Friday, 31 March 2023

Ascensor de Santa Justa

Desabalado, atravesso o Rossio, desço a Rua do Ouro e meto-me no ascensor de Santa Justa. Viagem curta ao ritmo do choro tolhido de um miúdo agarrado ao xaile da mãe, gorda de miséria.
— Tenho medo, mãe! Tenho medo. (É estranho. Também eu).
A porta do elevador escancarou-se e agora os passageiros atropelam-se, açodados, aos encontrões no viaduto para o Largo do Carmo.
(FERREIRA, José Gomes, O Irreal Quotidiano: histórias e invenções, 1976)

Ascensor de Santa Justa |post. 1902|
Postal ilustrado não circulado, edição de F. A. Martins & Silva, in Lisboa de Antigamente

A Rua de Santa Justa foi um dos 14 topónimos da Portaria pombalina de 5 de Novembro de 1760, diploma do rei D. José com que foi inaugurada em Lisboa a prática de atribuição de nomes de ruas por decreto e, no qual se estabeleceu a denominação dos arruamentos localizados da Baixa lisboeta reconstruída, entre a Praça do Comércio e o Rossio.
O elevador de Santa Justa — ou do Carmo — foi inaugurado no dia 10 Julho de 1902, sendo um dos dois ascensores verticais da cidade (o ouro era o elevador de S. Julião). O projecto é de Raoul Mesnier du Ponsard.

Rua de Santa Justa, ascensor |post. 1902|
A primeira transversal é a Rua da Prata, antiga Bela da Rainha; seguem-se as Ruas dos Correeiros, Augusta [da Figura do Rei], Sapateiros e, por fim, a Rua Áurea.
Autor não identificado, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 26 March 2023

Praça de Luís de Camões com a Rua da Horta Seca

A Rua das Flores já existia antes do Terramoto, no troco até à Rua do Ataíde, ambas seiscentistas. E de igual modo existia a Rua da Horta Seca, designação, que, tal a das Flores, e a das Parreiras (sobre a qual assentou a Rua da Emenda) evocam os tempos de quinhentos em que por aqui eram quintas e chãos rústicos da herdade de Santa Catarina.==
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, p. 51, 1939)

Praça de Luís de Camões com a Rua da Horta Seca |1959|
Realce para o espectacular "espada" Buick Super "The Black Beauty" (1949–1953)
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Encontramos no Arquivo Histórico Português, Vol . VIII, pág. 421, no estudo do dr. António Baião, acerca da Inquisição uma referência a este sítio, datada de 1583. É a primeira à direita na rua do Alecrim vindo do Loreto e termina na rua das Chagas, ensina o Itinerário Lisbonense, de 1818. Fora das portas de Santa Catarina. [Brito: 1935]
 
Rua da Horta Seca |1922-07-21|
Rua da Emenda;  ao fundo nota-se o Palácio do Manteigueiro; Rua e Palacete das Chagas
Legenda no arquivo: «Bodo aos pobres promovido pelo sr. governador civil»
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está «identificado no arquivo

Friday, 24 March 2023

Calçada de São Vicente

Dizia-se : «este é muito S. Vicente», como agora se diz, com menos razão: «é muito Lapa». Em verdade o sítio de S. Vicente, como expressão dum ambiente alfacinha, característico e simpático — à beira do povo da Alfama — vai muito modificado. [Araújo, VIII, 1938]

O topónimo São Vicente (além da freguesia existe um Largo, um Telheiro, uma Rua, uma Travessa e uma Calçada na toponímia de Lisboa) está indubitavelmente ligado à Igreja que aí se situa.
Este magnifico edifício [Igreja de S. Vicente] foi primitivamente erguido por D. Afonso Henriques para comemorar a tomada de Lisboa em 1147, e por ser em sitio extramuros dela, se denominou de Fora, dedicando-a esse rei ao mártir S. Vicente, que desde então ficou sendo o patrono de Lisboa. [Lacerda: 1874]

Calçada de São Vicente |1899|
Antiga Direita de São Vicente junto à Cruz de Santa Helena
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 19 March 2023

Palácio Rebelo de Andrade (Ceia-Bramão)

Situa-se este palácio na Rua da Escola Politécnica, 141-155 — em terrenos da vasta Quinta dos Soares da Cotovia (ou Pombal), conhecida desde o século XVI, aforados a D. Rodrigo de Noronha. Primeiro da família Rebelo, depois dos Condes de Seia é das peças mais qualificadas na arquitectura residencial portuguesa do século XVIII, havendo no 1.º andar cinco magníficas salas com silhares de azulejos do Rato.


