Friday, 30 November 2018

Regueirão dos Anjos

Este Regueirão — recorda-nos Norberto de Araújo — é anterior até à própria Rua dos Anjos. Já te disse que esta serventia foi vale natural, onde depois de correr água, nos séculos velhos, correu o trânsito.

É triste, apático – feio este Regueirão. Uma notazita isolada de pitoresco sombrio, e por aqui se fica. Mas sigamos por ele.

 

Regueirão dos Anjos [1951 e 1949, respectivamente]
Perspectiva tomada da Av. Almirante Reis na foto da esq., e com a a avenida ao fundo na 2ª foto; o Regueirão dos Anjos tem três arcos vendo-se ao fundo na 1ª foto o arco sob a Rua Álvaro Coutinho.
O Regueirão sonâmbulo prolonga-se até à transversal Rua de Francisco Foreiro. Abandonemo-lo a si próprio.
Eduardo Portugal,
in Lisboa de Antigamente

Nota-me já esta particularidade: as casas, quási todas de traseiras de prédios, têm ao nível antigo da rua estabelecimentos e oficinas – muitas serralharias e depósitos – com as portas em ferro. E porquê? Porque aquando das enxurradas nas invernias fortes tudo isto se inunda; o velho leito do vale, desaguadouro forçado, faz valer os seus direitos. Do lado esquerdo podes notar esses quintais tristes, e algumas moradias do tipo antigo suburbano do século passado [XIX].

Regueirão dos Anjos [1949]
Perspectiva tomada da Av. Almirante Reis
Nota-me já esta particularidade: as casas, quási todas de traseiras de prédios, têm ao nível antigo da rua estabelecimentos e oficinas – muitas serralharias e depósitos – com as portas em ferro. E porquê? Porque aquando das enxurradas nas invernias fortes tudo isto se inunda; o velho leito do vale, desaguadouro forçado, faz valer os seus direitos.
Eduardo Portugal,
in Lisboa de Antigamente

Logo a uns cem passos é o Regueirão atravessado pelo viaduto da Rua Álvaro Coutinho; poucos passos andados aí temos êsse curioso arco abatido de perspectiva singular, que faz passar o arruamento sob a Ermida do Resgate e Almas, cuja fachada está na Rua dos Anjos; um outro viaduto aparece a seguir sobre a Rua, também moderna, de Febo Moniz.

Arco do Regueirão dos Anjos sob a Ermida da Almas [1949]
[...] poucos passos andados aí temos esse curioso arco abatido. de perspectiva singular, que faz

passar o arruamento sob a Ermida do Resgate e Almas, cuja fachada está na Rua dos Anjos.
Fernando Martinez Pozal,
in Lisboa de Antigamente
Arco do Regueirão dos Anjos sob a Rua Febo Moniz [1949]
[...] um outro viaduto aparece a seguir sôbre a Rua, também moderna, de Febo Moniz.
Eduardo Portugal,
in Lisboa de Antigamente

Ora repara nesse documento olisiponense encostado ao suporte poente deste viaduto: uma obra «feita à custa do real do povo pelo Senado da Câmara em 1685» — segundo diz a lápide camarária. Era uma bica ou fonte, de pública serventia, que em 1917 foi renovada, segundo a data gravada o indica, e que o ano passado (1937) foi definitivamente entaipada, por as águas sofrerem de inquinação. A histórica bica — secou. É hoje uma breve «memória» do sítio, rico de fontes e nascentes.

Arco do Regueirão dos Anjos [1949]
Fonte e lápide camarária; escadas de acesso à Rua Febo Moniz
Ora repara nesse documento olisiponense encostado ao suporte poente deste viaduto: uma obra «feita à

custa do real do povo pelo Senado da Câmara em 1685» - segundo diz a lápide camarária. Era uma bica
ou fonte, de pública serventia, que em 1917 foi renovada, segundo a data gravada o indica, e que o ano
passado (1937) foi definitivamente entaipada, por as águas sofrerem de inquinação.A histórica bica - secou.
É hoje uma breve «memória» do sítio, rico de fontes e nascentes.
Fernando Martinez Pozal,
in Lisboa de Antigamente

O Regueirão sonâmbulo — conclui mestre Araújo —  prolonga-se até à transversal Rua de Francisco Foreiro. Abandonemo-lo a si próprio.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, pp. 73-74, 1938.

