Sunday, 26 November 2023

Rua Serpa Pinto: Vendedor ambulante Azeite, petróleo e vinagre

Esta Rua de Serpa Pinto — diz Norberto de Araújo — no troço que desce do Largo do Directório [actual Largo de São Carlos] até à confluência do Ferregial e Víctor Cordon, é de dístico recentemente reposto [1937].


– Aazêêite dôôôce! Óh-pritróliine!
– Azêite dôô-c´i bom vináágre!
 
À direita — nos degraus onde se senta o amodorrado moço de fretes — nota-se a fachada lateral da Igreja dos Mártires; do lado esquerdo, tornejando a Rua Garrett, a casa de modas «Paris em Lisboa» fundada em 1888; ao fundo, no topo, a «Casa do Ferreira das Tabuletas» na Rua da Trindade, 28-34.

Rua Serpa Pinto, cruzamento com a Rua Garrett  |séc. XIX|
Vendedor ambulante Azeite, petróleo e vinagre
Antiga Rua Nova dos Mártires. Por deliberação e edital da CML respectivamente de 12 e 16/11/1885, a Travessa de Estevão Galhardo, foi integrada na Rua Serpa Pinto, por ser o prolongamento desta.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O topónimo Homenageia o benemérito explorador africano Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto, de seu nome completo — que em 1879 e 1884, atravessou a África, de Angola à Contracosta e realizou outras explorações, feitos assombrosos para o tempo, causa do brutalíssimo ultimato inglês de 1890 e da revolta de 31 de Janeiro de 1891. O general visconde de Serpa Pinto nasceu em Cinfães em 1846 e faleceu em 1900.

Friday, 24 November 2023

Estr. para Caselas, pelo Caramão da Ajuda

Na Planta da Cidade de 1908, de Júlio Silva Pinto e Alberto de Sá Correia, o arruamento é designado por Estr. de Caselas, tal como o vamos também encontrar no «Guia das Ruas de Lisboa» de 1941, editado pela Tipografia Gonçalves da Rua da Misericórdia.
Já depois, o Decreto-Lei nº 42142 de 1959 que regista a nova divisão administrativa da cidade de Lisboa, designa-a como «eixo do futuro traçado da Estrada do Caramão».

Estr. para Caselas, pelo Caramão da Ajuda |1942|
Cemitério da Ajuda visto da Rua das Açucenas; à esq., a Calçada do Galvão.
A denominação deste arruamento foi oscilando ao longo do século XX entre a Estr. de Caselas e a Estr. do Caramão.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

N.B. A Rua da Açucenas era a antiga Estrada do Cemitério que começava na Calçada do Mirante à Ajuda e terminava no Cemitério da Ajuda. Este cemitério foi mandado construir por iniciativa da Rainha D. Maria I (1787) para servir os criados da Casa Real e os pobres das freguesias da Ajuda e Belém.

Sunday, 19 November 2023

Camisaria Maison de Blanc

Cena de rua
Um polícia sinaleiro orienta o trânsito no Rossio, na esquina com a Rua Primeiro de Dezembro, onde esteve instalada a afamada Camisaria Maison de Blanc. Em 1937, foi tomada de trespasse para a nova sucursal de O Século.

Praça de D. Pedro IV, na esquina com a Rua Primeiro de Dezembro |c. 1930]|
Ferreira da Cunha,in Lisboa de Antigamente

À entrada d'esta loja — recorda Paulo Freire — havia duas formosíssimas jarras da Índia que os que d'ellas se recordam classificam ainda hoje de preciosas. A Maison de Blanc foi antes d'isso Maison Blanche e pertencia ao Alves que era o proprietário do prédio e que o vendeu ao Ferreira do Campo Grande . Do Alves passou a casa à firma Miranda & Rodrigues que a trespassou há pouco à firma actual que foi quem lhe mudou o nome para que este se não confundisse com nomenclaturas de tradição brejeira e duvidosa fama. [Freire: 1931]

Prédio que faz esquina do Rossio para a Rua Primeiro de Dezembro, onde está a camisaria Maison de Blanc|1937-08-01|
Fotógrafo não identificadoa,in Lisboa de Antigamente

Friday, 17 November 2023

Chafariz do Largo da Palma de Baixo

Quanto a este chafariz possuímos a planta com a sua localização e a memória descritiva.
O projecto datado de 1903 refere-se a construção de um chafariz, a pedido dos «habitantes de Palma de Baixo«. para o largo da povoação.
E um chafariz Isolado, como podemos observar, tratando-se de um modelo «de há anos adaptado para servir as povoações limítrofes» (segundo a memória descritiva), orçando em 700$000 réis.
Foi pedida a dotação diária de 8000 litros.

