura das suas ruas e passeios.
Cinco anos passados do terrível terramoto de 1755, ficaram definidos através deste decreto os topónimos dos arruamentos nucleares daquela a que se convencionou chamar Baixa Pombalina. Era então presidente da câmara Gaspar Ferreira Aranha.

Iluminações de Natal |1960|
Rua Áurea vista da Pç. do Comércio vulgo Terreiro do Paço. O topónimo Rua Áurea foi atribuído através do Decreto de 05/11/1760. 
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Rua Áurea, onde se alojariam os ourives, ficando as lojas que por ventura sobrassem para os relojoeiros e para os volanteiros [aqueles que vendiam artigos variados]. A primeira vez, depois do decreto de 1760, que vemos citá-la com o nome oficial é em 1766, tendo-se também denominado entre o povo e por hábito antigo, rua dos Ourives do Ouro e simplesmente rua dos Ourives. Em determinada altura do século pretérito [XIX] passaram a designá-la por rua do Ouro e assim continuou a ser nomeada até hoje. [Macedo: 1938]

Iluminações de Natal |1977|
O topónimo Rua Áurea foi atribuído através do Decreto de 05/11/1760. 
Gonçalves, F., in Lisboa de Antigamente

Saturday, 24 December 2022

Iluminações de Natal: Rua do Carmo

Esta rua teve pelo menos duas denominações anteriores, segundo Luís Pastor de Macedo uma delas seria a Calçada do Rubim: “...onde era esta calçada? Depois acrescenta que a viu mencionada no Almanaque de Lisboa de 1800. Podemos dizer onde era: nos limites das freguesias do Sacramento e da Conceição Nova; e podemos dizer que nome tem hoje: Rua do Carmo.”. Norberto de Araújo na obra “Peregrinações em Lisboa”, faz menção à Rua do Carmo que deve o seu nome ao Convento de Nossa Senhora do Carmo situado nas proximidades: “...Rua do Carmo que principiou por se chamar Rua Nova do Carmo, artéria rasgada depois do Terramoto de 1755 na encosta conventual, e que não corresponde a qualquer serventia antes existente.”.

Iluminações de Natal |1961|
Rua do Carmo
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Friday, 23 December 2022

Iluminações de Natal - Avenida da Igreja

O topónimo Rua Acácio de Paiva foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa, por Edital datado de 25/01/1950, à Rua 21 do Sítio de Alvalade.

Acácio Sampaio Teles de Paiva, escritor e jornalista, nasceu em Leiria em 1863 e faleceu a 29/11/1944.
Seguiu a carreira de aspirante das Alfândegas, paralelamente à sua paixão pelas “letras”, tendo chegado à chefia dos serviços das Alfândegas de Lisboa. Deixou um legado de milhares de poesias, dispersas pelas colunas de jornais e revistas, para além de ter escrito para o teatro.


Iluminações de Natal |1960|
Avenida da Igreja, junto à Rua Acácio de Paiva
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 18 December 2022

Sítio do Convento da Encarnação

No Largo do Convento da Encarnação, à esquina do antigo Beco das Cruzes, hoje Travessa de Sant'ana, — que desce até às Escadinhas da Barroca — existe uma peque na casa, cheia de pitoresco, das mais antigas desta área de Sant'ana. É o prédio n.º 1 do Largo. Tem uma configuração quase pura de setecentos, gracioso na sua fachada, escada exterior, conjunto e até na cor de que se deixou revestir.
Não é uma ruína: é uma reminiscência» — recorda Norberto de Araújo, que desde o início nos tem acompanhado nesta peregrinação.

Sítio do Convento da Encarnação [c. 1940]
Casa setecentista no Largo do Convento da Encarnação esquina com a
Travessa de Sant'Ana (antigo Beco das Cruzes); Largo do Convento da Encarnação (dir.).
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Acusa um toque do final do século do terramoto e retoques posteriores, mas na sua harmonia, e até mesmo na tessitura, é um documento de raro pitoresco de Lisboa, de que os aguarelistas ainda se não lembraram.==

Sítio do Convento da Encarnação [1903]
«Casinha setecentista de um pitoresco inverosímil, milagre de arquitectura ingénua e popular»
no Largo do Convento da Encarnação esquina com a Travessa de Sant'Ana (antigo Beco das Cruzes).
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de Araújo, Legendas de Lisboa, pp. 60-61, 1943.
Olisipo: boletim do Grupo "Amigos de Lisboa", vol.17, 1954.

