Ignora-se o motivo da denominação, mas parece que os boqueirões eram antigos escoadoiros que se abriam para o rio, e conservaram o nome depois de enxutos e transformados em vielas. Júlio de Castilho — Ribeira de Lisboa, p. 340 — diz que a Rua da Moeda começou por ser um boqueirão, inundado de agua, ao longo do qual se recordava de ter visto fragatas de carga.
Boqueirão do Duro [c. 1910] Perspectiva tirada da Av. 24 de Julho José Artur Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
Estende-se no chão vizinho ao antigo Cais do Tojo e no sítio da velha marinha da Boa Vista — refere Luís Pastor de Macedo (Lisboa de Lés-a-Lés, vol. III). Segundo verificámos em vários processos de emprazamentos, da freguesia de Santos, o boqueirão do Duro só aparece com este nome depois do incêndio que houve no Cais do Tojo em 1821.
E agora chega a vez ao boqueirão. Como nomes de arruamentos há em Lisboa pelo menos dois: Boqueirão do Duro, Boqueirão dos Ferreiros, que ambos vão desembocar ao Atêrro [hoje Av. 24 de Julho], sinal de que noutro tempo desembocavam no Tejo. Ou era o Tejo que por eles embocava na margem?