Wednesday, 28 November 2018

Ermida de Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor dos Perdidos

No fim da Rua dos Anjos, do lado nascente, e sobre o Regueirão, está ainda de pé, e aberta ao culto, a «Ermida de Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor dos Perdidos — 1762», segundo a legenda sobre o pórtico. A data é, talvez, a da reconstrução. A Ermida é revestida de muito bons azulejos, ornada de talha dourado, de que o altar-mor é rico.


O templo actual que deve ter sucedido a outro mais antigo, é uma construção da segunda metade do século XVIII, precisamente do ano de 1762, conforme reza a inscrição insculpida no tímpano do portal de entrada. O seu exterior é pobre, seguindo um modelo comum a grande número de pequenas igrejas construídas, entre nós, depois do terramoto: empena em chaveta, portal com tímpano semicircular, rematado com o emblema da paixão, janelas iluminantes no andar superior.

Ermida de Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor dos Perdidos |post. 1902|
Rua dos Anjos, 72-72-A
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O interior, em contrapartida, é precioso na sua dupla decoração, à base de azulejos e talha, combinando-se os dois elementos com rara unidade de estilo. Efectivamente toda a decoração interior foi concebida em estilo rocaille uniforme, duma data próxima da da construção da igreja.

Ermida de Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor dos Perdidos
 Capela-mor

A capela-mor, apresenta retábulo guarnecido por baldaquino e vazado por camarim albergando trono, diante do qual se destaca o grupo escultórico da «Mater Dolorosa». Ladeando o vão central do retábulo, enquadradas por molduras em talha rocaille, observam-se 2 composições pictóricas figurando «Nossa Senhora da Piedade», do lado do Evangelho, e uma «Crucificação com São João Evangelista», lado da Epístola. Sobre a porta de acesso à sacristia, do lado do Evangelho existe uma imagem de «Nossa Senhora da Conceição», em madeira estofada, datável da 1ª metade do século XVII.

Ermida de Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor dos Perdidos |1901|
Rua dos Anjos, 72-72-A
Por esta altura ainda não tinha sido completada a ligação com a Rua Álvaro Coutinho, facto que só veio a ocorrer por volta de 1911 após demolição daquele último prédio do lado nascente; observa-se, igualmente, pela ausência de catenárias [vd. 1ª foto], que ainda não tinha ocorrido a electrificação da linha dos carros «americanos».
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente






























Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, p. 76, 1938.
Monumentos e edifícios notáveis do distrito de Lisboa, Vol. 5, Parte 2, Junta Distrital de Lisboa, 1962.

Sunday, 25 November 2018

Largo do Rato: antes e após as demolições na década de 1930

Rato foi e Rato é —  diz Norberto de Araújo; só os dísticos municipais e os letreiros dos eléctricos dizem Praça do Brasil, titulo pomposo com o qual a República portuguesa nascente em 1910 quis consagrar a República irmã mais velha de Além Atlântico.[...]


De um padroeiro [Luís Gomes de Sá e Meneses], do Convento das freiras da Santíssima Trindade [Convento das Trinas] se trespassou para a casa religiosa e para o sítio do seu eirado o nome de «Rato», que era um cognome, quási apelido pessoal.

Largo do Rato, do nascente para o poente [1929]
 Antiga Praça do Brasil, antes Largo do Rato, antes Rua do Rato, antes Rua Direita do Rato
Ao fundo, a Rua do Sol ao Rato e o antigo Teatro Joaquim de Almeida (1925-1930); em último plano fundo, à direita, vislumbra-se o telhado do Convento das Trinas.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 Largo do Rato, do poente para o nascente [1929]
 Antiga Praça do Brasil, antes Largo do Rato, antes Rua do Rato, antes Rua Direita do Rato
Esquina com a Rua de S. Bento; ao fundo, a Rua do Salitre e, à esq., por detrás doa edifícios marcados para  demolição, vê-se o o Palácio do Marquês da Praia e Monforte (actual sede do P.S.).
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Já antes do Terramoto o Largo do Rato crescia em póvoa, em tumulto de tendas ao ar livre, e algum casario; (...) Depois do cataclismo, o sítio converteu-se em acampamento de foragidos, de tal modo que, em 1759, se determinou dar ao eirado ou largo a forma urbanística que perdurou até 1937; abriram-se depois, em rectificação de caminhos entre quintas, a Rua da Fábrica da Louça [Calçada Bento da Rocha Cabral], a Praça das Amoreiras, e a Rua de S. Filipe Nery, esta mais tardia.

