Sunday, 30 May 2021

Palácio dos Guiões

Neste sítio principia a Rua de Filipe Néri, aberta no final de setecentos, na quinta de «D. Elena», e que pertenceu depois (1755) aos oratorianos; o nome deriva, é claro, da existência da Casa religiosa citada. Já agora contempla, na Rua de S. Filipe Néri, descendo, do esquerdo, o famoso Palácio dos Guiões, éste que aí vês com certo ar decorativo solarengo.


O Palácio dos Guiões — sua denominação de sempre — sito na Rua de S. Filipe Néri, é uma edificação do terceiro quartel do século XVIII, erguida em terrenos da quinta de D. Helena (D. Helena Maria de Melo), a qual no ano do Terramoto, mas antes dele, passada à posse dos padres da Congregação do Oratório dos padres de S. Filipe Néri.
Levantou o palácio o desembargador Romão José da Rosa Guião e Abreu, familiar do Santo Oficio, que logo a seguir ao sismo grande aforou, uma boa porção de terreno da citada quinta aos padres da Congregação. O edifício estava de pé em 1767, mas é de crer que o seu fundador já nele residisse antes do palácio acabado. O desembargador morreu, no final do século e o palácio passou a quatro filhos, todos desembargadores, e a uma filha, que ali residiam em 1820. 

Palácio dos Guiões, frontaria armoreada [c. 1950]
Rua de São Filipe Néri, 80
O antigo Palácio dos  Guiões, que  teve certa grandeza, divide-se por três  andares noutras tantas alas, não  passando, em  rigor, de um grande casarão burguês, com muitas dezenas de  dependências.
Horácio Novais, in IL

A fazenda dos Guiões desmantelou-se, e em 1888 já o palácio, que o desembargador Romão fundara setenta anos antes, ia à praça, com os protestos do seu administrador de então, o primogénito António José, que conseguiu demorar a execução da penhora até 1842. Parece que a propriedade passou mais tarde a um Manuel Lecoingt, que no edifício tinha instalado um «Colégio Luso-Britdnico» desde cerca de 1858; não teve o palácio melhor sorte, pois em 1888 ia novamente à praça por execução contra o dito Lecoingt, arrematando-o o Conde da Praia e Monforte, depois 1.º Marques, proprietário do Palácio Praia, no Largo do Rato, e que na velha casa dos Guiões algum tempo teria residido.
Por morte de D. António Praia, em 1908, o palácio ficou para sua filha, D. Francisca Maria Coutinho Borges de Medeiros da Gamara e Sousa, que veio a ser Condessa de Cuba, por seu casamento com D. Alexandre de Lencastre, e falecida em Janeiro de 1945. O palácio foi então legado à Ordem Terceira de Jesus, à qual hoje pertence.

Palácio dos Guiões, frontaria armoreada [séc. XIX]
Rua de São Filipe Néri, 80
O Muro, de defesa do jardim, na parte inferior da rua.
Horácio Novais, 
in Lisboa de Antigamente

O velho Palácio dos Guiões — amplamente restaurado, sem grandeza, em 1910 — foi habitado, além dos seus proprietários, por famílias afins, e depois de 1880 serviu de aquartelamento ao regi­mento de caçadores 6, até nele se instalar o antigo «Colégio Luso-Britânico».
 
Palácio dos Guiões, fachada lateral Sul e trecho dos  jardins [séc. XIX]
Rua de São Filipe Néri, 80
O  terraço, do lado Sul, que abre da Sala de Jantar — mais destacada — no andar nobre, caindo sobre os jardins e guarnecido de muretes.
Fotógrafo não identificado, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1950.

Friday, 28 May 2021

Jardim-Escola João de Deus

Aí tens, Dilecto, defronte do Liceu [Pedro Nunes], e erguidos em terrenos que a este pertenceram até 1912, os dois interessantes edifícios do Jardim-Escola João de Deus e Museu anexo, ambos do risco de Raúl Lino.


Em 1876, João de Deus (1830-96) dera à estampa a sua famosa Cartilha Maternal, onde se introduzia um método de ensinar a ler assaz revolucionário. Reagindo contra a tradição do aprender de cor, João de Deus procurava basear-se antes na decomposição da palavra nos seus elementos componentes. Apesar dos seus muitos inimigos, este novo sistema, analítico e intuitivo, mereceu os aplausos da maioria dos educadores progressistas e tornou-se uma espécie de bandeira para os propagandistas culturais republicanos. O filho de João de Deus, João de Deus Ramos (1878-1953), continuou a luta iniciada por seu pai em prol de uma reforma pedagógica infantil. Foi ele fundador em Portugal das escolas experimentais infantis, os jardins-escolas, onde se aplicavam princípios modernos de pedagogia, assentes no conceito de desenvolvimento integral da criança, no esforço de desenvolver a sua capacidade criativa e a sua maturidade emocional.

