Wednesday, 27 February 2019

Sítio de São Roque: Palácio Niza

Estamos no cérebro do Bairro Alto — diz Norberto de Araújo. Temos andado à roda do Bairro, sem penetrarmos no seu íntimo: em verdade só tenho querido evitar atropelos, em matéria de si tão entroncada de assuntos, tão xadrezada de motivos ornamentais da sua história.

Neste Largo de S. Roque-que desde 8 de Outubro de 1913 se passou a chamar «de Trindade Coelho» — é lugar de discorrermos — sem perdermos dez minutos — acerca [...] do edifício moderno, anexo da Misericórdia, com face para o Largo, e que se continua nos três primeiros lanços da Calçada do Duque.


Foi D. Francisco da Gama, 2." Conde da Vidigueira, quem aqui fez erguer o desaparecido Palácio Niza, em 1543, sobre chãos que a Câmara Municipal lhe aforou. O palácio era mais avançado do que hoje é.
A Casa solarenga foi dos descendentes de Vasco da Gama até 1631, ano em que, assoberbados de dividas, a venderam a Gaspar Freire, fidalgo da Casa Real. Mas logo quatro anos depois D. Vasco Luiz da Gama, 5.º Conde da Vidigueira, 1.º Marquês de Niza, voltou a adquirir o Palácio, que recebeu obras e beneficiações em 1672, para o que aquele fidalgo, que foi diplomata e Secretário de Estado de D. Pedro II, enquanto Regente — e não era opulento — precisou de vender umas casas que tinha na Rua Nova (dos Mercadores).
Em 1689 os Nizas não habitavam o seu Palácio de S. Roque, e nele residia o Embaixador de Franga Robert. Le Roux. Quando do Terramoto, o Palácio era a habitação faustosa do 1.º Patriarca de Lisboa. D. Tomaz de Almeida (que nele morreu); a permanência do famoso Prelado de Lisboa foi grande no Solar Niza, de S. Roque, e ao pátio chamava o povo «o Pátio do Patriarca».
O Terramoto .arruinou o edifício, e os fidalgos Gamas não estiveram dispostos — como aliás quási todos os propriet6rios de palácios em Lisboa — à reedificação, muito dispendiosa, sobretudo pela falta de braços.
Em 1814, num antigo palheiro da Casa, começou a funcionar um curioso «Teatro Pitoresco», no qual se representou, por amadores, o «Catão» de Almeida Garrett, e se deu o primeiro baile de máscaras público da capital. 

Sítio de São Roque: Palácio Niza [c. 1895]
Largo Trindade Coelho (Jurisconsulto e Escritor, 1861-1908); antes Largo de São Roque
À esq. a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, fundada em 1498 e. ao centro, antiga Companhia de Carruagens Lisbonenses; ao centro vê-se Coluna mandada erguer pela colónia italiana, comemorando o casamento do 
Rei Dom Luís I com Dona Maria Pia de Sabóia em 1862.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O edifício, cada vez mais arruinado, ameaçava desmoronar-se; entrou a ser pardieiro, como tantos. Em 1835 a Câmara Municipal intimou a Marquesa, D. Eugénia da Gama, à demolição urgente. Mas a nobre dama vendeu, por comodidade, tudo quanto possuía neste sitio a Francisco Caldas Aulette, dicionarista, contador da Relação, pessoa culta e de bom gosto; a transferência de propriedade fez-se a 17 de Maio de 1837. Recompôs-se então o Palácio na parte de seu fundo, encostando à Calçada do Duque, com entrada no pequeno Largo defronte da Rua da Condessa. Em 1863, Ant6nio Florêncio dos Santos adquiriu a Aulette, para a sua Escola Académica, de bom nome alfacinha, a parte do edifício sobre o Largo da Rua da Condessa, e a extinta Companhia de Carruagens [Lisbonenses] comprou o edifício, com seu pátio sobre S. Roque.
Quando em Lisboa os trens entraram em desuso, a Companhia meteu em S. Roque — onde alardearam coches principescos e episcopais — os automóveis de «remise». Foram de há vinte anos [c. 1918]. No primeiro andar do prédio, com frente para o Largo, instalou-se em 1917 um jornal, de nomeada em Lisboa pelo seu feitio literário e noticioso, «A Manhã», de que foi principal fundador e animador o distinto jornalista Luiz Derouet, embora a direcção estivesse a cargo de Mayer Garção; êste jornal acabou em 1922. Por essa época liquidou também a Companhia de Carruagens, e o prédio foi adquirido por Deniz M. de Almeida que tomou o activo e passivo da Companhia. Foi êste capitalista quem em 1926 vendeu à Misericórdia de Lisboa o que restava, desfigurado em absoluto, do antigo Palácio Niza.
E logo em 1927 a Companhia Portuguesa de Caminhos de Ferro adquiriu o edifício da Escola Académica, transferida para o Monte Agudo, à Penha de França, onde ainda se mantém.
As obras de adaptação aos serviços da Misericórdia sabre fundamentos antigos, e aproveitando as paredes do Largo e da Calçada, foram dirigidas pelo construtor Touzé, sob o risco do arquitecto Tertuliano Marques.