Friday, 16 December 2022

Escadinhas da Barroca

Denominação bastante antiga e decerto anterior ao ano de 1634 no qual a encontramos pela primeira vez nos registos paroquiais, que, por sua vez não vão além de 1633. Primeiramente vemos ser esta serventia apontada sem qualquer qualificação: «...moradores moradores á barrocha...» (liv. 1.º dos óbitos, fl. 32), mas em 1646 já vemos a «rua das barrochas» (idem, fl. 237 v.) e por fim (1669) rua da Barroca. Para se diferençar o local, de outros denominados pela mesma forma, era frequente designá-lo por «Barroca do Rocio».

Escadinhas da Barroca [1945]
Ligam o Largo de São Domingos à Travessa de Travessa de Sant'Ana que se nota encimando
a foto e que era contituida antigamente pela R. da Barroca e pelo Beco das Cruzes.
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Depois do terramoto vemos aparecer a «rua das Escadas do Largo da Rellação» (1775) e depois as escadinhas da Barroca ou as escadinhas da Barroca do Rossio (1791) e também a calçada da Barroca ou a calçadinha da Barroca (1817/27), sem que chegássemos a apurar se escadinhas e calçada eram qualificativos da mesma serventia, coino aliás supomos que sim.==

Escadinhas da Barroca [1945]
Inicio do arruamento visto do Pátio do Salema.
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
Macedo, Luiz de, Crítica, Correcções e Aditamentos: À obra “Lisboa do Meu Tempo e do Passado – do Rossio à Rotunda” do Sr. João Paulo Freire (Mário), 1933.

Sunday, 11 December 2022

Travessa do Alecrim que foi do «Cataquefarás»

E o enigmático Cata-que-farás, de que já nos fala Fernão Lopes, que ficava não longe do actual Cais do Sodré, e que uma das nossas municipalidades ineptamente transformou em Travessa do Alecrim? Cata-que-farás seria porventura um prolóquio, uma sentença, um velho rifão equivalente a: Procura que hás de acharProssegue que hás de conseguir — Trabalha que hás de vencer: conselho dado talvez aos mareantes e navegadores, que por ali embarcavam durante toda a época áurea das navegações, dos descobrimentos e das conquistas? Cata-que-farás era decerto na sua ingenuidade rude um enérgico repelão, uma sacudidela salutar na mandrieira nacional... E os marinheiros que partiam iriam dali cantando:

«Partimos de Portugal
Catar cura a nosso mal»
.
(in Embrechados por António Maria José de Melo César e Meneses Sabugosa)

 

Travessa do Alecrim, perspectiva tomada da  R. das Flores para a R. do Alecrim [1945]
O topónimo Travessa do Alecrim foi atribuído pela CML, através do Edital de 31/12/1885, à antiga Travessa do Cata-que-farás, a qual fora denominada até 1882 Travessa do Catefaraz. 
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Como curiosidade transcreve-se um anúncio publicado, em 1820, na velha Gazeta de Lisboa, o primeiro jornal oficial português: 
«Carlos Baker annuncia ao Publico que elle he o unico Agente no meado por Day e Martins de Londres, para vender em Lisboa, a verdadeira graxa para çapatos e botas, descoberta feita por elles; para venda e fabrico da qual se lhe concedeo Privilegio Privativo, e que daqui em diante quem a quizer comprar genuina e livre de duvida, ha de achalla no seu Escriptorio na travessa de Cátefaraz N.° 3, tendo eada botija hum bilhete na rolha com o letreiro seguinte, Charles Baker, travessa de Catefaraz N.º 3 entre a rua das Flores e a rua do Alecrim».

Travessa do Alecrim [1947]
Frades de pedra junto à Rua do Alecrim
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Friday, 9 December 2022

Ermida de N. S. da Vitória

A ermida de Nossa Senhora da Vitória avulta entre dois prédios da rua da Vitória, na parte situada entre as ruas do Ouro e do Crucifixo, e está orientada ao Sul. O acesso ao templo faz-se por seis degraus que terminam em patamar formando um pequeno adro.


