A Casa Anadia é que ainda está de pé, esse palácio à esquina das Ruas das Amoreiras e de Silva Carvalho (antiga de de São João dos BemCasados), com largo brasão armoriado dos Sás, no alto da fachada. [Araújo: 1939]
O núcleo original do Palácio Anadia remonta ao séc. XVII, correspondendo ao solar da Quinta de Recreio de São João dos Bemcasados. Objecto de ampliações, demolições e remodelações ao longo dos tempos (final do séc. XVII, séc. XIX e séc. XX), somente no 1º quartel do séc. XVIII, esta propriedade foi parar às mãos dos Senhores de Anadia, advindo daí o nome do Palácio.
Aquela quinta e mais duas do mesmo Palhares (a dos Pousos, que chegava a Campo de Ourique, e a do Pé do Mu (por muro?) ou do Fetal, que se prolongava até à cerca do convento das trinas do Rato) — recorda Norberto de Araújo — , foram à praça, por dividas, em 6 de Outubro de 1700, adquirindo-as Francisco Duarte de Almeida e Sousa, bailio do Acre da Ordem de Malta, que delas tomou posse formal em 1706 (papéis do arquivo da Casa Anadia), doando logo casas e quinta de S. João (dos Bemcasados) a seu irmão Aires de Almeida e Sousa. Um descendente deste, Manuel de Sousa e Almeida, casou com D. Violante Engrácia de Sá, filha de Aires de Sá e Melo e de D. Isabel de Melo, Senhores da Anadia, e eis como o solar arrabaldino de S. João dos Bencasados principiou por se ligar aos Anadias.
Classificado como Imóvel de Interesse Municipal, trata-se
de um exemplar de arquitectura residencial barroca palaciana, de planta
longitudinal, composto pela articulação de 3 corpos rectangulares,
separados por pilastras de cantaria, demarcando-se o corpo central, mais
estreito e destacado, no qual se rasga o portal nobre, de verga curva
larga, com base de cantaria e guarda em ferro forjado, de finais de
Setecentos. Este eixo central surge coroado por frontão triangular com
pináculos nos acrotérios e a pedra de armas dos Sás-Anadias ao centro do
tímpano.
No interior merecem destaque: os silhares de azulejos e
pinturas murais do núcleo seiscentista; o programa decorativo
novecentista de estuques polícromos da Sala de Bilhar e da galeria do 1º
piso; e a actual capela, construída em 1884, que integra alguns
elementos da anterior capela de São João dos Bemcasados (demolida para
corrigir o alinhamento da rua), nomeadamente a porta de acesso do
exterior datada de 1689, o altar em talha e as guardas em madeira
entalhada e polícroma, que protegem o coro e o altar, sendo já de finais
do séc. XVIII o seu retábulo-mor. (cm-lisboa.pt)