Largo do Rato [1937]
Antiga Praça do Brasil, antes Largo do Rato, antes Rua do Rato, antes Rua Direita do Rato
Do lado esq., o Palácio do Marquês da Praia e Monforte.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente
Largo do Rato [1937]
Antiga Praça do Brasil, antes Largo do Rato, antes Rua do Rato, antes Rua Direita do Rato
Do lado dir., o Palácio do Marquês da Praia e Monforte e o
Convento das Trinas
 Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto deo, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 11-12, 1939.

Friday, 23 November 2018

Estr. de Benfica

Chalet do conselheiro Figueiredo sito no gaveto com a Rua Cláudio Nunes [vd. 2ª imagem] defronte ao Chafariz de Benfica; para poente, a cerca da 100 mt. do chalet — hoje demolido — fica a Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica.

Estr. de Benfica [Início séc. XX]
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): esta fotografia não está identificada no arquivo

A Igreja de Benfica — ou de Nossa Senhora do Amparo — segundo projecto do arquitecto João Frederico Ludovice foi inaugurada em 1809.

A toponímia consagra Cláudio José Nunes, nascido e falecido em Lisboa, na freguesia de Benfica, que foi escritor e deputado, eleito em 1862 pelo Partido Progressista Histórico. Publicou «Verdades Amargas», um opúsculo de considerações políticas e o livro de poesia «Cenas Contemporâneas». [cm-lisboa.pt]

Estr. de Benfica [post. 1901] 
Chalet do conselheiro Figueiredo e Igreja de Nossa Senhora do Amparo de Benfica

Wednesday, 21 November 2018

Profissões de antanho: o trapeiro

Coêvo dos ferros-velhos e dos cães vadios   —  diz Alfredo Mesquita  —  a que a Providencia confiou por muitos annos em exclusivo privilegio a missão hygienica de devorar, com uma ou outra barriga de perna ao viandante, as imundícies esparsas nas estreitas e empinadas ruas da Mouraria e de Alfama, o trapeiro de Lisboa encarrega se de levantar e recolher da via publica o que nella sobeja da voracidade dos rafeiros. Por um complicado desenvolvimento de transações subsequentes, exerce elle a sua industria separando, classificando e vendendo em cada manhã a colheita de cada noite. 

Rua Castilho [1912]
Nota: O local não se encontra identificado no arquivo
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Nessa coleção entra tudo ou quasi tudo o que a vida de uma cidade segrega pelo monturo como documento da sua historia intima: os ossos descarnados, as flores murchas, as porcelanas quebradas e os vidros partidos dos seus banquetes; as botas arrombadas, os chinelos moídos e os farrapos despegados da sua indigência; a renda desfeita, a joia desengastada, o dinheiro perdido dos seus ébrios, dos seus batoteiros e das suas cortezãs; as lentejoilas caídas do ouropel dos seus histriões e dos seus saltimbancos; os manuscritos inutilisados dos seus lettrados e dos seus poetas; os fragmentos das suas cartas de empenho, de negocio e d’amor; mil restos, finalmente, anonymos, truncados, confundidos, de obscuras tragédias, de ignorados martyrios, de acerbas lutas, de ardentes paixões, de inveterados vicios, de lindos madrigaes ou de inocentes idilios.

Travessa João Vaz [1961]
Augusto de Jesus Fernandesin Lisboa de Antigamente

Como typo popular, o trapeiro foi, em tempo que não vae longe, característico entre os mais característicos. Na incerteza de encontrar sempre pelas ruas da capital alimento ao seu principal negocio, o trapeiro acumulava com elle a magra industria da venda de mechas a retalho. Veio o fosforo, e matou ainda este inocente e pouco lucrativo commercio. Quando a industria do trapeiro prosperava, e as imundícies fertilisadoras da capital não achavam ainda quem as arrematasse em publico leilão, o trapeiro era também negociante. O trapeiro fez-se arrematante do espolio dos finados do Hospital! Era a miséria traficando com a túnica de Job ! Ao fundo, como scenario d’este grande drama de abandono, surgia a Feira da Ladra, o sorvedouro insaciável de todas as relíquias, a exposição cosmopolita de todos os infortúnios . . .

Avenida 24 de Julho [ant. 1908]
Ao fundo, o jardim do Largo de Santos
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
MESQUITA, Alfredo. Lisboa, pp. 356-357, 1903.

