O Teatro da Rua dos Condes, hoje Cinema Condes, representou grande papel na vida nacional. Construído entre 1756 e 1765 no Pátio dos Condes, assim chamado por ali estar o palácio dos Condes da Ericeira, foi o campo de manobras da famosa cantora Zamperini, que fez andar a cabeça à roda à nobreza. O filho do Marquês de Pombal obrigou os comerciantes de grossos cabedais a fazerem-se accionistas do teatro, para ganho e lustre da amásia.
Aí temos o Cinema Condes, banal e que pouco diz. Tem alguma história. Era neste sítio, até ao Terramoto — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , o Pátio dos Condes da Ericeira, tornado montão de ruínas depois do cataclismo. O primitivo Teatro da Rua dos Condes datava de 1765, e foi demolido em 1882, dando o último espectáculo em 20 de Maio. Fora construído pelo arquitecto Petrónio Mazzoni, e nele se cantou ópera durante dezenas de anos. Ficou célebre a passagem por esse teatro da famosa cantora Zamperini, que tantos escândalos amorosos deu em Portugal, vendo-se o Marquês de Pombal obrigado a expulsá-la do país . O Teatro teve história, ligada à vida literária e teatral portuguesa; em 1782 passou a ser o Teatro Nacional, e no começo da século passado [XIX] a sua administração esteve ligada à de S. Carlos.
Em 1837 intitulava-se Novo Teatro Nacional do Ginásio.
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Theatro da Rua dos Condes Demolido em 1882, no sitio onde levantou outro teatro [vd 2ª imagem], hoje Cinema Condes. Desenho de M. de Macedo, in Lisboa de Antigamente
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Demolido, como disse, em 1882, construíu-se um
pequeno Chalet, teatrinho contido num barracão que durou pouco mais de um ano Só em
1888 se ergueu este Teatro da Rua dos Condes [vd 2ª imagem], por
iniciativa do comerciante Francisco de Almeida Grandela, sendo
arquitecto Dias da Silva, e decoradores Eduardo Reis e Júlio Machado. Foi inaugurado em
23 de Dezembro com a peça «As Duas Rainhas», uma tradução de Sousa Bastos, e com um monólogo de abertura recitado por Taborda , escrito por Baptista Machado.
O Teatro foi restaurado em 1898, e, modernamente, com transformações largas, recebeu obras em 1931. Desde 1920 1915, porém, deixou de ser teatro para se converter como tantos em «Cinema Condes». [Estreou como cinema em 2 de Abril de 1915]
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Teatro da Rua dos Condes, inaugurado em 23 de Dezembro de 1888 [c. 1908] Avenida da Liberdade com a Rua dos Condes Em cartaz: "De olho aberto!: revista simbólica e de costumes em 3 actos e 9 quadros" de Daniel Moreira (Rei Móra). Música de Luz Junior. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
O recente Cinema Condes foi construído, entre 1950 e 1952, por iniciativa da empresa teatral Variedades, no mesmo local onde existira o Teatro Condes, propriedade de Francisco Grandela. Projectado pelo arqº Raul Tojal e executado pelo construtor António Costa, apresenta planta rectangular, volumetria escalonada e cobertura em terraço. Acompanhando o declive do terreno, desenvolve-se em duas frentes, uma voltada à Avenida da Liberdade e a outra à Rua dos Condes. As fachadas em reboco pintado, com apontamentos rectilíneos de grande verticalidade em cantaria e com piso térreo totalmente revestido a cantaria, apresentam um ângulo de articulação boleado, esculpido com relevos, acentuado superiormente por remate em corpo circular de menor secção, vazado por cinco janelas e protegido por pala.
Cinema Condes [c. 1956]
Avenida da Liberdade com a Rua dos Condes
Salvador Fernandes. in LdA
Cinema Condes [c. 1952]
Avenida da Liberdade com a Rua dos Condes
Estúdio Horácio Novais, in LdA
A porta principal, de verga recta, rasga-se no ângulo e permite a entrada para o interior, onde funciona, desde 2003, o «Hard Rock Café», aí instalado após grandes obras de transformação e adaptação do cinema a restaurante.
Este imóvel integra a Zona da Avenida da Liberdade, que se encontra Em Vias de Classificação. [instituto-camoes.pt]
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Cinema Condes, inaugurado em 30 de Outubro de 1951 [c. 1952] Avenida da Liberdade com a Rua dos Condes O Cinema Condes manteve-se como sala de projecção até 1997. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, pp. 25-26, 1943.