Sítio de São Roque: Palácio Niza [1920]
Largo Trindade Coelho (Jurisconsulto e Escritor, 1861-1908); antes Largo de São Roque
Legenda foto arquivo: «Lotaria do Natal no largo de São Roque, actualmente Largo Trindade Coelho»
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

E sabre o Palácio Niza — de que tanto havia a dizer da época em que foi residência prelatícia, e do tempo em que foi sede de um dos mais interessantes jornais que tem havido em Portugal — nem mais palavra.
No muro que divide, actualmente, o edifício da Misericórdia daquela sede de escritórios da C. P. — no qual corria um lanço da muralha de D. Fernando, cuja relíquia está de pé-ainda existe uma lápide, que não se vê da rua, e que diz: «Êste lanço do muro que El-Rei D. Fernando acabou em 1413 foi conservado e reparado por Francisco José Caldas Aulete em 1840». 1413 — é a era, e que corresponde ao ano de 1375. Ainda há semanas vi a lápide, que chegou, a andar perdida durante obras no edifício

N.B. Da Misericórdia de Lisboa, falaremos numa próxima peregrinação.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. V, pp. 81-87, 1938.

Sunday, 24 February 2019

Aeroporto Humberto Delgado (antigo da Portela)

Estivemos no ar outras nove horas e dez minutos e baixamos em Lisboa, no Aeroporto "Portela de Sacavém", distante cinco quilómetros da cidade. Sendo noite, apenas vimos a iluminação forte e profusa. Em terra, deparamos com uma pequena, porém bem apresentada, estação de embarque, com mobiliário moderno e cromado, várias folhagens junto às mesas e janelas, e muito asseio. Apenas descontentou-nos a deficiência de instalações sanitárias, e a morosidade em servir no restaurante, facto que se repetiu na volta.¹


Humberto Delgado nasceu a 15 de Maio de 1906 em Boquilobo, Torres Novas. Cedo ingressou na carreira das armas, frequentando o Colégio Militar entre 1917 e 1922 e a Escola do Exército, onde se formou em Artilharia em 1925. Participou no golpe militar de 28 de Maio de 1926 que depôs o regime republicano. Em 1928 optou pela carreira da Aeronáutica obtendo o curso de oficial piloto aviador. Em 1936 conclui o curso de Estado-Maior. 

Panorâmica sobre o Aeroporto da Portela de Sacavém [1958-09]
A partir de 15 de Maio de 2016 passou a designar-se Aeroporto Humberto Delgado
Na pista distinguem-se aviões Super Constellation.
Salvador de Almeida Fernandes, in Lisboa de Antigamente

Em 1944 é nomeado director do Secretariado de Aviação Civil. Em 1945 funda os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e cria as primeiras linhas aéreas de ligação com Angola e Moçambique, a chamada "Linha Imperial", inaugurada em 31 de Dezembro de 1946.
Em 1952 é nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos representantes militares da NATO. Promovido a general com 47 anos é o mais novo oficial daquela patente. Em 1956 o Governo Americano concedeu-lhe o grau de oficial da Legião de Mérito.
Em 1958, acedendo ao convite da oposição democrática, apresentou-se como candidato independente às eleições presidenciais. O mote da campanha eleitoral foi lançado pela célebre frase "Obviamente demito-o", numa conferência de imprensa no Café Chave d'Ouro em Lisboa , a 10 de Maio de 1958, em resposta a um jornalista da "France Press" que lhe pergunta qual o destino que daria a Salazar no caso de ganhar as eleições.

Aeroporto da Portela de Sacavém [1958-09]
A partir de 15 de Maio de 2016 passou a designar-se Aeroporto Humberto Delgado
Parque de estacionamento
Salvador de Almeida Fernandes, in Lisboa de Antigamente

O "General Sem Medo", como ficou celebrizado, teve de se exilar (primeiro no Brasil, depois na Argélia), nunca tendo no entanto deixado de dirigir acções contra o regime.
Foi assassinado pela polícia política (PIDE) em 1965, perto de Badajoz, apesar de o regime nunca ter assumido oficialmente as responsabilidades. Contudo, a sua luta não foi em vão: a opinião pública que o apoiava tornou-se num grave problema para a política de Salazar.
Em 1990, dezasseis anos após o 25 de Abril de 1974 que restaurou a democracia em Portugal, o general Humberto Delgado foi postumamente elevado a marechal da Força Aérea e os seus restos mortais trasladados para o Panteão Nacional.²

Aeroporto da Portela de Sacavém [1952]
A partir de 15 de Maio de 2016 passou a designar-se Aeroporto Humberto Delgado
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente

N.B. O Aeroporto da Portela, projectado pelo Arq.º Francisco Keil do Amaral, sendo a direcção da obra do Eng.º Duarte Pacheco, foi inaugurado a 15 de Outubro de 1942.