Sunday, 18 November 2018

Avenida da República, 19: «Casa Xangai»

A Casa Xangai — baptizada em homenagem à cidade oriental homónima —, abriu portas em 1931 como alfaiataria de sedas e algodões da China e só em 1953 foi adquirida por Caetano Soares da Fonseca. Desde então, conserva-se na família. Do projeto inicial manteve-se o interior da loja e as fabulosas montras Art Déco assinadas pelo arq.º Norte Júnior, mas mudou-se-lhe a vocação. De alfaiataria passou a loja dedicada a artigos para recém-nascidos devido à sua localização mesmo em frente à antiga maternidade ProMater.
A Casa Real de Bragança, bem como outras Casas Reais do norte da Europa, renderam-se à Casa Xangai. Entre os clientes célebres encontra-se ainda a mulher do Presidente Óscar Carmona, que, segundo consta, só queria comprar peças com defeito, de forma a obter desconto.

Avenida da República, 19 [1967]
«Casa Xangai»
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Friday, 16 November 2018

Avenida da República, 47D-47F: «A Enceradora»

Foi em 1927 na Avenida da República, 47 — paredes-meias com o edifício Prémio Valmor de 1923 — em pleno Centro de Lisboa, que «A Enceradora» iniciou a sua actividade. Na grande Exposição Industrial Portuguesa de 1932 e 1933 foi premiada com a medalha de ouro. Com o sucesso dos produtos, verificou uma forte expansão que levou no início da década de 40 a mudar para novas instalações, na estrada das Laranjeiras, mais adequadas ao elevado nível de produção. Foi também nesse período que se procedeu a uma alteração de Gerência que introduziu técnicas mais avançadas de produção, assim como novos métodos de gestão, que ajudou a empresa a atravessar o período da difícil 2ª Grande Guerra Mundial.
p
Avenida da República, 47D-47F [1932]
«A Enceradora»
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente
A Enceradora, pub. 1943
Avenida da República, 47D-47F 
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente


Wednesday, 14 November 2018

Palácio do Conde Barão de Linhó: a «Casa dos Fantasmas»

Ali tens, contíguo à Escola Machado de Castro — recorda-nos Norberto de Araújo — um palácio, n.° 21-27, hoje [1939] habitado pelo Barão de Linhó, filho do Marquês da Praia, e irmão do falecido Duque de Palmela, e que no cunhal nascente, dentro do pátio nobre, apresenta, um brasão armoriado; é a representação nobre setecentista transfigurada do sítio.

Palácio do Conde Barão de Linhó [c. 1910]
«Casa dos Fantasmas»
Palácio do aéc. XVII sito na Rua Saraiva de Carvalho, 19-29 tornejando para a Rua de Santa Isabel, 91
 
Josshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Foi esta a famosa Casa dos Fantasmas, onde o povo dizia que andavam «espíritos» à solta, o que deu origem a folhetins e a novelas fáceis.

Palácio do Conde Barão de Linhó [c. 1910]
«Casa dos Fantasmas»
Palácio do aéc. XVII sito na Rua Saraiva de Carvalho, 19-29 tornejando para a Rua de Santa Isabel, 91
 
Josshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, p. 64, 1939.

Sunday, 11 November 2018

Rua da Boavista: antigo Instituto Industrial

Hemos chegado novamente à Boa Vista — diz Norberto de Araújo — onde há pedaço estivemos discorrendo acerca da Casa da Moeda, e conhecendo tu, Dilecto, a origem do nome do sítio — projecção toponímica do Alto da Boa Vista ou seja do Alto do Belver ou Belveder (Alto de Santa Catarina) — cumpre-me mostrar-te objectivamente o que nos surge deante dos olhos, e muito não será.
Não quero deixar de observar-te que as edificações desta artéria da Boa Vista, do lado Sul, não levam cem anos. [...]

Rua da Boavista |1926-05-10|
Antigo Instituto Industrial (esq.)
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Legenda da imagem no arquivo: «A catástrofe da ilha do Faial. O bando precatório na Rua da Boa Vista»

Aí tens o edifício do antigo Instituto Industrial, que fora fundado em 1852, anexando-se-lhe em 1869 o ensino comercial. Foi depois aqui o Instituto Superior Técnico, há meia dúzia de anos instalado, magníficamente, no Arco do Cego, e com certeza a mais importante edificação pedagógica de Lisboa. A Rua do Instituto Industrial deve o seu nome ao estabelecimento de ensino público que lhe ficava vizinho, pelo nascente. Corria ali, até 1865, o Boqueirão da Palha; nesse ano se fêz a artéria nova e se lhe deu o nome que hoje tem.