Chafariz do Largo da Palma (de Baixo) |c. 1953|
Confluência do Rossio de Palma, Travessa de Palma e Rua Antonino e Sá
Fernando Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente

O topónimo — atribuído pela CML em 1897 — deriva do nome do sítio, ligado à flora local, surgindo já em documentação medieval, de 1208, associado a uma transacção de compra e venda de vinhas no sítio de Palma, as quais eram abundantes no local. No século XVI o crescimento da zona é patente sendo já referidos dois sítios: a Palma de Cima e a Palma de Baixo.

Sunday, 12 November 2023

Igreja do Santo Condestável

A igreja paroquial do Santo Condestável, moderna mas com reminiscências de ogival, situa-se na encruzilhada das ruas Saraiva de Carvalho e Francisco Metrass, nos limites de Campo de Ourique, e é orientada sensivelmente a Nascente.


A Igreja do Santo Condestável, com traça em forma de cruz latina, cuja construção se concluiu em 1951 em terrenos vizinhos das ruas Saraiva de Carvalho e Francisco Metrass, inspira-se nos templos portugueses da fase final do gótico, o flamejante no seu período embrionário, expressivamente representados em Lisboa pela Igreja do Carmo e em Santarém pela da Graça. Mas à parte o fundamental e típico, a Igreja do Santo Condestável afasta-se nos pormenores mínimos dos seus modelos, de que conserva porém, e inteiramente, a espiritualidade. Todo o edifício se assinala pela simplicidade e pela alvura, onde sobressai num contraste feliz o granito de Sintra. Há um misto de nobreza e de humildade na aliança dos paramentos de simples reboco branco com as cantarias cinzentas, trabalhadas a pico fino. Templo erguido a um dos maiores de Portugal, recorreu-se para a execução da estrutura ao processo tão português da alvenaria de pedra e cal.

Igreja do Santo Condestável |1953|
Ruas Saraiva de Carvalho e Francisco Metrass; ao fundo nota-se o Mercado de Campo de Ourique erguido em 1933.
A Fachada, com um corpo central no qual se rasga o grande p6rtico de arco em ogiva, e duas torres simétricas.
António Passaportein Lisboa de Antigamente
Igreja do Santo Condestável |195-|
Ruas Saraiva de Carvalho e Francisco Metrass
O pórtico com adro sobrelevado ao nível da praça, ao qual se acede por quatro degraus, dando serventia à galilé. Gradeamento de ferro forjado em ponta de lança. Sobre o pórtico o brasão das Armas Reais de Portugal, tal como se usava no começo da 2ª Dinastia.
Salvador de Almeida Fernandesin Lisboa de Antigamente

A autoria da igreja pertence ao arq-º Vasco de Morais Palmeiro (Regaleira) que teve como colaboradores na parte ornamental os escultores Leopoldo de Almeida, Veloso da Costa e Soares Branco, e os pintores José de Almada Negreiros, Portela Júnior e Joaquim Rebocho, e na construção o eng.º Santos Fernandes e Mestre Cipriano. Os trabalhos de serralharia artística foram executados pela Serralharia Artística do Corvo.
Dirigiu administrativamente a erecção do edifício uma comissão designada pelo Patriarca de Lisboa e de que fizeram parte o falecido Prior P.• Francisco Maria da Silva, o Marquês de Abrantes, o arquitecto Regaleira e Alberto Portugal da Silveira. A Comissão de Honra pertenceram, entre outros, S. A. a Infanta D. Felipa de Bragança, e o Ministro da Defesa, coronel Santos Costa.
 
Campo de Ourique e a Igreja do Santo Condestável, fotografia aérea |1956|
Ruas Saraiva de Carvalho e Francisco Metrass
A Fachada posterior, tendo no centro da parede (onde se unem o Presbitério e Patronato) um apoio ou mísula, destinado à estátua de Nossa Senhora de Fátima. Aqueles anexos, nos topos exteriores, estão ligados por muro com janelões com grelhagem de tijolo à meia esquadria, e cancelo de ferro forjado, de acesso a pequeno pátio.
Mário de Oliveirain Lisboa de Antigamente

A inauguração do templo teve lugar em 14 de Agosto de 1951, aniversário de Aljubarrota, com a presença do Chefe do Estado, do Cardeal-Patriarca. A urna, com as relíquias de Nun'Alvares, foi então trazida num ·armão de artilharia, com escolta de honra, da capela da Venerável Ordem Terceira do Carmo (0onde se guardava desde 1834) para o novo templo, em aparatoso cortejo.

