Sunday, 29 November 2020

Escadinhas da Porta do Carro

Ao cimo destas escadinhas, na Travessa do Hospital (de São José), encontram-se alguns anexos do hospital entre os quais armazéns, a que este carro (de abastecimentos?) está associado.

Em 1875, a Comissão de Obras e Melhoramentos Municipais propôs, entre outros melhoramentos na cidade, a “construção de calçada nas Escadinhas da Porta do Carro”. Estas já estavam referenciadas no Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, de 1858, levantamento topográfico da cidade levado a cabo por Filipe Folque, onde surgem como Travessa da Porta do Carro do Hospital de São José. Já na Planta Topográfica de Lisboa, de 1910, da responsabilidade de Silva Pinto, o arruamento aparece como Travessa da Porta do Carro.

Escadinhas da Porta do Carro |1947|
Marco fontanário
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

Friday, 27 November 2020

Travessa (da Porta do Carro) do Hospital (Real de São José)

Ao fundo das Escadinhas da Porta do Carro  —  Norberto de Araújo — , aí tens uma serventia prática do Hospital Real de São José, e que é do tempo ainda do Convento de Santo Antão-o-Novo. (...) A porta é sobrepujada por um decorativo painel de azulejo, do principio do século XVIII.

Travessa do Hospital, painel de azulejo |s.d.|
Antiga Travessa da Porta do Carro do Hospital Real de São José
Garcia Nunes, in Lisboa de Antigamente

A Travessa da Porta do Carro do Hospital Real de São José viu o seu nome encurtado para Travessa do Hospital, por deliberação camarária de 06/02/1891 e respectivo edital de 11/02/1891. O topónimo advém da proximidade ao Hospital de S. José que em 1755 foi inaugurado no edifício que fora o Convento e Colégio dos Jesuítas de Santo Antão-o-Novo

Travessa do Hospital |1961|
Hospital de São José, painel de azulejos representando Santo Antão, São João e São Domingos
Antiga Travessa da Porta do Carro do Hospital Real de São José
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, p. 66, 1938.
cm-lisboa.pt.

Sunday, 22 November 2020

Café Lisboa

O café dos actores do Parque Mayer, dos autores teatrais, empresários, compositores e fadistas, ocupou dois edifícios na Avenida da Liberdade. Começou quase em frente do Parque Mayer, no edifício que vê na segunda imagem. A 25 de Junho de 1968, muda de casa para o outro lado da avenida. Alguns dos clientes habituais, mas não os artistas, ajudam a transportar mesas e cadeiras. A sessão fotográfica – que não esquece o gato Pihicas – fica para a história.

Café Lisboa |1966|
Avenida da Liberdade, 126-134 (edifício demolido em 1989)
Artur Inácio Bastos,in Lisboa de Antigamente
 
Terá encerrado «as suas portas» antes de 1989, porquanto o edifício foi demolido nessa data.

Edifício da Avenida da Liberdade, 131-151 |194-|
Neste edifício oitocentista existiu — para além do Café Lisboa — o célebre café Cristal, um projecto de 1940/42, do arq.º Cassiano Branco. Uma intervenção, por parte dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Mário Costa e Crespo, na década de 90 do séc. XX, (entre 1993-1995), valeu-lhe o Prémio Eugénio dos Santos de 1995. Actualmente, o piso térreo, é ocupado por lojas de marcas internacionais.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente


Bibliografia
Joana Stichini Vilela e Nick Mrozowski, LX60: A Vida em Lisboa Nunca Mais Foi a Mesma, 2012.

Friday, 20 November 2020

Igreja da Pena

A igreja de Nossa Senhora da Pena é uma construção do século XVII, e foi inaugurada em 25 de Março de 1705. A paróquia, que primeiramente se chamou de Sant'Ana, foi criada pelo Cardeal D, Henrique entre 1564 e 1570 e instalada no convento de Sant'Ana, abrangendo de começo uma área desanexada da paróquia de Santa Justa. A igreja da Pena foi muito sacrificada pelo Terramoto na frontaria e no corpo da igreja, mas não sofreu incêndio, motivo por que do seu semblante primitivo muito se manteve, através da reedificação, que não foi demorada, pois em 1763 a igreja estava reaberta, embora sem as obras concluídas, faltando-lhe a torre, a fachada rebocada e as decorações interiores. 

Igreja da Pena [1901]
Calçada de Sant'Ana
Note-se a pequena escadaria guarnecida por cortina de pedra (hoje removida).
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Durante o período que mediou entre o Terramoto e a conclusão das obras de restauro a paróquia esteve instalada, primeiro numa ermida junto do Colégio de Santo Antão (Hospital de S. José), depois na igreja de Nossa Senhora da Conceição, na travessa das Recolhidas, e a seguir na ermida dos Perdões, do palácio que foi dos Mitelos. Profanada em 1910 só reabriu ao culto depois de 1926. 
Beneficiou a igreja de reparações e acrescentamentos no século passado [XIX], nomeadamente em 1833 e 1898, e no actual século [XX], em 1903.

