O Cine Oriente abriu portas ao público em 1931, no Caminho de Baixo da Penha (hoje Av. Gen. Roçadas). Uma sala "a preços populares", com "os melhores confortos e comodidades para o público".1
Em 1931, a revista «Cinéfilo» — suplemento semanal do jornal «O Século» — dedicava um artigo a uma nova sala de cinema da capital: o Cine-Oriente. Rezava assim:
Lisboa conta com uma nova sala de espectáculos cinematográficos, Cine-Oriente, assim se chama o cinema inaugurado. Fica situado na Penha de França.
É, quanto ao seu aspecto, um modesto salão, de construção simples mas alegre, comportando cerca de quinhentos lugares, cómodos e espaçosos e todos eles com excelentes condições de visibilidade, incluindo os do balcão. A cabina está apetrechada com uma máquina Pathé, o que garante uma boa projecção. A cabina está apetrechada com uma máquina Pathé, o que garante uma boa projecção.
Um quarteto musical, constituído por artistas de comprovado mérito, acompanhará todos os filmes que na sua tela forem apresentados.
Agora, que o populoso bairro da Penha de França possui um cinema para satisfazer as exigências dos admiradores da arte do silencio, é justo que eles avaliem os encargos provenientes da sua construção, que só podem ser compensa dos com uma assídua frequência. [2]
A história do Cine-Oriente começa em 1928 com António Joaquim Gonçalves, que pretendia adaptar para cinema um armazém que possuía no Caminho de Baixo da Penha. O projecto seria da responsabilidade do construtor civil João Tomás de Sousa. A obra ficaria concluída em 1930.
Era um típico cinema de bairro histórico, modesto mas bem construído, suportado por uma estrutura de aço e com o tecto forrado a chapa de ferro. As cadeiras eram de madeira e a sua lotação era de 496 lugares distribuídos por 132 fauteuils, 168 nos balcões e 196 de geral.
Cine-Oriente, Caminho de Baixo da Penha [1963] Liga a Avenida General Roçadas à Rua da Penha de França Artur João Goulart, in Lisboa de Antigamente |
Em 1934, tendo Alfredo Bernardo Lucas como empresário e proprietário do terreno, seriam realizadas obras que tornariam este espaço mais acolhedor e mais cómodo para o seu novo público. No ano seguinte este cinema passou a ter como arrendatário António Ferrão Lopes, (empresário cinematográfico ligado à produção, distribuição e exibição de filmes), posição que ocupou até 1977, ano em que este espaço encerrou devido à falta de público originada pela febre dos centros comerciais.[3]
Cine-Oriente, Caminho de Baixo da Penha [c. 1970] Liga a Avenida General Roçadas à Rua da Penha de França Artur Inácio Bastos, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
1 CRUZ, José de Matos, Cinema português: o dia do século, p. 14, 1998.