Igreja do Santo Condestável, inauguração  |1951-08-14|
Rua Saraiva de Carvalho; Rua Francisco Metrass
Duas torres de secção quadrada com encostos de granito de Sintra e silhares
que prolongadas verticalmente em forma de pilastras terminam fazendo
moldura às ventanas; cantoneiras nas esquinas, terminadas por coruchéus,
igualmente de granito; a cobertura em grimpa acoruchada, que assenta em sobre-beira
dupla de telha portuguesa, rematada airosamente por pára-raios decorativos (Cruz dos Pereiras).
Só a torre Norte (a da direita) tem ventanas sineiras.
Firmino M. Costain Lisboa de Antigamente


Por decreto patriarcal de 21 de Maio de 1984 foi criada a freguesia eclesiástica do Santo Condestável, começando as funções paroquiais em 8 de Junho imediato. A área da nova freguesia foi constituída à custa das de Alcântara e Santa Isabel. Até 1951 serviu de igreja paroquial a capela setecentista da Senhora das Dores (mais exactamente «do Amor da Virgem Senhora Nossa das Dores»)
na Rua do Patrocínio, construída com material sobejado da edificação da Basílica do Coração de Jesus (Estrela). 

Igreja do Santo Condestável, pórtico  |1956|
Rua Saraiva de Carvalho; Rua Francisco Metrass
O portal em ogiva chanfrada aberta em frontal de pedra, no estilo gótico flamejante
com o escudo de armas dos Pereiras a fazer remate. Cornija com legenda camoneana
sobre ela um grupo escultórico ornamental representando o beato frei Nuno de Santa
Maria entre dois Anjos orantes (S. Miguel e o («Anjo de Portugal») (Leopoldo de Almeida).
Mário de Oliveirain Lisboa de Antigamente

No Interior, assinala-se o Corpo da igreja, de três naves (a central sobrelevada) e transepto, e nele:
O tecto de dois tramos, de falsa abóbada de aresta estucada de branco.
As naves separadas por quatro grupos de pilares formando arcada em ogiva, a nave central ocupando toda a1tura, as laterais correndo por baixo do trifório. A iluminação das naves laterais é feita por duas frestas de cada lado, com caixilhos de chumbo e vidros de cor. A meio das naves portas laterais, cada qual com sobreporta, nicho e nele imagem de pedra.

 

Igreja do Santo Condestável, perspectiva, Altar-mor  |1956|
Rua Saraiva de Carvalho; Rua Francisco Metrass
A Capela-mor, prolongamento da nave central e cujo acesso se faz por um arco chanfrado
de ogiva deprimida, iluminada lateralmente por dois pares de janelas de arco de dupla curva,
com vidros de cor montados em armadura de chumbo. Todo o fundo é ocupado por grande
retábulo de pintura a fresco (Portela e Rebocho) representando a glorificação de Nun'Alvares).
Mário de Oliveirain Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa: Monumentos histórico, 1956.

Friday, 10 November 2023

Avenida da República, 71-73

Logo no dia 6 de Outubro de 1910, a Câmara Municipal de Lisboa inventava, nas avenidas novas, uma «Avenida da República» (sacrificando o nome do criador da Lisboa nova, Ressano Garcia) e outra «5 de Outubro» [antiga António Maria de Avelar], paralela. Paulatinamente, os nomes das ruas dessa zona da cidade, precisamente a zona onde vivia a burguesia, iriam formar uma espécie de «quem é quem» republicano. [Ramos: 2001]

Avenida da República, 73 |1966|
A moradia, ao centro, foi demolida por volta da década de 1970.; à dir., vê-se parcialmente o Palacete Leite, risco do arq.º Norte Júnior, (sede da EMEL) que torneja para a Av. de Berna.
João Goulart,in Lisboa de Antigamente

O edifício que se vê na 2ª imagem foi projectado por Norte Júnior, em 1933, para Manuel Ramos, este edifício  situado no topo da Avenida da República, 71-73 apresenta um desenho de gosto Art Déco, com um cuidado programa decorativo distribuído por inúmeros pormenores de ornamentação nas janelas, varandas e em torno da porta principal.
Destaque para os frisos em relevo que coroam a fachada do edifício, com composições mitológicas de delicado lavor. Imóvel de Interesse Público (1983).