Edificado na 2ª metade do séc. XVIII, (1760/61), pelo rico comerciante lisboeta Rebelo de Andrade, manteve-se na sua família até 1805. Após esta data teve vários proprietários, entre os quais os condes de Seia e D. Vasco Sequeira Bramão, cujos nomes ficaram ligados ao palácio. De arquitecto desconhecido, desenvolve-se em planta quadrangular e 3 pisos, consequência dos acrescentos de que foi objecto no séc. XIX, construção do 2º andar e da ala E. que o ligou ao edifício da Imprensa Nacional.

Palácio Rebelo de Andrade (Ceia-Bramão) |1968|
Rua da Escola Politécnica, 141-155; Rua do Noronha, 4; Rua do Arco a São Mamede, 48-56
Também conhecido pela designação Casa de D. Vasco Bramão seu possuidor, desde 1904, até meado do século XX.
No segundo andar morou o ilustre professor e clinico dr . Sousa Martins.
Arnaldo Madureira, 
in Lisboa de Antigamente

A fachada principal caracterizada pela sobriedade de linhas, surge delimitada, lateralmente, por cunhais de cantaria e, no corpo central, por pilastras seccionadas, onde se evidencia o portal conjugado com a janela de sacada do andar nobre, aberta para uma varanda em ferro forjado trabalhado. Apresenta, ainda, janelas de gosto rococó e platibanda destacada. 

Palácio Rebelo de Andrade (Ceia-Bramão) |1908-05|
Rua do Noronha, 4; Rua da Escola Politécnica, 141-155;  Rua do Arco a São Mamede, 48-56
Fachada sobre a Rua do Noronha. 
Machado & Souza, 
in Lisboa de Antigamente

No interior merece destaque a escadaria nobre, centralizada, setecentista e barroca, para além dos azulejos e estuques que ornamentam os vários salões. Classificado como Imóvel de Interesse Público, acolhe, desde a década de 80 do séc. XX, a Universidade Aberta, estabelecimento oficial de ensino superior dirigido a adultos, que utiliza meios didácticos mediatizados.

Palácio Rebelo de Andrade (Ceia-Bramão) |192-|
Rua do Arco a São Mamede, 48-56; Rua da Escola Politécnica, 141-155; Rua do Noronha, 4 
A fachada lateral norte, voltada à Rua do Arco de S. Mamede é composta por um
corpo de pano único de cinco pisos, a que se encosta outro menor, em extensão
e altura; no 3º piso destacam-se quatro óculos elípticos encimados por cornijas.
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de Araújo, Legendas de Lisboa, pp. 60-61, 1943.
Guia de Portugal: Generalidades. Lisboa e arredores, p. 333, Fundação Gulbenkian, 2014.
lisboa.pt.
acasasenhorial.org.

Friday, 17 March 2023

Largo da Anunciada às Portas de Santo Antão

No Largo da Anunciada que – em 1884 foi palco da inauguração do primeiro elevador de Lisboa (o elevador do Lavra) – onde hoje se situa a igreja de S. José e prédios contíguos, existiu um convento dessa invocação e que deu o nome ao arruamento. Algumas paredes daquela ainda são restos da edificação conventual. Porém, do antigo convento já nada existe. [Caeiro: 1989]

Largo da Anunciada com a Rua das Portas de Santo Antão |1960|
Venda ambulante de fruta
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente

Mas era à boca de Santo Antão — refere o olisipógrafo Norberto de Araújo — que começava esta movimentada «rua dereyta» de palácios e jardins. conventos e igrejas, pátios e eirados. Neste pedacinho até à Anunciada [largo da] do Convento das dominicanas, erigido sobre a casa dos agostinhos de Santo Antão de 1400 — e eis a razão do nome da rua [...]. [Araújo, XIV, 1939]

