Ora estamos defronte do Palácio Foz — como por muito tempo se chamará — , e dele cumpre completar actualmente a notícia histórica.
Em 1755 o Palácio primitivo dos Castelo
Melhor, do lado oposto, ruiu e ardeu. A Cidade, no plano de Pombal,
comprou (1764) àquêles nobres o chão da quinta para abrir o Passeio Público, e o Marquês de Castelo Melhor julgou, e bem, azado o momento para fiazer um belo palácio novo, derrubando para tanto (1777) as casas que haviam sido dos Condes de Castanheira [vd. última imagem]. Deve dizer-se, porém, que as obras foram suspensas, não sei porquê, e que só em 1845 recomeçarpm e se concluíram já em tempo do 4.” Marquês, D. António de Vasconcelos e Sousa (também Faro em seu apelido). Foi o risco do Palácio dado por Francisco Xavier Fabri;
morreu no periodo da suspensão das obras (1807) e outros mestres ou
arquitectos seguiram o seu plano.
Em 1889 a Casa Castelo Melhor desfez-se destas propriedades e terrenos, adquirindo-os o capitalista Tristão Guedes de Queiroz Correia Castelo Branco, 1.º Marquês da Foz (1886), filho do 1.º Barão l.º Visconde e 1.º Conde do mesmo título — Gil era o seu nome próprio — , que fôra militar ilustre, marechal de campo por seus feitos.
O novo proprietário ordenou obras radicais no interior
do Palácio, levadas a efeito pelo arquitecto José António Gaspar, tendo a seu lado o notável artista Leandro Braga; da antiga casa palaciana só ficou o exterior, êsse mesmo alteado de mansarda, e a capela, logo desfigurada também. O Marquês da Foz converteu os salões num verdadeiro Museu, no qual se ostentavam obras primas de tôdas as artes, desde a escultura e pintura à ourivesaria e mobiliário, quer portuguesas quer de mestres estrangeiros; um tecto, por exemplo, que pertenceu à «Sala dos Reis» do Convento dos Jerónimos, encontrava-se neste palácio.
Viste como se fêz o Palácio Castelo Melhor, no qual em 1858 foi construída uma famosa Capela de Nossa Senhora da Pureza, em sucessão de outra, demolida naquêle ano, situada na Calçada da Glória do lado opôsto ao do palácio, e que fôra erguida em 1581 por Manuel de Castro, a cujos herdeiros os Marqueses compraram em 1711 o direito . Entre ela e o palácio havia um passadiço de ligação, desaparecido em 1858.
Viste como se fêz o Palácio Castelo Melhor, no qual em 1858 foi construída uma famosa Capela de Nossa Senhora da Pureza, em sucessão de outra, demolida naquêle ano, situada na Calçada da Glória do lado opôsto ao do palácio, e que fôra erguida em 1581 por Manuel de Castro, a cujos herdeiros os Marqueses compraram em 1711 o direito
A Capela citada do interior do Palácio desapareceu em 1902, sendo a histórica imagem de N. Senhora da Pureza transferida em 5 de Fevereiro daquêle ano para a Igreja de S. Lourenço, pertencente à Casa Castelo Melhor, a cuja Marquesa, D. Helena, o Marquês da Foz a ofereceu. Situava-se onde é o átrio do actual Salão Central, a um piso superior; era do risco de Cinatti e Rambois.
É necessário dizer-te que, a sul do Palácio, não havia nessa época prédios construídos mas um muro, por trás do qual subiam os magníficos jardins Castelo Melhor [vd. foto abaixo], que haviam feito parte da cerca dos Padres jesuítas de S. Roque, em parte cedida àquele fidalgo depois da extinção da Companhia de Jesus.
Palácio Foz, capela |1891|
M. Caetano de Portugal, in Lisboa de Antigamente
Palácio Foz, jardins |1891|
M. Caetano de Portugal, in Lisboa de Antigamente
M. Caetano de Portugal, in Lisboa de Antigamente
Tudo, porém, quanto o Marquês da Foz fêz reunir, entrou logo em 1901 em dispersão, pela derrocada da Casa Foz. O Palácio foi alugado a Manuel José da Silva proprietário do «Anuário Comercial» e acabou por ficar hipotecado ao Crédito Predial, ao qual o adquiriu o Conde de Sucena em 1914.
O 2.° e actual Conde de Sucena não viu coroados de êxito moral e material os seus esforços no levantamento do «Eden»; não podendo satisfazer os seus compromissos perante a Caixa Geral de Depósitos, todos os seu bens na Avenida foram postos em almoeda.
O 2.° e actual Conde de Sucena não viu coroados de êxito moral e material os seus esforços no levantamento do «Eden»; não podendo satisfazer os seus compromissos perante a Caixa Geral de Depósitos, todos os seu bens na Avenida foram postos em almoeda.
No primeiro leilão, a 12 de Julho deste ano de 1939, a Caixa Geral arrematou por 8.098 contos o Palácio Foz, e mais chamou a si os dois prédios contíguos, da Calçada da Glória, onde esteve o Salão Foz e onde está desde 1868 a sociedade de recreio «Matinha». No segundo leilão, realizado a 25 do mesmo mês, a Caixa Geral arrematou o Éden, com seu recheio, por 6.000 contos, o prédio n.° 13 da Praça dos Restauradores, por 3.200 contos, e um prédio na Avenida, no n.°' 183 a 187 por 1.200 contos.
Palácio Foz, vista da Escadaria principal |1891|
Estilo Luiz XVI
M. Caetano de Portugal, in Lisboa de Antigamente
Palácio Foz, galeria da Escadaria principal |1891|
Estilo Luiz XVI
M. Caetano de Portugal, in Lisboa de Antigamente
Palácio Castelo Melhor |1891| Vista do vestíbulo do palácio Palácio Foz ou Palácio dos Marqueses da Foz Praça dos Restauradores, 25-45 M. Caetano de Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Em 1908 José Nunes Ereira alugara o Palácio, que estava então arrendado a Manuel José da Silva, e nele instalou nesse mesmo ano o Club Restauradores (Maxim's), que ainda hoje [1939] se mantém. Em parte do edifício (entrada pelo n.° 27) instalou-se em 1915 um Ritz Club, desde 1935 sede do Sporting Club de Portugal, agremiação desportiva.