Jardim-Escola João de Deus |1916|
Avenida Álvares Cabral
inauguração do Jardim-Escola e Museu João de Deus realizou-se no dia 11 de Abril de 1917.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O número de jardins-escolas, porém, nunca se multiplicou, por falta de verbas para os construir. Em regra, os governos republicanos davam o apoio mais entusiástico a iniciativas como esta, mas não davam dinheiro. Nestes termos, bem difícil se tornava o caminho para a frente: o primeiro jardim-escola inaugurou-se em 1911, em Coimbra dirigido por António Joyce, o segundo e o terceiro abriram as suas portas em 1914; mas em 1927, só cinco jardins-escolas existiam ao todo em Portugal. 
A inauguração do Jardim-Escola e Museu João de Deus realizou-se no dia 11 de Abril de 1917.

Jardim-Escola João de Deus |1916|
Avenida Álvares Cabral
inauguração do Jardim-Escola e Museu João de Deus realizou-se no dia 11 de Abril de 1917.
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente


Nota(s): A história dos Jardins-Escola João de Deus tem origem na constituição da Associação de Escola Móveis pelo Método de João de Deus, fundada a 18 de Maio de 1882, por iniciativa de Casimiro Freire, secundado por algumas personalidades destacadas do seu tempo como Bernardino Machado, Jaime Magalhães Lima, Francisco Teixeira de Queiroz, Ana de Castro Osório e Homem Cristo, entre outros.

Jardim-Escola João de Deus |1956|
Avenida Álvares Cabral; Monumento a Pedro Álvares Cabral (1467/8-1520), inaugurada em 1941.
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
Marques, A.H. De Oliveira, História de Portugal, 1982.

Sunday, 23 May 2021

Largo do Rato com a Avenida Álvares Cabral

Rato foi e Rato é — diz Norberto de Araújo; só os dísticos municipais e os letreiros dos eléctricos dizem Praça do Brasil, titulo pomposo com o qual a República portuguesa nascente em 1910 quis consagrar a República irmã mais velha de Além Atlântico. 

 
Irregular sob todos os pontos de vista, desnivelada a despeito da sua transformação em 1937-1938, a Praça do Brasil nem por isso deixa de oferecer um certo interesse paisagista. Terreiro natural, ou eirado, largo ou simples logradouro, o Largo da Rato é anterior à tessitura urbanística do sítio. 

Largo do Rato |1943|
Avenida Álvares Cabral, rasgada entre 1906 (Norte) e 1930 (Sul)
Duas imagens tiradas do mesmo ângulo mas separadas por um ano. Descubra as diferenças.
Eduardo Portugal, 
in Lisboa de Antigamente
 
«Rato» é designação que não adveio do começo da tímida póvoa, e só apareceu na terceira década do século XVII; antes foi «Campolide» — o que hoje se atesta numa lápide foreira no começo da Rua das Amoreiras — , depois «Cotovia», quási no nosso tempo, designações genéricas que chegaram aqui por extensão.
De um padroeiro [Luís Gomes de Sá e Meneses], do Convento das freiras da Santíssima Trindade [Convento das Trinas] se trespassou para a casa religiosa e para o sítio do seu eirado o nome de «Rato», que era um cognome, quási apelido pessoal.==

Largo do Rato |1944|
Avenida Álvares Cabral, rasgada entre 1906 (Norte) e 1930 (Sul)
Duas imagens tiradas do mesmo ângulo mas separadas por um ano. Descubra as diferenças.
Eduardo Portugal, 
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 11-12, 1939.

Friday, 21 May 2021

Liceu Gil Vicente

Liceu fundado em 1914 como “secção oriental do Liceu Passos Manuel”, zona de S. Vicente. Em 1915 tornou-se autónomo com o nome de Gil Vicente, sendo o primeiro liceu criado pela República. A denominação inicial foi de Liceu Central e funcionou nos claustros do Mosteiro de São Vicente de Fora até 1949. Nesse ano, com o nome de Liceu Nacional, foram inauguradas as actuais instalações na antiga cerca deste mosteiro.