Largo da Anunciada com a Rua das Portas de Santo Antão |c. 1940|
Calçada do Lavra; Palacete Alfredo de Andrade
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 12 March 2023

Lisboa Vista do Cimo dos Montes: Castelo de S. Jorge

Ah! Dilecto companheiro: qualquer cidadezita ou vilória por esse país além estremece mais o seu Castelo do que nós, alfacinhas.
Veremos se agora o toque de rebate, e os prenúncios de bom senso — recompõem «isto» de uma maneira decente. O Castelo, o grande e natural miradouro de Lisboa...¹
A nossos pés espreguiça-se o burgo velho. Há — observa ! — tons de pérola por aí abaixo e o casario parece de presépio. Uma gama infinita de azuis, de verdes, de rosas ténues, confunde-se nesta paleta que perturba até à inconsciência da realidade.
Percorre, Dilecto companheiro, com teus olhos extasiados este circuito completo, sem interrupção, que em redor de nós se desdobra. No primeiro plano, em declive acentuado, o cenário que circunda o morro alto do Castelo, onde o vento geme, dando-nos a visão das sucessivas transformações e acrescentamentos da Cidade [...]

Lisboa Vista do Cimo dos Montes: colina do Castelo [post. 1875]
Panorama do Castelo de S. Jorge visto de S. Pedro de Alcântara; à esq. nota-se a Igreja de São Vicente de Fora e o Convento da Graça.
Fotografia anónima, in Lisboa de Antigamente

O Castelo de S. Jorge — tal como o conhecemos hoje — tem pouco mais de 80 anos. Não acredita? Passamos a explicar, resumidamente, através da pena brilhante do ilustre Norberto de Araújo:
Esta Fortaleza, que é o padrão militar arqueológico, por excelência, do Castelo de S. Jorge (denominação do século XIV, tempo de D. João I) recebeu, durante oito séculos os insultos do tempo. dos sismos, dos próprios homens.
Em 1938, Outubro, e por efeito de uma portaria de 29 de Agosto, começaram as grandes e penosas obras de reintegração de todo o monumento — considerado «nacional» desde 16 de Junho de 1910 — , obras que abrangeram não só o «Castelejo» ou fortaleza-reduto, como as áreas da pri­mitiva Cidadela e Alcáçova (Praça de Armas, Parada, Praça Nova e casario envolvente), recom­pondo-se, quanto possível, a estrutura primitiva, tomando-se por base os elementos existentes, os re­velados pelas escavações, demolições e apeamentos, e os estabelecidos pela ciência poliorcética.
 
Fotografia aérea sobre a colina do Castelo de São Jorge |c. 1934|
Castelo de S. Jorge e antes das obras de reinvenção.
Corrêa, José Pedro Pinheiro, in Lisboa de Antigamente

Os estudos e obras de reintegração, levados a cabo de Outubro de 1938 a Junho de 1940, e continuados em 1941, puseram a descoberto elementos do primitivo Paço da Alcáçova e de outras construções, e de arquitectura militar da Fortaleza, cuja existência, aliás, se presumia. Foram rebaixados o nível adjacente do Castelejo, e os terraplenos in­teriores do mesmo. E demolidas as construções dos séculos XVII, XVII e XIX nos dois re­cintos chamados até há pouco dos «Quartéis Velhos» e dos «Quartéis dos Mouros», ambos denominados agora «Praças de Armas do Castelejo», revelaram-se alguns elementos pri­mitivos, que o restauro valorizou.
O monumento foi entregue à Câmara Municipal de Lisboa pelo Mi­nistério das Obras Públicas, em 31 de Maio de 1942, sendo a sua guarda confiada à Legião Portuguesa.

Lisboa Vista do Cimo dos Montes: Castelo de S. Jorge |post. 1942|
Panorama de Lisboa visto do Miradouro da Graça.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1944.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. II, p. 41, 1938.