Aeroporto da Portela de Sacavém [1952]
A partir de 15 de Maio de 2016 passou a designar-se Aeroporto Humberto Delgado
Varanda do bar do Aeroporto da Portela, na pista distinguem-se aviões Super Constellation. 
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
¹ PEREIRA, Osny Duarte, Juizes brasileiros atrás da cortina de ferro, 1952.
²  bnportugal.pt.

Friday, 22 February 2019

Lojas de antanho: Casa João Pedro

A Rua é «da Misericórdia» — que fica no Largo, que não é da Misericórdia; foi do «Mundo», que já não há. E foi Rua de S. Roque. [Araújo: 1938]


Esta artéria tinha-se denominado Rua do Mundo (1910), para perpetuar o nome do jornal que estava sediado neste arruamento e ainda antes designava-se Rua de São Roque (1889), e inicialmente Rua Larga de S. Roque, em memória da Igreja e Convento de São Roque que era também o topónimo inicial de Bairro Alto de São Roque. [cm-lisboa.pt]

Rua da Misericórdia, 41-43 [1929]
Casa João Pedro, Mercearias Finas
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Wednesday, 20 February 2019

Sé de Lisboa: Fachada

A igreja da Sé — orago de N. Senhora da Assunção — é o único monumento sacro, de fundamento românico, existente em Lisboa, e, com exclusão do Castelo, o mais antigo documento monumental da cidade.


Estamos diante da , Dilecto companheiro, monumento nacional por excelência, e, certamente, o mais antigo de Lisboa.
Esta fachada, com o seu ar vetusto, o seu semblante romântico, a sua patine desigual, sinal dos restauros e das transformações — é só por si um interessante documento de arquitectura religiosa, medieval, e ajusta-se à índole portuguesa "forte, rude, crente e sem requinte", no dizer de Reinaldo dos Santos.

Sé de Lisboa [1893]
Largo da Sé
A fachada da Sé antes das intervenções de Augusto Fuschini e António do Couto Abreu: em comparação com a actual, note-se a ausência de ameias e a diferença drástica da rosácea e do pórtico.
António Novais, 
in Lisboa de Antigamente

Até há meia dúzia de anos [c. 1932] esta fachada não era bem como hoje a vês. Deves talvez lembrar-te ainda do pórtico gradeado avançado ao nível do corpo do edifício; do adro mais elevado do que o de hoje, guarnecido por uma cortina [e gradeamento]; do corpo central entre torres, na frente do terraço onde hoje avulta uma bela rosácea recuada, e que constituía o fundo do coro alto da Igreja, com um grande óculo em caixilho de ferro envidraçado e duas desgraciosas janelas também envidraçadas; das janelas mesquinhas nos corpos laterais onde assentam as torres, janelas hoje substituídas por outras românicas geminadas, uma de cada lado. Aquela fachada anterior à actual foi obra dos restauros desassisados do fim do século XVII que tiraram ao monumento a sua importância e até o seu carácter. E deves recordar-te também de uma pirâmide de cimento armado que até há poucos anos existiu sobre o eirado da torre Norte [vd. 2ª foto], que é esta que faz esquina para a Rua do Arco do Limoeiro.

Sé de Lisboa, vista da Rua Pedras Negras [1929]
Largo da Sé; Capela de São Bartolomeu Joanes sobre a  Rua Augusto Rosa
«Naquela torre do Norte, já no período das obras deste século [XX], colocou-se uma guarita 
oitavada
, de cimento armado, e que há poucos anos foi, como disse, demolida.»
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Este é, companheiro Dilecto, o templo fundado pelo Rei Afonso Henriques em 1147, logo depois da tomada de Lisboa.
Se ele assenta, como muitos supõem, sobre a antiga mesquita moura, não o sei eu, pois nem um vestígio único aparece que o indique. E muito menos se pode saber se essa mesquita, a existir, teria assentado sobre algum templo cristão visigodo, do período que antecedeu a dominação muçulmana. Fiquemos no seguro: em que a Sé é de Afonso Henriques, templo começado logo em 1147, e cujas obras se prolongaram por outros reinados. Embora o nosso primeiro rei tivesse vivido até 1185, não é muito de crer que dentro do seu tempo o templo se tivesse concluído, “em definitivo", preocupados como andavam o monarca e os homens bons com as guerras militares e políticas.
A mesquita moura, que seguramente existia, era a do Castelo. depois Igreja de Santa Cruz, logo entregue ao primeiro bispo de Lisboa, o inglês D. Gilberto de Hastings.