Rua da Verónica, 37 [1950]
À dir. a entrada do Liceu Gil Vicente
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

A Rua da Verónica, que segue à Graça — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , deve o seu nome a uma Ermida deste nome, que ainda hoje existe.
(Norberto de Araújo, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, p. 75, 1938)

Vista aérea de Lisboa, vendo-se ao centro o novo liceu Gil Vicente [1953]
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 16 May 2021

Rua Joaquim Casimiro (Júnior)

A actual placa toponímica aponta o ano de 1802 para data de nascimento do compositor Joaquim Casimiro, Compositor e Organista 1802-1862. Curiosamente — em ampliando a 1.ª imagem e com alguma boa vontade, diga-se em abono da seriedade — o anterior dístico parece assinalar aquele acontecimento com a data de 1808. Para esta asserção contribuem sobremaneira dois registos, entre outros escritos:
O primeiro — e aquele que se nos afigura mais importante — é a autobiografia levada a cabo pelo próprio Casimiro e onde se pode ler: «Nasci no dia 30 de Maio do ano de 1808 em uma pequena casa da rua dos Galegos [actual do Duque]. Meu pai era o copista das músicas da casa real e do real teatro de S. Carlos; [...]»

Rua Joaquim Casimiro (Júnior) [1947]
Compositor e Organista 1802 1808-1862 
Perspectiva tirada da Rua do Olival.
Fernando M. Pozal, 
in Lisboa de Antigamente

 
segundo registo que apresentamos é a inscrição gravada no jazigo que se encontra (?) no cemitério do Alto de S. João [vd. imagem mais adiante], construído por iniciativa do colega e amigo José Maria Christiano que ficou seu proprietário. A iniciativa teve logo apoio de muitos artistas, entre eles os componentes da orquestra de S. Carlos, por intermédio do maestro Angelo Frondoni.
Visto que o  sítio na da CML não refere a bibliografia consultada não foi possível apurar quais os escrito que sustentam o ano de 1802 como data de nascimento do homenageado na toponímia de Lisboa.
Em jeito de conclusão, esperamos ter contribuído para lançar alguma luz sobre este assunto.

Rua Joaquim Casimiro (Júnior) [1947]
Compositor e Organista 1802 1808-1862
Ao fundo a Rua do Olival.
Fernando M. Pozal, in Lisboa de Antigamente

N.B. Filho de Joaquim Casimiro da Silva, copista da casa real e do Real Teatro de São Carlos, recebeu as primeiras lições de música na Sé de Lisboa em 1817, e ingressou na Irmandade de Santa Cecília no ano seguinte. Alguns meses mais tarde ganhou o concurso para soprano na Real Capela da Bemposta, tendo progredido rapidamente sob a orientação do mestre de capela Frei José Marques e Silva e vencendo em 1826 o concurso para organista. Desde esse ano até 1832 compôs muitas peças de música sacra, destacando-se entre elas as Matinas de Santa Luzia, as Matinas de Reis e a Missa e Credo para grande orquestra.
Durante o período das lutas entre liberais e absolutistas, manifestou-se partidário de D. Miguel, tendo escrito um Hino Militar Realista, oferecido ao comandante dos voluntários realistas, o Marquês de Pombal. Quando os constitucionais entraram em Lisboa, em Julho de 1833, fugiu da capital e escondeu-se algures dentro do país tendo regressado em 1837, dando início a um período muito produtivo da sua carreira. Para além de música sacra, que continuou a escrever durante estes anos, compõe dramas, comédias, operetas, mágicas e farsas para os Teatros do Salitre, da Rua dos Condes, do Ginásio, de D. Maria e Variedades
A obra de Casimiro é muito extensa, ele próprio declara ter escrito 97 peças de música sacra e 209 partituras para teatro. De todas essas composições as que nomeou como preferidas são as Matinas da Conceição, a Missa de Arruda, os Ofícios de quarta-feira santa, o Stabat Mater e o Credo sem acompanhamento.
Faleceu aos 54 anos de idade, pelas onze horas de 28 de Dezembro de 1862, na Rua do Telhal, 15, terceiro andar, freguesia de São José.

JAZIGO
DE
JOAQUIM CASIMIRO JUNIOR
INSIGNE COMPOSITOR E MESTRE DA CAPELLA
DA SÉ PATRIARCHAL.
NASCEU EM 30 DE MAIO DE 1808
E FALLECEU EM 18 DE DEZEMBRO DE 1862.
Q SEU VERDADEIRO AMIGO
JOSÉ MARIA CHRYSTIANO
LHE MANDOU ERIGIR ESTE JAZIGO
COM O PRODUCTO DE UMA SUBSCRIPÇÃO
FEITA ENTRE ALGUNS PROFESSORES DE MUSICA
E ADMIRADORES DO FINADO.
LISBOA, 25 DE AGOSTO DE 1864

Bibliografia
Ilustração popular, Vol. 2, 1868
SANTOS, Júlio Eduardo dos, Joaquim Casimiro. Algumas notas a propósito do centenário da morte do grande compositor, Amigos de Lisboa, 1963. 
bnportugal.gov.pt.