Avenida da República, 71 |1970|
Edifício riscado pelo arq-º Norte Júnior em 1933.
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
Notas(s):Infelizmente a imagem é de baixa qualidade/resolução, graças ao paupérrimo trabalho de digitalização efectuado pelo Arquivo Municipal de Lisboa (AML) hoje completamente ao abandono.

Sunday, 5 November 2023

Chafariz de Benfica

Inaugurado em 1788, foram responsáveis pela obra Reinaldo Manuel dos Santos e Francisco António Ferreira Cangalhas, que o conceberam segundo o programa neoclássico. Chafariz de espaldar, insere-se num pano de parede côncavo com embasamento cal- cário com bancos. O corpo do chafariz apresenta-se enquadrado por duas portas de emolduramento simples, e pano de muro em cantaria de calcário dividido em três módulos.

Chafariz de Benfica |c. 1900|
Estr. de Benfica
Amplo chafariz implantado num recinto elíptico, pavimentado a calçada à portuguesa, aberto frontalmente composto pelo chafariz, ao centro, integrando arca de água, rodeado por dois panos laterais, curvos.
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

O central, mais alto, exibe tabela com o brasão de D. Maria I encimado por frontão. Adossado à zona inferior da fachada principal encontra-se o tanque com duas bicas. No alçado posterior observa-se a caixa cúbica do depósito, com cobertura piramidal.
Pela Resolução de 29 de Dezembro de 1779, e Alvará de 19 de Julho de 1786, se concederam os sobejos
para a Quinta do Desembargador Manuel Ignacio de Moura.

Chafariz de Benfica |1963|
Estr. de Benfica
Ao centro ostenta grande cartela rectangular, disposta na vertical, inferiormente formando arco de volta perfeita e, superiormente recortada para enquadrar brasão com as armas de D. Maria I, recortado e envolvido por motivos volutados e paquife, encimado por coroa. 
Armando Serôdio,  in Lisboa de Antigamente

N.B. Junto à extremidade da ala lateral direita, encontra-se um marco quilométrico tendo inscrito "LISBOA 8 Km". Na proximidade ergue-se a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, com cruzeiro no adro.

Chafariz de Benfica |1963|
Estr. de Benfica; ao fundo nota-se a Igreja de N. S. do Amparo
Chafariz com duas bicas circulares; tanque de planta rectangular, de ângulos
recortados e perfil galbado, com bordo achatado, tendo dois pilares e réguas metálicas
para apoio de vasilhame. 
Armando Serôdio,  in Lisboa de Antigamente

Nota(a): Em 1758, Benfica tinha 805 vizinhos e 3960 pessoas; todos os domingos do mês de Maio realizava-se, junto do Convento de São Domingos de Benfica, uma feira livre; tinha duas fontes, uma no Convento de São Domingos e outra na Quinta de Santo Eloy; Em 1778, a Junta das Águas Livres mandou construir um sistema de canalização para abastecer o futuro chafariz de Benfica.

Chafariz de Bemfica |s.d.|
Estr. de Benfica
Os panos laterais, em alvenaria rebocada e pintada, terminados em friso e com cobertura em meia cana, têm frontalmente embasamento com bancos adossados e dois portais de verga recta de acesso à casa de água.
Gravura, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ALMEIDA, Álvaro Duarte de, Portugal património, 2007.
VELOSO DE ANDRADE, José Sérgio , Memória sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos de Lisboa, Belém e muitos lugares do Termo., 1851.

Friday, 3 November 2023

Avenida Rio de Janeiro

A Avenida Rio de Janeiro, foi um topónimo atribuído por Edital municipal de 29 de Julho de 1948, para designar a artéria até aí conhecida como Avenida de ligação entre a Avenida dos Estados Unidos da América e Avenida do Brasil

Avenida Rio de Janeiro |c. 1960|
Perspectiva tomada da R. Ricardo Jorge; ao fundo observa-se o Quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros (3ª companhia).
Arnaldo Madureira, in Lisboa de Antigamente
Avenida Rio de Janeiro |1963-12|
Junto ao cruzamento com a R. Carlos Malheiro Dias tendo ao fundo a Av. do Brasil.
Artur Goulart, in Lisboa de Antigamente
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