Sé de Lisboa [c. 1895]
Largo da Sé
Note-se o  adro mais elevado guarnecido por uma cortina [e gradeamento]
«O adro antigo desapareceu, no seu aspecto do século passado, pclas necessidades do 
trânsito e até porque se verificou, nos estudos de reconstituição e escavações, que o seu 
pavimento ficava a um nível mais baixo, cerca de um metro e meio.»
Imagem anónima, in Lisboa de Antigamente

Deu-se o Terramoto de 1755. Apesar da ruína exterior não ter sido tão grande como alguns escritores podem fazer crer, caiu a altiva tôrre sineira — magestosa indicação do espírito religioso dominante, com a sua dupla ordem de pavimentos janeladose na sua queda provocou irreparáveis estragos.
A planta da Sé, levantada em 1882, demonstrava bem que o «monumento nacional» — classificação de 10 de Janeiro de 1907 e 16 de Junho de 1910 — era um caos. O engenheiro Augusto Fuschini, mais artista que arqueólogo da arquitectura, foi o primeiro impulsionador do restauro da Sé (1899-1911), seguindo-se na direcção das obras, quási imediatamente à morte de A. Fuschini, o arquitecto António do Couto [Abreu] (Agosto de 1911 à actualidade), cuja cultura técnica firme e probidade, orientadas superiormente pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, lograram a conclusão das obras (1939-1940), na reintegração do monumento, no seu possível semblante romântico e gótico, ·reaparecendo a Sé, quer no exterior quer no interior, nas suas nobres linhas arquitectónicas da fábrica primitiva (apenas a Capela-mor, e a Capela do Santíssimo se conservam no gosto setecentista do restauro).

A Sé vista de avião [1938]
Largo da Sé e Rua Pedras Negras (à esq. em baixo), Rua Augusto Rosa (antiga do Arco do Limoeiro); Cruzes da Sé (à dir.); no primeiro plano vê-se a Igreja de Santo António de Lisboa; no edifício da Sé distinguem-se ao fundo o Claustro, e ao centro a base da desaparecida torre sineira.
«[...] Estas torres [Sé], primitivamente, não tiveram sinos, os quais se situavam na tôrre sineira, sôbre a cúpula do cruzeiro, e que o terramoto arrazou. [...]»
Pinheiro Correia, 
in Lisboa de Antigamente
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1944.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. II, pp. 31-35, 1938.

Sunday, 17 February 2019

Cinema Londres

Inaugurado a 30 de Janeiro de 1972 — com o filme «Morir d'aimer», do francês André Cayatte — originalmente possuía 440 lugares. O Cinema Londres, projecto concebido pelo arq.º Eduardo Goulart de Medeiros, nasceu das cinzas de uma boite chamada «Tropical», na Av. de Roma, pouco depois do cruzamento com Avenida João XXI. O grupo português «Os Sheiks» tocaram pela última vez ao vivo nessa boite, no dia 28 de Outubro de 1967, onde existia também uma pista de automóveis de seu nome «Bólide»

Cinema Londres |1977|
Avenida de Roma, 7A
Foi considerada a «mais luxuosa sala-estúdio de Lisboa».
Vasques, in Lisboa de Antigamente

Permanecem na memória as fantásticas cadeiras hidráulicas, que baixavam consoante o peso do espectador. 
Adoptando a célebre fórmula com que se anunciara e que se traduzia na possibilidade de oferecer «3 coisas no mesmo sitio», ou seja, «ver cinema na sala», «jantar no snack-bar» e «conversar no 'Pub  The Flag'», o Cinema Londres afirmava-se como uma alternativa única no panorama dos cinemas de Lisboa.
Possuía ainda um Café-Bar, o «Magnólia» [vd. 2ª foto], com os seus confortáveis e convidativos sofás, onde se relaxava antes do início de uma sessão. Na tentativa de se adaptar aos novos tempos, e em busca de maiores receitas, a sala principal foi dividida, dando origem a uma segunda mais pequena — a sala 2 — para 114 espectadores, acomodando a sala 1, 219 espectadores. Viria a encerrar em 2013.

Cinema Londres,  Interior com o 'Pub  The Flag' e Café-Bar Magnólia |1977|
Avenida de Roma, 7A
Vasques, in Lisboa de Antigamente

Friday, 15 February 2019

Lojas de antanho: Ourivesaria do Socorro

Diz o olisipógrafo Luís Pastor de Macedo, em 1942, que esta Rua da Palma «[…] é antiquíssima, pelo menos do século XVI. Deve-se porém observar, que ela não tinha então o comprimento que hoje lhe conhecemos, mas só aquele que vai das trazeiras da Igreja de S. Domingos até ao antigo Largo de S. Vicente, à Guia [Rua Martim Moniz].[…]
Também não se julgue que ela, sendo tão estreita como actualmente é, era então tão larga. Nada disso. Ainda era mais acanhada: apenas um carreiro por onde cabia uma carruagem sem deixar espaço para outra, carreiro que chegou até ao último quartel do século XVII.»

