O Palácio dos Larres perdeu o aspecto setecentista e tornou-se um belo edifício, mais burguês
do que nobre, embora se houvessem aproveitado as ricas decorações interiores, à base de estuque em preciosos relevos. O filho e sucessor de José Maria Eugénio, Carlos Maria Eugénio de Almeida, pretendeu valorizar a propriedade iniciando a construção de uns anexos, em tipo inglês de castelo,
destinados a cocheiras e aposentadorias, os quais não se concluíram e ainda hoje se mostram em
pitoresco aspecto sobre a Estr. de Palhavã [troço da actual Rua Doutor Nicolau de Bettencourt].
Reedificado a partir de
1860 segundo o risco do arquitecto francês
Jean Colson, o Palácio de
José Maria Eugénio de Almeida — um dos sócios do
«Real contrato do tabaco, sabão e pólvora» e um dos mais ricos proprietários do país — domina a paisagem do
Largo de S. Sebastião da Pedreira, para onde volta a sua fachada principal. A implantação desta nova obra
manteve as linhas essenciais do palácio do Provedor dos Armazéns que a precedeu — e que se sabe ter sido edificado para habitação própria, cerca de
1730 pelo arquitecto, também francês,
Fernando Larre — que servia D. João V.
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Palácio José Maria Eugénio (ou Vilalva) |c. 1930| Fachada principal sobre o Largo de S. Sebastião da Pedreira; Rua Dr. Nicolau Bettencourt [antiga Estr. Palhavã] e Rua Marquês Sá da Bandeira (dir.) Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente |
O antigo Palácio José Maria Eugénio situa-se entre o Largo de S. Sebastião da Pedreira, o começo da Rua Dr. Nicolau Bettencourt, a Rua Marquês de Sá da Bandeira e a Rua Marquês de Fronteira, sobre a qual se estende o recente muro do jardim, com seus portões e
guaritas soerguidas. As fachadas mantêm-se como em 1860, época da reedificação. O edifício com larga área arborizada que lhe era anexa, passou depois para os herdeiros (Condes de Vilalva) que, embora mantendo-lhe o aspecto primitivo, o beneficiaram interiormente, recorrendo-se do concurso do famoso estucador João Grossi e do continuador deste, Félix Salla, e dos ornamentistas Biel e Gomassa.
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Palácio José Maria Eugénio (ou Vilalva) !1910| Fachada posterior, de linhas irregulares, sobre os jardins; Rua Marquês de Fronteira e Rua Dr. Nicolau Bettencourt (dir.) Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Em começo de 1946, o Estado adquiriu ao bisneto do reedificador, para o Ministério da Guerra, o palácio que fora dos Larres, provedores dos armazéns, e de José Maria Eugénio de Almeida, nome este que perdura. Realizaram-se então no edifício largas obras de beneficiação, adaptação e de nova distribuição de salas, com construção dos anexos, dentro do grande jardim posterior, e de um
muro sobre a Rua Marquês de Fronteira, com ângulos adornados de elegantes guaritas de vigia. Estes
transformações foram dirigidas pelos arquitecto António Quinina e engenheiros João de Deus Pimentel
e Filipe Ribeiro.
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Palácio José Maria Eugénio (ou Vilalva), uma das entradas e cavalariças [1910] Rua Marquês de Fronteira, esquina com a Rua Dr. Nicolau Bettencourt; separado do parque pela Rua Marquês de Fronteira, o palácio pertence hoje ao Exército. Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Palácios particulares, 1950.