Friday, 14 May 2021

Rua Rosa Araújo, 49

Datam daquele ano de 1882 as designações dadas às artérias do bairro [Barata Salgueiro]: Alexandre Herculano, Passos Manuel, (logo convertida em Rosa Araújo) e Barata Salgueiro, no sentido Poente-Nascente, e Castilho, Mouzinho da Silveira e Castilho, Mouzinho da Silveira e Duque de Palmela (esta mais tarde) na orientação Norte-Sul. [Araújo: 1939]


O «Rosa Araújo 49», edifício Arte Nova, datado de 1905 — uma das últimas obras do famoso arquitecto italiano Nicola Bigaglia (1841-1908), diversas vezes distinguido com o prémio Valmor  — é representativo do período romântico do início do séc. XX e é um exemplo de habitação colectiva para a classe média/alta da época. O projecto de requalificação e ampliação da autoria dos arquitectos Frederico Raúl Tojal Valsassina Heitor e Manuel Rocha de Aires Mateus, foi distinguido com uma Menção Honrosa do Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura de 2012.

Rua Rosa Araújo, 49-49B (ao centro) [1952]
[Rua Castilho]
Estúdio Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Legenda da imagem no arquivo: «Chegada do Rally de Monte-Carlo»

N.B. O primeiro monumento de gratidão que a cidade devia a Rosa Araújo (1921-201) foi reduzido a um busto num recanto e se alguém repara no nome da Rua Rosa Araújo, ou naquela estátua, pouco ficará a saber sobre aquele homem e que enorme contribuição deu para deu para fazer de Lisboa uma cidade melhor. Finalmente, m 1946, o monumento do «criador» da Avenida da Liberdade foi transferido para a esta, frente à rua a que deu o nome.

Rua Rosa Araújo, 49-49B [1952]
Edifício «Rosa Araújo 49»
Fernandes, Augusto de Jesus, in Lisboa de Antigamente

Sunday, 9 May 2021

Largo Dr. Afonso Pena, actual Campo Pequeno

Do Largo Afonso Pena, pelo nascente, saem as Avenidas recentes de Sacadura Cabral e Óscar Monteiro Torres, que são atravessadas pelas transversais Ruas Capitão Ramires, David de Sousa e Augusto Gil, A Avenida de Berna [actual João XXI] será prolongada até à futura Avenida de Roma. [Araujo: 1939]

 
O sítio do Campo Pequeno no início do século XVI era um logradouro público, espaço a descoberto na periferia da cidade, no qual se realizavam exercícios militares, por vezes paradas e feiras improvisadas (onde se treinou o exército de D. Sebastião antes de ir para Alcácer-Quibir). Teve também, no século XVIII, uma Praça de Touros provisória.

Largo Dr. Afonso Pena, actual Campo Pequeno [1939]
Campo Pequeno com a Rua do Arco do Cego; anterior ao prolongamento da Avenida João XXI — entre o Campo Pequeno e a Av. de Roma— concluído na por volta de 1950; Palácio Galveias. Actualmente, temos, à esq., o Hotel Alif e, à dir., o edifício da Caixa Geral de Depósitos.
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Em 18 de Agosto de 1892 foi inaugurada a Praça de Touros definitiva, arquitectada por António José Dias da Silva. No Campo Pequeno existe também um edifício seiscentista de arquitectura civil portuguesa, o Palácio Galveias. [cm-lisboa.pt]

Largo Dr. Afonso Pena, actual Campo Pequeno [1965]
Campo Pequeno com a Rua do Arco do Cego; anterior ao prolongamento da Avenida João XXI — entre o Campo Pequeno e a Av. de Roma— concluído na por volta de 1950; Palácio Galveias. Actualmente, temos, à esq., o Hotel Alif e, à dir., o edifício da Caixa Geral de Depósitos.
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Friday, 7 May 2021

Edifício do antigo Hotel Vitória (ou Victoria Hotel)

Inaugurado a 1 de Julho de 1936, propriedade de António Maria Lopes, esta obra do arq.º Cassiano Branco utiliza, de forma notável, os valores volumétricos do código modernista, em cuja fachada solucionou originalmente a conjugação de um sistema volumétrico paralelepipédico, cilíndrico, assim como de bandas horizontais, referências fundamentais de todo um período da Arte Moderna da década de trinta. Juntamente com o antigo Cinema Éden, esta obra poderá ser considerada uma das mais emblemáticas e originais da arquitectura portuguesa da época.