Ourivesaria do Socorro |c. 1910|
Rua da Palma com a Rua de São Lázaro; Igreja do Socorro
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O topónimo São Lázaro está ligado ao Hospital com o mesmo nome aqui situado. Este hospital era umas das mais antigas instituições públicas de assistência de Lisboa. O documento escrito mais antigo conhecido data de 1355. O hospital foi criado para nele serem recebidos os gafados e doentes do mal de São Lázaro e esteve ao cargo dos cavaleiros hospitalários de São Lázaro, ordem religioso-militar, cuja fundação em Jerusalém é do século XII. Os leprosos estiveram em São Lázaro até 1921 ano em que foram transferidos para o Hospital do Rego.

Rua da Palma com a Rua de São Lázaro |c. 1910|
Ourivesaria do Socorro; Igreja do Socorro
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
cm-lisboa.pt.

Wednesday, 13 February 2019

Palácio Alcáçovas

O Palácio Alcáçovas, da Rua da Cruz dos Poiais, a partir para Norte, desde a esquina da Travessa da Arrochela, e que termina defronte do final da Rua Eduardo Coelho, do lado oposto, é uma edificação de repousado semblante e aparência característica do século XVII, num único corpo contínuo.


Palácio Alcáçovas, da  Rua da  Cruz dos Poiais, é  uma construção do  último quartel do século XVII, mas o  seu  núcleo primitivo remontava ao  final do  século XVI. Com efeito em  1605 Luísa Franca, casada com Mateus Ferreira, comprou neste sítio, do  lado da  «Rua da  Rochela» — assim se  denominava — uma morada de  casas quinhentistas; em  l622, Cristóvão Ferreira, talvez filho de  Mateus, adquiriu a  Mateus Jorge e  sua  mulher Andreza Pinheira outra morada antiga de casas, contigua à primeira citada. Mais tarde Diogo Pessanha Falcão (que foi pai  de D.  Sebastião de Andrade Passanha, arcebispo de Goa) tomou-se senhor das  duas moradias, que reuniam numa única casa nobre, a  qual correspondia, em  situação sensivelmente à  metade, do  lado Sul, do  actual Palácio dos  Condes das  Alcáçovas. [....]
Em Janeiro de 1681 a casa nobre, citada acima em primeiro lugar, e então ainda não acabada, foi vendida pelo dito Diogo Pessanha Falcão a Aires de Saldanha Meneses e Sousa, fidalgo e militar, do conselho de El-Rei [...]

Palácio Alcáçovas, fachada principal |1944|
Rua da Cruz dos Poiais, 111;
Travessa da Arrochela
Mário Novais
in Lisboa de Antigamente

O Palácio Alcáçovas é dos poucos de Lisboa que se conserva na posse da família do seu findador, o 1º. Morgado de Saldanha de Jesus, que quando adquiriu, as duas casas nobres, que unificou, reedificando quanto antes existia, manteve no palácio o cunho seiscentista. Os descendentes de Aires de Saldanha promoveram, por sua vez e cm várias épocas, restauros e transformações. O Terramoto, ao contrário do que cronistas da época escreveram, poucos estragos causou no edifício, sendo o mais notório a queda de um terraço, em construção, na ala Norte sobre os jardins; era então administrador do Morgado D. Caetano Alberto Henriques, 11.º Senhor das Alcáçovas.
A «Quintinha», ou seja os terrenos rústicos ,do Morgado de Saldanha de Jesus, foi sendo aforada, em várias épocas para urbanização. O antigo pátio nobre, a Norte, onde se situou durante quase três séculos a entrada principal voltada a Norte, foi em parte alienado recentemente {1949) pelo proprietário, desaparecendo o arco de volta abatida, em vão aberto, que dava acesso ao palácio, sendo transformado o átrio, pelo qual se passou a dar ingresso ao palácio através de um portão nobre, n.º 111 da Rua da Cruz dos Poiais. Nos restos que perduram do pátio foi construída uma garagem particular da casa.
No Palácio Alcáçovas, onde a traça seiscentista nitidamente se surpreende, através dos restauros dos séculos XVIII e XIX , residem presentemente  [em 1952] os actuais Condes, e alguns dos seus filhos, e ainda, na ala da parte Sul, como inquilinos, a Condessa da Ponte e pessoas de sua família. 

