Edifício para habitação destinado a Emílio Leguori, construído por Augusto Carlos da Cunha, a partir de um projecto do arquitecto Ventura Terra (1902).
Este edifício foi desenhado de uma forma simétrica, nos seus aspectos relacionados com a métrica de vãos e desenho de varandas. Duas faixas de azulejo, no topo e ao nível do piso térreo, conferem-lhe horizontalidade em contraponto com a verticalidade dos vãos. A zona de esquina é marcada exteriormente por três varandas sobrepostas, unidas por um pano de marquise em dois níveis na continuidade e largura do vão principal constituído pela entrada e respectivo desenho em pedra.
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Edifício na Rua Braamcamp, 3A-B esquina com a Rua Duque de Palmela, 35-37 [c. 1910]
Prédio de Rendimento, construido em 1902, foi residência de Afonso Costa [vd. N.B.]; em 1972 foi ocupado pelo jornal «Expresso»; ao fundo vê-se o palacete «Casa da Cerâmica».
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Uma proposta de 1940, tendo em vista retirar os envidraçados das marquises por se encontrarem em mau estado, não foi aceite por parte da Câmara, apesar de um primeiro parecer estar de acordo com a supressão dos mesmos, já que "em nada afectaria a expressão arquitectónica do edifício em questão, que segundo se julga só lucrará com essa circunstância", refere o texto da proposta.
A necessidade de realizar obras por parte de um novo proprietário, a partir de 1940, levou a que o mesmo se dirigisse à Câmara solicitando a sua anulação relativamente ao interior das habitações. Curiosamente, refere o proprietário que "as rendas são antiquíssimas e de reduzido valor, para habitações de dezoito amplíssimas divisões, todas elas habitadas por gente rica. (...) Presentemente encontro-me exausto de recursos por muito tempo assim permanecerei, por os encargos dos empréstimos que contraí me absorverem todas as economias que venha fazer. Não seriajusto que, para beneficiar inquilinos ricos, satisfeitos com a sua habitação, fosse obrigado a fazer obras desnecessárias, gastando nelas dinheiro que não tenho, forçando-me a usar novamente o crédito,aumentando mais os encargos, já neste momento preocupante, pelo seu montante".
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Edifício sito na Rua Braamcamp, 3A-B esquina com a Rua Duque de Palmela, 35-37 [1917]
Prédio de Rendimento, construido em 1902, foi residência de Afonso Costa [vd. N.B.]; em 1972 foi ocupado pelo jornal «Expresso»; manifestação.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
Em 1946, foram substituídas as marquises de ferro, que se encontravam em ruína, para outras construídas em estrutura de betão. Este projecto foi assinado pelo arquitecto Norte Júnior e pelo engenheiro Francisco Ventura Rego.
Em 1972, a Sojornal, proprietária do jornal Expresso, instala-se neste edifício, ocupando-o na totalidade. Em 1990, esta sociedade solicita uma remodelação do imóvel, com ampliação em altura, construção de 4 caves para estacionamento e conservação da fachada. O projecto foi reprovado pela Câmara Municipal em função dos planos urbanísticos em vigor para a zona e do estudo volumétrico do quarteirão, aprovado em 1980. Apesar do protesto do interessado, com base em pareceres jurídicos, a obra nunca se concretizou.
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Rua Braamcamp vista da Praça do Marquês de Pombal [194-]
Prédio de Rendimento, construido em 1902, foi residência de Afonso Costa; em 1972 foi ocupado pelo jornal «Expresso».
Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente |
N.B. Afonso Costa (1871-1937) foi Presidente do Conselho de Ministro, ministro, dirigente do Partido Republicano e do Partido Democrático.
Em Outubro de 1910, um levantamento popular conseguiu implantar a República, não tendo havido uma resposta determinada do Exército. Formou-se um Governo provisório chefiado por Teófilo Braga, tentando impor um regimento com apoios unicamente na população urbana num país rural. Afonso Costa ficou com a pasta da Justiça: fez uma revolução num ministério que primava pela discrição. Iniciou reformas claramente anti-clericais, que contribuíram para o aumento da impopularidade do novo regime junto da população e da ala conservadora do republicanismo. Mas o ministro da Justiça e dos Cultos não cedeu às pressões e continuou com a política de afirmação dos valores laicos da República e de separação do Estado das igrejas, instituindo também o registo civil obrigatório.
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Bibliografia
MANGORRINHA, Jorge, Arquitecturas de esquina em Lisboa, A.M.L., 2014.