A chuva recomeçara; e ao fundo da Calçada do Alecrim separaram-se, quando soavam devagar as onze horas na torre da igreja de S. Paulo.
Artur galgou a calçada do Alecrim, impressionado, exaltado. Decidia-se agora a abandonar todos os hábitos de sociedade, as esperanças vãs em amores fictícios, a literatura puramente lírica; [...]
(QUEIROZ, Eça de, A Capital, 1877)
O nome de rua do Alecrim — lê-se no Archivo Pittoresco — proveio de uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Alecrim, que ahi fundou, em 1641, uma senhora viúva e de nobre família, chamada D. Anna de Vilhena.
Estava situada esta ermida junto da porta de Santa Catharina, e esta porta occupava o fundo de um largo pouco espaçoso, ao presente denominado das Duas Egrejas, no sitio onde começa a descer a rua das Portas de Santa Catharina. O largo era então guarnecido, da parte do norte e do sul, por dois lanços da muralha, que iam formar dois angulos: o do norte, proximo da egreja do Loreto, que ficava de fora, e do qual proseguia o muro ao largo de S. Roque: e o do sul no lugar em que vemos o predio contiguo à egreja de Nossa Senhora da Encarnação, d'onde o muro continuava, separando as ditas ruas do Alecrim e da Cordoaria Nova, depois Thesouro Velho [actual Rua António Maria Cardoso].==
(in Archivo Pittoresco, 1862, vol. 5, p. 398)
Rua do Alecrim [ant. 1900] Perspectiva tomada da Rua da Misericórdia (antiga de S. Roque) José Artur Bárcia, in Lisboa de Antigamente |