S. Domingos — Dilecto — é uma crónica viva de Lisboa, com as suas imediações da Praça da Figueira, com o seu trânsito obrigatório, pela Rua Barros Queiroz e Calçada do Garcia, formigueiros de gente, que desce dos Anjos, dos bairros novos, ou de Sant'Ana velha. [...]
Junto do templo dominicano, assentava, crê-se que já antes de se erguer o Convento, a pequenina ermida de N. Senhora da Purificação, da Escada, de grande nomeada na Lisboa velha; o seu lugar era onde está a Casa de Candeeiros, que foi de Tomé de Barros Queiroz, bom cidadão de Lisboa (...)»
Igreja de São Domingos [c. 1910] Rua Barros Queirós; Largo de S. Domingos; Ginjinha do Rossio A velha Igreja de São Domingos ficava junto à ermida de Nossa Senhora da Escada,
também conhecida por Nossa Senhora da Corredoura, por ficar próximo do sítio deste
nome, actualmente a Rua das Portas de Santo Antão, e cuja construção datava dos
princípios da monarquia. Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente |
Tendo sido lançada a primeira pedra no ano de 1241, e alvo de sucessivas e diferentes campanhas de obras que lhe foram alterando e adicionando a traça primitiva, data de 1748 a reforma efectuada na capela-mor pelo arqº Ludovice, acabando por ser a única zona do templo poupada ao terramoto de 1755. Seguidamente, a igreja foi reconstruída por Manuel Caetano de Sousa, que reaproveitou o portal e a sacada sobrejacente pertencentes à Capela-Real do Paço da Ribeira.
Em termos formais, esta Igreja conventual denuncia uma arquitectura barroca, de planta em cruz latina. Enquanto que exteriormente é caracterizada pelas suas linhas simples, o interior ainda revela alguma da sua notória riqueza ecléctica. Assim, serão dignos de realce, não apenas o aspecto grandioso de todo o espaço interior, como os próprios mármores e pinturas, infelizmente hoje desaparecidos.
Era notável a sua riqueza em alfaias preciosas, havendo uma imagem de prata maciça, que saía em procissão num andor do mesmo metal, alumiada por lâmpadas também de prata. As pinturas dos altares, os paramentos, os tesouros, tudo desapareceu durante o terramoto de 1755, salvando-se unicamente a sacristia e a capela-mor, mandada fazer por D. João V e riscada pelo arquitecto João Frederico Ludovice, em 1748 - homem que projectou o colossal Convento de Mafra. A capela-mor, toda de mármore negro, e em cujas colunas se vêem, junto à base, medalhões delicadamente cinzelados, que também avultam sobre os nichos laterais.
Em 13 de Agosto de 1959, um violento incêndio destruiu por completo a decoração
interior da igreja, onde constavam altares em talha dourada, imagens valiosas e pinturas
de Pedro Alexandrino de Carvalho. A igreja recebeu obras e reabriu ao público em
1994, sem esconder as marcas do incêndio, como as colunas rachadas. Ainda que
destruída, é uma igreja que sobressai pela policromia dos seus mármores.
Actualmente é a igreja paroquial da freguesia de Santa Justa e Santa Rufina, em plena
Baixa Pombalina e foi classificada como Monumento Nacional. Expõe metade do lenço
usado por Lúcia no dia 13 de Outubro de 1917 (a outra metade encontra-se no Santuário
de Nossa Senhora de Fátima, em Fátima) e ainda o terço usado por Jacinta Marto no
mesmo dia.
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa», vol. XII, p. 80, 1939.
CARRIÇO, Hugo Miguel, Informação sobre igrejas de Lisboa, 2017.