Sunday, 27 October 2024

Calçada do Duque (Escadinhas)

Na época vintista (entre Agosto1820 e Abril de 1823) a Calçada do Duque começava em S. Roque e prolongava-se até ao Rossio. Hoje em dia a direcção dos números foi alterada, começando de baixo para cima. De destacar, a muralha fernandina que se confunde com a rua, o antigo Palácio de Niza logo à esquerda de quem começa a descer, hoje pertencente à Santa Casa da Misericórdia [...] Com a construção da Estação do Caminho-de-Ferro, a Calçada do Duque vê cortada a sua ligação ao Rossio, iniciando-se agora depois das escadas da estação.
 
Calçada do Duque (Escadinhas) |c. 1960|
O topónimo Calçada do Duque [assim se chama por ter pertencido o seu terreno
à antiga casa Cadaval] foi atribuído oficialmente pelo Edital do Governo Civil de
5 de Agosto de 1867. Júlio de Castilho nasceu nesta artéria.
a 30 de Abril de 1840.
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

No outro extremo da calçada existia um pedaço de muralha da cidade, que naquela época, enquadrava o seu início. Era a famosa Torre de Álvaro Pais com seu Arco e Postigo conhecido pela porta de S. Roque, pois tinha no topo uma imagem desse Santo. Tudo isto foi destruído em 1836 para o rasgar da rua Nova da Trindade e o largo foi ganhando o aspecto que hoje tem , com o nome de Largo Trindade Coelho. [Lisboa 1821]

Calçada do Duque vista da Cç. do Carmo |inicio séc. XX|
Encimando a foto observa-se o edifício da antiga Escola Académica (hoje CP).
Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

Friday, 25 October 2024

Rua de São Pedro de Alcântara que foi «da Torre de S. Roque»

Nesta Rua de S. Pedro de Alcântara — que neste troço se chamou, durante tempo, «da Torre de S. Roque» e «da Torre do Relógio» — , e no prédio n.º 7 a 11, nasceu em 28 de Janeiro de 1800 António Feliciano de Castilho, e aí morreu em 18 de Junho de 1875; em 28 de Janeiro de 1900 foi colocada na fachada do prédio a lápide que estás vendo (ainda lá se encontra).  [Araújo: 2017]

Rua de São Pedro de Alcântara em 194- e 195-, respectivamente
Descubra as diferenças
 
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

A Igreja de S. Roque foi construída no sítio da antiga ermida manuelina, na segunda metade do século XVI, sendo seu arquitecto Afonso Álvares, mestre-de-obras de D. João III. Porém, quem terminou a sua construção foi o arquitecto Filipo Terzi, responsável pela cobertura e pela antiga fachada maneirista. De formato rectangular, a igreja é composta por uma só nave, uma capela-mor pouco profunda, e oito capelas laterais, sendo este modelo tradicionalmente designado por "Igreja-salão". [Carriço: 2017]

Sunday, 20 October 2024

Bairro Santos, ao Rego

Para além da linha férrea e a poente — recorda Norberto de Araújo — , se edificou em 1930 o novo «Bairro da Bélgica», e a nascente um outro novo «Bairro Santos», tudo incluído na recentíssima urbanização de Lisboa.[...]
Chegamos assim ao velho Largo do Rego, que a urbanização trivializou, junto do qual correu a pitoresca Rua das Cangalhas de que há meses restavam quatro paredes. Já agora enfiemos pela antiga Estrada do Rego, depois Rua de Sousa Holstein, modernamente Rua da Beneficência.
(ARAÚJO, Norberto de,  Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 59, 1939)

Bairro Santos, ao Rego |1963-03-30|
Rua Cardeal Mercier (1926) com a Rua Portugal Durão
Seria por aqui perto o antigo Largo do Rego, antes do alinhamento deste e da abertura dos novos arruamentos e consequente urbanização. Inauguração do Mercado de levante. 
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Friday, 18 October 2024

A velha Rua das Portas de Santo Antão que foi da «Corredoura»

Remotamente foi aqui, e por aí fora, «Corredoura» — que é como se dissesse «rua direita» — era então Lisboa, logo adiante do Rossio de Valverde, «terra de arrabalde». A «Corredoura» — recorda Norberto de Araújo — servia para corridas e, assim, logo no século XIV a designação passou a ser de «Carreira de Cavalos».