Friday, 10 March 2023

Largo do Outeirinho da Amendoeira

O Largo do Outeirinho da Amendoeira — ainda sitio de S. Vicente — é repousado. A um lado, sul, está o edifício novo da Fundição de Canhões, e, contiguo, um prédio n.º 1, hoje desocupado, integrado na área daquele antigo estabelecimento, e na qual no fim do século passado esteve instalada «A Voz do Operário». Foi o período animado e popular deste pequenino sitio, com as manifestações inocentes e idealistas do 1.° de Maio, os discursos românticos dos operários dos Tabacos, que a multidão aplaudia na rua. [...]
Este outro palacete à nossa direita [esq. na imagem], sobre o Largo e sob o Pátio de S. Vicente, n.º 12-13, e agora pintado de verde, assenta sobre o casco de umas casas que aqui existiram no século XVI; em 1716 pertencia ao Dr. Francisco Quintanilha, e reedificado ainda no século do Terramoto, ou logo no começo do seguinte, era propriedade de Veríssimo José de Quintanilha e Mendonça, transitando depois para a posse da família Morais Sarmento, à qual ainda pertence, e nele habita.
 
Largo do Outeirinho da Amendoeira |1918|
À dir. nota-se o antigo edifício da Fundição de Canhões (ou Fundição de Cima).
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Sigamos agora por esta rua, que é o princípio do Largo do Outeirinho da Amendoeira, antiga [Rua] do Arco Pequeno, sob o muro do Pátio de S. Vicente; assentou aqui o Postigo do Arcebispo, da muralha de D. Fernando, depois configurado num Arco, desaparecido há relativamente poucos anos.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 86, 1938)

Largo do Outeirinho da Amendoeira |1949|
Local do postigo do Arcebispo ou arco Pequeno de São Vicente da Cerca (ou muralha) Fernandina.
Eduardo Portugal,  in Lisboa de Antigamente

Sunday, 5 March 2023

Palácio dos Almada-Carvalhais: Provedores da Casa da India

Quero chamar-te a atenção — recorda Norberto de Araújo — para um dos mais curiosos vestígios de casa apalaçada de toda a Lisboa. Trata-se do Palácio dos Almada-Carvalhais, provedores da Casa da India, no Largo do Conde Barão, esquinando para a Rua das Gaivotas, remonta no seu núcleo primitivo, ainda de pé, ao século XVI, por ventura mesmo ao seu começo, e a despeito da trivialidade exterior no conjunto do seu semblante, excepção feita ao aludido núcleo — espécie de torre revestida de pedraria e armoriada — é na Cidade o mais recuado espécime de residência solarenga urbana, se abstrairmos a Casa dos Bicos.


Justamente classificado «imóvel de interesse público» no catálogo dos monumentos nacionais, ele constitui em padrão lisboeta, de reduzidas proporções mas venerando, e, por isso, merecedor de mais larga e actualizada noticia histórica.
As obras de beneficiação e de restauros desde a sua fundação ao século XVIII, depois as transformações e adaptações a inquilinato, deformações de dependências e «amparos» de conservação, sobretudo na segunda metade do século passado [XIX], muito desfiguraram este imóvel. Contudo perduram nele admiráveis vestígios, que bem podiam ser ainda valorizados.
Um fidalgo do ramo segundo dos Almada-Avranches foi o possuidor, e certamente o fundador, desta casa ou casas, à beira do Tejo, no sopé do sítio chamado Outeiro da Boavista. Seria ele Fernão Ruiz casado com uma filha de Bartolomeu Gomes de Almada, «homem fidalgo e honrado do tronco desta geração dos Almadas» (Almadas-Avranches); certo é seu filho Rui Fernandes de Almada habitar estas suas casas em 1551, pelo menos, e haver recebido, em 1668, de D. João III carta de armas igual à do ramo principal dos Almadas-Avranches, com acréscimo de brica, que corresponde a ramo segundo. Este Rui Fernandes teve um filho, Fernão Ruiz de Almada, que foi o 1.º provedor da Casa ela India, cargo que se continuava no primogénito e se transmitia em sucessão.