Edifício do antigo Hotel Vitória [c. 1936]
Avenida da Liberdade, 168-170
Antigo Lis-Hotel (esq,) e Palacete Lambertini (dir.).
Estúdio Mário Novais, in Lisboa de Antigamente

De planta rectangular, este edifício de seis pisos, cave e composto por dois corpos totalmente revestidos a mármore, destaca-se pelos alçados rasgados por cinco janelas de vão rectangular em cada um dos pisos, com mainel em forma cilíndrica, cujas varandas possuem frisos metálicos. Para além deste aspecto, a cobertura é constituída por um terraço, onde um pilar central é encimado por uma consola, que vê a sua continuação ao longo do alçado lateral através de uma pala suportada por pilares. [DGPC]

Edifício do antigo Hotel Vitória ou Victoria Hotel [c. 1938]
Avenida da Liberdade, 168-170
Salazar Diniz, in Lisboa de Antigamente

N. B. Ralph Fox, jornalista inglês vindo a Portugal no Verão de 1936, refere que viu no bar do Hotel Vitória, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, inúmeros pilotos alemães que faziam escala em Lisboa, ao transportarem por via aérea, de Berlim para Espanha aviões de combate e material de guerra diverso.
Reza a história, que os seus luxuosos quartos foram frequentados por espiões alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

Sunday, 2 May 2021

Igreja de São João de Deus

No sítio onde hoje se encontra a Igreja de São João de Deus, erguia-se outrora uma vacaria  do abastado proprietário João do Outeiro — que deu nome a um arruamento na velhinha Mouraria desde 1552 [Araújo: 1938]. Era um espaço riscado pela Estrada das Amoreiras e Rua Alves Torgo e entremeadas de outros caminhos estreitos.

Inaugurada em 1953, sob projecto do arq. António Lino, destacam-se duas particularidades: a sua estrutura em três naves separadas, convergentes para o altar-mor, iluminado por uma torre central; e ter recolhido parte do espólio da antiga Igreja do Socorro, destruída aquando das demolições do Martim Moniz (várias alfaias de culto e mobiliário, incluindo o arcaz em uso na sacristia). 

Praça de Londres, à direita da imagem a Igreja de São João de Deus [post. 1953]
Praça de Londres; Rua Brás Pacheco
António Passaporte, in Lisboa de Antigamente

Merece ainda referência, o seu acervo artístico contemporâneo composto pela escultura de Leopoldo de Almeida e de Soares Branco — várias estátuas, incluindo a do Santo Padroeiro e dois arcanjos suspensos na parede principal exterior — pela pintura de Domingos Rebelo (tríptico do altar-mor, com episódios da vida de S. João de Deus) e pela cerâmica de Jorge Barradas — relevo em cerâmica colorida sobre a pia baptismal, representando o baptismo de Cristo.

Igreja de São João de Deus [1959]
Praça de Londres; Rua Brás Pacheco
Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente

Na Época da construção, António Lino explicou o seu desejo de aproximar os fiéis do altar, vencendo a afastamento obrigatório que existia em relação à assembleia, circunstância que só foi alterada uma década depois com o Concílio Vaticano II. [paroquiasaojoaodeus.pt]

Igreja de São João de Deus [post. 1953]
Praça de Londres; Rua Brás Pacheco
Artur Pastor, in Lisboa de Antigamente

Saturday, 1 May 2021

Primeiro de Maio de 1974

O primeiro Primeiro de Maio da democracia, em 1974, começou por se passear pela cidade, alegre e livre – como na foto, no Rossio. Depois, juntou-se na maior manifestação lisboeta de sempre.
Em 1911 foi atribuído o topónimo Primeiro de Maio à antiga Rua de São Joaquim, ao Calvário, consagrando na toponímia a festa universal dos trabalhadores determinada no Congresso Internacional dos Trabalhadores.

Primeiro de Maio de 1974
Praça D. Pedro IV 

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

N. B. 1 de maio é o Dia do Trabalhador, data que tem origem a primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago, e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886.
Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial.
Foram os factos históricos que transformaram o 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir os seus direitos, apenas trabalhavam. 
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as acções do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e activistas caídos na luta pelos seus direitos laborais. [pt.euronews.com]
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