A construção do então chamado «Novo Manicómio de Lisboa ou do Campo Grande», ficou em grande parte a dever-se ao entusiasmo e influência do psiquiatra Júlio de Matos (1856-1922) - que acabou justamente por dar o nome ao hospital, tendo sido considerado um dos melhores da Europa, na época da sua inauguração em 1942.
A edificação, em Lisboa, de um hospital psiquiátrico moderno, capaz de satisfazer as necessidades de assistência, do ensino e da investigação científica foi possível graças ao grande prestígio de Júlio de Matos junto dos primeiros governantes do regime republicano e ao valor testamentário do empresário António Hygino Salgado d’Araújo, falecido em 24 de Junho de 1911.
Em Testamento, de 16 de Abril de 1910, este benemérito legou prédios,
urbanos e rústicos. O valor destes legados foi avaliado, ao tempo, em
cerca de cento e quarenta contos de réis, verba destinada à construção,
na cerca de
Rilhafoles, de um Pavilhão (cujo custeio foi calculado em
cerca de vinte contos de réis) destinado à observação de doentes
mentais, antes da sua admissão definitiva no Hospital.
Contrariamente ao que se tem veiculado, António Hygino Salgado d’Araújo nunca esteve hospitalizado no Manicómio Bombarda. (Rilhafoles).
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Vista panorâmica dos edifícios e da Avenida do Brasil |c. 1942|
A Avenida do Brasil foi anteriormente designada como Avenida do Parque (1906) e Avenida Alferes Malheiro (até 1948), o revoltoso esquecido do 31 de Janeiro de 1891. Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente |
Em concordância com o seu pensamento e o dos arquitectos Leonel Gaia e Carlos Chambers Ramos, o tipo de hospital escolhido foi o de pavilhões (em número de 33), de côr rosa, dispostos de forma funcional numa área de 14,5 hectares. Nestes, os doentes seriam agrupados em pequenas unidades de 8 a 10 doentes, para evitar a influência de uns sobre os outros. Numa área de 22 hectares, a ornamentação arbórea foi cuidadosamente planeada, graças à inclusão, entre 1942 e 1943, numa vasta equipa técnica, de um arquitecto paisagista, Prof. Caldeira Cabral e de um engenheiro agrónomo e silvicultor, Prof. Azevedo Gomes.
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Avenida do Brasil: Hospital Júlio de Matos |1944|
Júlio de Matos terá adquirido (…) uma parte substancial dos terrenos (…) [ao preço de] três tostões o metro quadrado (…). Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
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Panorâmica sobre o Hospital Júlio de Matos |191-|
A construção compreende o período de 1914, Julho. O início da primeira fase de construção, Julho de 1914 (a 1932), foi marcado pelo eclodir da
Primeira Guerra Mundial, na qual Portugal esteve envolvido a partir de
1916. Este facto contribuiu para que o ritmo das obras e a qualidade da
construção decaíssem. José A. Bárcia, in Lisboa de Antigamente
|
A primeira fase de construção compreende o período de 1914, Julho, a 1932. Tem como Presidente, da Comissão, o professor Júlio de Matos e, como vogais, o engenheiro D. Luís de Melo Correia, e, o arquitecto Leonel Gaia.
A segunda fase, compreende o período de 1933 a 1942. Tem como Presidente da Comissão, o professor Sobral Cid, sucessor de Júlio de Matos, o neurologista Almeida Dias, o arquitecto Carlos Chambers Ramos, o engenheiro Leote Tavares e o coronel Ricardo Amaral, representante da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Aqui se realizaram algumas cirurgias de lobotomia pré-frontal no
seguimento do trabalho do Nobel professor Egas Moniz. O hospital é um
projecto muito ambicioso no sentido do melhoramento das condições da
medicina psiquiátrica em Portugal.
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Fotografia aérea de Alvalade |195-|
Vermelho: Hospital Júlio de Matos Verde: Av. Gago Coutinho Azul: Avenida do Brasil antiga Alferes Malheiro Amarelo: Av. D. Rodrigo da Cunha
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
chpl.min-saude.pt
trienaldelisboa.com