Palácio Alcáçovas, fachada principal |post. 1949|
Rua da Cruz dos Poiais, 111; Travessa da Arrochela
A actual frontaria seiscentista do Palácio dos Condes das Alcáçoves vendo-se
o portal armoriado mas que não corresponde ao primitivo.
Mário Novais, in IL

Situado na Rua Cruz dos Poiais e com frente também para a Travessa da Arrochela, é uma alongada e baixa construção com base revestida de cantaria e dois pisos separados por cornija de secção rectangular. O andar nobre está definido por extensa série de janelas de sacada protegida de grades e cornija rectilínea. No extremo da fachada principal rasga-se o portal de acesso encimado por brasão. O edifício constitui bom exemplar de uma das soluções mais sóbrias e mais difundidas da arquitectura das casas nobres portuguesas do período barroco, em que a planta é rectangular, a face externa dos muros aparece animada exclusivamente pela repetição dos vãos e a articulação vertical desses muros fica circunscrita aos cunhais.

Palácio Alcáçovas, portal armoriado |1965|
Rua da Cruz dos Poiais, 111; Travessa da Arrochela
O portão (1949) ocupa a altura do edifício até às cornijas das janelas,
emoldurado de cantaria com remate de tímpano aberto, no qual se situa
a pedra de armas dos Condes das Alcáçovas: escudo partido em pala, tendo
na primeira as armas dos Henriques — escudo mantelado, com um castelo
em baixo e dois leões batalhantes nos campos superiores — , e na segunda
pala as armas dos Lancastres — armas do Reino com filete em contrabanda, 

este actualmente desaparecido — , coroa de condado e timbre de pelicano 
dos Lancastres.
Armando Serôdio, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1955.

Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. II, dir. Fernando de Almeida; org. Maria João Madeira Rodrigues, 1975.

Sunday, 10 February 2019

Rua de Serpa Pinto: Hospital da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade

Esta Rua de Serpa Pinto — diz Norberto de Araújo — no troço que desce do Largo do Directório [actual Largo de São Carlos] até à confluência do Ferregial e Víctor Cordon, é de dístico recentemente reposto. Nesta rua em 16 de Outubro de 1918 foi fuzilado numa escolta em que, com outros prisioneiros, era conduzido, não se sabe para onde, o Visconde da Ribeira Brava, aplicando-se-lhe, e a alguns companheiros, a célebre «lei das fugas».


No ano de 1924 a artéria passou a ser oficialmente chamada «da Leva da Morte», lúgubre designação que mais tarde foi convertida em Rua 16 de Outubro. Há dois anos [1937] regressou à designação de Serpa Pinto, em prolongamento desta artéria que, atravessando o Chiado, vem desde o Largo Rafael Bordalo Pinheiro. A artéria, quando foi aberta, recebera o nome de Rua Nova dos Mártires.
Nesta Rua, descendo, no n.º 7 que segue ao Teatro de S. Carlos, está. instalado desde 1874 o Hospital da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade, uma das Casas de Saúde particulares de Lisboa.

Rua Serpa Pinto, 7 [1929]
Hospital da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade
Fotógrafo não identificado,
in Lisboa de Antigamente

A Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, que data do século XVIII, foi instalada em Portugal pouco depois da fundação do Convento de S. Francisco, numa Capela consagrada a N. Senhora das Dores. Em 1671 construiu-se, no Convento, o Hospital da Ordem Terceira inaugurado em 4 de Agôsto de 1673, e destruído pelo Terramoto. Foi reedificado em 1779, e, neste logar, novamente transformado e ampliado em 1874, ano em que no segundo andar se construiu uma Capela, pois a da Venerável Ordem desde 1834 andava, por empréstimos.
Êste Hospital, tornado, há uma dezena de anos, Casa de Saúde ao tipo do Hospital dos Terceiros de Jesus, recebeu recentemente alguns benefícios de ordem clínica.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, p. 17, 1939.

Friday, 8 February 2019

Palacete na Alameda das Linhas de Torres / Villa Sousa

Integrado num grande jardim, delimitado por muro com gradeamento, a definir gaveto, este palacete foi mandado edificar por iniciativa de José Carreira de Sousa, com projecto do arq. Manuel Joaquim Norte Júnior. O início da sua construção data de 1911, tendo sido distinguido com o Prémio Valmor de 1912. Os membros do júri consideraram a Villa Sousa, como também é conhecido, (...) a mais bella casa edificada na cidade de Lisboa no anno de 1912


Traduzindo uma arquitectura civil residencial eclética, destacava-se pela harmonia de proporções e elegância do seu torreão, pelo trabalho escultórico das cantarias, assim como pelo recurso frequente ao arco pleno e aos colunelos, característico da obra de Norte Júnior. Objecto de obras de transformação, ao longo do tempo, esteve para ser demolido, encontrando-se actualmente em ruínas, ficando reduzida à fachada e algumas paredes.

Villa Sousa, Prémio Valmor de 1912 [post. 1912]
Alameda das Linhas de Torres, 22; Azinhaga de Entremuros
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Nos antigos (e enormes) jardins da Villa Sousa está agora uma belíssima horta de couves galegas, viçosas e muito bem alinhadas – uma séria candidata a Mais Bonita Horta da Cidade – se tal galardão existisse.