Igreja da Pena [1926]
Calçada de Sant'Ana; Tv. da Pena; Tv. do Adro
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
 
No interior, destaca-se retábulo em talha da capela-mor, concebido por Domingos da Costa Silva e iniciado a partir de 1715. O altar apresenta uma simetria rigorosa. O vazio central onde se encontra o trono é destinado ao Santíssimo Sacramento, sendo ladeado por duas colunas torsas revestidas de pâmpanos e folhagens de acanto assentes em mísulas suportadas por atlantes de inspiração clássica. 
O tecto (que substitui o primitivo, de António Lobo), em madeira e tela, abau­lado, com pintura larga, de tintas quentes, representando, em perspectiva, uma opu­lenta balaustrada de sentido arquitectural, obra de Luís Baptista (1781), na qual tra­balharam Tomás Gomes, Jerónimo de An­drade e Caetano Ciríaco, e cuja pintura central mostra uma alegoria a Nossa Senhora da Pena; os dois púlpitos monumentais em talha artisticamente trabalhada simulando pedra no mais puro barroco, com as portas re­matadas por coroas reais e guarnições de mármore.

Igreja da Pena. púlpito  [1956]
Calçada de Sant'Ana
Note-se a pequena escadaria guarnecida por cortina de pedra
Mário de Oliveira, in in Lisboa de Antigamente

N.B. As imagens do templo são do século XVIII, e de autor: a de Nossa Senhora da Conceição, na capela do topo do lado da Epístola (da escola de Machado de Castro e por alguns atribuída ao escultor italiano Cláudio Laprade) a de S. Sebastião, a pri­meira do corpo da igreja, do mesmo lado (Valentim de Carvalho), e a de S. Miguel, fronteira a esta (Manuel Dias, o Pai dos Christos). Muitos dos quadros do corpo da igreja, e de outras dependências provieram do convento de Sant'Ana. No cartório da nova sacristia encontra-se um quadro, em tela, representando S. Vicente de Paulo, que pertenceu ao Museu de Arte Antiga, o qual, como outros (o citado de S. Bruno, por exemplo), foi trocado cerca de 1880, por acordo entre a Academia de Belas-Artes e a Irmandade de Santíssimo Sacramento, por um valioso cálice, pertença da igreja). Muitas das pinturas são de Pedro Alexan­drino, André Gonçalves e Vieira Portuense.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1956.

Sunday, 15 November 2020

Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana

Em 1891 Câmara Pestana foi enviado ao Instituto Pasteur em França onde aprofundou os seus estudos e onde completou a sua educação científica fundando, na sequência dos seus estudos, o Instituto Bacteriológico em Lisboa no ano de 1892.
O Instituto acabaria por «abrir as suas portas» somente após a morte de Câmara Pestana em 1902, recebendo em sua homenagem o nome de Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, tendo assumido grande preponderância como Laboratório de Saúde Pública e Centro de Bacteriologia ao longo dos últimos 100 anos.
 
Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana [1906]
Rua do Instituto Bacteriológico e Rua Câmara Pestana; antiga do Convento de Santana e antes do Convento das Freiras de Santana
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente
 
O Instituto desenvolve acções no campo da saúde pública, particularmente nos domínios da difteria, estreptococias, microbiologia clínica e verificação de produtos biológicos. É o laboratório produtor nacional da vacina anti-tuberculose e responsável pela vertente humana da luta anti-rábica em Portugal.
O Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana foi incorporado na Universidade de Lisboa em 1911, anexo à Faculdade de Medicina de Lisboa, até à publicação dos Estatutos da Universidade de Lisboa, em 1989.
O topónimo Rua do Instituto Bacteriológico foi atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa através de Edital de 13/08/1918, à Rua do Convento de Santana (antes Rua do Convento das Freiras de Santana).
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Bibliografia
Miguel Bombarda (1851-1910) e singularidades de uma época. Coordenadores: Ana Leonor Pereira; João Rui Pita, 2006.
cm-lisboa.pt; ul.pt.

Friday, 13 November 2020

Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos

Observa, Dilecto, como é curiosa a frontaria da Igreja do Convento, oferecendo mesmo, a-pesar-de pobre, uma certa originalidade. Sobre o arco abatido do pórtico largo gradeado, está a lápide, colocada em 1707, que diz da cerimónia do lançamento da primeira pedra “a que assistiu o Senado da Câmara da cidade”, e, encimando a lápide, notas, certamente com ternura olissiponense, o brasão de pedra com a caravela, o que em Igrejas de Lisboa não se repete.