Vista aérea das instalações do Instituto Industrial |c. 1900|
Rua da Boavista; Rua do Instituto Industrial
Augusto Bobone, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 75-80, 1939.

Saturday, 10 November 2018

Rua de Dom Vasco esquina com a Travessa das Florindas

Ambos os topónimos pertenciam ao antigo e extinto Concelho de Belém e como o edital de 1916 indica, passaram a pertencer ao concelho de Lisboa: «tendo em consideração o justo pedido da Junta de freguesia da Ajuda, sobre a nomenclatura das ruas da mesma freguesia e que não existe no arquivo municipal documento algum pelo qual se possa certificar a data da denominação das referidas vias públicas, que pertenceram ao extinto Concelho de Belém, visto que quando da sua anexação ao de Lisboa não foi entregue a escrituração comprovativa das deliberações referentes a essa nomenclatura.» 

Rua de Dom Vasco, esquina com a Travessa das Florindas |c. 1943|
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Dom Vasco da Câmara Belmonte (1767/1830) foi o primeiro Conde de Belmonte, título que lhe foi concedido por portaria de 18 de Maio de 1805 por D. João, príncipe regente. Fidalgo da Casa Real, foi morgado de Ota, de Belmonte e de Santo André, Par do reino, porteiro-mor da Casa Real e gentil-homem da Câmara de D. João VI. [cm-lisboa.pt]

Wednesday, 7 November 2018

Maternidade Alfredo Costa

Merece-nos uma referência a Maternidade Dr. Alfredo Costa, instituição pública de beneficência, cujos serviços são relevantes.


A iniciativa da construção desta Maternidade vem de 1908. Só em 1914 se nomeou uma comissão para fazer erguer o edificio, que teria o nome do grande médico, professor de obstectricia, Dr. Alfredo da Costa, sendo votada a verba de 250 contos. A guerra obrigou a suspender a obra. Mais tarde, por um donativo de 1.500 contos feito pelo benemérito Pais Rovisco, e, seguidamente, com uma dotação especial de 3.600 contos estabelecida pelo Ministro das Finanças, Dr. Oliveira Salazar, foi possivel concluir o grande edificio, com quatro corpos e três pavimentos, cuja entrada principal assenta na Avenida Cinco de Outubro, confluência das Ruas Pinheiro Chagas e Viriato.
A inauguração desta Matemidade realizou-se em 31 de Maio de 1932. Foi primeiro Director desta instituição o Dr. Augusto Monjardino.

Maternidade Alfredo Costa [1967]
Panorâmica tirada do antigo Aviz Hotel  vendo-se a Maternidade Dr. Alfredo da Costa e a Avenida Cinco de Outubro,
Ruas Viriato e Latino Coelho
João Brito Geraldes, in Lisboa de Antigamente

Em frente da Maternidade, numa pequena praça cu eirado triangular da Avenida Cinco de Outubro, se projectou erguer um monumento a António José da Silva, «o Judeu», escritor de comédias do século XVIIl, e que a Inquisição queimou em 1739; a idéia não prosseguiu e não vemos que se pretenda renová-la.

Maternidade Alfredo Costa [1931] 
Rua Pinheiro Chagas com a Rua Viriato
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p.81, 1939.

Sunday, 4 November 2018

Rua do Arco do Carvalhão

Antes de ser do «Arco do Carvalhão» a rua chamava-se «do Sargento-Mór». [...] — recorda-nos Norberto de Araújo. Mas nós estamos no Arco do Carvalhão — sob dois Arcos enormes do Aqueduto. Terrenos eram estes de Sebastião José de Carvalho e Melo, ainda antes de êle ser Pombal e Oeiras, e estendiam-se, ultrapassando a actual Rua das Amoreiras, no lanço da Cruz das Almas para cima, até à actual Rua Marquês da Fronteira [...] O «Carvalhão» era então o futuro Marquês de Pombal, e do apelido derivaram os nomes da Rua actual [...]

Rua do Arco do Carvalhão [1947]
Aqueduto; Chafariz do Arco do Carvalhão; Alto do Carvalhão (esq.)
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, p. 79.1939.
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