Villa Sousa, Prémio Valmor de 1912 [1971]
Alameda das Linhas de Torres, 22; Azinhaga de Entremuros (dir.)
Nuno Barros da Silveira, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
cm-lisboa.pt.
timeou.pt.

Wednesday, 6 February 2019

Profissões de antanho: o limpa-chaminés

Ainda existem, por aí, empresas que se encarregam da limpeza das chaminés dos prédios¹. Uma vez por ano, na véspera do vasculho, os moradores eram, ou serão ainda, avisados de que na manhã seguinte se procederá à limpeza das chaminés.

As donas de casa sempre embirraram com tal serviço, pois lhes deixa as cozinhas numa sujidade, já que a fuligem preta, caindo lá de cima, tudo atapeta!


Rua da Ribeira Nova, junto ao Mercado da Ribeira [1912]
Ao fundo vê-se a Tv. São Paulo
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local não se encontra identificado no amL.

Eram e serão sempre dois homens, vestidos de negro, sujos pela própria profissão, de lenço vermelho à volta do pescoço como os que usavam os maquinistas dos comboios quando estes eram a carvão. Um deles com uma comprida vara, no topo da qual fixava uma molhada de carqueja, acciona cá de baixo, metendo-a pela chaminé, enquanto o outro, empoleirado no telhado, faz descer pelas goelas sujas da chaminé uma grossa corda, na qual também amarrou um molho de carqueja puxando-a para baixo e para cima por forma a que, raspando as paredes, delas se despegue aquele «colesterol» que não só impede a tiragem do ar e do fumo, mas também, pela sua acumulação excessiva, pode ocasionar incêndios.



Limpa-chaminés [c. 1930] Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente



Retrato de dois limpa-chaminés. [c.190-]
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente




É mais que evidente a vantagem de tal serviço, sobretudo nas chaminés dos velhos prédios dos bairros onde, na maioria, se cozinha ainda a carvão. Mas as donas de casa, ignorando as vantagens dessa vasculhada, ou fazendo por isso, pensando apenas nos transtornos que lhes provoca os limpa-chaminés, preferem dar-lhes uma gratificação — que eles agradecem dizendo que é para a ajuda do sabão — a suportar-lhes a presença incómoda e a sujidade das cozinhas...

¹ No Poço do Borratém existe uma dessas empresas, que teve início em 1861.

Limpa-chaminés [1971]
O local não se encontra identificado no arquivo
Eduardo Gageiro, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
DINIS, Calderon, Tipos e factos da Lisboa do meu tempo: 1970-1974, 1986.

Sunday, 3 February 2019

Antigo Chafariz das Mouras

Este antigo Chafariz das Mouras situava-se na Alameda das Linhas de Torres [antiga Estr. do Lumiar] e deve o seu nome ao facto de ter sido alimentado, tal como o desaparecido Chafariz do Campo Grande, por uma nascente situada na zona do Vale das Mouras. A escassez do caudal levantou problemas ao abastecimento, pelo que já no séc. XX [196-?], este chafariz foi desactivado e demolido, reaproveitando-se o seu pano de fachada e respectiva bacia de recepção de águas para o antigo Largo do Correio-Mor, actual Rua de São Mamede, na encosta do Castelo, onde permanecem até hoje. Foi projectado pelo arquitecto José Therésio Michelotti e construído entre 1813-1815. A sua inauguração decorreu no dia 27 de Julho de 1816.
 
Antigo Chafariz das Mouras ao Lumiar [séc XIX]
Alameda das Linhas de Torres [antiga Estr. do Lumiar] actualmente colocado
no Largo do Correio-Mor, a S. Mamedel
Fotógrafo não identificado,
in Lisboa de Antigamente

O sitio das Mouras é um termo genérico — recorda-nos Velloso de Andrade — porque comprehende desde o Palácio que foi do Marquez de Valença, até á Quinta das Conchas na entrada da [A]Lameda do Lumiar, e por isso quizemos com mais meudeza examinar o logar rigoroso daquella nascente; e então vimos, que ella, e a ultima Claraboya estão na extrema da Quinta, que foi do fallecido João Anastacio Potsch , e o encanamento fazendo uma curva entra pela Quina do Bello, em cuja testada está o Chafariz, ficando-lhe em frente a Quinta (Casa dos) dos Pinheiros [actual Alameda das Linhas de Torres, 20].
Por esta occasiâo vimos também em um muro junto ao Portão N.º 17 dita Quinta do Bello, um painel das almas em azulejo, e com o seguinte letreiro == «Quem bober ou vier buscar desta agoa rezará pelas almas e pello bemfeilor que faz esta caridade hum P. Nº e huma V. Mª» == Segue-se mais abaixo um Padrão com esta. legenda. == «Doua por caridade em quanto quizer como do protesto feito no Civel da Cidade Escrivão Manoel Gomes da Siva. A. D. 1789» == Tem por baixo uma carranca com seu tubo, e por ultimo uma pequena pia; [... ] A obra completa tivera importado em 51:101 $191 réis. ==