 
Santo António dos Capuchos na sua Igreja, é hoje [1938] uma ruína lastimável. Apenas o átrio — exactamente o exterior – se conserva com certo interesse decorativo; o tecto é em curva, com prolongamento dos azulejos que sobem das paredes. Nas duas faces laterais, os azulejos dão São Pedro de Alcântara, São Diogo, São Gabriel e São Rafael.
(ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, p. 92, 1938)

Igreja do Convento de Santo António dos Capuchos [c. 1930]
Alameda de Santo António dos Capuchos; Hospital de Santo António dos Capuchos
Ferreira da Cunha,in Lisboa de Antigamente

O edifício principal do hospital resulta de várias transformações que sofreu o antigo Convento de Santo António dos Capuchos inaugurado em 1579 e entregue aos Padres Recolectos da Custódia de Santo António. Este convento, que foi parcialmente destruído pelo terramoto de 1755, sofreu várias transformações ao longo dos séculos. Em 1836, a rainha D. Maria II fundou nas suas instalações o Asilo de Mendicidade de Lisboa. O espaço ocupado pelo Asilo foi aumentado à conta da construção de vários pavilhões e pela compra, em 1854, do Palácio dos Condes de Murça, datado do século XVII. [chlc.min-saude.pt]

Alameda de Santo António dos Capuchos [1904]
 Hospital de Santo António dos Capuchos antigo Asilo de Mendicidade
Ferreira da Cunha, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 8 November 2020

Capela e Colégio de Campolide da Companhia de Jesus

A igreja de Santo António de Campolide, orago recente, foi construída sobre as bases de uma antiga capela setecentista de Nossa Senhora da Penha, integrada nas casas da Quinta da Torre, de Estêvão Pinto de Morais Sarmento, guarda-jóias de D. João V.


Este Estêvão Pinto — que deu nome à serventia — foi Estêvão Pinto de Morais Sarmento, proprietário neste sitio de terrenos e casas no século XVIII, antes do Terramoto — a «Quinta da Tôrre» — , guarda-joias de D . João V, e muito seu privado . Um dos moradores da Quinta, no começo do século, era um dos Marqueses de Pombal. Os terrenos de cultivo foram sendo retalhados, mas as casas eram aí há cem anos propriedade de Nicolau de Abreu Castelo Branco, e meado do século já estavam na posse de um seu parente, João de Lemos Seixas de Castelo Branco, o notável poeta, jornalista e escritor, defensor das ideias miguelistas. Em 1858 João de Lemos vendeu casas e quinta ao Padre Radmaker, que não sendo português de origem nascera em Lisboa, estudara na Itália, numa casa de noviciado jesuíta, e voltara a Lisboa em 1848; este famoso Padre Radmaker, que dirigira colégios religiosos na Rua da Páscoa, na Rua Buenos Aires e na Travessa do Moinho de Vento fêz então erguer este grande Colégio, para filhos-família de teres, e dedicado à Imaculada Conceição.
 
Capela e Colégio de Campolide da Companhia de Jesus [c. 1905]
Travessa de Estêvão Pinto
Aqueduto das Águas Livres e serra de Monsanto
Actual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Paulo Guedes, 
in Lisboa de Antigamente

A Capela de N. Senhora da Penha, que pertencera à Casa de Estêvão Pinto, converteu-se, totalmente transformada, numa bela Igreja inaugurada em 1884 pelo Patriarca D. José Neto.
Em 1910, o edifício foi tomado pelo Estado [depósito da Farmácia Central do Exército], que, após litígio, viu a sua posse confirmada pelo Tribunal de Haia.
Em 1916, quando da entrada de Portugal na Grande Guerra, o edifício destinou-se a Hospital de Sangue; foi mais tarde entregue à Tutoria da Infância (Serviço de protecção a menores), tornou depois à Comissão dos Bens das Congregações Religiosas, para finalmente (1928) passar ao Ministério da Guerra. O enorme casarão, que interiormente nada oferece de notável, como arte, bem melhor destino podia ter que o de aquartelamento. A Igreja foi destinada a sede da nova paróquia de Santo António, criada em 1934, desmembrada da de S. Sebastião da Pedreira.

Colégio de Campolide da Companhia de Jesus [c. 1905]
Travessa de Estêvão Pinto
Actual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Paulo Guedes, 
in Lisboa de Antigamente

Nota(s): A capela funciona desde 1938 como Igreja Paroquial de Campolide, dedicada a Santo António. A fachada, com portal em arco redondo, é rematada por frontão triangular. No interior, nave coberta por abóbada de berço com galeria de tribunas, coro alto e capela - mor com arcos de volta inteira. A classificação é uma extensão do anterior decreto 129/77 de 29-9 que se circunscrevia à escadaria do antigo Colégio, construído pelos jesuítas dentro das linhas programáticas da arquitectura de estabelecimentos de ensino da época. No antigo colégio está instalada, desde 1981, a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

Colégio de Campolide da Companhia de Jesus [c. 1905]
Travessa de Estêvão Pinto
Actual Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
Paulo Guedes, 
in Lisboa de Antigamente

 Bibliografia
 ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 87-88, 1939.
idem, Inventário de Lisboa, 1956.

