«Ernestinho que não se podia demorar, ofereceu logo ao Conselheiro e a Julião — “a sua carruagem, que era uma caleche, se iam para a Baixa...”»
[Eça de Queirós, in O Primo Basílio, 1878]
A serventia [Rua Primeiro de Dezembro] — recorda-nos o ilustre Norberto de Araújo — parece que fora chamada pelo vulgo, no tempo de Pombal, depois do Terramoto, Rua Nova das Hortas e Rua das Hortas (e que constituiria referência oral à Horta da Mancebia ou a horta dos terreiros do Duque de Cadaval ou dos Condes de Faro, mais para Norte). Antes de 1755 a Rua tinha já o traçado sensivelmente idêntico ao de hoje, e chamava-se Rua de Valverde – lindo nome.
Praça Dom João da Câmara |1895| Antigo Largo Camões; Tteatro D. Maria II Caleche (ou caleça) Manton transportando o toureiro "Guerrita". Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Rafael Guerra "Guerrita" (1862-1941) foi um dos maiores e mais famosos toureiros do século XIX. Actuou inúmeras vezes em Lisboa, onde era idolatrado pela afición. A fotografia que se reproduz, mostra o toureiro cordovês ao passar pela pelo então Largo de Camões [actual hoje Praça D. João da Câmara] e Rua do Príncipe [hoje Primeiro de Dezembro], numa caleça (ou caleche) Manton [vd. NB.], a caminho da Praça de Touros do Campo Pequeno.
Rua Primeiro de Dezembro |1895| Antiga Rua do Príncipe, antes Travessa Camões; Café Suisso Caleche (ou caleça) Manton transportando o toureiro "Guerrita". Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
N.B. Caleche Manton: viatura do Século XIX. Caixa em forma de barco, com capota rebatível e
quatro lugares vis-à-vis. Suspensão com molas elípticas e molas em C à
frente e atrás da capota, mais por elegância do que por razões técnicas,
duas lanternas quadrangulares. Guarda-lamas fixo na aba da capota. O
banco do cocheiro é elevado e, na retaguarda, encontra-se um banco para
sota com acesso ao travão de manivela. Rodas revestidas e estribo
desdobrável.
A caleche Manton foi adquirida pela Casa Real Portuguesa, passou para as equipagens da Presidência da República após 1910.
_________________Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 85, 1939.
Como opinião e sugestão, seria interessante, digo eu, conseguir fotos conjuntas, dos locais de antigamente, como o faz e muito bem, e também em comparação com os mesmos locais, actualmente. Para todos os que visitam o seu bloge seria uma mais valia (digo eu !).
ReplyDeleteCumprimentos
Isso extravasaria o propósito do blogue, Para fazer comparações com a actualidade basta utilizar o Google maps que é óptima ferramenta para esse efeito. Cumptos
DeleteTenho de concordar que é verdade, o blogue teria de chamar "Lisboa de Antigamente e de Actualmente", talvez !... no entanto, não acho que ficasse assim tão mal, mas entendo. Eu no meu Blogue costuma dar às visitas "a papinha toda feita !". Obrigado e Cumprimentos
DeleteJust wanna comment on few general things, The website style and design is perfect, the subject material is really great :D.
ReplyDeleteJulgo que por estas bandas passaria a antiga muralha Fernandina, descia de Santana pelas Escadas (junto Igreja S. Luís), as Portas de St. Antão e depois seguia a São Roque no percurso das actuais Escadinhas do Duque
ReplyDeleteExactamente. A Cerca Fernandina pode ser observada aqui: https://lisboadeantigamente.blogspot.com/2015/06/atlas-map-lisbon-lisboa-1833.html
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