Rua das Portas de Santo Antão |c. 1910|
Antiga de Eugénio dos Santos, antes de Santo Antão  da Corredoura no século XIV )
Ali onde se vê a loja de móveis «O Barateiro» vai erguer-se, em 1913, o Teatro Politeama; no gaveto com a Rua dos Condes vê-se a fachada da Drogaria Ferreira fund. em 1755, depois, em 1927, Cinema Odeon.
Alberto Carlos Lima, in Lisboa de Antigamente
Nota(s): o local da foto não está identificado no abandalhado amL

O dístico de Rua das Portas de Santo Antão não ia além de S. Luiz [igreja de], e perdurou até Setembro de 1859, entrando depois a artéria a chamar-se simplesmente Rua de Santo Antão até ao Largo da Anunciada. Em 3 de Agosto de 1911 o nome tradicional modificou-se para o de Rua Eugénio dos Santos [até 1956] (o arquitecto da nova Cidade).
(ARAÚJO, Norberto de,  Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp. 103-104, 1939)

Sunday, 13 October 2024

Avenida de Roma

Topónimo atribuído a 27 de Dezembro de 1930, presta homenagem à capital da Itália. A atribuição está inserida num contexto de Estado Novo, onde o nacionalismo era contrabalançado com uma ambicionada dimensão internacional.

Avenida de Roma (em construção) |c. 1954|
Cruzamento com a Avenida Frei Miguel Contreiras (dístico de 1955)
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente
 
O cosmopolitismo formal, a ideia do mundo dentro de Lisboa, mais do que a modernidade das ideias e valores subjacente também a uma abertura para a Europa, está no âmago desta atribuição e de outras que se seguiram, nomeadamente, em 1948, Avenida de Madrid, Paris, Londres, entre outras.

Avenida de Roma [195-]
Perspectiva tomada da Praça de Londres junto a Avenida João XXI.
Claudino Madeira, in Lisboa de Antigamente

Friday, 11 October 2024

Miradouro de São Gens (ou da Senhora do Monte)

Deves ter notado que cada miradouro de Lisboa tem a sua perspectiva especial, o seu anfiteatro diferenciado ao sopé rumoroso e confuso. Este do Monte, com a Ermida ao lado — recorda Mestre Araújo — é dos mais deleitosos de Lisboa.
O Bairro do Monte, urbanizado, data de 1902, embora anteriormente existisse na sua Calçada, no seu alto de S. Gens, e num ou noutro arruamento impreciso.
A Ermida de Nossa Senhora do Monte na sua feição primitiva era das mais antigas de Lisboa, pois foi fundada no próprio ano da tomada de Lisboa (1147), consagrada a S. Gens, bispo que fora de Lisboa, e neste lugar martirizado, segundo tradições. A Ermida não assentava neste sítio ; ficava nas faldas do Monte, já chamado de S. Gens [...]
 (ARAÚJO, Norberto de Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 37, 1938)

Miradouro de São Gens (ou da Senhora do Monte) |c. 1910]
Largo do Monte com uma criança dormindo na sombra de umas de suas árvores seculares — Phytolacca dioica, vulgo Bela-sombra — vendo-se, ao fundo, a Capela de Nª Sª do Monte.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente 

N.B. O miradouro desenvolve-se em frente da Capela de Nossa Senhora do Monte. A partir dele pode observar-se, para sul, o mar da Palha, o Castelo de São Jorge, parte da Baixa de Lisboa e o estuário do rio Tejo, para poente, do Bairro Alto até ao Parque Florestal de Monsanto e, para norte, o vale da Avenida Almirante Reis.