Friday, 6 November 2020

Igreja Paroquial N. S. do Amparo, de Benfica

A igr. paroquial de Nossa Senhora do Amparo, de Benfica, é uma edificação do século passado [XIX], embora começada no meado do século XVIII. Com efeito por ocasião do Terramoto já se andava levantando «a igreja nova», cujos trabalhos realizados o cataclismo quase inteiramente destroçou. A edificação ficou então suspensa, não se cuidando da conclusão dos trabalhos senão em 1802, o que se compreende, pois os encargos eram cobertos por esmolas, as quais na segunda metade do século XVIII deviam ser muito escassas.

Igreja Paroquial Nossa Senhora do Amparo, de Benfica [1970]
Fica situada no fim da antiga Estr. de Benfica, em plano elevado e voltada a Poente.
João Brito Geraldes, in Lisboa de Antigamente

A paróquia é, pelo menos, seiscentista, pois consta. que existia em 1620, instalada em ermida ou igr. situada no local onde se ergueu o templo actual, a Sul da capela-mor, sobre o chamado «Adro da Igreja», e a qual se conservava de pé, como relíquia, ainda em 1868. Esse templo, se não outro mais antigo ainda, vinha pelo menos do final do século XIV, com a mesma invocação de Nossa Senhora do Amparo pois foi então doado ao mosteiro do Salvador, de Lisboa, pelo bispo do Porto D. João Esteves.

Igreja Paroquial Nossa Senhora do Amparo, de Benfica [195-]
Estr. de Benfica
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Em 1881 a igreja paroquial de Benfica foi objecto de largos restauros, e são dessa época as pinturas que· o templo ostenta. O território da freguesia de Benfica foi incorporado no da cidade de Lisboa em Julho de 1881, mas a parte para além da estrada da Circunvalação passou para o Concelho de Oeiras, em 1895 foi anexada à freguesia de Belas e em 1898 à de Carnaxide.

Igreja Paroquial Nossa Senhora do Amparo, de Benfica [195-]
Estr. de Benfica
Adro e Cruzeiro da Igreja de Benfica.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

N.B. À ilharga do templo, no antigo «Adro da Igreja», ergue-se um Cruzeiro, composto de cruz sobre coluna redonda de mármore, assente sobre uma base escultórica de pedra, com elementos simbólicos da Paixão e alegorias animais desgas­tadas pelo tempo, servido por dois degraus cir­culares; na base vê-se uma data (1911), corres­pondente a um restauro.
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1956.

Sunday, 1 November 2020

Avenida da Liberdade: uma família de ciganos nos seus burros

E eles lá vão passando sempre pela terra, sem responderem ou sem quererem dizer de onde vieram nem para onde vão, deixando, no entanto, nos lugares onde acampam sinas estranhos nas árvores e pedras. coisas misteriosas que só outros ciganos sabem ler.

Já correram cinco séculos desde que os ciganos entraram na Europa, vindos sem saber ao certo de que região [India?], nascidos sem se conhecer de quem, com o ar de um povo condenado, duma raça de peregrinos que chegasse para expiar, pelas estradas de todo o mundo, uns velhos e tremendos pecados, não podendo ligar-se á mesma terra nem morrer na cama onde nascera , como se trouxesse um selo fatal. [MARTINS, Rocha: 1909].

Avenida da Liberdade, junto à Rotunda, actual Praça Marquês de Pombal |1909|
Em segundo plano, da direita para a esquerda: Palacete Seixas, hoje Instituto Camões; a seguir o edifício que ficou conhecido como «prédio da Federação Portuguesa de Futebol», demolido em 1974; segue-se o palacete que tornejava a Avenida Duque de Loulé, provável autoria do arq. Adães Bermudes; ao fundo, construção de apoio do palacete Sabrosa e que serviu — durante a revolta republicana do 5 de Outubro de 1910 — como hospital de sangue.
Joshua Benoliel, 
in Lisboa de Antigamente

Um jumento no século XIX era relativamente barato: em 1890 um burro valia 10.000 réis e uma burra, meia moeda. Os burritos novos, com menos de um ano, davam-se.
A aparelhagem do burro consta do albardão, albarda e almantricha. O albardão para os serviços do campo, a albarda para a viagem, e a almantricha (com cadeirinha ou sem ela) para transporte de pessoas do sexo feminino.

Avenida da Liberdade |1909|
Uma família de ciganos nos seus burros.
Joshua Benoliel, 
in Lisboa de Antigamente

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