A actual ermida da Vitória foi construída entre 1765 e 1824 [atribuído o risco ao Arquitecto José Monteiro de Carvalho] para substituir a antiga, quinhentista, que se levantava, com o hospício anexo de Santana dos Caldeireiros, na Caldeiraria, onde hoje se cruzam as ruas do Ouro e da Assunção. Devia-se a uma recolhida, cega, desse hospício, devota daquela invocação, que introduziu o culto da Senhora da Vitória na capelinha do recolhimento então administrado pelo Hospital Real de Todos-os-Santos. A ermida fora edificada em 1556 passando a sua mantença à Irmandade dos Caldeireiros.

Ermida de Nossa Senhora da Vitória [1944]
Rua da Vitória
A Fachada, de um só corpo, ladeado por quatro pilastras, portas a par duas a duas, às quais
serve de remate a arquitrave, coroada de acrotérios flamejantes e frontão com tímpano, e nele
óculo iluminante.
J. C. Alvarez, in Lisboa de Antigamente

Foi inteiramente destruída pelo Terramoto. No final do século XIX entraram a administrá-la os representantes da antiga confraria dos Ourives, cuja capela da invocação de Santo Elói e da Senhora da Assunção (1697} queimada em 1755, se transportara para a rua da Prata (n.ºˢ 139-141) e acabara por desaparecer.
Em virtude da venda e demolição da igreja da Conceição Nova instalaram-se (a partir de 1951) os serviços paroquiais na ermida da Vitória.

Ermida de Nossa Senhora da Vitória [194-]
Rua da Vitória
Assinala-se o portal com moldura de cantaria e ática ornamentada. Por cima janelão com
ática, decorado com um vitral moderno.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1956.

Sunday, 4 December 2022

Praça de São Paulo

Segundo o olisipógrafo Norberto de Araújo, o sítio de São Paulo «Foi de seu princípio ribeirinho, sítio mercadejador, piedoso e turbulento. É coevo do Cata-que-farás e dos Remolares, vizinho actual da Ribeira Nova. [...] Remonta ao quinhentismo, extramuros. Em 1550 não contava como freguesia; existia como formigueiro de mareantes. [...]


Em 1742 começa a designação de Bairro dos Remolares, e nele estão S. Paulo e Mártires; em 1820 subsiste o bairro dos Remolares com a freguesia de S . Paulo. E faz agora [em 1939] aproximadamente um século que S. Paulo pertencia ao bairro do Rossio, para em 1852 pertencer a Alcântara.

Praça de São Paulo, poente [entre 1901 e 1910]
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

As voltas que a divisão administrativa dá! Finalmente, em 1867, é freguesia civil independente, com três paróquias eclesiásticas: S. Paulo, Mercês e Santa Catarina, para em 1885 deixar de ser a sede civil, que passou para Santa Catarina. Hoje é a freguesia civil do Marquês de Pombal [actualmente pertence à freg. da Misericórdia], qualificação post-República, por ter sido o Marquês quem reconstruiu o bairro, e nele foi importante senhorio. [Araújo; XIII, 1939]

Praça de São Paulo, sul [1935-03-13]
Chafariz de São Paulo
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente 

Friday, 2 December 2022

Loja das Meias

A Casa das Meias, n.ºˢ 1 a 3. do Rossio, e n.ºˢ 291 a 295 da Rua Augusta pertencia como Loja de Modas, fundada em 1846, a Joaquim António Vieira — diz Norberto de Araújo; em 1903 foi herdada por quatro empregados, dos quais um abandonou o estabelecimento, dois morreram, ficando apenas como proprietário Francis Pedro Rodrigues da Costa. 

Loja das Meias [post. 1938]
Rua Augusta; Praça Dom Pedro IV (Rossio)
Estúdio Horácio Novais,, in Lisboa de Antigamente

O negócio das meias data de 1904, remodelando-se nesse ano o aspecto da casa. Em 1930-31, e em 1938, realizaram-se obras de modernização luxuosas, sob o risco do arquitecto Raúl Lino. É o mais «parisiense» dos estabelecimentos do Rossio.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 73, 1939)

Loja das Meias [c. 1970]
Rua Augusta; Praça Dom Pedro IV (Rossio)
Perspectiva tirada da Rua da Betesga
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

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