No dia 31 do mez¹ findo — noticiava a revista ilustrada O Occidente em 11 de Novembro de 1885 — , foi aberto á circulação publica o calçada da Gloria, e a maneira como o publico recebeu esta innovação, demonstra cabalmente a sua grande utilidade.
O ascensor da calçada da Gloria, mais feliz, porventura, que o seu irmão primogenito da calçada do Lavra, veio confirmar de um modo positivo a grande vantagem d'estes elevadores, e este com especialidade, porque reune á vantagem practica, a aspiração platonica de se subir a Gloria por um vintem cada cabeça, o que não é para desprezar n'estes tempos de tantas aspirações.
Ascensor da Glória |c. 1920| ao fundo da rampa, erigida em 1574, por Fernão Pais (...). Autor desconhecido, in Lisboa de Antigamente |
Mas, independente d'estas vantagens, tem ainda outra muito mais importante a qual é a de ter quebrado o enguiço, que parecia haver para o desenvolvimento d'este grande beneficio á capital, enguiço causado pelo pouco resultado obtido na exploração do ascensor da calçada do Lavra, o que não devia fazer desanimar os emprehendedores d'este melhoramento, porque a concorrencia do publico alli é muito limitada, com ascensor ou sem elle.Para o lado occidental da cidade o movimento da população é muito maior, e portanto a exploração dos ascensores muito mais productiva.Os resultados já obtidos no elevador da calçada da Gloria, animam a exploração de novas vias, e é assim que se projectam e tratam de pôr em pratica, na calçada da Estrella ou travessa de Santo Amaro, na Bica de Duarte Bello, na rua das Flores, na rua da Imprensa Nacional, na calçada dos Paulistas e para o monte da Graça, cujos habitantes pedem este melhoramento em um abaixo assignado com mais de mil assignaturas. [O Occidente: 1885]
¹ (foi mantida a ortografia da época)