Palácio Almada-Carvalhais |195-|
Largo do Conde Barão, 48-57; Rua das Gaivotas, 1-3
O Corpo do lado Poente, contíguo ao antigo palácio dos Condes Barões de Alvito, avançado do alinhamento, e encostado ao núcleo primitivo, em linha quebrada de três faces, nas quais se rasgam três portas de estabelecimento e várias janelas vulgares, sendo uma apenas de sacada.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Digo-te que os vestígios deste Palácio são curiosos; pois subamos a rampa, pelo portal n .º 50, que conduzia ao pátio do Palácio. Vejamos primeiro o que isto tem de interessante e depois me referirei às evoluções da propriedade. Em 1820 ainda aqui morava o citado 1.º Conde de Carvalhais, 9.º Provedor da Casa da India, e que em 1826 foi par do Reino.
A entrada, em rampa, mostra ainda as pilastras e os arcos de cantaria em volta perfeita, com artesonados, em dois tramos completos. À direita, por um formoso arco de volta abatida, abre um delicioso claustro da Renascença , ao fundo do qual sobe a escadaria nobre do Palácio, hoje prédio de arrendamento , indiferente às belezas e grandezas do passado.

Palácio Almada-Carvalhais |194-|
Largo do Conde Barão, 48-57; Rua das Gaivotas, 1-3
O Exterior, sobre o Largo do Conde Barão, é composto por três corpos ligados,
em linha irregular; anota-se o Corpo Primitivo, a Poente do palácio propriamente dito,
constituindo uma espécie de torre, estreita, forrada de cantaria; e nele o portão, n.º 50,
rectangular, emoldurado de ombreiras e verga de cantaria, cuja traça e altura não
correspondem, evidentemente, às primitivas.
António Castelo Branco, in Lisboa de Antigamente

Tem o Claustro três facesadornadas, a do fundo de três arcos, e as laterais de quatro arcos, apoiados a colunas de lindos capitéis lavrados; uma das ordens laterais de arcarias está entaipada com um barracão saliente que as encobre, e a outra está visível, mas a parte do seu interior foi ocupada por uma oficina de imprensa [...]
Queres cousa mais bela, e de gosto arquitectónico mais puro, em pleno Conde Barão industrial?

Palácio Almada-Carvalhais |ant. 1947|
Largo do Conde Barão, 48-57; Rua das Gaivotas, 1-3
O Claustro ou Pátio nobre, quinhentista, de estilo Renascença, rectangular, único cm todas as construções solarengas de Lisboa, e que nasce, por alguns degraus, à. esquerda do encontro do primeiro com o segundo troço da rampa, através de um arco de volta abatida, apoiado cm pilastras singelas mas sólida.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Voltamos à rampa. Nela segue, em direcção à Garagem [Conde Barão], uma passagem, revestida de curiosos azulejos setecentistas nos dois tramos de abóbada, apoiados em belas pilastras nuas. Consegui saber que foi aqui a cozinha da Casa, no tempo em que o local da Garagem constituía o jardim do Palácio dos Provedores da Casa da India. Este jardim, de que não resta notícia escrita, e ficará apenas a que eu te dou, era guarnecido de algumas estátuas e azulejos, alguns do tipo dos da Bacalhoa (Azeitão), vila onde os Carvalhais tiveram casa sua, na qual se extinguiu o último representante da família.
Ora não quero deixar de te dizer que aqui, onde está a Garagem, existiu a Companhia Nacional Editora — honra da indústria gráfica portuguesa— infelizmente desaparecida.

Palácio Almada-Carvalhais |1980|
Largo do Conde Barão, 48-57; Rua das Gaivotas, 1-3
O Corpo do edifício, do lado Nascente, com vários estabelecimentos no andar térreo, e duas ordens regulares de sete janelas, sendo de sacada as do andar nobre. O primeiro andar, caracterizado por urna arcada de volta redonda embebida na parede, envolvendo urna janela central, vulgar, guarnecida por varanda larga, e sobrepujada pela pedra de armas dos Almadas, do ramo segundo.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1947.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. XIII, pp. 80-82, 1939.
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