Antigo Chafariz das Mouras ao Lumiar [1951]
Alameda das Linhas de Torres [antiga Estr. do Lumiar] actualmente colocado no Largo do Correio-Mor, a S. Mamede
Eduardo Portugal,
in Lisboa de Antigamente

O Chafariz das Mouras tinha a forma de pavilhão de parque. Era quadrangular de cobertura tronco-piramidal de arestas curvilíneas, rematada por uma urna. Delimitado nos extremos por cunhais de pedra almofadada, evidencia no seu pano frontal uma tabela — que desce até envolver a bica central — com a inscrição encimada pelas armas reais:
UTILIDADE
DO
PUBLICO
ANNO DE 1815
Servido por 3 bicas, estas vertem água para uma bacia de planta recortada. Actualmente encontra-se desactivado. Ostenta o brasão real. Tem uma legenda ao centro dizendo «Utilidade do Público anno de 1815», encimada pelas armas reais.
Demolido em meados do séc. XX, o seu pano de fachada foi aproveitado e colocado no Largo em frente ao Palácio do Correio-mor (ou Penafiel) sito na Rua de S. Mamede, o qual sofreu um arranjo urbanístico.

Levantamento topográfico de Lisboa fragmento [1906] 
Legenda: a vermelho, o antigo Chafariz das Mouras, claraboia, encanamento e tanque para rega; a verde, a Alameda das Linhas de Torres [antiga Estr. do Lumiar]; a laranja, o Palácio Valença-Vimioso
Júlio António Vieira da Silva Pinto, in Lisboa de Antigamente
Antigo Chafariz das Mouras ao Lumiar
 Gravura,
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
VELOSO DE ANDRADE, José Sérgio , Memória sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos de Lisboa, Belém e muitos lugares do Termo., 1851.

Friday, 1 February 2019

Palácio Valença-Vimioso

Chamado anteriormente de Campo de Alvalade e depois Campo 28 de Maio, este sítio foi escolhido, durante séculos, para a edificação de solares nobres.


Traduzindo uma arquitectura civil maneirista, este palácio, possivelmente do séc. XVII, foi objecto de remodelações no séc. XVIII e XIX. Classificado como Imóvel de Interesse Público é um edifício de planta quadrada, caracterizado pela horizontalidade dos seus volumes simples e pela sobriedade das suas linhas. Inserido numa vasta cerca, hoje espaço ajardinado,onde outrora se realizaram concorridas touradas, desenvolve-se em cave e 2 pisos, surgindo delimitado lateralmente por cunhais de cantaria e rematado por cornija, que suporta um beiral saliente.

Palácio Valença-Vimioso (ou palácio do conde de Vimioso) [1940]
Campo Grande, 398; Alameda das Linhas de Torres, 1
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

As suas entradas, localizadas a Este e a Oeste, desembocam num pátio e caracterizam-se, respectivamente, por uma porta inscrita em arco abatido com aduela e por outra porta coroada por entablamento. As fachadas rasgam-se em fileiras ritmadas de janelas, destacando-se as do andar nobre, de sacada,que apresentam cimalha e guardas de ferro.
No interior são de realçar os silhares de azulejos polícromos seiscentistas e as pinturas parietais de gosto neoclássico. De referir ainda que o Cruzeiro das Laranjeiras, classificado como Monumento Nacional, está localizado no seu pátio.

Palácio Valença-Vimioso, pátio [1966]
Campo Grande, 398; Alameda das Linhas de Torres, 1
Ao fundo do pátio nota-se o Cruzeiro das Laranjeiras, classificado como Monumento Nacional.

Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

N.B. A bravura e destreza do 2.º Marquês de Valença e 13.º Conde de Vimioso, D. Francisco de Paula de Portugal e Castro — o fidalgo toureiro, hábil cavaleiro e distinto na arte de lidar com os toiros — ficaram célebres. Personagem conservado na memória popular através de canções e especialmente do famoso Fado do Conde de Vimioso, (e a sua ligação amorosa com «A Severa»), foi uma figura marcante na Lisboa do seu tempo.
Em 1837, depois da Carta de Lei de D. Maria II, toureou em público pela primeira vez, dando algumas corridas de novilhos no pátio do seu palácio do Campo Grande.
Refira-se que A quinta era muito maior do que é hoje, o campo de futebol onde estiveram instalados primeiramente o Sporting e depois o Benfica, foi construído em terrenos que pertenciam ao Palácio.

Palácio Valença-Vimioso (ou palácio do conde de Vimioso) [1933]
Campo Grande, 398; Alameda das Linhas de Torres, 1; Corrida de motos.
Fotógrafo não identificado,
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
Grande enciclopédia portuguesa e brasileira, 1936.
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