Sunday, 6 October 2024

Alto do Longo aos Moinhos de Vento

O Alto do Longo — diz Norberto de Araújo — devia ter sido, com seus chinfrins e seu arruído de almas doloridas, um brinco para cenários excêntricos, na época que precedeu a regularização do cômoro que veio a ser o da Patriarcal Queimada.
É o avô do sítio. Não faz parte integrante do Bairro Alto nem pretende entrar na história dos Moinhos de Vento. Mas é muito velho. Uma coisita para ali à espera de picareta. [...]. 
No tempo em que a Cotovia adejava o seu alado estribilho, e quando o Conde de Tarouca erguia o seu palácio, que nunca chegou a ser — o Alto do Longo pertencia, como súcia, à grei urbana do sítio.
Quem foi o «Longo» que deu razão ao dístico? Perde-se na bruma a explicação toponímica. Contentemo-nos em entrar por um lado e sair pelo outro, desde o alto da velha Rua Formosa [actual de O Seculo], onde uma empena desamparada dá fundo a um desolado marco fontenário , até ao escadório da Travessa do Conde de Soure.

Rua Dom Pedro V com a Rua de O Século Alto do Longo |1943|
O Alto do Longo é anterior ao ano do Terramoto. [Araújo: 1938]
Eduardo Portugal,, in Lisboa de Antigamente

Esta Rua de D. Pedro V — prossegue Araújo — , designação do ano de 1885, era, antes, «dos Moinhos de Vento», o que bem dá nota da sua feição campesina e da sua situação ventosa. Já existia o Bairro Alto de S. Roque, e ainda esta estrada, sem desenho que que não fosse o de pé posto, e que não fazia parte da herdade de Santa Catarina (origem do Bairro Alto) corria entre terras de semeadura. Os ingleses de Maria Tudor, auxiliares de D. António, Prior do Crato, quando cercaram Lisboa em 1589, tempo de Filipe II de Espanha, estiveram aqui acampados.==

Rua D. Pedro V |1908-02-08|
Esta Rua de D. Pedro V, designação do ano de 1885, era, antes, «dos Moinhos de Vento». [Araújo: 1938]
Legenda no abandalhado aml: «Funerais de Dom Carlos e de Dom Luís Filipe
Joshua Benoliel,, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Legendas de Lisboa, p. 205, 1943.
idem, Peregrinações em Lisboa, vol. V, pp. 64-68, 1939.

Friday, 4 October 2024

Ruas da Alfândega e dos Bacalhoeiros

As Rua Nova da Alfândega e a Rua da Ribeira Velha [actual Rua do Instituto Virgílio Machado] passaram a constituir um único arruamento, com a denominação de Rua da Alfândega, por edital do Governador Civil de Lisboa de 1 de Setembro de 1859, em razão do edifício da Alfândega que ocupa todo o lado sul desta Rua, uma construção pombalina posterior ao terramoto de 1755 que veio substituir a alfândega quinhentista que se situava aproximadamente onde hoje confluem as Ruas do Comércio e da Madalena.
De acordo com o olisipógrafo Pastor de Macedo, a partir de 1755 a parte oriental da rua era a Ribeira Velha que só em 1836 aparece como Rua da Ribeira Velha, enquanto a parte compreendida entre o Terreiro do Paço e a Rua dos Arameiros foi denominada como Rua Direita da Misericórdia (1766), Rua da Misericórdia de Baixo (1780), Rua dos Freires da parte de baixo (1787), Rua da Conceição dos Freires da parte do mar (1799) e Rua Nova da Alfândega (1806).

Rua da Alfândega |Início séc. XX|
À esquerda, a Rua dos Arameiros e à dir. o edifício da antiga Alfândega [hoje Min. Finanças].
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

De acordo com Gomes de Brito, pelo mesmo Edital do Governador Civil de 1 de Setembro de 1859, as Ruas dos Bacalhoeiros e dos Confeiteiros foram mandadas reunir em uma só, sob a designação de «Bacalhoeiros». A dos Confeiteiros, que anteriormente a 1755 se denominava «Rua de Cima da Misericórdia» principiava no Arco Escuro (Campo das Cebolas) e findava na rua da Madalena. [Brito: 1935]

Ruas da Alfândega e dos Bacalhoeiros (dir.) | c. 1900|
Ao centro vê-se o antigo Terreirinho das Farinhas composto por um renque de seis
pequenos núcleos de casas sito entre a Rua dos Arameiros e o Campo das Cebolas e demolido na
década de 1940.

Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente

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